Acho que não se lembra do que vou dizer.

Você sumiu por dois dias.

Chegou de madrugada na minha porta. Olhos perdidos, batom borrado e cigarro de menta.

Não posso julgá-la... Sem absolvições, sem condenações, como eu poderia? Seus crimes, não meus.

Olhei-te nos olhos, medo e profundidade, você mal me reconheceu, estava assustada.

− E se a gente parar de sonhar? – Você me perguntou sonolenta.

− Sonhos não acabam. – Digo, é só uma ilação.

− Eu tenho medo... – Você confessa antes de apagar por completo.

Eu nunca soube o que você temia, não houve tempo para descobrir, sinto muito.