Aquela pergunta rodeava minha mente, sem qualquer tipo de parada ou "ida para o banheiro". Eu não podia mentir, mas também não podia contá-lo que eu sentia tudo isso, que nós seres humanos chamamos de amor, por ele! E se ele se afastar de mim por conta disso? E se esse broto de amizade que plantamos hoje morrer? Isso já estava me deixando louca, as coisas não podem terminar assim!

— Ma-Eun? - perguntou pela terceira vez, se me lembro de sequer ter prestado atenção em algo que tenha dito após sua pergunta.

— Sim! - a curta palavra que disse foi solta meio que automático! - eu gosto de alguém. - Quando percebi o que havia dito esbugalhei meus olhos.

— Sério? E... eu conheço essa pessoa? - o mais velho perguntou curioso, e agora o que eu digo?

— Bem, acho que sim, mas ao mesmo tempo, acho que não... eu não sei. - o mesmo solta uma risadinha.

— Tudo bem, não precisa me dizer se não quiser.

— É v... quero dizer. E você, gosta de alguém? - Eu torcia para que ele não tenha entendido nem metade da frase que eu havia proferido e, caramba, eu quase assumi minha queda por ele, pra ele!

— Hm. - olhou para o lado. - eu não tenho certeza, mas eu acho que sim, acho que eu gosto de alguém. - disse e sorriu fraco.

Aquilo me doeu um pouco, mas mesmo assim não perdi as esperanças.

— Bom, é melhor você ir para casa. Ou seus pais vão ficar preocupados.

— Ah, sim! - olho para os dois lados e atravesso a pequena rua. - até amanhã Jungkook-ssi! - aceno do outro lado.

— Até amanhã! - acenou de volta sorrindo leve.

Caminhei até meu devido lar e no meio do caminho eu olhei para trás discretamente, Jungkook-ssi ainda estava alí, fiquei um pouco envergonhada, mas me senti segura com sua atitude de esperar eu entrar em casa para poder ir embora.

Adentrei em casa e meus pais não estavam na cozinha ou na sala como de costume, não me importei pois talvez eles tenham se atrasado no trabalho ou algo do tipo, subi para meu quarto tomar um banho e depois desci para comer alguma coisa.

Fiz um sanduíche básico e um pouco de chá de frutas vermelhas, coloquei o sanduíche em um prato e o chá em um de meus copos favoritos e subi para meu quarto novamente. E lá se começou uma noite em que eu não iria dormir até eu conseguir colocar todas as minhas ideias em ordem, quais ideias e ideias de que? Bom, talvez eu escreva cartas românticas para Jungkook, os quais eu nunca teria coragem de enviá-lo, ainda mais agora que nos tornamos "amigos" se assim posso chamar. Sentei na cadeira à frente de minha mesinha de estudos e peguei uma folha, estojo e algumas fitas e figurinhas decorativas, tudo apenas para deixar algo que eu nunca entregaria, um pouco mais bonito.

‘‘ meu benquisto e admirado Jungkook, eleito o dono de meu coração. Queria poder lhe contar cada um dos sentimentos que sinto em relação a você, mas sou ingênua e boba o suficiente para passar todos estes sentimentos difíceis de descrever para o papel, o qual nunca lhe entregarei ou deixarei dentro de seu armário. Não me lembro com exatidão quando todos esses sentimentos por você começaram a aparecer, mas estão sempre em minha mente com um singelo carinho. Me perco da realidade quando olho para ti e meus pensamentos tomam um rumo imaginativo, ao ponto de que eu perca o foco no mundo ao meu redor. Sempre que estás perto, me sinto envergonhada e com quase que um certo pânico, mas são apenas sentimentos bons fazendo efeito. Hoje foi um dos dias mais especiais para mim, o dia em que você veio conversar comigo, não só por isso, mas também por ter me acompanhado até em casa, o que foi extremamente atencioso de sua parte. Suas qualidades, características, personalidade, são coisas apenas suas que me atraem, cada vez mais. Seu sorriso de coelhinho é algo que realmente me deixa fora de órbita, sua risada faz com que eu ria também, o que me deixa um pouco feliz ao longo dos dias que se passam, as vezes me sinto como se eu fosse uma boba apaixonada.’’

— Agora só preciso assinar, a decoração fica para amanhã. - e antes que eu pudesse fazer ao menos isso, ouço a voz de meu primo, Park Jimin.

Talvez eu não devesse me preocupar, poderia ser apenas um fruto da minha imaginação. Foi o que pensei. Até ouvi-lo subir as escadas chamando por mim, entrei em pânico e comecei a guardar minhas folhas e fitas decorativas, deixei o estojo de qualquer jeito e escondi as figurinhas no meio de um caderno, mas faltava algo.

— Está surda, uh? Eu te chamei pra caramba! - seu jeitinho de dizer que havia me chamado mais de uma vez, era sinceramente impressionante. - senti saudades da minha cdf favorita!

— Não aja como se não nos víssemos desde anos, você me viu hoje no colégio! E eu já lhe disse várias vezes, não sou nenhuma cdf! Sou uma aluna comum assim como muitas outras. - havia acabado de notar que não havia escondido a carta, mas ela não estava nem em cima de minha mesa e muito menos junto a meus materiais de decoração. Onde ela poderia estar?

