The Wrong Place

Capítulo 10 - Laura


Carlos desenhava perfeitamente. Olhei um por um, vi sobras de páginas que foram arrancadas, e tentei imaginar como ficara cada um desses desenhos que se foram. Guardei o bloquinho comigo, resolvi que o devolveria para o dono assim que possível e voltei para casa.

– Onde você estava? estávamos preocupados - disse Rafael assim que abri a porta

– Desculpe sair sem avisar, mas eu não poderia ficar aqui. - eu disse com a cabeça baixa. Já estava esperando por isso. Ouvi o discurso de Dani. Não devo fazer isso outra vez, ótimo. Quem diria que alguém deveria? Tomei um banho e fui para o meu quarto.

Reli a carta. Olhei novamente os desenhos. Decidi que no dia seguinte iria tentar encontrar ele, não seria difícil, cidade pequena, grande artista, e uma provável grande família. Adormeci sem comer nada depois de todo o tempo, não tinha coragem de sair do meu quarto.

Na manhã seguinte fui para a livraria. Lá pelo meio da manhã, uma menininha entrou.

– Oi, estou procurando algum livro pra mim. - disse a garotinha.

– Talvez eu posso de ajudar. Qual seu nome? - perguntei sem dar muita atenção para ela

– Laura.

– Prazer, meu nome é Paola. Então, que tipo de livro você quer?

– Aventura - disse a garota animada. Então levei ela para dar uma olhada nos outros livros. Enquanto eu mostrava As Crônicas de Nárnia para ela, ela disse - Você é a amiga do meu vô, não é?

– Seu vô? - perguntei, olhando melhor para ela. Sim, era a neta do Carlos.

– Sim, o Carlos, eu te vi ontem no parque.

– Claro, eu me lembro de você - é claro que eu me lembrava - eu fiquei com uma coisa do seu avô, ele veio com você?

– Não, o vovô foi visitar a vovó, não sei quando ele volta. - ela disse

– E onde a sua vovó mora? - perguntei inocentemente

– Ah, isso eu não sei. A mamãe disse que é em um lugar bem melhor, ela chama de paraíso. Ela disse que daqui alguns meses ela vai também, e eu e meu irmão teremos que ficar com nossa tia. - disse ela folheando o livro. Eu paralisei. Não podia ser.

– A sua mãe veio com você? - perguntei

– Não, ela está ali naquela loja da frente falando com uma moça, ela pediu pra mim vir escolher meu presente de aniversário, pegar o nome e depois ela ir vir comprar. Pode anotar pra mim o nome desse? acho que vou ler ele - disse ela me entregando o livro e sorrindo de uma forma tão, pura. Pobrezinha.

– Claro - peguei o livro e anotei para ela. Carlos morreu. A mãe daquela menina ia morrer. Ela ficaria sem a família dela, só com o irmão. E onde estaria o pai dela?

Entreguei o papel, e ela saiu saltitando. E eu só consegui sentir as lágrimas rolando pelo meu rosto.