Hayley

Acordei cedo como de costume. Tomei um banho gelado e me vesti. Desci as escadas com dificuldade, apoiando as mãos nas costas como uma legitima gravida. Já estava de 7 meses, minha barriga já estava bem visível e pesada...

Sai de casa e comecei meu caminho, caminhando tranquilamente pelas ruas.

Os primeiros meses em Tennessee não haviam sido nada fáceis, meu pai não gostou nada de minha gravidez, discutimos varias vezes sobre isso ate que ele resolveu viver ignorando o fato de que iria ser avô, mas agora que faltam poucos meses para o bebê nascer ele voltou a me atormentar tentando me convencer de não ficar com o bebê, mas eu continuo firme com minha decisão.

Parei em frente à casa dos Davis e toquei a campainha. Os Davis eram boas pessoas e me deram o emprego de baba do filho deles. O pequeno Jeremy que tem apenas dois anos. Era uma boa jogada, eu ganhava meu próprio dinheiro e cuidando de Jeremy eu já ia aprendendo como cuidar do meu próprio bebe.

A porta se abriu e a Senhora Davis sorriu simpática.

–Olá querida. Entre.

Sorri de volta e entrei.

–Você vai ficar com Jeremy em sua casa de novo por causa de sua amiga?

–Se a Senhora permitir...

–Ah claro tudo bem. Vou busca-lo.

Ela subiu as escadas e eu a esperei sentada no sofá e olhei o relógio. Camily ainda devia estar dormindo. Ela havia conseguido alguns dias livres para vir me visitar...

A Senhora Davis apareceu na sala com o filho no colo. Que chupava chupeta e mexia no cabelo com uma cara de sono.

Fiquei mais um pouco lá conversando com a Senhora Davis e então voltei para casa junto com Jeremy.

Chegando em casa deixei Jeremy vendo Tv enquanto preparava sua mamadeira e o meu café.

–Bom dia!_ disse Camily adentrando a cozinha.

–Bom dia!_ sorri de leve.

–Como se sente?

–Gorda inchada e gravida.

Ela riu.

–Deixe de reclamar, falta pouco pra ela nascer. Já decidiu o nome?

–Ainda não._ sentei-me á mesa, e ela remexia os armários, provavelmente a procura de cereal.

De onde estava podia ver Jeremy sentado no chão, seu olhar estava vidrado na TV. Logo seria minha pequena sentada ali... Billie adoraria ter uma filha... Sorri inocentemente o imaginando segurando a pequena. Balancei a cabeça tentando me esquecer dele, mas não consegui vários pensamentos sobre ele vieram em minha e a culpa de manter a gravidez em silencio invadiu meu coração talvez isso já tenha ido longe demais...

Antes que eu percebesse as lagrimas já havia preenchido meu olhar.

–Esta pensando nele de novo não esta?_ a voz calma de Camily me trouxe de volta para o mundo real.

–Eu queria que ele tivesse vindo atrás de mim... Eu queria que ele soubesse sobre nossa filha, eu queria ver o sorriso dele novamente..._ algumas lagrimas começaram a cair.

–Hayley..._ ela me abraçou._ Se quer tanto isso, por que não conta pra ele? Eu sei que ele ficaria feliz... Ele tem o direito de saber...

–Eu não tenho coragem..._ disse entre soluços.

–Se quiser posso contar á ele.

–Não!

Ele se soltou de mim e endireitou o corpo e me encarou seria. Fiquei em silencio por alguns minutos.

–“Hayli!” _ chamou Jeremy entrando na cozinha_ to “clo” fome.

Levantei-me limpando as lagrimas em meu rosto e o peguei no colo, ele estava pesado, mas ignorei esse fato. Peguei sua mamadeira sobre o balcão e lhe entreguei. Fiquei o observando beber o leite enquanto enrolava seus dedinhos em meu cabelo. Tornei a olhar para Camily que agora estava sentada na mesa comendo cereal.

–Acha mesmo que devo contar ao Billie...

–Sim, ele tem todo o direito de saber e não só ele... Pense na sua filha Hay, ela tem o direito de ter um pai.

