The price of evil...

After all this time I'm coming home to you.


–Por que ela estava berrando? –Matt parecia preocupado, ele tratava a Lisa de um jeito estranho, como se precisasse a proteger o tempo inteiro.

–Eu a beijei.

–O que? Caralho, eu não acredito! Até que enfim uma atitude decente... Que porra é essa na tua boca, Gates? –Pelo visto a mordida estava bem feia.

–Digamos que a Lisa tenha dentes fortes. –Começamos a rir, mas acho que Matt não havia entendido o que eu realmente quis dizer.

–Ei, seus filhos da puta, não vão acreditar no que está acontecendo! –Johnny havia acabado de entrar na cozinha rindo tanto que mal conseguia falar.

–O que foi, resto de gente? –Perguntei.

–A Lisa... – Não conseguiu terminar a frase e continuou rindo.

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Permaneci imóvel, não sabia se enfrentava a multidão ou corria de volta para o ônibus. Perguntas, flashs e de repente vi que algumas garotas começaram a chorar e gritar desesperadamente. Mas...

Senti alguém agarrando meu braço.

–Sorria, querida! Você está famosa! –Synyster parecia estar se divertindo com aquela situação. A presença dele explicava os choros e gritos. –É sério, tenta pelo menos fazer uma carinha mais simpática, desse jeito parece que você acabou de ver um cadáver correndo nu. –Riu enquanto conduzia-me por uma área onde os seguranças controlavam as fãs que ali estavam. Acenava e piscava para alguma delas, já estava quase surda com toda aquela gritaria. Tropecei nos meus próprios pés várias vezes e ele acabou passando o braço pela minha cintura na tentativa de evitar uma queda patética no meio daquelas pessoas.

Gates, vocês estão juntos? E quanto à Michelle? Temos fotos de vocês e vazaram informações que talvez estivessem em um relacionamento sério.

Milhões de perguntas semelhantes surgiram.

Michelle? De quem aquela repórter louca estava falando?

–Por aqui, Senhor. –Um segurança apontou para o prédio de mais ou menos uns 15 andares à nossa frente. Gates continuava com o braço envolto na minha cintura praticamente obrigando-me a andar.

Entramos no tal prédio, quase não escutava mais a gritaria e agradeci por isso.

–Sente-se aqui e fique quietinha até eu voltar. –Falava como se eu fosse fazer outra besteira a qualquer momento enquanto indicava uma poltrona. Caminhou até o que provavelmente era a recepção e eu permaneci em pé, minhas pernas não obedeciam mais aos meus comandos.

Depois de alguns minutos Syn estava novamente ao meu lado.

–Falei pra você esperar ali. -Apontou novamente para a poltrona. –Acho que vou ter que contratar uma babá pra ficar de olho e você.

–Desculpa.

–Por ter mordido a minha boca? Ainda ta doendo, mas tudo bem. –Ele parecia bem à vontade com a situação, ao contrário de mim.

–Não, idiota. Por ter feito essa confusão toda.

–Começo a pensar que você está com a banda pra ter fama. –O fuzilei com os olhos. –Ou realmente é muito burra!

–Ok. Chega. –Realmente não estava em condições de discutir com ele agora.

– E os outros?

–Virão depois.

–Senhores, venham por aqui. –Uma moça alta, bonita e com o cabelo negro preso em um coque perfeito fez menção para a seguirmos.

–Agora eu vou te levar para almoçar. –Synyster agarrou minha mão e a moça nos conduziu até um corredor que dava direto em uma porta.

–Seu táxi já os espera. Tenham um bom dia. –E continuou andando na direção oposta.

–Aonde nós vamos? –Perguntei.

–Ao parquinho. –Revirou os olhos - É claro que se vamos almoçar, iremos em algum restaurante, não é gênio? –Mereci isso.

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–Ei! Eu to falando contigo! –Synyster gritava, o que chamou atenção de algumas pessoas que estavam sentados em mesas próximas à nossa.

–Desculpa. –Estava meio sem paciência pra conversas.

–O que vai querer?

–Tanto faz. -Tudo bem. –Acenou para o garçom que em poucos segundos já estava ao seu lado e fez o pedido. –Liss? –Voltou-se novamente para mim.

–Fala, Gates.

–Acho que eu já pedi pra você não me chamar assim.

–Não importa, é assim que eu vou te chamar de agora em diante.

–Lisa, será que podemos ter uma conversa sem brigas? Por favor.

–Tudo bem, já estou cansada disso. –Dei de ombros. – O que tem de tão importante pra falar comigo?

–Sei lá, só queria conversar.

