The price of evil...

Your tragic fate is looking so clear...


Minha cabeça doía muito e meus olhos queimavam quando eram abertos.

–É só ressaca, parece que a noite foi bem interessante. –Era a voz de Zacky, ainda bem que ele havia voltado, tinha muitas explicações para me dar.

–Zacky? –Perguntei o que já era óbvio.

–Sim, acho que sua preferência seria o Brian, mas ele está na mesma situação que a sua no outro quarto.

Depois daquela afirmação os fatos da noite passada foram passando pela minha cabeça em vários flashs. E logo depois eu senti raiva, lá vem o Vengeance de novo com essa história, iria brigar com ele, se não fosse pela minha dor de cabeça insuportável.

–Pegue. –Abri um pouco os olhos, estava no quarto dele (mas como eu havia ido parar aqui em cima?), suas mãos estavam estendidas em minha direção com uma pílula e um copo d’água. Tomei e agradeci.

–Zacky, eu queria muito conversar com você.

–Não, obrigada. Estou dispensado as explicações de “não é nada disso que você está pensando”.

–Por que você ta falando isso? –Perguntei ainda meio atrapalhada com as palavras.

–Sei lá, por que não é normal eu chegar em casa e ver você e o Brian jogados no chão abraçados.

Ah, só agora havia me lembrando daquela parte da noite.

–Entendi. Escuta, não aconteceu nada entre mim e o Gates, ok?

–Eu sei, vocês estavam vestidos quando eu cheguei. –Zacky continuava em pé, perto da cama, com uma expressão indiferente.

–Nós precisamos conversar e não é nada que seja relacionado ao Synyster, será que...

–Desculpa, mas agora não, preciso cuidar de outro bêbado. –E saiu sem falar mais nada.

Afundei minha cabeça no travesseiro e tentei me lembrar de todos os detalhes da noite passada.

Michelle, o bar, o esquecimento, Jace...

Jace.

Que foi que eu fiz? Estraguei tudo como sempre. Eu queria gritar, me desesperar, mas não era hora pra isso, eu precisava agir. Rápido. Mas antes que eu começasse a pensar no que seria feito, as imagens não paravam de atormentar minha mente.

Xx

Antes que Jace desligasse o telefone voltei para o lugar que estava antes que ele suspeitasse que eu havia escutado a conversa. Não sabia o que fazer, estava completamente atordoada. Mas ele estava demorando, então minha insensatez passou a me guiar.

Levantei-me e procurei por algo. Algo pesado. E encontrei o que procurava.

Bem perto de onde estava havia uma pedra, é claro que não era grande coisa, mas para alguém que soubesse usá-la, com certeza seria o suficiente.

Coloquei a pedra, que, aliás, era bem pesada, perto de onde eu estava e sentei-me à espera de minha vítima.

–Desculpa, parece que eu não tenho paz nunca. –Jace disse ao sentar-se ao meu lado. E foi aí que tudo virou um jogo. Um jogo que eu precisava e iria ganhar.

–Jace. –Disse seu nome em sussurro e me aproximei de seu corpo. Sentia sua respiração, sentia seus batimentos cardíacos... Passei um braço envolta de seu pescoço e me aproximei mais. Logo depois colei meus lábios nos dele, que estavam gelados, e depois de um pouco de relutância o beijo foi correspondido. Era do que eu precisava. De distração. A pedra já estava em minha mão livre por trás do meu corpo e em pouco tempo o atingi em um ponto de sua cabeça que eu sabia que era fatal. Não que aquilo fosse matá-lo, mas o deixaria zonzo.

E tudo que eu planejei aconteceu.

Jace caiu sobre a areia, ainda estava consciente, seu cabelo claro estava manchado de sangue.

Então me sentei sobre sua barriga e continuei golpeando sua cabeça. Apenas três golpes e ele estava desacordado. Levantei e atirei a pedra ao mar.

Xx

Agora que já está feito, notei o erro das minhas ações.* Mas eu não podia voltar no tempo, então teria que seguir em frente. Matá-lo foi a coisa mais estúpida que eu podia ter feito. Vernet sabia que ele estava comigo e que a única culpada só poderia ser eu. Ao telefone, Jace disse que precisava de uma semana, talvez ainda houvesse tempo para fugir. Mas agora ele estava morto, assim que soubessem correriam pra cá e seria fim de jogo.

É como cara eles ganham e coroa você vai perder.*

Precisava sumir da Califórnia agora.