–Esta bem... Vou escrever uma carta, você entrega pra ele?

Ela sorriu.

–É claro.

O dia se passou rapidamente, fiquei pensando varias vezes em como escrever aquela carta e varias vezes tive vontade de desistir, mas pensando na minha filha voltava a ter o mínimo de coragem.

Quando escureceu, voltei a casa dos Davis e entreguei o pequeno Jeremy para a mãe, me despedi da senhora Davis e fui para casa. Camily havia saído com um cara que conheceu, estávamos só meu pai e eu em casa, subi direto para meu quarto, não queria ouvir as reclamações dele.

Sentei-me na cama já com um caderno e caneta em mãos, era a hora de começar a redigir a carta. Não foi tão complicado quanto imaginei logo a carta já estava pronta, coloquei-a num envelope branco, peguei outro envelope dessa vez um vermelho e coloquei dentro dele duas fotos. Deixei os envelopes sobre a mesa e fui dormir.

Dois dias depois chegará a hora de Camily partir, entreguei os envelopes á ela e pedi para que ela dissesse ao Billie para abrir o envelope branco primeiro. Foi difícil me despedir da minha amiga mais uma vez, eu sentia vontade de voltar com ela, voltar a minha vida antiga, mas eu não podia, apenas me contentei com o fato de que nós tornaríamos a nos encontrar...

Agora era só esperar...

Billie

Levantei-me da cama e baguncei meus cabelos, havia sonhado com ela novamente. Fui até a cozinha e tomei um copo de água enquanto lembranças me invadiam a mente. Eu queria ter pedido para que ela ficasse naquele dia, porém eu tinha que respeitar a decisão dela, por mais difícil que fosse...

Soquei a parede e praguejei mentalmente. Por que eu não consigo esquecê-la?! Já fazem sete meses e eu não consegui deixar de ama-la nem um pouco e todos os dias eu me pergunto como seria se eu tivesse pedido para ela ficar...

–Droga._ murmurei.

Voltei para o meu quarto e me vesti, sairia para me distrair como sempre.

Sai pelas ruas sem rumo e acabei por parar na casa dela, sem hesitar entrei. Dentre esses sete meses acredito que amadureci muito e aprendi a perdoar, eu perdoei minha mãe. Eu percebi que ela estava realmente arrependida e que o monstro na historia não era ela e sim seu ex-marido, e agora que Hayley havia partido a única pessoa que eu tinha era ela e ela também só tinha a mim.

–Oi filho._ ela me abraçou.

Eu ainda me sentia estranho a vendo como mãe, ainda mais depois de tudo o que aconteceu, mas em seu abraço eu podia encontrar um pouco de conforto pra preencher a saudade que massacrava meu peito.

–Como você esta?

–Estou bem e você meu filho?

–Bem..._ forcei um sorriso._ Tem noticias da Hayley?

–Ela esta bem._ respondeu um tanto seria.

Ela não gosta de falar sobre a Hayley comigo, o fato de nos dois termos sido namorados ainda a perturba, e também ela parece querer esconder algo, porém não a questiono...

–Camily foi visita-la, ela chega hoje, ela pode lhe dizer melhor como ela esta.

–Vou falar com ela.

Eu não tive coragem para ir falar com Camily aquele dia, até por que eu nem sabia ao certo onde ela morava, eu só vim a vê-la dois dias depois quando a encontrei na rua.

–Billie precisa falar com você! Quer dizer preciso te entregar algo, você não para em casa hein!

Dei de ombros sem graça. Ela abriu a bolsa e tirou de lá dois envelopes, um branco e um vermelho e me entregou.

–É da Hayley, ela me pediu que eu te entregasse.

Meu coração bateu mais rápido e um estranho conforto tomou meu corpo.

–Ah obrigado..._ ia abrir o envelope vermelho, mas ela me deteve.

–Ela pediu para que abrisse o branco primeiro.

–Esta bem.

Tomado pela curiosidade abri o envelope branco, havia uma folha de caderno dobrada lá dentro, a peguei e comecei a ler a pequena carta.

