The cheating game

Na imensidão da floresta


Saio de minha casa correndo e subo em minha moto. Passo como um raio por todas as ruas que estavam no caminho aonde tenho que ir. Floresta.

Deixo minha moto no acostamento e ligo a lanterna do meu celular. Vejo um vulto entre as árvores com uma luz também, ele parece me perceber, pois apaga a luz.

Por mais que isso pareça insano, eu corro atrás dele. Minha mente gritava para eu fugir, mas meu corpo parecia ter ganhado vida própria. Eu saio à procura do vulto.

Ele sumiu. Olhos para os lados, não vejo nada de errado. Começo a andar pra trás, percebendo que eu tinha feito uma imensa burrice, eu tinha corrido atrás de um suposto assassino. Eu estou tão ferrada.

No que ando para trás esbarro em alguma coisa que estava correndo. E nós dois caímos no chão.

Meu celular ilumina a cara da pessoa que me assustou minutos atrás.

—Peter? –questiono. –O que está fazendo aqui?

—O mesmo que você. Vim procurar a sua melhor amiga.

—Vai para casa. Aqui é perigoso, ainda mais com um assassino à solta.

—E deixar você sozinha no meio de uma mata com um assassino à solta, e a uma menina morrendo em algum lugar? De jeito nenhum.

—Se tudo der errado, não diga que eu não te avisei e desde quando você é politicamente correto? –questiono e ela dá de ombros em resposta.

—Relaxa se der tudo errado eu não vou poder dizer nada mesmo. Vou estar morto. –ele ironiza e eu faço uma careta pra ele que me responde com um mini sorriso.

Ele levanta, liga a lanterna em sua mão e recoloca seu capuz preto. Eu me levanto, tentando bater toda a poeira que deve ter ficado em minhas roupas.

—Já te falei que tem mais gente aqui? –pergunta Peter, iluminando a nossa frente.

—Hã?

—OI! –grita Brian saindo de trás de uma árvore me dando um susto, coloco a mão no coração e vejo que a adrenalina funcionou, odeio que me deem sustos.

—Brian, tem um psicopata maluco andando por aí, a Jack está perdida e você cisma de me dar um susto! Da onde você tirou que isso era uma boa ideia? –pergunto.

—Foi o Liam que mandou. –ele se defende.

—Eu nada! Nem vem. –nega Liam, saindo detrás de uma árvore.

—Florence está sabendo disso? –pergunto.

—Tá no noticiário. Todo mundo sabe. –informa Peter.

—Gente o Karma me mandou uma mensagem. –digo.

—Pra mim também. É por isso que estamos aqui. Ele só enviou uma palavra “Floresta”. Nos dividimos, Henry e Connor estão do outro lado da floresta. –explica Liam.

Mostro a mensagem enviada pelo Karma no meu celular.

—Lugar do Sol? –indaga Brian. –Pra mim esse lugar é China. Terra do sol nascente.

—Brian, Jack está perdida, você pode focar? –pede Liam. -Lugar do Sol. Acho que sei onde fica isso. –completou Liam.

—Sabe? –pergunto.

—É eu sei. Você também sabe, só não lembra. –ele disse enquanto andava na nossa frente, com pose de líder. Como o Liam lembrou de alguma coisa? Ele é tipo a Brooke em questão de memória.

Quando ele estava a uns cinco metros de distância da gente, Brian nos para.

—Quem acha uma má ideia o Liam guiar a gente levanta a mão.

Levantei a mão. E olhei para Peter. Ele também tinha levantado.

—Bom saber que não sou o único. –fala Peter.

—O QUE VOCÊS ESTÃO ESPERANDO? –grita Liam, lá na frente.

Todos começam a andar mais rápido.

—Árvore com marca, árvore com marca. –Liam sussurra consigo mesmo, preocupado. Todos nós estamos muito nervosos.

A Jack é uma das minhas melhores amigas. Não posso perdê-la, não como quase perdi a Florence, não como perdi a Ashley.

Espera lugar do sol? Como eu pude ter esquecido isso?

“Gente espera.” Uma eu menor pedia. Tinha apenas 13 anos.

“Ele deve estar aqui.” Presumia Ashley.

“Aquele idiota.” Xingava Florence.

“Ah gente, ele é só um menino incompreendido.” Defendia Jack.

“Um menino incompreendido que roubou o material da sua melhor amiga.” Rebatia Ash.

“Eu acho que ele se daria bem na Corporação.” Comentou Flore.

“Shh.” Pedi.

“Corporação? Vocês são mafiosas?” Perguntou um pequeno garoto de olhos azuis, saindo de trás de uma árvore.

“O que? Não.” Respondi.

“Se vocês não são mafiosas, o que são?”

“Vingativas, malucas, obcecadas...” Ironizou Jack.

“Nos vingamos de pessoas.” Resumi.

“O que eu faço pra entrar nisso?” Ele perguntou.

“Você não vai entrar.” Respondeu Flore.

“Florence, eu acho melhor pensar no que você vai dizer. Agora sei do segredo de vocês posso espalhar a hora que eu quiser. Eu vou entrar pra sua sociedade secreta quer você queira ou não. Então, do que tenho que fazer pra ser digno?”