–Synyster, se você está sentindo-se solitário, existem pessoas que trabalham para escutar o problema alheio. Chamam-se psicólogos. –Acabei rindo ao terminar a frase, o que estragou todo o meu teatro de “estou pouco me fodendo pra você”. Ele riu junto comigo.

–Sua testa ainda dói? –Sua expressão agora era séria.

–Não, por quê? Por acaso pretende me atirar contra o sofá de novo?

–Idiota. –Riu. -Eu sinto muito pelo que fiz, ainda é difícil pra mim...

–Pra você? Por acaso já passou pela sua cabeça que você não seja o único que esteja sofrendo? Esse é o seu problema, Gates! Egoísmo! –Ao contrário do que esperava não obtive resposta. Syn encarava o chão como uma criança que havia sido repreendida pela mãe. Idiota, o que você ta fazendo? -Foi mal, acho que eu exagerei um pouco.

–Não, você ta certa. Ninguém viu tanto problema quando você disse que estava completando 18 anos, mas eu surtei, fui um imbecil...

–Chega dessa historia, por favor. Eu menti você explodiu. Te tratei muito mal quando foi pedir desculpas e você me agarrou. Nós dois erramos.

–Eu não te agarrei! Até parece que o beijo não foi correspondido. -Deu uma risada maliciosa.

–Me tratou como se eu fosse mais uma dessas vadias que fariam tudo pra passar uma noite com você!

–Pensando bem, é verdade, existem muitas vadias querendo passar a noite comigo. –Brincou.

–Isso é sério!

–Mas eu to falando sério! –Lancei-lhe um olhar sério e nos encaramos com expressões vazias por uns segundos, até começarmos a rir novamente como dois idiotas.

–Todo mundo ta olhando pra gente.

–Devem estar pensando o que um cara, como eu, estar fazendo com uma garota, como você. –Ainda ria.

–Ou devem estar olhando para esse seu cabelo esquisito.

O garçom aproximava-se com dois pratos de macarronada. Meu estômago roncou.

–Zack comentou uma vez que você era louca por massas italianas.

–É verdade. - Ele sorriu.

–Liss?

–Sim?

–Tem uma coisa eu ainda não consegui entender.

–O que?

–No dia do seu aniversário, você disse que seus pais não te procurariam e...

–Eles morreram.

–Sinto muito. –Mordeu o lábio.

–Tudo bem.

–Você vivia com quem?

–Minha avó, ela sim era a minha mãe de verdade. –Lembrar dela doeu bastante como um se houvesse buraco em meu peito.

–Há quanto tempo?

–Synyster, não quero falar sobre isso.

–Tudo bem, eu entendo.

–Obrigada.

Terminamos o almoço em silêncio, Synyster pagou a conta e fomos embora. Depois de tanto tempo em um ônibus, saindo apenas à noite, sentir o sol sobre minha pele era estranho.

–Quer dar uma volta?

–Conhece a cidade?

–Não, mas seria legal conhecer, se você viesse comigo.

–Parece ser legal. Vamos.

Fomos até um dos táxis que estavam estacionados do outro lado da rua, Synyster abriu a porta do carro pra mim e sentou-se no banco do passageiro. Ouvi quando ele perguntou ao motorista onde era a praia mais próxima dali que não fosse muito movimentada, depois o silêncio tomou conta do ambiente.

Senti um vazio tão enorme. Lembrei-me das minhas perdas. Vovó, mamãe, Sr Mack e Simon. E mais do que tudo sabia que não queria perder os meninos. Um aperto no peito, meus olhos ardiam. Não chore.

–Pode ficar com o troco. Boa tarde. – A voz dele despertou-me de meus pensamentos. Deu a volta no carro e abriu a porta para mim novamente. –Gosta de praia?

–Um pouco, na verdade prefiro frio, montanhas... –Sorri.

Tirei meus sapatos e ele fez o mesmo, andamos pela areia sem falar nada. Aquele lugar estava quase deserto, o sol não estava tão quente quanto ao que era esperado para àquela hora do dia e o barulho do mar simplesmente tomou conta de meus pensamentos.

–Gosto de praias desertas, me ajudam a pensar. –Ele fitava o horizonte. Demorei um pouco pra perceber Syn havia parado de andar e se sentado na areia. Caminhei de volta para mais perto e sentei ao seu lado.

–Syn?

–Oi Liss.

–Gosto da sua companhia.

–Eu também gosto da sua. –Passou o braço em volta de meus ombros e deitei minha cabeça em seu peito.

Ficar com o Syn era como voltar pra casa depois um bom tempo.