Todos aqueles fatos foram o suficiente para que eu nem lembrasse mais da minha dor de cabeça que continuava lá. Levantei em um pulo, fui até o banheiro e só aí percebi que não estava com as mesmas roupas de ontem, mas... Calma, eu sei o que eu fiz noite passada! Ou talvez... Não, eu não fiz isso... Foco! Isso não importava agora. Tomei um banho rápido, como sempre vesti uma das camisas de Zacky e dessa vez a usei com uma calça jeans rasgada.

Pequei todas as minhas roupas que estavam naquele quarto e coloquei em minha mochila que estava pendurada atrás da porta. Ouvi passos no corredor e a joguei dentro do guarda roupa, quem quer que fosse não poderia saber que eu planejava ir embora.

–Lisa? Está vestida?

–Sim, Zacky. Pode entrar.

–Não precisa. Eu só queria que conhecesse uma pessoa, pode vim aqui embaixo?

–Claro, desço em cinco minutos.

Quem poderia ser? Será que... Não, Jace estava morto há pouco tempo, seria impossível que fosse um deles.

Desci as escadas correndo e ao chegar lá embaixo encontro um senhor de meia idade de bermudas e uma camisa pólo ao lado de Zacky.

–Hãn... Oi?

–Lisa, vem cá. –Zacky agarrou meu pulso e me levou ao encontro do tal senhor. –Esse é o nosso chefe, quer dizer, ele trabalha pra gente, mas deixamos ele pensar que manda em alguma coisa. –Riu.

–Ah, oi. Eu sou a Lisa. –O cumprimentei com um aperto de mão e um leve sorriso.

–Eu sei quem você é e vim aqui te agradecer. Muito obrigada, menina! Você salvou o Avenged Sevenfold.

–Zacky, vem cá sua porra gorda! -A voz abafada era de Syn, que deveria estar no quarto de hóspedes.

–Vou deixar vocês se conheceram e ver o que o Brian quer. -Disse ao se retirar da sala.

–Então, Lisa, nós temos que acertar umas coisas.

–Tipo o que?

–Tipo o seu cachê. Eu faço questão que aceite.

–Não! Eu fiz isso pela banda, não pra receber dinheiro em troca.

–Mas eu devo insistir que aceite.

Pensando bem, talvez eu precisasse do dinheiro, mas não iria aceitar. Porém, havia uma coisa que me ajudaria bem mais.

–Escuta, o senhor conhece um bom advogado?

XX

A conversa com o empresário do Avenged não foi muito longa, ao ir embora ele deu uma carona para Syn e agora éramos apenas eu e Zacky na casa. Ele estava sentado no sofá fitando o nada, me aproximei e sentei o seu lado.

–Ei, ta tudo bem? –Perguntei.

–Sim. –Sua resposta foi seca.

–Zacky, eu queria entender o porquê dessas suas atitudes comigo nesses últimos dias. Eu adorava o seu antigo eu, aquele cara que fazia bagunça na cozinha comigo e me jogava do sofá quando íamos assistir filme. –Não pude evitar um sorriso. – E eu quero que você me diga o que há de errado. Por que tudo mudou, Zacky? Por quê?

Ele permaneceu em silêncio, o que foi me matando por dentro aos poucos. Lá estava eu exigindo que Zacky fosse honesto comigo quando há horas atrás eu estava arrumando minhas coisas para ir embora. Pra sempre.

–Tudo bem, não precisa falar nada, eu só...

–Lisa, por favor, pode calar a boca? –Ele perguntou não de forma ríspida, mas cansada, em meio a um longo suspiro.

Achei que não fosse mais falar nada, mas ele prosseguiu com dificuldade.

–Lisa. –Zacky que ainda estava fitando o nada de repente virou-se para mim e não desviou o olhar. –Eu acho que eu te amo.

Permaneci imóvel. Não sabia o que pensar, não sabia o que era o correto a fazer agora, mas decidi fazer o que eu realmente queria fazer.

Quase em um pulo me aproximei de Zacky, passando meus braços em volta de seu pescoço, enquanto os dele envolviam minha cintura e o beijei. Beijei de uma forma urgente, como se a qualquer momento aquilo fosse acabar e o tirariam de mim.

Joguei-me sobre o ele e logo depois estávamos deitados no sofá, suas mão percorriam o meu corpo e enquanto eu puxava levemente seu cabelo.

Quando o fôlego se tornou essencial, afastei um pouco meu rosto do dele interrompendo o beijo.

–Lisa, você... –Disse em um sussuro.

–Zacky, é a minha vez de dizer, será que pode calar a porra dessa boca?