The mine word: Blue roses.

Capítulo 19: Batatas fritas.


Faz três meses desde que perdemos contato com a Gisele.

Durante muito tempo, eu fiquei me lamentando. Era culpa minha. Tinha de ser culpa minha. Ela não faria isso. Não a nossa Gisele.

Alex foi outra que ficou triste. Porém as crianças parecem lidar melhor com isso que os adultos. Uma das poucas coisas que invejo nelas.

Mas hoje não é o dia pra isso. Hoje não. Hoje é o aniversário da Alex, um dia especial. Então eu preciso me controlar.

Tudo foi arrumado no dia anterior. Cidia assou tortas, Ponko preparou a carne, Pompo ajudou na arrumação, os convidados trarão algumas coisas e eu preparei o que a Alex mais gosta: batata frita. Essa é uma paixão que compartilhamos.

Skel, Hedyps e seus filhos, acompanhados de uma pequena guarda, foram os primeiros a chegarem. Trouxeram presentes pra Alex, além de plantas da região do Nether, como peras, pimentas-de-fogo, cogumelos do Nether e algumas outras coisas.

Em seguida, chegaram Sekka, Pheal e as crianças, carregando as maiores desculpas que já recebi na vida, principalmente por parte da Pheal. Ela se lamenta muito pelo sumisso da Gisele.

Na manhã de hoje, enquanto o pessoal do Skel desmontava o acampamento da noite, Pompo vestiu a Alex com um lindo vestido verde-oliva, amarrado à cintura por uma fita branca com um laço nas costas.

—Deus, você está uma graça. Dá vontade de agarrar toda! —Disse ao vê-la, a pegando no colo e girando com ela. Sua risada era tranquilizante.

—Deixa ela, Steve, vai amassar o vestido. —Pompo parecia séria.

—Deixa disso, amor. É o dia especial da nossa princesa. —Ela continuava no meu colo, rindo da reação da Pompo. —Só lembre que não pode se esforçar muito, tá? —Por sorte ou por azar, Pompo estava grávida de novo.

—Vamos logo. Estão esperando a gente.

—Não vai se trocar?

—Algum problema com a minha roupa? Uso todo dia.

—E é surpresa ela já não ter desmanchado. Embora fosse ser uma bela visão.

—Para, seu bobo. —Ela me empurrou. —Tudo bem, vou me trocar. Diga aos outros que já vou.

—Vai lá. Então, filha, vamos ver os seus amigos?

—Vamos! Eu quero abrir os presentes!

—Vamos, mas depois. Vou te contar um segredo... —Me aproximei de seu ouvido. —Enquanto vocês brincam, de preferência sem sujar o vestido pra que sua mãe não nos mate, o papai vai fazer batata frita.

—Sério?! Oba!

Beijei sua testa. —Então vamos lá.

Visão da Alex:

Papai me deixou com as outras crianças enquanto ia fritar as batatas. Já que era pra isso, então não me importava.

Linna usava um vestido preto com babados roxos, Gisele vestia uma blusa verde com uma saia branca, algo parecido com o meu vestido, Henne, que eu vi pela última vez quando ela era um bebê, também vestia um vestido preto só que com fitas cinzas presas a ele. Os meninos usavam ternos padrões. Eram bem sem graça, na verdade.

A brincadeira se limitou a assistir os meninos brincarem. Nenhuma de nós queria sujar os vestidos, embora eu não me importava. Se soubesse que minha mãe não fosse me matar, talvez eu arriscasse a brincadeira.

—Então, Alex, o que você é? —Perguntou Henne, com ar de seriedade.

—Como assim? —Perguntei, sem entender.

—Sua mãe claramente parece uma Creeper, embora eu saiba que ela é uma mestiça, mas o seu pai não pertence a nunhuma raça.

—Concordo com ela. —Disse Gisele, com a voz estranha dela. —Você tem uma aparência bem única entre todas nós.

—Gente, somos todas diferentes. Nossos pais não são da mesma raça. —Interviu Linna.

Raça, raça, raça, raça.... Ainda não entendo a importância que todos dão a isso. Se podemos estar aqui, conversando como amigas, por que precisamos discutir isso?

—Eu não me importo com isso. —Digo, cruzando os braços. —Não está chato aqui?

—Tem alguma ideia melhor? —Perguntou Henne.

—Tenho sim. Querem ver algo legal?

—Queremos! —Disseram todas. Os meninos escutaram.

—Então me sigam.

Visão da Pompo:

Coloquei um vestido leve. Um tecido fino verde que descia até a cintura, abrindo em uma saia verde-escuro que descia até o joelho. Tomei cuidado pra não apertar muito minha barriga. Como ele não tinha mangas, coloquei uma camisa preta por baixo e um colar de ferro que minha mãe me deu há séculos.

Quando saí do quarto, o cheiro de óleo estava impregnando a casa. Só poderia ser o Steve.

Fui até a cozinha. Steve fritava batatas em uma grande panela com óleo. Até hoje não sei como ninguém teve essa ideia. É muito gostoso. Principalmente com sal.

