Siwon entrou em seu quarto no hotel, decidido a fazer sua habitual ‘desarrumação’ de malas, guardando as roupas no guarda-roupa, seus produtos de higiene no banheiro, etc. Caminhava em direção à suas malas, quando viu alguém deitado em sua cama. Encarou, surpreso, Kyuhyun. Um estalo, que estava começando a se acostumar a ter toda vez que via o mais novo, o fez parar.
— O que você…
— Esse é o meu quarto não? – Kyuhyun falou, olhando confuso para chave em sua mão. – Quarto 32.
— Ah, bem, esse é o 31, Kyu-ah. – Siwon retrucou, sorrindo, internamente aliviado por não ter ocorrido um engano e eles terem que dividir o quarto. Do jeito que Won não estava em seu normal ultimamente, dividir o quarto com Kyuhyun não seria… saudável.
— Isso explica a porta estar aberta. – O mais novo deu de ombros e se levantou, pegando suas coisas. – Vou indo.
O sangue pareceu bombear mais rápido pelo corpo de Siwon, então, esquecendo-se de tudo o que acabara de pensar, falou:
— A-ah, se você quiser ficar… Já estava descansando e tudo. – Kyu apenas arqueou a sobrancelha e o encarou com uma expressão estranha, o que fez Won pensar que ele fosse dizer algo, mas o mais novo lhe deu as costas e quando estava quase saindo do quarto, Siwon o chamou. – Kyuhyun, boa noite. – E sorriu um sorriso de profundas covinhas.
— Boa noite. – O outro respondeu, rindo, antes de sair de uma vez do quarto.
Siwon, sozinho, olhou apreensivo para a cama.
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Andava de um lado para o outro, mexendo nervosamente no cabelo e lançando olhares para a cama do hotel. Aquilo era ridículo. Ridículo. Fora de controle. Siwon raramente ficava fora do controle de si mesmo, ele tinha que ficar calmo, carinhoso e sorridente, não… desesperado. Balançou a cabeça, decidido, e andou com passos pesados para a cama, jogando-se nela e enfiando o rosto no travesseiro.
Apenas para imediatamente se levantar e se encostar na parede, ofegante. Não havia sido nenhum minuto, nenhum sequer, como o cheiro de Kyuhyun já estava tão impregnado em sua cama? E por que, por Deus, aquilo tinha alguma relevância? Por que o simples cheiro de Kyuhyun o fazia ter sensações tão estranhas que não o deixavam dormir?
Apertou os olhos com força. Se seguisse essa linha de pensamento, saberia onde chegaria e não tinha certeza se estava pronto para encarar aquilo. Naquele momento, tinha que arranjar um jeito de conseguir dormir. Encarou o chão, considerando-o, mas acabaria ficando com dores e isso atrapalharia os ensaios do dia seguinte.
Mordeu o lábio inferior e encarou a porta. Talvez, se cortasse a raiz de tudo…
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Observou sua mão tremer ao levantá-la em direção à maçaneta. Mordeu o lábio inferior e apertou os olhos. Pegar a chave com a faxineira agora parecia uma missão incrivelmente fácil. Um autógrafo para a filha dela, um sorriso de covinhas e tudo resolvido. Adentrar no quarto e fazer o que pretendia fazer, porém, definitivamente não se resolveria com um autógrafo.
Por um momento, pensou em desistir e voltar para seu quarto, mas, ugh, aquele cheiro ainda estaria lá, enlouquecendo-o. Com súbita coragem, abriu a porta. O cheiro de Kyuhyun estava ali, em todo o quarto. Siwon não conseguia explicar o que havia de diferente nele, mas era tão… natural. Tão Kyuhyun. Aproximou-se da cama do mais novo, onde o mesmo dormia profundamente, um pouco desajeitado.
Won sentiu as mãos tremerem novamente. Kyuhyun certamente o mataria depois de fazer o que pretendia. Devagar, estendeu as mãos para Kyu, uma em sua nuca, outra em suas pernas, e o levantou. Fechou os olhos, esperando gritos, mas o mais novo ainda parecia estar dormindo, inclusive sonhando, pois estava sorrindo. Porém, aos poucos, Siwon observou Kyuhyun abrir os olhos e o encarar, extremamente confuso.