“Me prove que você é útil. Mas você vai entrar de qualquer jeito mesmo, vai ficar nos manipulando com o nosso segredo.” Informei. Ele jogou minha mochila pra a Ashley.

“Parece que temos um novo membro.” Refletiu Jack.

“Precisamos de algo para marcar isso” Ash disse abrindo a minha mochila e pegando um giz de cera, tivemos aula de artes naquele dia.

Ela desenhou um sol na árvore que o Liam estava escondido.

“Eu, Valerie Morgan, elejo você, Liam Harper, um membro oficial da Corporação dos Trapaceiros, saúdam o Praticante!”

“Praticante? Sério? Não tem nome melhor, não? Tipo, sei lá, Batman?” Reclamou Liam.

“Você tá mais para Robin” Debochou Jack.

—É aqui. Gente. –falo e todos me encaram. –Eu sei onde a Jack está.

—Ainda bem que o Liam não vai mais ser o guia já estava ficando preocupado. –diz Brian, e Liam responde com uma careta.

Começamos a andar rápido, agora quem estava na frente era eu. Eu não tenho palavras para demonstrar o quanto eu odeio aquele lugar. E se o assassino escolheu esse lugar pelo motivo que eu acho que ele escolheu, ele conhece minha história melhor do que eu pensava.

—Só pra me situar aonde a Jack tá mesmo? –pergunta Brian.

—No velho poço. –respondo deixando transparecer a tristeza em minha voz.

—Ei, você tá bem? –questiona Liam, preocupado.

—Claro. –mantenho a postura, não importa o quanto aquilo me machuque não vou deixar transparecer.

—Velho poço? Então ela está coberta de água? –indaga Peter, até ele está preocupado, e olha que ele nem conhece ela direito.

—Não, aquele lugar já secou há séculos. –informa Liam. –Certeza que quer ir lá, Val?

—Tenho, não vou deixá-la sozinha.

—O que aconteceu aqui? –pergunta Brian.

Não importa o quanto isso me afete, eles têm que saber. Abro a boca para responder quando ouço um grito.

É a Jack. Eu tenho certeza.

Começamos a correr como loucos. Adentrando ainda mais a floresta.

Ela estava lá, sentada numa pequena poça do próprio sangue. Seus olhos brilhavam num misto de pânico e dor, ela estava pálida. Tinha uma escada do lado do poço. Peguei-a e coloquei de uma forma que dava para descer até o fundo.

—EU TÔ INDO! –berra Liam descendo rapidamente as escadas.

—Liam... –sussurra Jack, de uma forma quase inaudível.

Um galho se quebrou atrás de nós.

—Quem tá aí? –grito. Jack começou a chorar desesperadamente com Liam lá em baixo, ele começa a acalmá-la, algo que não deu muito certo.

—Liam, rápido. –pede Brian, com urgência o pavor estava estampado em seus olhos.

Liam faz um bagulho muito louco e coloca a Jack em suas costas, com um mão ele ajuda Jack se segurar, com a outra ele escala a escada que Brian está segurando.

Um barulho de passos está se aproximando.

—Eu vou. –diz Peter.

—Quer se matar? Você não vai á lugar nenhum. Peter, posso não gostar de você, mas não vou deixar você perder sua vida tão fácil. –falo segurando seus ombros, ele olha em meus olhos surpreso e parece desistir de sua ideia suicida.

O barulho cessa e eu olho para a imensidão da floresta. Tiro minhas mãos dos ombros de Peter, que ainda me fita surpreendido, e pego a lanterna em sua mão.

—Ele foi embora? –pergunta Brian.

—Como eu vou saber? –rebato ficando irritada, iluminando as escadas para Liam acabar de subir com Jack.

—C-consegui. –anunciou Liam com dificuldade. Jack estava em suas costas.

—Ei, gente. –cumprimenta Jack com um sorrisinho em seu rosto pálido inchado de tantas lágrimas que ela já chorou.

—Precisamos sair daqui o mais rápido possível. –sugiro urgentemente. O barulho volta e eu aponto para o caminho pelo que eu vim.

Nós começamos a correr. O vento batia em meu cabelo o fazendo voar em meu rosto. Eu estava ficando cansada, isso que dá ser sedentária. Liam estava correndo como nunca em toda a vida dele, nunca o vi tão veloz, nem num de seus jogos de basquete.

Rapidamente chegamos até o local que eu tinha deixado a minha moto (um milagre de Deus, porque eu estava muito lerda). Jogo as chaves pra Brian que as entrega para Liam. Ele coloca Jack, que já estava adormecida, na moto.

—Aguenta firme, Jack. –ele pede desesperado, quase chorando.

—VAI LOGO! –eu berro.

Ele atendeu o meu pedido, em cinco segundos Liam e Jack somem com a minha moto da minha vista.

—Então, alguém tem um carro ou algo que faça eu não precisar andar mais para eu ver a minha amiga no hospital? –pergunto e Peter levanta a mão. Parece que eu vou pegar uma carona com um bêbado, até que ele está sóbrio hoje, mas mesmo assim, hora de rezar.