The Three Queens

Capítulo 1 - O chamado


2012 - Hamptons - Nova Iorque - EUA

—_ Ashley __ grita Victoria Grayson de seu quarto na mansão Grayson ___ Onde aquela imprestável se meteu?

Victoria esta com os nervos a flor da pele. Amanhã é o dia do trabalho, e como todos os anos a Rainha dos Hamptons organiza uma grande festa. Este ano além da tradicional festa, ela fará um leilão de obras de arte para ajudar uma instituição de caridade que cuida de crianças e adolescentes carentes. Não que ela se preocupe com os pobres do mundo, mas ela gosta de manter um status de mulher, esposa e mãe exemplar na luxuosa comunidade dos Hamptons. Victoria pediu a amigos que doassem algumas obras de arte para o leilão, afinal o motivo é muito nobre. Todas as madames concordaram em colaborar, embora nenhuma delas tivesse real interesse em ajudar a aquelas pobres crianças.

As obras doadas de “muito bom grado” foram enviadas para uma galeria para limpeza e avaliação do valor. O problema é que a galeria já deveria ter entregue as obras, a festa será amanhã e até agora nenhum mísero quadro foi entregue. Victoria esta uma pilha de nervos e para piorar, sua assistente faz tudo Ashley simplesmente sumiu.

Victoria desce as escadas bufando, já pensando em mil maneiras de demitir Ashley assim que a encontrar. Ela vai ao escritório onde seu marido Conrad esta trabalhando

—_ Viu a Ashley? __ pergunta ela secamente

—_ Não __ responde Conrad sem desviar os olhos do computador

Victoria bate a porta e sai. Conrad e ela já não são um casal há muito tempo, mas amanhã durante a festa ela terá que se mostrar uma esposa carinhosa e ambos vão fingir serem o casal perfeito que na verdade nunca foram.

Victoria segue para o jardim e de longe vê sua filha Charlotte na piscina, mas ela não está sozinha. Victoria se aproxima com um sorriso falso no rosto.

—__ Bom dia querida ___ diz ela olhando fixamente para o companheiro de Charlotte

—__ Bom dia mãe. Lembra do Declan?

—__ Claro. O menino do bar

Declan desvia os olhos para baixo, claramente envergonhado.

—__ Bom dia senhora Grayson. A Charlotte me convidou e eu...

—__ Tudo bem querido ___ interrompe Victoria ___ os amigos da Charlotte são bem vindos aqui.

É claro que Victoria não aprova essa amizade, ainda mais porque ela não tem certeza se essa relação fica apenas na amizade. Já basta seu filho Daniel estar namorando uma mulher misteriosa que surgiu do nada, ela não vai permitir que Charlotte se envolva com o filho de um dono de bar. Mas é claro que ela não pode simplesmente proibir os dois de se encontrarem, isso além de afastar Charlotte dela ainda pegará mal para sua fama de mulher exemplar, sem preconceito e que gosta de ajudar os menos favorecidos.

—__ Viu a Ashley querida? ___ pergunta Victoria se controlando para não arrancar Declan de sua piscina.

—__ Não é aquela ali? ___ diz Charlotte apontando para o outro lado da piscina

Victoria se vira e vê Ashley segurando uma prancheta enquanto homens descarregam caixas e mais caixas de um caminhão. Pelo logotipo no caminhão ela vê que é da galeria.

Caminhando como se estivesse numa passarela da fashion week, Victoria segue até Ashley

—__ Bom dia senhora Grayson. Fui bem cedo à galeria e fiz eles enviarem os quadros o mais rápido possível. Eu mesma inspecionei tudo e esta em perfeita ordem ___ diz Ashley com um ar de eficiência e esperando por um elogio da patroa.

—__ Te procurei a manhã toda. Por que não deixou um recado dizendo aonde ia?

—__ Bom, eu queria fazer uma surpresa trazendo os quadros e....

—__ Pois que isso não se repita ___ diz Victoria de forma firme ___ odeio surpresas.

Meia hora depois, todas as caixas já estão no escritório, de onde Conrad foi “educadamente” convidado a se retirar. Depois de uma boa xicara de chá, Victoria esta pronta para abrir as caixas e descobrir quais foram as doações de suas generosas amigas. Ela esta esperando encontrar um Van gogh, um Picasso ou um Monet ali, pois sabe que as senhoras dos Hamtons tem quadros fabulosos. Ela abre a primeira caixa e retira um quadro

—__ Mas o que é isso? ___ exclama ela.