Oi Billie... Tudo bem? Espero que esteja...

Escrever essa carta não foi uma decisão muito fácil para mim, pensei diversas vezes antes de escrevê-la... As coisas tem sido difíceis, por mais que eu quisesse deixar de ama-lo eu não consegui, por mais que eu quisesse esquecê-lo eu não consegui, até por que é impossível eu esquece-lo já que eu carrego um pedaço de você comigo. Durante esses sete meses eu venho escondendo uma verdade que é por direito seu saber, eu estou gravida Billie... É uma menina como você queria. =)

As coisas foram bem difíceis no começo... Papai queria que eu aborta-se, mas eu me neguei...Agora ele esta tentando me convencer a entrega-la á adoção. Mas não se preocupe não vou cometer o mesmo erro que mamãe...

Desculpe-me por ter escondido isso de você e, por favor, não me odeie, só fiz o que pensei ser o melhor, mas agora me pergunto se o que fiz foi realmente o melhor...

Gravida? Eu iria ser pai?! Estava feliz e infeliz ao mesmo tempo, pois me sentia culpado por não estar lá cuidando delas, e no momento o que eu mais deseja era estar com elas!

Abri o envelope vermelho, havia duas fotos lá dentro, puxei uma delas com cuidado. Ela ainda era linda, e estava com uma barriga enorme. Não consegui conter minhas lágrimas e o sorriso que apareceu de penetra.

Puxei a outra foto e meu sorriso se alargou ainda mais. Era um ultrassom. Eu não entendia nada daquela coisa, muita gente dizia que dava para ver o bebê todo ali, eu só conseguia ver um monte de borrões, mas mesmo assim me trouxe a melhor das sensações.

–Obrigado Camily._ enxuguei as lagrimas._ eu vou atrás delas o mais rápido possível, só não conte nada a Hayley, quero fazer uma surpresa.

Ela sorriu.

–Não direi nada, espero que de tudo certo._ ela botou a mão sobre meu ombro_ A Hayley ainda te ama muito, não a deixe escapar de novo, não deixe essa chance de vocês serem felizes escapar.

–Não deixarei.

Voltei correndo para casa e comecei a procurar na internet qualquer voo que pudesse me levar para Tennessee o mais rápido possível. Uma coisa escrita naquela carta me perturbava, a parte em que a Hayley falava do pai, eu não iria deixar aquele velho maldito estragar a vida da minha filha assim como ele fez com a minha.

Hayley

Havia se passado três dias desde a partida de Camily, ele não havia ligado mandado e-mail ou algum sinal de vida, ou de interesse. Talvez ele já até estivesse com outra e eu aqui o amando feito um idiota, e por que ele iria querer um filho?

As lagrimas preencheram meu olhar. Eu havia contado a verdade, mas de nada adiantou, o que eu esperava também?

Peguei novamente o caderno de composições e comecei a liberar meus sentimentos do papel, eu precisa contar a alguém o que eu estava sentido e naquele momento a música era a melhor forma para isso.

Quando já era tarde da noite a musica já estava pronta e eu tive de ir dormir, queria esquecer-me de tudo.

Na manhã seguinte, segui minha rotina indo até a casa dos Davis, cada sorriso falso que eu dava me doía mais o coração e as lagrimas iam se acumulando e a angustia em meu peito aumentando e eu ficava olhando constantemente para o celular. O único que conseguia arrancar sorrisos de mim era o Jeremy com todo seu amor infantil.

–“Hayli”_ ele gritou se aproximando segurando uma das flores do jardim_ casa comigo?

Ela pude conter o sorriso.

–Claro que caso querido._ dei-lhe um beijo na bochecha e peguei a flor que ele trouxera para mim. Ele saiu correndo chamando pela mãe que logo apareceu perguntando o que havia acontecido e então ele contou a ela a grande novidade, nós duas acabamos rindo.

Ao poucos meu sorriso foi morrendo, uma expressão de dor tomou meu rosto enquanto eu sentia fortes pontadas na barriga. A senhora Davis se aproximou preocupada.

–Hayley você esta bem?

