The best for we

I'll wait for you


Ele soltou todo ar preso dentro dos pulmões, estalou os dedos sentindo a tensão sobre os ombros, as sombras se moviam a sua frente parando várias vezes apenas para observa-lo.

—Tem certeza que ele está bem? - Joe indagou nervoso.

—Claro, os últimos meses foram confusos, mas ele está bem. - Harry assegurou.

—Você está bem Barry? - Íris indagou se ajoelhando a sua frente.

—Não sei se bem é a palavra que eu usaria, mas não enlouquece e nem adoece. - disse sem conseguir encara-la.

—Então acho que você está bem. - Felicity afirmou, ela era uma das responsáveis por tira-lo de sua “prisão”, não que a força de aceleração quisesse mante-lo preso para sempre, ela apenas queria ensina-lo uma lição. O que poderia ter sido e o que não foi.

Assentiu sentindo a energia correr por cada músculo de seu corpo, era diferente, mas ao mesmo tempo familiar.

—Você quer ir pra casa, filho? - Joe perguntou um pouco inseguro.

—Acho que sim.

—Tem certeza que você está bem? - Cisco insistiu, porque ele assim como os outros estava preocupado com sua saúde mental. - Você passou um bom tempo naquele lugar, como era lá?

—Confuso. Bem confuso e calmo. - Barry disse olhando para o amigo e tentando sorrir. - O tempo não parecia passar.

—É uma das vantagens da speed force. - Jay falou, ele também havia ajudado em seu resgate.

—Acho que só preciso descansar. - se levantou maca ainda sentindo o corpo pesado, era uma sensação estranha voltar para aquele lugar, com sua família, como se a vida tivesse parado. Congelada, por um instante.

Central City continuava a mesma, seus amigos pareciam os mesmo, mas algo ainda estava errado. Como se uma peça faltasse.

—Não sei porque quer ficar aqui. Isso está tão vazio. - Wally disse olhando ao redor, Barry suspirou. Seu apartamento, o apartamento que compartilhou com Íris, não estava vazio como Wally insistia em dizer, os móveis ainda estavam lá, mas o lugar estava deserto, indicando que não havia ninguém vivendo lá por um bom tempo.

—Apenas queria ver como esse lugar estava. - colocou a mão no bolso e caminhou pela sala.

—Joe levou todas as suas coisas importantes, deixou apenas o que ele acho ser inútil. - Cisco explicou, apenas os três estavam lá, Íris e Joe haviam ido trabalhar, mais calmos desta vez, as últimas vinte e quatro horas haviam sido estressantes.

Barry olhou os porta-retratos, fotos dele e de Íris, algumas com Joe, Wally, Cisco, mas estranhamente nenhuma com ela. Sentiu o estômago despencar, agora que percebia as coisas que havia mascarado para si mesmo durante todo aquele tempo, mas era impossível negar o quanto ele tinha agido como um idiota. Entrou em seu antigo quarto, a cama ainda estava arrumada e havia algumas roupas no armário, mas o que mais lhe chamou a atenção foi que seu celular ainda estava onde havia deixado. Pegou o aparelho o ligando, deslizou o dedo sobre a tela e as palavras brilharam. Você tem dez mensagens de voz.

Franziu a testa. Dez?

Colocou o celular na orelha pronto para ouvir a primeira mensagem.

Barry, é o Oliver. Me liga quando ouvir essa mensagem por favor.

Sorriu ao ouvir a voz familiar, Felicity havia lhe dito que Oliver estava bem e que logo eles se encontrariam. Seria bom conversar novamente com ele. Apertou o botão para a próxima mensagem.

Hey, sou eu.— Barry prendeu a respiração ao ouvir aquila voz. Caitlin. - Sei que não deveria estar ligando porque você está na speed force e nunca vai ouvir isso, na verdade eu só queria ouvir sua voz. É estranho pensar que você está tão longe de…— ela hesitou e ele já podia imagina-la mordendo o lábio inferior e tomando coragem para continuar. - Não foi Cisco que me contou que você estava preso, eu apenas descobri por acaso... Não sei nem porque estou deixando esse recado e se você não ouvirá. Acho que só preciso que você me escute. Que alguém me escute. Ah Barry eu…

O tempo da mensagem havia acabado deixando-o apreensivo sobre o que ela falaria. Caitlin havia deixado uma mensagem em seguida. Quantas mensagens ela havia deixado? Apertou o botão para a seguinte.

