The Walk of The Valkyrie

Capítulo V - Um soldado também tem medo


POV’S Hilde

Eu queria quebrar a cara do Grande Rei, na verdade, eu não estou gostando de nenhum deles aqui, eu apenas me distanciei por 5 minutos deles e no entanto fiquei três anos longe de casa, será que meus pais não perceberam meu sumiço? O Trem ainda está vindo? Ouvi barulho de cascos.

− O que foi,Frederik? - perguntei sem desviar o olhar de minha espada.

− Sua espada está brilhando,olhe para mim,Hilde - cavou. Suspirei. Guardei o tecido de polimento e o olhei.

− Venha para nossa tenda, Os Reis e Rainhas,estão se organizando - ordenou. Mesmo sendo durão,eu gostava de Frederik, ele sempre fala como um general, mas não me sinto desconfortável com o seu jeito formal de falar. Me tornei sua amiga, quando iniciei o treinamento.

− Bom pra eles- cuspi- HILDE! - repreendeu.

− Eles sabiam,Frederik! Você luta pela a Liberdade e o retorno ao seu país...Mas e eu? Eu nunca mais vou voltar! Eu não vou poder enterrar meus pais  quando eles envelhecerem...Eu não vou ver minhas amigas casarem e se tornarem mãe...Eu apenas vou assistir, Caspian se casar com uma princesa e se assumir o trono,mas eu vou ajudá-lo. Eu vou te ajudar,Frederik! - desabafei.

− Como seu Tenente, eu ordeno que vá! - levantei e guardei minha espada- quando já estava pronta para ir − Mas como seu amigo,Donzela Hilde, lhe dou cinco minutos para você decidir se seu rancor é válido - surpresa com a gentileza, o abracei.    

− Eu agradeço, Tenente Frederik - bati continência,quando o soltei. Obedeci seu comando. Fiquei sentada,sem pensar em nada ou fazer nada. Tomei coragem e fui em direção a tenda Real. Eu desejo de todo meu coração que eles se desentendam e eu chute com toda minha força o traseiro do Rei Pedro e de Caspian.

− Maldita Coroa,Maldito trono, Inferno de homens, Merda de reis- caminhei “serenamente” até a entrada da Tenda. Que alias,era longe! Obrigada, narnianos!

Ao fim da caminhada,enfim encontrei a relva que abrigava o QG dos rebeldes. Eu odiava a história cruel que os narnianos sofreram nas mãos dos thelmarinos, lembrava-me o sofrimento do meu povo, da minha etnia, das mulheres, da Guerra. Mesmo com o horror a Segunda Guerra, ao holocausto, as mortes, eu acabei parando no meio de uma. Eu amei quando aula de defesa que tive com Caspian e algumas das ordens irritantes do Frederik,mas estar em Nárnia me lembrava daqueles dias em que tive que correr para rádio rezando para o retorno dos meus tios,infelizmente, minha mãe enterra seu irmão caçula,meu tio favorito, ao menos desta vez eu não fiquei sentada esperando um milagre e torcendo para que meu pai não se alistasse, essa luta eu fui atrás, eu me juntei aos rebeldes, prometi fidelidade a Caspian como um soldado promete ao seu país. Eu sou uma Defensora. Quando a grama tocou as minhas botas,suspirei, e sinalizei ao centauro que estava de guarda.

− Majestades…- os comprimentei,quase, rosnando. Inclinei e esperei que o Grande Rei permitisse que eu ficasse confortável. Ele balançou a cabeça,autorizando - me a falar.

− Fui notificada sobre a exigência de minha presença - frisei sobre a obrigatoriedade. Também deixei clara a minha expressão descontente com isso.

− Hilde, preciso que você fique na linha de frente junto ao primeiro grupo…- interrompi o Rei Pedro.

− Perdão, Majestade, mas grupo pra quê? - gesticulei com a mão esquerda. Tô nem ai se isso é desrespeitoso, eu só quero acabar logo com isso— pensei.

− Para invadir o palácio do Lord Miraz,Hilde - explicou. Não pude deixar de rir. Claro, que eu quero enfiar minha espada em Miraz,mas invadir, logo  agora que ele está desesperado pra matar Caspian, era loucura.

− Acho que o Rei perdeu o juízo - disparei.

− HILDE! - repreendeu Caspian. Meu nome é doce !

− Já temos tudo planejado! Ou você não quer devolver o país para os narnianos? Prefere viver como uma escrava de Thelmar? - protestou Pedro. Olhei o rosto dos Pevensies, exceto Lúcia, toda a Coroa de Nárnia estava presente. Caspian fez uma careta pra mim. Massageei minhas têmporas. De estudante para prisioneira. De prisioneira para escrava. De escrava pra serva e finalmente de serva para soldado. Estou sempre a serviço de algo. Como eu queria espancar cada músculo bem distribuído de Frederik, se ele não tivesse me encontrado, eu não estaria aqui,ouvindo essa tolice.

− Farei como quer! - me rendi- Porém, Grande Rei, Sua Majestade não me explicou como quer - apontei. Caspian formou um “Obrigado” com os lábios. Eu sei que ele não está feliz com isso,também.

