Ele a observou em silêncio, discretamente. Ela era uma boa atriz: sabia disfarçar de todo o medo que estava sentindo, as lágrimas que escorriam e que tão desesperadamente ela tentava limpara antes que alguém as visse. Mas ele as estava vendo. Por que seria diferente? Ele era o Deus da Enganação, então para si não era a coisa mais difícil do mundo reconhecer quando alguém estava a usar uma máscara.

Sinceramente, ele não compreendia o motivo de Rose precisar fazer isso. Ela estava o mais distante de si que os espaços das duas celas permitiam. Por um momento, sentiu-se mal em ter falado daquela forma com a mulher. Ela o ajudara quando ninguém mais o fizera...

- Rose, escute... Eu sinto muito. Não quis dizer essas coisas para você. É tudo tão frustrante. Não espero que me perdoe, no entanto.

Ela não olhava para ele, fingindo não escutá-lo, mas Loki sabia que ela o fazia.

- Quando eu era criança – disse ele -, os amigos de Thor me levaram para uma emboscada. Eles já tinham idade suficiente para conhecer o perigo, mas eu era apenas uma criança. Foi na floresta de Asgard. Eu não era nem um pouco bom em magia como depois vim a me tornar, então quando caí num buraco e eles me deixaram lá, saindo correndo e gargalhando, eu chorei. Somente quando Thor veio ao meu encontro, zangado com o que seus amigos fizeram, eu soube que não estava sozinho. Meu irmão sempre estaria lá para mim...

Ou quase sempre, corrigiu em pensamento.

- Heath Não está aqui para mim. – A voz de Rose não era mais que um lamento baixo, quase inaudível. Pelo menos ela ainda falava com ele, Loki ponderou.

- Mas eu estou. E...

O que quer que ele estivesse para continuar dizendo, foi interrompido quando a porta de vidro abriu e alguns agentes da organização adentraram a cela do deus e, sem qualquer hesitação, antes que ele pudesse esboçar qualquer reação, atingiram-no na nuca com um golpe que o fez perder a consciência.

Na cela ao lado, observando a cena, Rose gritou.