Sou eu de novo, bem estou no Novo México, é estranho pensar que já havia me imaginado aqui, o lugar que estou é tão bonito quanto nas fotos. Se lembra quando ficávamos abrindo e fechando aquelas fotos daqueles lugares? Acho que está na hora de começar algo que já havíamos planejado. - ela riu baixinho, então falou mais alto por causa do barulho dos carros. - Queria poder te mandar uma foto e te mostrar como aqui é bonito. Queria que você estivesse aqui, Bar. Você não sabe o quanto.

O coração dele apertou quando a mensagem acabou. Caitlin estava fazendo o que eles haviam planejado, aquilo havia sido a tanto tempo, antes de tudo. Mas ela ainda se lembrava. Apertou o botão para a outra mensagem, torcendo internamente para que fosse dela.

Estou em Nova Orleans, essa cidade parece viver em um eterno carnaval. Tudo é tão colorido e vibrante, acho que você iria gostar daqui. - ele não pode evitar o sorriu que surgiu em seus lábios. - Mas eu não liguei apenas para isso, bem… eu acho que consegui controlar meus poderes. Não totalmente, mas um pouco, encontrei uma pessoa que me ajudou, na verdade foi meio que uma aula de ioga. - ela riu, aquele definitivamente era o som favorito dele. - é estranho porque eu preciso focar em uma memória boa para controlar meus poderes, acabei percebendo que a maioria das minhas memórias boas são com Cisco ou com você. Estou com tanta saudades, Bar.

O velocista piscou um pouco perdido, aquelas mensagens de Caitlin eram somente para ele. Talvez ela até tivesse deixado alguma para Cisco, mas não seria a mesma coisa. Apertou novamente o botão.

Então, estou no Quebec. — o que? Como diabos ela havia ido parar lá? - Você deve estar se perguntando “Nossa Caitlin, como você foi para aí?”, eu meio que desviei um pouco da minha rota e acabei parando aqui. Bar, você não faz idéia de como eu me sinto bem aqui. Não que eu vá ficar aqui para sempre, não posso e nunca poderei, ainda tenho esperança de te reencontrar. Estou numa praça, tem famílias aqui, estou olhando para uma garotinha de cabelo vermelho vivo, ela me lembra sua mãe, daquela foto que você me mostrou algum tempo atrás, você dizia que se tivesse uma irmã ou uma filha seria igual ela.— ele sorriu, como ela conseguia se lembrar daquilo? Havia sido a tanto tempo. - Mas tenho certeza que sua filha com Íris também será linda. Porque é com ela que você tem que ficar… eu tenho que ir, meu trem já está partindo.

A mensagem terminou e Barry sentiu um gosto estranho na boca. Desde de que descobriram aquela matéria naquele jornal seu destino já estava traçado. Deveria ficar com Íris, não importava o que acontecesse.

Mas durante aqueles meses em que se viu preso algo mudou, teve tempo para repensar sua vida sem nenhuma pressão ou influência externa. Talvez Íris ainda estivesse em seu futuro, apenas de um maneira diferente.

Las Vegas, Nevada. A cidade que nunca dorme. São quatro da manhã e eu estou fugindo de alguns idiotas que tentaram roubar a bolsa de uma mulher, eu usei os meus poderes para defende-la. Acho que virei uma heroína, Barry. Cisco vai surtar quando souber disso, tenho mandado alguns emails para ele, apenas informando que estou bem, não quero que ele venha atrás de mim com Julian. E por falar nisso, tenho que te contar uma coisa sobre o tempo que passei com ele.— Caitlin hesitou e ele se aprumou esperando o que ela queria dizer. - Killer estava certa, eu não o amava, acho que nunca o amei. Na verdade eu acho que apenas o usei, Julian queria me ajudar e era visível que ele gostava de mim, eu não tinha nada para dar em troca, então optei pelo mais simples. Ah Barry, eu usei ele e isso ainda me incomoda, não deveria ter feito aquilo, não mesmo… - ela ficou em silêncio e ele pode ouvir apenas sua respiração, era agitada.-...acho que eles pararam de me procurar. Tenho que ir.