Embora, tenha sido ele que me levou para o fascínio com Nárnia, ele é inteligente o bastante para notar os riscos de algo assim.

− Edmundo lhe dará as instruções - assenti. Rei Edmundo levantou - se e deu um sorriso amigável para que eu me aproximasse dele. Tentei me manter calma e aproximei do jovem Rei, ele abriu o pergaminho do seu lado esquerdo em minha direção e gesticulou para que eu o acompanhasse na leitura. Era um mapa, bem desenhado, diga - se, mas o plano ainda me incomodava. Pelo que pude perceber não fora que ele idealizava, fora seu irmão, mas lendo e escutando não parecia um suicídio tanto assim.

Fingi que prestava atenção aos desenhos e me obriguei a analisar os Reis e Rainhas, Pedro tinha toda a pose de um Rei, um Monarca influente o suficiente para liderar quem ele quisesse e ninguém o desacata, a Rainha Gentil, pelo o que sei das histórias, é uma arqueira,mas não gosta de estar em combate, Lúcia não usa a faca para sair matando ninguém, mas e o Justo?

O traidor que fora perdoado de seus crimes, de suas mentiras e que no fim ajudou a Aslan e os seus irmãos a devolverem a paz aos narnianos...Quem ele é afinal? O estrategista dos Pevensie, talvez, alguém com perspicácia o suficiente para se manter calmo e até mesmo lutar quando necessário. Alguém que conheça as regras da diplomacia, ele sim, é um Conselheiro Real. Não alguém que o Rei escolhe para o bajular ou um General aposentado que deseja tomar o trono,mas alguém de confiança. Sorri com a ironia, O Traidor de Nárnia é o único dotado da real Fidelidade ao povo.

− Você se diverte com estratégias de combates? - sussurrou Edmundo com um sorriso divertido no canto dos lábios. O olhei assustada. Será que falei algo?

− Perdão,majesta…- ele me interrompeu - Não se preocupe, ninguém notou - tranquilizou.

−  Ou quase todo mundo não notou - concluiu com uma piscadela. Normalmente, eu teria ficado com raiva, coisa que sempre tenho desde a chegada dos quatro irmãos, mas eu só consegui ficar o olhando sem entender.

−  Tem alguma dúvida, Hilde? - perguntou Pedro. Encarei Edmundo tempo demais. Todos os olhares estavam dirigidos a mim,inclusive os de Caspian. Não me intimidei.

−  Não - respondi em tom semelhante.

−  Não, Senhor! - nem percebi Frederik chegando. Eu reconheço o som de quando cavalga, bem como se reconhece os passos de um amigo ou de um parente.

−  Tanto faz ! - girei o meu tronco em sua direção me segurando para não rir. Eu sabia o quão ele era apegado a formalidades. Seus cascos traseiros cavaram em crítica a minha Má educação.

−  Não é assim que um soldado se porta! - Reclamou - Fred, você não falou com os reis e a rainha- o adverti. Ele fez uma expressão constrangida e dessa vez não escondi a risada e deixei que ela ecoasse.

−  Perdoe -me majestades, mas sabem como é,né? Hilde é uma boa guerreira, mas é um potro ainda, não sabe lidar com algumas regras militares, é meio rebelde,tenho que sempre está de olho nela, alertando para que tenha um boa postura, por favor, desculpem a minha falta de educação - Ele fez uma reverência e quando percebeu  que eu estava rindo, fechou a cara.

−  Está tudo bem,Frederik - acalmou A Gentil. Percebi que fora a primeira vez que ouvi sua voz desde que fui convocada para Palhaç...digo, a reunião.

− Relaxa, Fred! Se os meus serviços não serão mais necessários,estou me retirando - anunciei.

−  Pode ir,Hil, qualquer coisa, eu te informo mais tarde - disse Caspian. Hil. Ele nunca me chamou assim. Senti meu coração acelerar. Assenti e sai do QG.

Passado algumas horas após os meu encontro com os Reis e a Rainha. Deitei em baixo de uma árvore, passei as mãos em volta do meu pescoço. Não senti fome por isso não me juntei aos demais para almoçar, eu só pensava o quanto minha vida mudara, eu sentia saudades de casa, eu queria voltar, acordar naquele banco sozinha com a barra em minha boca e vestida com aquele uniforme que eu tanto gostava. Não é normal alguém gostar de um fardamento, mas eu gostava, amava a saia leve, adoro a blusa e o casaquinho em cetim que deixava o internato mais alegre. Mesmo que eu não tivesse muito amigos ou amigas no caso. Mas depois que cheguei aqui, eu não tenho tanta certeza se quero voltar. Se eu volto, eu volto sem Caspian.

Sem ao menos ter a chance de ligar pra ele, de mandar cartas e pior, sem nunca mais vê - lo. Fechei os olhos com força segurando a vontade de chorar. Não foi o suficiente para impedir algumas lágrimas. Ouvi um barulho de passos. Abri os olhos e vi botas.