Ele se sentia um tolo. Um verdadeiro idiota. Ele pensava apenas no erro que havia cometido. Não devia ter beijado Marina. Não devia mesmo. Eles eram amigos. Ela tinha namorado e não sentia o mesmo.

Era o que ele achava pelo menos.

— Você é um idiota Nicolas. Um verdadeiro ridiculo.

Disse ele pra si mesmo e mal percebeu que havia falado o que Marina sempre dizia a ele. Ele não conseguia tirar ela da cabeça. Era impossivel naquele momento. Estava chateado e atordoado. Nunca na vida que ele se imaginaria nesse estado por um garota. Uma mulher que entrou em sua vida e a bagunçou. Nenhuma de suas ex namoradas mexeu tanto assim com ele. Marina não era sua namorada e nem tinha sido. Marina era fruto proibido. Um fruto que ele nunca colheria.

Assim que ele chegou em casa deu um pequeno cumprimento à família e seguiu para seu quarto. Nicolas precisava ficar sozinho. Não queria conversar com ninguém. Ele tirou a camisa e se jogou na cama. Com certeza sua mãe iria no quarto para falar com ele. Ela sabia quando ele não estava bem. Todas as mães são assim. É uma conexão.

Mas ele não queria. Não queria falar nada. Ele só queria ficar ali, no seu quarto. Sozinho. Precisava refletir sobre o acontecido.

Uma batida na porta é ouvida, ele sabia que não podia dizer que "não" para sua mãe então apenas pediu pra ela entrar. Sabia bem quem era.

— Você está bem filho? — Perguntou preocupada.

Não era normal Nicolas entrar em casa calado e sem reação nenhuma. Ele era sempre atencioso, principalmente com a irmã.

Mas naquele momento ele não estava bem e não fazia questão de esconder.

Uma pequena chuva escorria sobre a cidade. Marina já estava em casa basicamente sozinha. Ela se arrumava para deitar em sua cama e pensar na vida. Ela precisava disso. Desse momento sozinha pra refletir.

Agora eram dois beijos.

Duas traições.

Dois erros e nenhum arrependimento.

O que era estranho para ela. Marina não se sentia arrependida de ter beijado Nicolas e sim ao contrário, ela amou o beijo e as sensações que lhe causava.

Beijar Nicolas era como se tudo dentro dela explodisse. Um calor imenso percorria o seu corpo e ela não sabia como lidar. Ela nunca tinha sentido isso. Nem mesmo com o seu namorado.

Ah se ele soubesse! com certeza seria um desastre. Um tremendo escândalo para ambos. Era isso que ela não queria. Escândalos.

Ela ligou o ar e se deitou em sua cama, com a televisão desligada, não tinha como se concentrar em nada naquele momento. Assim que fechou os olhos a imagem dela e de Nicolas veio a mente. Ela não conseguia esquecer. Ela não queria esquecer. Mas era errado. Pensar em outro homem nessa forma era inapropriado.

Mais uma traição.

Ela suspirou.

Precisava esquecer. Não podia mais lembrar disso. Era errado e ela sabia. Ela estava disposta a esquecer. Afinal não largaria tudo por um simples deslize.

••••• Dia Seguinte •••••

14 horas e trinta minutos.

Mais um dia de trabalho.

Agora com a novela no ar todos se sentiam menos empolgados mais ainda assim animados. As gravações eram na parte da tarde. A partir de agora seria assim pra quase todo o elenco. Gravações a tarde que iam até a madrugada. Vida de ator não era fácil. Mas pra eles compensava. Era o que eles amavam fazer.

— Você anda meio estranho hoje. Aconteceu algo? — Dizia Lorena a Nicolas.

Ele nem viu quando ela se aproximou dele. O que era estranho. Isso significava que ele estava disperso.

— Ah. Oi, eu estou bem.

— Mesmo? — Disse ela reforçando a pergunta.

— Sim senhorita e você o que me conta? — Falou forçando sorriso.

Marina havia acabado de chegar no estúdio. Ela estava um pouco desanimada. Não havia dormido muito bem na noite passada. Estava cansada.

Assim que entrou no estúdio, olhou de cara Nicolas com Lorena. Eles conversavam. Pareciam bem intimos. Riam de alguma coisa que ela não sabia o que era. Uma certa angústia percorreu seu corpo e ela resolveu ignorar. Não podia sentir isso. Era errado.

— Você chegou — Disse Thayla assim que a viu.

— Oi.

— Você está bem? — Perguntou Thayla.

— Só não dormi muito bem. Deixa pra lá.

Thayla assentiu.

— Vamos nos arrumar pra gravar — Disse Marina por último.

A tarde seria longa...