Ele afastou o celular do ouvido. Caitlin não gostava de Julian, ela nunca gostou. Mas por que aquilo o deixava feliz?

Mordeu o interior das bochechas antes de continuar, passou para a próxima mensagem.

Meus poderes são uma droga,não! Eles são piores do que uma droga, sou inútil, sirvo apenas para fazer um gelado de café.

—Não Cait, não. - sussurrou sorrindo mesmo sabendo que ela nunca o escutaria.

Eu sou uma péssima heroína, Barry. Deixei o ladrão fugir com o carro e ainda fui perseguida pelos policiais, sabe o quão humilhante é isso? Cristo, como sou inútil! Queira que você pudesse me ajudar, se estivesse aqui provavelmente tentaria me colocar pra cima, diria aquelas coisas positivas, como, “tente outra vez” ou “a próxima será melhor” ou “nunca desista”, porque você sempre faz isso, sempre tenta me colocar para cima. Mesmo que nos últimos tempos você tenha se afastado de mim. - e lá estava aquele tom de voz de novo, ela provavelmente estava mordendo o lábio inferior, nervosa. - Sei que você ama a Íris, mas você me negligenciou, você prometeu que estaria ao meu lado sempre. Savitar disse para Killer Frost que você nunca se importou comigo, tentei de tudo para me impedir de acreditar nisso, mas...às vezes eu acho que ele estava certo. Você realmente se importou comigo de verdade pelo menos uma vez durante aqueles meses?

Ele sabia muito bem a resposta, havia deixado Caitlin de lado enquanto buscava maneiras de impedir Íris de ser morta, mas no fim, ele não havia sido o herói, foi HR que salvou Íris, mas ninguém conseguiu salvar Caitlin, além dela mesma. Se pudesse voltar atrás, se tivesse se preocupado mais com o presente ao invés de ligar tanto para o futuro. Talvez Cait ainda estivesse com ele, talvez eles ainda estivessem juntos.

Balançou a cabeça passando para a próxima mensagem.

Se lembra quando ficávamos até tarde no laboratório e brincávamos de onde sonhávamos estar? Por vezes você disse que adoraria estar em New York e eu em Washington, bem, eu acabei de voltar de lá, estou na Grande Maçã, esse lugar é deslumbrante, você amaria aqui.— talvez quando a encontrasse, porque ele iria encontra-la, a levaria de volta para lá, os dois podiam passear pelo parque, pelas lojas, pela Times Square, talvez até visitar a estátua. Na verdade a levaria para onde ela quisesse, não importava o quão longe seria, apenas a teria de volta. - Recebi uma mensagem de Felicity, parece que ela está tentando me encontrar a pedido de Cisco, tive que jogar meu celular fora, então por isso que o número é diferente… Argh, às vezes esqueço que você não está aí e nunca vai ouvir essas mensagens, sinto muito… Tenho uma novidade, meus poderes estão sobre controle, não completamente, mas estão bem. Consigo controlar minha transformação, ou seja, minha cor de cabelo está quase normal, pelo menos eu me livrei daquele loiro.

—Você deve estar linda.

Eu me sinto linda, acho que você iria gostar… Sinto sua falta, muito mesmo.

—Eu também. Mais do que você imagina.

Pressionou o botão para a mensagem seguinte.

Bem, não sei como dizer isso, mas eu estou em Central City, é, eu voltei.— o coração de Barry bateu rapidamente. Ela estava na cidade? Cisco sabia disso? Alguém sabia disso? - E não, ninguém sabe disso, tenho um pouco de medo de voltar pro laboratório, será estranho rever todos depois de tudo o que eu fiz. Eu traí vocês.

—Não foi você, foi ela. - insistiu em um sussurro, não havia sido a sua Caitlin que tinha feito aquilo tudo. Sua Cait nunca faria aquilo.

Não tenho cara para voltar pra lá, mas eu vi Íris e Wally hoje de manhã, passei em frente ao Jitters e eles estavam lá. Ela parece feliz e relaxada, às vezes acho que Íris não sofre tanto por você está preso, mas eu não posso falar nada, não sei o que acontece com eles, mas sei que cada dia de acordo sinto um aperto no coração por saber onde você está. Sinto tanto, Bar. As coisas não deviam ser assim, você deveria estar casado com Íris agora, os planos de casamento de vocês nunca saíram do papel. Sinto muito por isso.