— Ah, como é chata! Queria apenas cumprimentá-la e dizer que irei passar uns dias por a… - olhou para baixo, um pouco próximo a seus pés, lá estava a carta que eu tanto procurei, aos pés de meu primo. - o que é isso? - disse e pegou a folha do chão.

Antes que eu pudesse tomá-la de suas mãos, o mesmo desviou um pouco para o lado e, infelizmente, leu tudo o que estava escrito. Meu mundo parou ali, eu não tinha mais porque viver, afinal, Jungkook e Jimin são praticamente melhores amigos. Me debrucei sobre a mesinha e escondi meu rosto por ali mesmo, sabendo que ele diria algo que pudesse me fazer com que eu me arrependesse.

— Ah, então é por isso que você está sempre viajando no mundo da lua! Você gosta do Ju… - me levantei rapidamente e tapei sua boca antes que pudesse dizer algo. Fechei a porta e tirei minha mão de sua boca. - então não quer que ninguém saiba, uh? Está bem. Mas…

— Qual é Jimin, já até sei que você quer um acordo. Sempre que você diz "mas" é porque tem coisa. - digo direta.

— Para sua sorte você me conhece bem.

— Bem o suficiente pra saber que você está se mordendo por dentro, planejando em como irá me expôr.

— Riu alto. - Você realmente me conhece bem! Wow, eu não esperava por isso. - colocou suas mãos na cintura, ainda segurando meu papel. - Bem, já pensei no meu "plano".

Disse e colocou a folha em minha mesinha, apoiou-se na porta e me lançou um olhar perverso, engoli seco já sabendo que ele pediria algo realmente ruim.

— Se você realmente quiser que eu não conte, terá que selar este acordo comigo. - disse ainda me olhando da mesma maneira. - Caso o contrário, não só ele, mas também seus pais e seus irmãos irão ficar sabendo dessa novidade.

E é claro que ele dificultaria para mim, sempre que Jimin tem a oportunidade de selar um de seus acordos comigo, ele assim o faz, e recentemente selamos um no colégio, não podemos contar a ninguém que somos parentes ou coisa do tipo; caso o contrário, se eu disser terei que entregá-lo minha máquina fotográfica vintage, e caso ele conte, ele terá de me entregar o dinheiro de sua mesada por 6 meses. Eu não tinha pensado em nada melhor na época.

— Está bem! E o que você está disposto a arriscar?

— Boceja falso. - Respondo amanhã, estou cansado agora. - se dirige em direção a porta mas o interceptor antes que pudesse sair. - Aish. - reclamou. - ainda se lembra daquele segredo que lhe contei certo? Guarde ele que guardarei o seu. Caso me esplane eu também te entregarei, você conhece as regras, não preciso repeti-las!

Assenti e o deixei passar, mal sabia ele que eu não sabia apenas de um, mas de vários segredos que ele nunca optaria em sequer deixar sua mãe sonhar que ele havia cometido tais feitos. Um tempo após este ocorrido, fui e tomei um banho, o que me relaxou e me deixou até mais revigorada, desci novamente à cozinha e fiz um sanduíche, devo admitir que os de meu oppa são melhores, mas é algo que nunca irei contá-lo. Após comer, subi novamente para meu quarto e organizei minha cama.

— Olha só que notícia maravilhosa. - Jimin disse apoiado no

batente da porta. – irei dividir o quarto com você esta noite!

— Como pode isso ser bom?

— Não sei, só sei que seu irmão ficou bravo comigo sem

motivos e me expulsou do quarto dele.

— Você tocou no proibido não foi? – o vi abaixar a cabeça

como uma criança sentindo o peso da culpa de seus atos. –

Sabia.

Proibido era o codinome do item mais valioso de meu irmão,

uma cueca box autografada pelo próprio Chris Brown, artista

favorito de ambos. Neguei com a cabeça e o disse para ir

escovar os dentes enquanto eu arrumava um colchão para o

mesmo, e assim o fez. Terminei de arrumar seu colchão e

Jimin já havia voltado para o quarto, fui escovar meus dentes

e lavar o rosto para finalmente dormir em paz, quando voltei,

Jimin já devia estar em seu 3º sono.

Me deitei pensando que

poderia finalmente dormir, mas acontece que quando se gosta

de Jungkook isso é quase impossível, ele havia tomado conta de toda a minha mente naquele exato momento, afinal, sua atitude fofa de horas atrás tinha sido um grande marco

histórico na minha vida; o que me fez perder totalmente o

sono.

Eu não conseguia pregar os olhos, estava preocupada com o acordo que selei com Jimin, pois como a boa prima que sou, sei que não devo confiar muito nele, afinal meu primo é um dos maiores fofoqueiros da escola, e mesmo que não conte meu segredo de forma direta a Jungkook, ele pode sair dando indiretas até que o garoto perceba. Fazendo com que toda a nossa amizade murche e morra. Certo que talvez seja apenas uma paranóia de minha mente, mas acho que ele nunca faria isso, mas eu posso estar enganada. Isso já estava me deixando louca!

Com todos estes pensamentos estavam me tirando o sono, desci para a cozinha e peguei uma caixa de leite; uma caneca e açúcar. Coloquei o leite e um pouco de açúcar na caneca e misturei, coloquei a caneca no microondas para que esquentasse e após alguns segundos estava morno, tomei quase que de uma vez, e graças a aquilo, o sono finalmente veio. Subi de volta para o quarto e me deitei, amanhã será um longo final de semana.