Me aproximei, tomando cuidado de anunciar que estava aqui. Se dependesse do Steve, ele jogaria a panela de óleo pro alto se eu o assustasse.

—Finalmente. Eu sabia, você ficou muito melhor com esse vestido.

—Obrigada. Está fazendo batatas fritas? Mal posso esperar.

—Com tanta gente querendo, vou devastar a plantação do seu pai.

—Quem manda fazer uma coisa tão gostosa?

—Eu poderia dizer que essas batatas não são a coisa mais gostosa da cozinha. —Ele tentou me abraçar, quase derrubando a panela.

—Agora não, garanhão. Não estamos sozinhos nessa casa.

—Isso não te impediu quando estávamos na casa do Sekka.

—Eu estava bêbada e você viu o resultado. —Disse, colocando a mão sobre minha barriga.

—Eu sei... Quer vinho?

—Nem tenta.

—Vá dar uma olhada na Alex. Diga que tem um pouco pronto aqui.

—Eu vou mas eu volto... —Disse, saindo da cozinha. Seu olhar sobre mim mostrava que o charme havia funcionado.

Saí de casa e dei uma olhada pelo campo. Não haviam tantas pessoas, mas era difícil de ver por conta do sol.

Quando finalmente minha visão melhorou, pude perceber o que, por algum motivo, ninguém percebeu: As crianças haviam sumido.

Visão da Alex:

Quando ninguém estava olhando, nos enfiamos no bosque. Todos me seguiam, me fazendo sentir uma líder.

—Onde estamos indo? Nossos pais vão ficar bravos conosco. —Disse Linna, parecendo realmente preocupada.

—Vamos voltar antes que eles percebam.

Andamos mais um pouco, chegando ao galpão da vovó.

—O que viemos fazer nesse lugar? —Perguntou Rheal.

—Vocês vão ver.

Me aproximei da porta do galpão. Depois de eu me machucar, a vovó trancou o galpão com correntes de ferro.

Coloquei a mão sobre elas, tentando me concentrar. Tentei sentir ela. Sentir a energia dela. O movimento dela.

Quando percebi, as correntes estavam caídas no chão.

—Vocês estão... —Todos estavam assustados. —O que houve?

—S-Seus olhos... —Linna gaguejava.

—Não importa. O que quer nos mostrar? —Perguntou Henne.

—Olhem só... Isso! —Quando abri o galpão, todos recuaram um passo. Devem ter se assustado com o Guto.

—Q-Q-Q-Q... —Linna continuava gaguejando.

—Um Golem de ferro. —Disse Gisele. —Achei que fosse um mito.

—Também achava. —Continuou Henne. —Os livros dizem que os clãs de manipuladores de Golens de ferro estão praticamente extintos.

—A vovó consegue controlar ele. Ela é demais.

—Então, só queria mostrar isso para nós? —Perguntou Rheal. Os outros meninos conversavam sobre outras coisas.

—Não, também quero que vem outra coisa. Vejam...

Tentei me concentrar novamente. Sentir a energia do Guto. Me sentindo leve como nunca.

Quando abri os olhos, a menina de olhos brancos estava na minha frente. Linna, Henne e os outros estavam atrás dela.

Tentei chamar eles, levantando o braço. Rheal segurou nos ombros dá garota de olhos brancos, a puxando.

Nesse hora, voltei a ser eu. Rheal me segurava, da forma que segurava a outra garota. Aquilo me assustou.

—O que foi? Parece que viram um fantasma.

—Não está longe disso. —Disse Gisele.

—Seus olhos estavam brancos. Está se sentindo bem? —Perguntou Rheal, colocando a mão sobre a minha testa.

—Não, não eram os meus olhos que estavam brancos. Estão me confundindo com a garota de olhos brancos.

—Você foi a única que tinha olhos brancos, Gisele. Quando aquilo começou a se mexer, seus olhos brilharam. —Disse Linna, me tirando dos braços do Rheal. —Não assuste a gente assim.

—Vocês são uns bobos. Não tem nada de errado comigo.

—Eu concordo com ela. Não é todo dia que podemos ver um Golem de ferro. —Henne se colocou na nossa frente. —O que sentiu quando entrou nele?

—Não senti nada... Espera, eu entrei nele?

—Olha, tenta fazer isso novame... —Antes dela terminar, um pequeno brilho roxo explodiu entre nós. Era a Pheal.

Todos pularam de susto, inclusive eu. Pheal parecia furiosa.

—O que os bonitos e bonitas fazem aqui...?! —Ela cruzou os braços e franziu a sombrancelha. —Voltem já pra festa. E vocês três —Ela se referia aos seus filhos. —Teremos uma conversa depois.

Linna e Rheal desapareceram na mesma hora. Tive pena da Gisele não poder sumir junto como eles.

Quando retornamos, saindo pelo bosque, minha mãe estava na varanda, pronta pra explodir minha cabeça.