The Week

Segunda-feira - Primeiro dia


POV TAYLOR

Eu estava completamente feliz de estar fazendo uma música com o Ronnie, ele era uma pessoa incrível, realmente. Um pouco machista, na verdade. Falava palavras de baixo calão e nem sempre agia como um gentleman , mas quem se importava? Eu também não era o exemplo de uma mulher frágil e sensível. Além disso, ele era gostoso, lindo, tinha uma voz incrível e escrevia letras como ninguém. Seus defeitos faziam parte do seu charme pessoal. Eu não consegui deixar de me perguntar se ele era bom de cama.

Estávamos já no primeiro dia de trabalho juntos e as coisas estavam indo bem. O início da letra falava de ser quem é realmente sem se importar com a opinião dos outros. Era pra ser sobre isso, mas ela estava indo cada vez mais pro lado sexual. Culpa minha, eu acho.

– Caralho, essa letra está uma merda Taylor! Não que você tenha culpa, mas não é sobre esse assunto que tínhamos que falar. Nós podíamos falar sobre algo mais simples, algo que não precisasse de metáforas, que as pessoas gostassem de ouvir cruamente.

– Sexo? – Eu digo esfregando os olhos com as mangas do longo moletom que cobre até a metade de minhas pernas e que passava do short curto que eu usava. Eu estava com uma caneca de café em uma mão e com uma caneta na outra, encarando os papéis riscados a nossa frente na mesa da cozinha.

– Yeah Taylor, é disso que eu estou falando! Podíamos fazer algo realmente quente... Como na minha Good Girls Bad Guys. Algo como “How you look when you are wet is something i can’t forget”. Mas você não tem uma reputação de garota a zelar ou alguma merda dessas?

Ronnie não me conhecia. Ele nem ao menos conhecia o meu trabalho até o agente dele dar a idéia de ele me chamar para uma colaboração, um featuring. Ele até ouviu algumas músicas minhas, mas não deu tempo de aprender muito sobre mim e minha música pelo que eu pude perceber. Ao contrário de mim, que sabia o bastante sobre ele. Algumas amigas minhas conheciam ele até demais.

Eu canto algo do tipo em Goin’ Down quando eu deixo a entender que quero transar com um padre. E de qual reputação você fala? Eu já disse para a imprensa que o vibrador é meu melhor amigo, assumi que sou bissexual, disse que eu quero foder com alguns artistas que eu admiro e ainda uso botas de stripper tanto pra sair na rua pra comer sorvete quanto para fazer shows. Até para estar aqui eu estou com elas. – Eu coloco minha perna em cima da mesa e tomo mais um gole de café. Desço então a perna e largo a caneca na mesa. – E não é só por que eu estarei cantando sobre sexo com você que eu esteja necessariamente abrindo minhas pernas pra você no camarim.

Ele fica surpreso, só não sei se é com o que eu disse ou da maneira com que eu disse. Ah, qual é.

– Ok, você me convenceu senhorita ‘eu-me-masturbo-e-todos-sabem’. Onde você esteve esse tempo todo? Porque eu acho que acabei de encontrar minha alma gêmea. – Ele toca no peito onde fica o coração e faz uma cara de apaixonado. Ou tenta pelo menos. Eu começo a rir. – E, sabe, cantar ao seu lado no palco não quer dizer necessariamente que estejamos transando no camarim, mas eu acho essa uma ótima idéia. – Ele estreita os olhos e sorri maliciosamente.

– É? Use-a quando for escrever um livro. – Eu sorrio e tomo meu último gole de café. – Agora eu vou para o meu apartamento descansar. E merda, eu estou o dia inteiro sem chegar perto de um cigarro, isso está ferrando com meus nervos. Aliás, por que mesmo que eu não posso fumar aqui dentro? – Eu levanto uma sobrancelha, exigindo uma resposta. Ele suspira.

– Ok, se você quer saber. Não quero nenhum tipo de droga dentro do meu apartamento, nem com a pessoa que estiver trabalhando comigo. Pelo menos não quando estiver comigo.