— SIWON?! – Kyuhyun gritou. – O que você pensa que está fazendo? Ficou maluco? Aconteceu alguma coisa? E como, diabos, entrou no meu quarto? – Continuou, diminuindo o volume da voz e Siwon agradeceu por isso, pois não queria que ninguém mais aparecesse. O moreno engoliu em seco.
— Peguei a chave com a faxineira. – Resolveu responder apenas isso, já que não tinha uma resposta que não fosse extremamente embaraçosa para as outras perguntas. Siwon então começou a andar com o maknae em seus braços, no que o mesmo começou a se mexer para tentar sair. Won apenas precisou segurá-lo um pouco mais forte para que ele não escapasse e continuou a andar, tentando manter-se o mais sério possível.
Se já havia começado, iria até o final.
Kyu bufou em seus braços e começou a se remexer com mais força ao notar que iam para o quarto 31, mas Siwon tentou ignorar qualquer reação dele, poderia acabar desistindo se encarasse o olhar mortal que Kyuhyun lhe lançava. Como antecipadamente deixara a porta aberta, Won entrou no quarto sem problemas e caminhou com passos mais firmes para o banheiro. Água, era só disso que precisava, sua desesperada tentativa de expulsar aquele cheiro embriagante: dar um banho em Kyuhyun.
— Olha aqui, Siwon, não sei se é sonâmbulo ou simplesmente louco, mas me coloque no chão. Agora! – O mais novo disse, claramente irritado e mandando o respeito para longe, mas Siwon nem ligou. Ajeitou-o melhor nos braços e entrou no banheiro, respirando fundo por um momento, definitivamente estava louco, antes de jogar seu maknae numa banheira cheia de água.
E, assim, assinou seu testamento.
— SIWON, SEU RETARDADO, QUE MERDA É ESSA? – O maknae gritou, ensopado e com o rosto extremamente vermelho, como Siwon nunca vira. Ele bateu na água da banheira, fazendo-a espirrar no mais velho, mas o moreno não prestava atenção nisso naquele momento, estava mais preocupado em tentar perceber se aquele cheiro entorpecente havia ido embora.
Preocupado, começou a perceber que ainda estava ali e parecia cada vez mais forte, como se a raiva do mais novo tivesse alguma relação com isso. Siwon desesperou-se por uns segundos, encarando firmemente Kyuhyun. O mais velho começou a entender o significado daquilo tudo.
Kyuhyun, então, pareceu se lembrar de algo e continuou a falar em um tom mais baixo, mas que fez Siwon se arrepiar por inteiro, tão mortal que era.
— O que você pensa que está fazendo?! Eu sabia que você estava estranho, mas não que estava estúpido. Você está ferrado, mesmo que isso seja uma brincadeira. Ferrado, está me ouvindo? – Siwon estava ouvindo, mas não absorvia nada do que o maknae falava, sua mente parecia um turbilhão e ele só conseguia encarar Kyuhyun, com um pensamento forte e crescente. Seus olhos pararam nos lábios de Kyuhyun. – Olha aqui, eu não sei o que está pensando que eu sou, mas chega. Chega, certo? Minha paciência acabou com você e a-
— Você… faz beicinho enquanto fala, sabia disso? – Siwon falou, calmamente, quase sem pensar. Kyuhyun o encarou incrédulo, mas ele simplesmente não parecia notar mais nada.
Era óbvio, extremamente óbvio. Ele já tinha percebido, claro que tinha, mas afirmar isso implicava em tantos problemas e confusões que ele simplesmente deixou-se confundir por qualquer outra coisa que a sociedade afirmasse. Todo aquele cuidado excessivo, aquele medo de que a qualquer momento algo ruim pudesse acontecer novamente, aquele mimo, aqueles abraços apertados, aquelas gargalhadas por qualquer frase, aquela preocupação, aqueles olhares, aqueles arrepios, aquele sorriso de canto cada vez que o via, aquela aceleração em seu coração, toda aquela skinship, aquelas frases ditas sem pensar, até mesmo aquele cheiro que na verdade só existia em sua cabeça. Era tão óbvio. Como nunca ninguém o avisara? Aquilo tudo era…
— Você se drogou, é isso? – Kyu perguntou, com o cenho franzido.
Siwon respirou fundo e notou Kyuhyun segurando com força a borda da banheira, quase quis rir.
— Cho Kyuhyun… – Won começou, com um sorriso estranho e a mente finalmente calma. – Eu estou profundamente apaixonado por você.
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