Mas ela não devia sentir, os planos do casamento nunca foram nem para o papel, e ela não era culpada por isso. Eles eram. Fechou os olhos se martirizando, como havia sido burro de não perceber aquilo antes. Levou o dedo para apertar o botão, era a última mensagem.

Boas e más notícias, eu estou em um laboratório, mas não é o S.T.A.R Labs, consegui um emprego com um dos amigos da minha mãe, isso é estranho, mas mamãe não se importou em ligar para um dos amigos dela e me conseguir essa vaga, na verdade a gente está até mais unida agora. Não tão unidas, porém estamos bem. - ele podia imagina-la balançando a cabeça e rindo de si mesma, ela sempre fazia aquilo quando se enrolava com as palavras. - Bem, eu liguei apenas para lhe dizer isso e que… não importa quanto tempo demore, eu estarei esperando por você.

Deixou o celular cair sobre a cama. Caitlin estava na cidade, Cisco não sabia disso, pois se soubesse já teria a arrastado de volta para o laboratório. Apenas ele sabia disso, durante os últimos meses Caitlin havia compartilhado com ele seus melhores e piores momentos, seus sentimentos e medos. Ela ainda confiava nele e ele, nela. Saiu do quarto deixando o celular para trás, passou por Cisco e Wally que estavam entretidos com algo no celular que nem viram ele sair correndo, precisava acha-la, mas como faria isso se nem ao menos sabia onde ela estava?

×××

O laboratório C.L.A.V.E era localizado perto da saída da cidade, não tinha toda toda a grandeza do S.T.A.R, nem o prestígio do Mercury, era mais discreto e trabalhava apenas com produção de medicamentos em massa. Caitlin tinha tirado a sorte grande dos donos do laboratório estarem em dívida com sua mãe, sendo que ela tinha 45% das ações isso lhe dava o direito de indicar quem quisesse para qualquer cargo. Caitlin lhe seria eternamente grata.

Depois de quase dois meses trabalhando no lugar ela já havia ganhado algumas amizades, como Ginny Grant que era são parceira da sala, as duas sempre saiam no mesmo horário e acabavam esbarrando em Fleur Pavlov, as três seguiam regulamente a mesma rotina, desciam pelo elevador até o lobby e depois para o estacionamento aberto, naquele dia não havia sido diferente, já estava na frente do prédio quando Ginny a cutucou.

—Parece que alguém tem um admirador nada secreto. - ela falou, Caitlin que estava conversando com Fleur se virou confusa, seus olhos pararam na figura esbelta e familiar encostada em seu carro. Abriu boca em choque e nem se viu correndo em direção a ele, quando recobrou os sentidos já estava nos braços de Barry, ele a apertava com força, parecia temer que ela fosse embora.

—Você está aqui. - ela sussurrou enterrando o rosto no pescoço dele. Foram seis meses, longos meses. - Quando você voltou?

—Ontem. - ele disse a afastando com cuidado, seus olhos tinham um brilho diferente, como se já tivessem vivido e visto tudo. Ela mordeu o lábio hesitante, o que teria acontecido com ele?

—Como você me encontrou? - indagou, nem Cisco que havia tentado por tanto tempo tinha conseguido chegar perto da localização real dela e Barry que mal havia chegado, estava ali. Ele sorriu e coração dela bateu mais rápido. Tinha que aprender a controlar seus nervos.

—Suas mensagens.

Caitlin sentiu o rubor subir por seu pescoço até suas orelhas. Aquelas mensagens, não havia se esquecido delas, mas nunca imaginou que ele realmente fosse ouvi-las.

—Você realmente foi para todos aqueles lugares?

Deu de ombros.

—Precisava de umas férias.

—Adoraria ter ido com você.

—E eu adoraria que você estivesse lá.

Ele voltou a abraça-la, Caitlin sorriu. Durante muito tempo havia dito para si mesma que não tinha casa, que cada lugar que passava era apenas provisório, havia dito isso para Julian, mas estranhamente, naquele abraço, ouvindo o coração de Barry bater contra o seu, ela sentiu que algo mudou. Ela estava em casa.