The price of evil...

Tick, tock the time bomb has been recognized.


Três dias depois

-Liss!

-Clarisse –Corrigi- Não vai aprender nunca?

-Que seja - Bufou. –Tem alguém tocando a campainha. –Desci as escadas rapidamente, fui até a porta e para minha desagradável surpresa Jace estava lá.

-O que você quer? –Cruzei os braços.

-Preciso saber se já pensou no que eu te falei.

-Já e não vou mudar minha resposta.

-Clarisse. –Suspirou. –Não espere outra coisa dar errado pra resolver agir, eu sei que você não é estúpida e deve ta achando tão estranho quanto eu o fato de estar livre.

-Era só isso que tinha pra falar?

-Você é uma estúpida mesmo.

-Tchau Jace, nos vemos outro dia e espero que esse dia demore bastante pra chegar. –Fechei a porta sem esperar por uma resposta.

Fui para o meu quarto, tomei um banho, coloquei o short jeans de sempre, um all star e uma camiseta do System of a Down que eu havia cortado as mangas, deixei meu cabelo solto e procurei por outra coisa, uma camisa xadrez que não me pertencia e que já havia passado da hora de devolver. Peguei meu antigo mp4 e os fones de ouvido, corri pelas escadas apenas avisando Michelle que iria sair com um grito.

-Não demore.

-Você não é minha mãe.

-Que ótimo, assim talvez eu tenha mais alguns anos de vida. –Brincou.

Aquele tipo de piada já havia se tornado tão normal quanto chamar o Johnny de anão, Zacky de gordo e Synyster de gay, resolvi aceitar e até mesmo brincar com coisas desse tipo.

Andava pela rua totalmente distraída, apesar de não ser a fã número um de dias quentes, aquele me parecia bem agradável, até mesmo o calor estava balanceado e o sol não estava a ponto de me queimar viva.

Na reprodução aleatória começava a tocar Strength of the World do Avenged, logo que ouvi o solo inicial me apressei em pegar o mp4 do bolso e trocar de música, apesar de ser bem difícil resistir àquele solo. Assim o fiz, porém passando algumas começou a tocar Demons e eu não conseguiria explicar como eu fraquejava pra essa música, acabei deixando que ela continuasse tocando.

Diminui o passo enquanto viajava com a voz de Matt e o imaginei cantando. Talvez eu devesse me conformar e deixar tudo pra lá, tudo como um capítulo perfeito encerrado. Quantas garotas não venderiam os olhos da cara para passarem pelo menos um dia com eles? Quem sabe eu não esteja no lucro, não é mesmo?

Esbarrei com um cara que ia passando ao meu lado deixando o fone cair, ouvi um barulho de uma freada brusca e senti o impacto de algo pesado contra o meu quadril. Minhas pernas fraquejaram e eu fui arremessada para mais adiante. Tudo aconteceu muito rápido e ao mesmo tempo pareceu durar uma eternidade.

Senti o asfalto queimar minhas costas e percebi que algumas pessoas começavam a se aglomerar ao meu redor.

Todas eram desconhecidas para mim, mas logo uma ruiva foi abrindo caminho por entre os outros e ela eu conhecia muito bem.

-Clarisse, eu te machuquei? Nossa, desculpa, juro que não tinha te visto. Espero que esteja tudo bem. –Sorriu em minha direção e tive vontade de quebrar aqueles dentes.

Meu corpo doía, mas nada insuportável, olhando para onde o carro estava parado e para onde eu estava jogada percebi que não havia sido nada muito preocupante, somente a colisão. Levantei com dificuldade, meus joelhos e ombros ardiam, deveriam estar ralados.

-Papai não deveria emprestar o carro pra filhinhas estúpidas. –Acidentalmente deixei uma careta de dor escapar.

-Eu te levo pro hospital, vem comigo. –Segurou em meu braço cravando as unhas no mesmo. –Não faria a grosseria de te deixar sozinha aqui toda machucada.

A multidão agora já estava se desfazendo vendo a boa ação da ruiva. Eu poderia ter puxado meu braço se ela não estivesse o apertando com tanta força e o fato de ainda estar meio zonza também não ajudou muito.

Isabelle me jogou no banco do carona como quem joga uma mochila do chão e saiu dirigindo.

Minha cabeça palpitava de forma violenta e afundei meu corpo até adormecer sem perceber.

Xx

Estava jogada no sofá assistindo um daqueles filmes românticos idiotas e comendo salgados, os últimos dias só estavam me fazendo ganhar peso.

Peguei o controle remoto e troquei de canal, não aguentava mais toda aquela história de “não posso partir sem você”.

Algumas horas já haviam passado desde que Clarisse tinha saído provavelmente deveria ter ido visitar aquele tal Simon.