– Mas o cigarro não é exatamente uma droga. – Eu murmuro, cruzando os braços.

– É sim. Não complique, Taylor. Eu saí de uma prisão não faz muito, lembra? Prometi pra mim mesmo que levaria uma vida o mais saudável possível, com pessoas saudáveis. Expliquei isso pro seu agente, ele não te contou?

– Não exatamente, só disse que era pra eu fumar longe de você. – Descruzo os braços e levanto, pegando minha jaqueta. – Preciso ir agora, mesmo horário amanhã?

– Claro.

Ele levanta para abrir a porta e eu passo por ele enquanto passo as mãos pelo cabelo. Ele não fecha a porta e eu continuo meu percurso pelo corredor em direção a última porta, quando ouço ele gritar:

– Mas se quiser chegar antes e me esperar nua sentada no sofá eu não vou me importar. – Não consigo deixar de sorrir. Não esperaria outra coisa vinda do Ronnie. Percebi que a chance de fazer algum comentário idiota era sua marca registrada e que ele não conseguia evitar. Sorte que desde o começo eu levei tudo na brincadeira. Se eu levasse a sério tudo o que ele dissesse, nossa convivência seria um pesadelo.

– Há-há. Vá dormir Ronnie. – Eu ouço sua risada e então abro a porta e entro no meu apartamento.



POV RONNIE

Uau. Era só isso que passava por minha cabeça. Cara, eu já tinha conhecido milhares de garotas com uma puta atitude, mas por algum motivo essa daí parecia diferente. Ela era meio gótica e eu confesso que sempre gostei mais das que preferiam pintar o cabelo e fazer tatuagens, às que pintavam os olhos completamente de preto, a boca de um vermelho que parecia sangue e saíam de lingerie e botas de stripper por aí. Não que fosse fácil encontrar alguém com o estilo da Taylor. Taylor Momsen era o nome dela, certo? Eu não sabia nada sobre ela além do que o meu produtor me disse: Ela era uma garota que fazia uma série teen e resolveu cantar porque estava em busca de ‘um rock de verdade’. Eu achava nossos estilos de música um pouco diferentes, mas meu produtor disse que isso só iria ajudar. Parece que o dela tinha concordado também.

Pelo que eu pude ouvir nas poucas vezes em que ouvi as músicas dela, ela tinha uma voz incrível. Mas caralho, porque eu estava pensando nela? Eu tinha que pensar na garota que estava vindo aqui passar a noite comigo. É, isso aí.

Mas eu não pude deixar de querer conhecer mais a Taylor. Ela não era o tipo de garota que eu estava a fim de levar pra cama, então não havia nada demais nisso. A partir de amanhã eu iria tentar conhecê-la melhor, assim poderíamos fazer uma música e tanto.


POV TAYLOR

Eu estava deitada em minha cama com um cigarro aceso entre meus dedos e meu pensamento começou a vagar até parar no cara tatuado que estava no apartamento do outro lado do corredor. Eu não sabia por que eu estava pensando nele, sinceramente. Ele era tudo o que eu achava que era, inclusive mulherengo. Eu ouvi quando uma mulher com voz sexy bateu na sua porta e pediu para entrar. É, os caras da banda dele tinham falado que quase toda noite haveria uma garota em seu quarto. Mas porque isso me incomodava? Ele podia ser maravilhoso, mas não era o tipo de cara com que eu quisesse me envolver agora. Nós estávamos trabalhando em uma música e qualquer intimidade a mais poderia estragar nossa parceria. E eu sabia que se algo acontecesse entre nós seria só por uma noite. Ele me esqueceria no outro dia.

Tentei limpar minha mente de qualquer coisa que envolvesse eu e ele juntos. Mas nós precisávamos fazer uma música, e pelo visto ela seria bem sexy. Então eu tinha que conhecê-lo melhor. A partir de amanhã eu iria tentar conhecer o cara por trás daquela fama de pegador. Eu ia conhecer o verdadeiro Ronnie e isso nos ajudaria a fazer uma música e tanto.