Como de costume as gravações duraram até a madrugada. Todos ali tinham semblante cansado. Estavam mortos. As gravações eram puxados e algumas cenas eram intensas além dos erros que eles cometiam e acabava atrasando. Marina havia errado muito hoje, o que não era nada normal. Ela estava desconcentrada e cansada. Tudo ao mesmo tempo. Os companheiros de cena dela haviam percebido uma certa distração da atriz mas não comentaram nada. Absolutamente nada.

— O que houve com você? — Perguntou Thayla disfarçadamente.

Marina viu que ela parecia preocupada.

Mas não abriria a boca. Não contaria nada pra ela. Elas se conheciam a pouco tempo. Marina ainda não tinha 100% de confiança nela. Era uma das suas qualidades. Não confiar de cara em uma pessoa.

— É só cansaço. Eu estou bem. — Respondeu.

Thayla não acreditou mas sabia que ela não contaria.

— Tudo bem. Só tenta se concentrar mais.

Marina assentiu. Ela não podia deixar isso afetar seu trabalho. Tinha que se acertar com Nicolas logo, afinal tudo não poderia ir por água baixo. Eles eram amigos.

Mais cenas foram gravadas e quando eram 3:00 da manhã eles foram liberados. Eles comemoravam entre si por mais um dia de trabalho concluido. Marina mal terminou suas cenas e correu atrás do amigo. Ela tinha que resolver isso hoje. Não escaparia. Assim que o encontrou como ela já imaginava ele estava com a Lorena. Estavam animados e riam de alguma coisa. Marina se sentiu enciumada.

— Nick !

Ela falou assim que se aproximou deles.

— Oi Marina. Ta tudo bem? Parece que viu um fantasma.

Disse Nicolas vendo a expressão dela. Parecia assusta mas na verdade ela estava ofegante. Havia vindo do outro lado do estúdio, basicamente correndo apenas pra falar com ele.

— Ta tudo sim. Só queria falar com você mas não quero atrapalhar.

Falou se referindo a Lorena.

— Não tudo bem. A gente se fala amanhã. Tchau gente.

Lorena falou se despedindo de ambos com beijo no rosto. Não queria atrapalhar.

— Pode falar Mari. Aconteceu algo?

— Nick é sobre ontem.

Ela disse baixando a cabeça. Era complicado pra eles o assunto. Principalmente para Marina.

— Eu quero me desculpar, foi culpa minha. Você não queria.

Mal Nicolas sabia que se enganava. Marina queria, só não admitiria.

— Não é só isso. É a nossa amizade também. Não quero que isso afete.

— Como assim? Nunca afetou — Disse ele confuso.

— A gente mal se falou hoje Nicolas. Nós nunca fomos assim.

Ela tinha razão. Nunca que eles haviam brigado ou deixado de se falar. Estavam sempre juntos e fazendo piadas um do outro. Era assim que eles eram.

— Foi complicado. As gravações foram pesadas — Disse ele.

— A gente já passou por isso e mesmo com as gravações sendo intensas nós nunca deixamos de falar um com o outro....Poxa Nick!

Marina estava certa. A amizade deles não podia acabar por uma simples atração de ambos. Eles tinham que voltar a serem os mesmos amigos. Seria mais complicado mas eles teriam.

— Me desculpa novamente. Eu não quero que estrague nossa amizade. Você é importante.

Ele falou se aproximando. Colocou os braços em volta dela e a abraçou.

— Você também. Sinto muito mas a única coisa que posso te oferecer agora é a minha amizade.

Ele já esperava por isso.

— Eu entendo e não quero estragar sua relação. Vamos voltar e ser como era antes.

Ela o abraçou mais ainda e de alguma forma lágrimas brotaram de seus olhos. Ela se importava com ele. Não queria perde-lo.

— Obrigada Nick.

Ela disse e logo se separou dele. Não podiam estender muito. Tinham que ir embora logo.

— Está chorando? — Disse ele surpreso.

— Talvez

Ela falou limpando as lágrimas.

— Não chore Marina ou meu amigo não vai te querer mais. Vou dizer que é chorona.

Disse ele zoando. Ela apenas o encarou.

— Idiota! Não perde uma.

— Nunca Marina. Nunca.

Ele falou e eles sorriram. Marina já havia secado às lágrimas.

— Vamos né, se não é capaz de nos expulsarem daqui — Disse ela.

— Vamos.

Eles sairam da cidade cenográfia juntos. Agora Sorriam e faziam piadas um do outro como se nada estivesse acontecido. Eles iriam reagir assim agora. Ignorando o que lhe fazia bem e apagando ainda mais os sentimentos. Afinal ela não podia ser dele e nem ele poderia ser dela.