O som agudo e insuportável da campainha despertou-me de meus devaneios.

-Como essa casa está movimentada hoje. – Resmunguei.

Abri a porta e para minha surpresa um garoto alto, de olhos claros e cabelos cor de bronze estava do lado de fora.

-Hãn, oi, você deve ser a Michelle, certo?

-Sim e você o Simon.

-É, isso mesmo. A Clarisse ta em casa?

-Estranho, por que ela saiu faz um tempo e eu tinha quase certeza que tinha ido te procurar. –Percebi a expressão confusa do garoto. –Espera ela aqui, acho que não vai demorar tanto e eu não aguento mais conversar com as paredes. –Ri.

O rapaz sentou-se na poltrona e eu assumi minha antiga posição no sofá.

Perguntei como ele havia conhecido Clarisse, mesmo já sabendo a história, ele me perguntou o mesmo e assim o tempo foi passando e antes que eu percebesse já estava escuro lá fora.

Xx

Quando acordei já estava anoitecendo e notei logo de imediato percebi que estava em um carro em movimento. Fui despertando aos poucos até tomar consciência de tudo que estava acontecendo.

-Isabelle?

-Olha quem acordou. –Ela tinha um sorriso bem estranho no rosto.

-Sua puta, onde estamos? Para esse carro agora! –Comecei a gritar ao ver que estávamos em uma estrada e que chovia forte lá fora.

-Não reconhece a estrada que você tentou matar sua mãe Clarisse? –Riu debochada.

-O que você quer Isabelle? É algum tipo de vingança idiota por eu ter procurado o Simon?

-Bom saber que você se lembra da nossa primeira conversa.

-Para a droga desse carro agora!

-Seu pedido é uma ordem. –Freou bruscamente fazendo com que eu me batesse um pouco já que não estava com cinto de segurança.

Logo depois saiu do carro apressada, deu a volta no carro e abriu a porta do carona.

-Sai. –Gritou e eu fiquei pensando o que faria.

Poderia fechar a porta e sair dirigindo enquanto ela morria por lá, mas como contos de fadas não existem, eu não sei dirigir.

-Sai agora. –Gritou novamente e eu continuei sem saber o que fazer, até que ela me puxou pelo braço com força fazendo com que eu saísse do carro de forma atrapalhada.

-E então? Vai tentar me matar? –Cruzei os braços e assumi uma forma ameaçadora, não estava com muita vontade de continuar na figura da garota indefesa perto de Isabelle.

-Não, é só um segundo aviso.

-Prossiga querida.

-Acho que você deve saber que o Simon me procurou.

-E aonde eu entro nessa história?

-Não se faça de sonsa.

-Ele terminou com você? –Comecei a rir e bater palmas como uma idiota.

-Sim. –Respondeu seca.

-Desculpa, mas a maioria choram comendo chocolate e ouvindo músicas românticas, não sequestram outras pessoas. –Continuei rindo.

-Como eu ia dizendo, é um segundo aviso. Fique longe do Simon. –Fez uma pausa e se aproximou de mim. –E eu ainda não me esqueci do que você fez irmãzinha.

Falando isso se afastou de mim e voltou para o carro.

Eu não consegui mexer um músculo, continuei ali, sentindo o frio que começava a me castigar.

Xx

-Estranho ela ainda não ter chegado. –Comentei, já estava ficando realmente preocupada.

-É verdade e eu não consigo imaginar lugar nenhum pra onde ela possa ter ido. –Simon estava nitidamente tão nervoso quanto eu.

A campainha tocou novamente.

-Deve ser ela, corre lá.

Assim o fiz, abri a porta e um rapaz loiro abriu passagem quase me empurrando e entrando na casa todo molhado.

-Ei! –Protestei enquanto o rapaz, que eu reconheci, analisava a casa.

-Cadê ela?

-Isso não é jeito de falar...

-Cadê ela? –Me segurou pelos ombros.

-O que é isso? –Simon puxou o rapaz o encarando de forma estranha.

Os dois eram quase do mesmo tamanho, porém o loiro era bem mais forte o que fazia a reação de Simon passar de heroica para estúpida.

-Não tenho tempo pra isso. –Sacudiu a cabeça. –Cadê a Clarisse?

-Ela saiu e não voltou até agora. –Falei tentando continuar calma.

-O que? –Sua expressão era de total espanto.

-Tem algum problema de audição? –Simon perguntou e foi ignorado.

O mais forte começou a andar de um lado para o outro de forma apreensiva.

-Por que vocês ainda não foram atrás dela, seus idiotas?

-Olha aqui quem você pensa que é para... -Fui interrompida pela outra surpresa do dia.

Jace e Simon tinham os olhos arregalados, virei para a porta de entrada e quem eu menos esperava ver naquele momento estava lá.

-A festa já começou?