Levei a mão ao ventre e a dor parecia estar diminuindo, senti uma sensação estranha e um frio nas pernas, quando dei por mim meu vestido estava manchado com aquele liquido estranho que saia de mim.

–Oh meu Deus acho que sua bolsa estourou!

–O quê?!_ como assim? Ainda era muito cedo para isso!

–Vou leva-la para o hospital!

No momento entrei em desespero, aparentemente a hora havia chegado, mas eu não estava preparada... Meio tonta caminhei com ela ate o carro. Conforme o tempo se passando os intervalos das contrações iam diminuindo. Finalmente chegamos ao hospital onde me colocaram em uma maca. Estavam me levando para sala de parto e eu me desesperava cada vez mais, nunca imaginei que doía tanto...

Billie

Havia conseguido um voo de madrugada, quanto o mais cedo melhor , foram longas horas de viajem não só de avião como de ônibus também, eu não conseguia me conter de ansiedade.

Quando cheguei ao endereço dela, já estava de tarde. Parei em frente à casa dela e comecei a suar frio. Toquei a campainha pensando em varias coisas que podia dizer.

Um homem de cabelos acinzentados e expressão cansada abriu a porta, o encarei seriamente devia ser o pai dela.

–Hayley está?

–Não, ela esta trabalhando._ respondeu irritado.

–Pode-me dizer onde fica o trabalho dela?

De má vontade ele me deu o endereço, não era muito longo dali, fui praticamente correndo até lá. Ao tocar a campainha da casa senti um frio na barriga. Um homem alto e loiro me atendeu, ele segurava um garotinho no colo que chorava gritando “Eu quero a ‘Hayli’ ” mas parou de chorar ao me ver, ficou me encarando.

–com licença, estou procurando uma garota chamada Hayley, me disseram que ela trabalha de babá aqui.

O homem me encarou serio.

–O que você é da Hayley garoto?

Pensei por alguns segundo e sem graça respondi.

–Bem, eu sou o pai, da filha dela...

Ele me olhou um tanto surpreso.

–ela não esta aqui, minha esposa acabou de leva-la para o hospital, ela entrou em trabalho de parto.

Entrei em desespero, como assim em trabalho de parto, ela ainda estava de sete meses de acordo com a carta.

–Pode me dizer onde fica esse hospital?!

–Claro, vou chamar um taxi para leva-lo até lá.

Assenti. Esperei impaciente ate que o taxi chegou, agradeci ao homem e pulei dentro do veiculo e disse ao motorista o nome do hospital. O motorista era do tipo lerdinho, e no estado de desespero que eu estava eu quase pulei no banco do motorista para dirigir no lugar dele.

–Pode andar mais rápido por favor, minha filha esta nascendo!

–Por que não disse antes rapaz!_ ele acelerou o carro e saiu em disparada.

Ao chegarmos ao hospital ele não me cobrou a corrida, disse que era um presente de um pai para o outro ou algo do tipo.

Na recepção perguntei onde ela estava... Disseram-me que ela já estava na sala de parto...

Corri pelos corredores, escutando a recepcionista aos gritos me dizer que eu não podia entrar lá.

Cheguei até a suposta sala e entrei abrindo a porta com violência. Ao vê-la ali deitada na maca, meus olhos se encheram de lagrimas, caminhei até ela ignorando os presentes na sala que mandavam eu me retirar. Segurei a mão dela e fiquei olhando seu rosto, ela estava suando e visivelmente cansada. Sabia que seria questão de segundos para alguém me tirar dali, mas eu precisava ficar ali.

Hayley

As luzes do local se tornaram forte demais para meus olhos amedrontados. Senti que os profissionais na sala estavam tensos, não consegui ouvir o que eles diziam, só ouvia aquele bip agudo e as batidas compassas de meu coração que aos poucos iam diminuindo. Tudo estava começando a escurecer aos poucos. E então eu senti uma mão segurar a minha. Virei a cabeça para a direita e então eu o vi. Seus cabelos negros como sempre estavam bagunçados e seus olhos verdes cheios de preocupação e lagrimas estavam vidrados nos meus. Uma fina lagrima deslizou em sua face e em forma de sussurro eu o ouvi dizer:

–Não se preocupe Hay, eu estou aqui agora, eu te amo e sempre vou estar com você, ficaremos juntos pra sempre.

