These Days

Verdade ou consequência?


Depois da dança, foi impossível ficar perto da Bruna e não admira-la. Realmente impossível. Mas não demorou muito para eu perceber que isso era errado, eu tinha tomado uma decisão, eu precisava deixa-la.

Mais algumas horas, e a bebida tinha acabado. Alana por sua vez foi a que mais bebeu Ice, e estava fora de si. Rindo à toa, falando alto e simplesmente me abraçava o tempo todo. Eu não me importo dos abraços dela, até gostava, mas o fato dela falar alto perto do meu ouvido, isso me irritava, mas não falei nada.

Algum gênio teve a ideia de brincarmos de verdade ou consequência. Naquela altura, todos brincamos. Em estavam sentados na calçada da casa da Lorena. A dona da casa, Bruna, Alana, Carla, Mateus, Douglas e eu.

As primeiras rodadas todo mundo só escolhia verdade, mas a coisa ficou tensa quando Alana caiu para a Bruna, e fez uma pergunta.

— Bruna, você não ficou com ninguém da escola né? - Falou e me olhou, por um momento achei que ela não estava mais bêbada.
— Não. - Respondeu Bruna, abriu um sorriso tímido e sem graça.
— Mas existe alguém que você ficaria? - Alana então a encarou.
— Hm, Não sei, mas não. Estamos no fim do ano, se fosse pra eu ficar com alguém de lá, já teria acontecido. - Bruna respondeu, dessa vez bem séria.

O jogo estava interessante ao menos para mim, tive a sorte de responder apenas uma pergunta, e foi do Douglas, algo sobre algum acontecimento passado em minha vida, nada de mais. Então, Lorena respondeu que não era mais virgem, e a partir daquele momento o jogo entrava num clima diferente.

Lorena começou a reclamar que só ela que respondeu uma pergunta bem pessoal e todo mundo preferia responder "verdade" do que escolher consequência. Então naquele momento, a garrafa girou e caiu Alana para Bruna e na mesma hora, Bruna falou:

— Quero Consequência!
— Uuuuuuuuh! - Todos ficaram surpreso, Alana abriu um sorriso.
— Certeza, bebê? - Alana falava com certa malícia em seus lábios.
— Sim, estão reclamando que tá chato, e realmente tá chato, então, fala o que você quer que eu faça.
— Tá bom. - Alana respondeu e me olhou, pareceu ter tido uma ideia, então olhou para Bruna novamente. - Eu quero que você dê um beijo.
— O que? - Bruna se assustou. Naquele momento meu coração parou, eu senti isso.
— Isso mesmo, eu quero que você beija o Douglas! Mas tem que ser um beijão.

Todo mundo ficou em silêncio por dois segundos, uma eternidade para mim. Eu não estava preparado, eu não podia vê-la beijar outro, eu não aguentaria isso. Por qual motivo Alana fazia isso? Ela realmente queria me testar? Queria ver se eu tinha superado? Não, eu não superei, eu ainda precisava de tempo. Mas o tempo de espera dela, já tinha se esgotado.

— Anda, você quis consequência, agora terá que beijar. - Alana falava e ria.
— Isso não foi uma boa ideia. - Lorena falava baixo.

Douglas se levantou, estava sorrindo à toa. Naquele momento todo mundo apenas olhou para Bruna, que demorou alguns segundos até se levantar. Eu não sabia como reagir, apenas abaixei minha cabeça. Foi quando Alana me cutucou e falou baixo, apenas para mim.

— Por quê não quer olhar? - Estava séria, pela primeira vez desde que começou a beber.
— Não tem motivo para eu olhar.
— Talvez tenha, talvez por quê você ainda gosta dela.
— Deixa disso. - Respondi olhando para baixo.
— Então olhe e me mostra que você já não gosta dela, que aquela dança mais cedo, foi só uma dança.

Eu não sabia o que fazer, estava num labirinto sem saída, mas Alana tinha razão, a dança só foi uma dança para a Bruna, deveria ser o mesmo para mim. Então ergui a cabeça e olhei, naquele instante, Douglas já tinha entrelaçado seus braços envolta da cintura dela, Bruna estava sem graça, talvez por nunca ter ficado com ninguém com seus amigos envolta tudo olhando.

Realmente não era uma situação confortável para ninguém. Meu coração batia lentamente, cada batida parecia um soco, pois eu sentia doer, uma dor no peito, não uma dor física, uma dor que não tinha sentido antes. Eu realmente não queria ver aquilo, mas eu precisava.

Eles se beijaram, não foi um beijo curto, mas também não foi longo, durou seus dez segundos. Eternos dez segundos. Quando acabou, Douglas não escondia a felicidade, Bruna abriu um sorriso para nós quando se virou, eu não sabia se era porquê gostou do beijo ou por ter ficado bem sem graça com as gritarias de Lorena, Carla e Mateus durante o beijo.

Por sorte, a brincadeira acabou em seguida. Lorena pediu ajuda para o pessoal arrumar a casa pois a mãe dela chegaria mais tarde. Então todo mundo subiu para a casa. Eu fiquei afastado da Bruna, não conseguia olhar para ela, não conseguia olhar para o Douglas e não ficar com raiva dele, apesar dele não ter culpa.

Eu fui para o quarto da Lorena, as camas estavam bagunçadas e então fui arrumar. Lorena apareceu logo em seguida, ela me olhou, eu não tinha como esconder o quão "abalado" eu estava.

— Eu sabia que você ficaria mal, Rick. - Lorena parecia preocupada.
— Eu estou legal. - Me sentei na cama.
— Não está, sua cara tá péssima, parece até que alguém morreu.
— Eu tô legal. - Abri um sorriso forçado e olhei para ela.
— Olhe, uma amiga nossa, ligou, estava aqui perto e está vindo para cá, ela mora numa rua entre o Douglas e Alana. Falei que Alana tá bem bêbada e ela vai ajuda-la a leva-la em casa.
— Ótimo, eu realmente não estava afim de leva-la embora, seria uma contra mão para mim, na hora de voltar para casa.- Eu sei, Bruna foi única que não bebeu, mas ela mora perto, o pessoal ainda anda um pouco até chegarem em casa.
— Sim, aliás, pessoal já tá indo? - Perguntei enquanto levantava.
— Tão esperando a Marcela. Alana achou duas garrafinhas de Ice, e já tomou.
— Nossa, eu vou nem falar nada. Alana parece criança, não sabe a hora de parar, Mas enfim, vou esperar lá em baixo. - Falei e saí do quarto.

Alguns minutos se passaram, todo mundo estava de volta a calçada. Bruna ao lado da Carla, Douglas ficava "sobrevoando" ela, parecia querer mais, mas Bruna fugia, ao menos era o que parecia. O telefone da Lorena tocou novamente, ela atendeu, falou poucos segundos e desligou.

— A Marcela tá lá na pracinha, alguém busca ela lá. - Quando terminou de falar, Alana no mesmo instante agarrou minha mão e me puxou.
— Eu vou com o Henrique lá!

Escutei umas risadas, não entendi o motivo. Então de mãos dadas, fomos caminhando pela rua, dobramos a esquina e de lá já era possível ver a pracinha. Mais alguns passos, mais uma vez de forma inesperada, Alana me puxa. Era um canto escuro, ela fica encostada na parede e me abraça forte, ela queria que eu a beijasse.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.