Sorri para ele e fiquei encarando sua imagem que aos poucos foi se apagando ate que tudo ficou escuro e silencioso

Billie

Ela parecia distante, mas mesmo assim falei pra ela o que eu sentia, não pude conter as lagrimas ao vê-la sorriu. Aquele bique irritante preencheu a sala e dois enfermeiros me retiraram a força da sala enquanto os médicos agitados faziam algo que eu não compreendia.

O enfermeiro me empurrou contra a parede me segurando pelo colarinho e começou a falar um monte, porém eu não ouvia uma palavra do que ele dizia. Eu olhava pela fresta da porta, tentando entender o que estava acontecendo.

–HAYLEY!_ gritei desesperado.

–Cale a boca seu idiota, não esta vendo que a situação lá dentro esta delicada, eu não sei o que você é daquela garota, mas se você quer ajuda-la fique fora da sala, você lá dentro só ira atrapalhar os médicos, provavelmente a garota não tenha mais chances, mas a criança ainda tem.

As ultimas palavras dele me atingiram, parei de tentar me soltar dele. As lagrimas começaram a cair, ele me soltou, sentei-me no chão e coloquei as mãos na cabeça. O que ele queria dizer? Ela não podia... Não podia morrer!

Ouvi o choro escandaloso de uma criança e pude constatar que minha filha havia nascido. Levante-me e esperei olhando para a porta angustiado, havia uma senhora ali na do lado de fora também, porém ela nada disse, parecia tão preocupada quanto eu.

O medico apareceu, o encarei com esperanças de que ele dissesse que estava tudo bem.

–Você é o que da paciente?_ ele se pronunciou. Sua expressão não era das melhores e acima de tudo parecia cansado.

–Bom sou o pai da criança. E namorado da Hayley... Eu acho...

Ele me olhou com tristeza. A senhora que estava sentada se aproximou.

–Bem, apesar do nascimento saudável de sua filha, mesmo sendo prematura, a mãe não resistiu ao parto, devido a complicações. Como você viu, foi uma cesariana de emergência. Ela teve hemorragia e acabou por morrer na mesa de cirurgia. Sinto muito, fizemos o possível.

–Oh meu Deus._ a senhora sussurrou levando a mão ao peito.

Levei as mãos a cabeça e baguncei meus cabelos, eu não podia acreditar, ela não podia estar morta!

–Bom... Você vai registrar sua filha?_ o medico voltou a falar tentando quebrar aquele clima.

–Sim_ respondi num fiapo de voz.

–O enfermeiro vai lhe ajudar com isso.

–Ok, obrigado.

Sai andando pelo corredor, ainda meio tonto com a situação.

Não sabia como deveria reagir, nem me comportar, eu queria mesmo é ficar sozinho...

Tive que acertar toda aquela papelada no hospital, e registrei minha filha. Depois fui ver o corpo. Entrei na sala fria e caminhei ate a mesa e retirei o lençol branco de cima do rosto dela. O choro desesperado subiu pela garganta, soluços e grunhidos de dor foram ouvidos. Eu simplesmente não podia acreditar. Abracei seu corpo sem vida.

–Hayley._ murmurei varias vezes esperando que ela abrisse os olhos, mas isso não aconteceu.

Depois de um bom tempo ali, me dei por convencido de que não tinha mais jeito. Meu coração estava totalmente despedaçado.

–Hayley eu prometo que vou cuidar dela, eu prometo. Eu te amo._ disse as ultimas palavras e beijei-lhe os lábios.

O destino havia sido cruel conosco... Mas a única coisa que me restava era aceitar sua vontade.

De cabeça baixa segui até o berçário. Encostei a mão no vidro e a observei. Tão pequena e tão frágil... Senti uma vontade imensa de segura-la no colo. Ela é o único motivo que me mantem vivo, é minha pequena Hayley...