Em suas mãos, Victoria segura uma pintura expressionista. Pinceladas fortes, em linhas angulosas e diversos tons de amarelo se misturam formando um grande nada. Ela olha para a assinatura do pintor mas não reconhece o nome.

—__ Só pode ser brincadeira ___ diz ela ___ Essas mulheres tem quadros maravilhosos em suas paredes e me mandam esse tipo de porcaria.

Victoria deixa o quadro de lado, ela esta irritadíssima, se ninguém tiver mandado um quadro bom de verdade ela terá que se desfazer de um dos seus. A imprensa esta convidada para o leilão e ela não pode permitir que os críticos digam que no leilão de Victoria Grayson só tinham quadros desconhecidos e sem muito valor.

Victoria respira fundo e abre a próxima caixa. Assim que retira o quadro ela nota que tem algo a mais dentro da caixa. Ela escuta um barulho estranho “ ploc, ploc, ploc” parece o barulho de uma bola de chiclete sendo estourada. Victoria deixa o quadro de lado sem nem olhar para ele e se concentra no estranho objeto dentro da caixa. É uma esfera, um pouco maior que uma bolinha de gude. Há uma luz dentro dela, seus tons vão mudando de cor, do vermelho passando pelo alaranjado, chegando ao amarelo e retornando ao vermelho. O barulho vem de dentro da esfera. Victoria imagina se aquilo não é algum objeto de arte que por engano caiu na caixa em que estavam sendo embalados os quadros. Pensando se a esfera teria algum valor, Victoria não perde tempo e pega o objeto para analisa-lo melhor. Assim que ela põe as mãos na esfera “puf” Victoria Grayson desaparece.

298 d.c - Fortaleza vermelha – Porto Real – Westeros

—_ Devagar __ sussurra Cersei Lennister nos braços de Jaime.

—_ Você gosta assim que eu sei __ diz ele a apertando até ela gemer.

Cersei e Jaime são irmão, mas isso nunca os impediu de viver sua paixão. Casada com o Rei Robert, a Rainha Cersei sempre consegue dar uma escapadinha para se encontrar com seu irmão em algum lugar do imenso castelo conhecido como Fortaleza vermelha.

—__ Ahhhh ___ Jaime urra caindo para o lado ___ você acaba comigo

Cersei está ofegante e com um sorriso de satisfação no rosto.

Após recuperar o fôlego Jaime se levanta.

—__ Está tarde ainda tenho muitas coisas para resolver antes de partirmos amanhã __ diz Jaime vestindo as calças

—__ Não estou nem um pouco animada para ir ao Norte amanhã ___ diz Cersei __ Não sei porque Robert não vai sozinho, pra que levar todos nós?

—__ É importante que o Rei seja visto com sua família ___ explica Jaime ___ e o rei tem muito apreço por Eddard Stark

—__ Sim, tanto apreço que vai convida-lo para ser mão do rei. ___ diz Cersei terminando de abotoar seu vestido. Jaime pousa uma mão na cintura dela.

—__ Ora, a viagem não vai ser tão ruim. Aposto que em Winterfell vamos encontrar vários esconderijos para nos divertirmos um pouco.

—__ Jaime se controle. __ diz ela afastando as mãos dele. ___ Você não tem nada pra fazer não?

—__ Na verdade tenho muito o que fazer antes da viagem ___ diz ele se abaixando para amarrar as botas ___ E é por isso que já estou indo

Jaime sai dos aposentos sorrateiramente tomando cuidado para não ser visto. Cersei sabe que tem que esperar pelo menos uns dez minutos antes de sair também.

A rainha caminha pelos aposentos de pedra, o Castelo vermelho é repleto de lugares secretos ou muito pouco frequentado. Cersei e Jaime levaram anos para descobrir todos e certamente ainda há muito mais lugares a se descobrir. Ela se senta num banco de pedra lapidado e fica pensativa. Realmente ela não gostaria de viajar no dia seguinte, só de pensar nos longos dias chacoalhando na carruagem seu estomago já embrulha. Mas não há nada que ela possa fazer quanto a isso, uma rainha deve estar ao lado de seu rei.

Após cerca de 15 minutos, a rainha sai do aposento e segue pelos corredores desertos rumo ao salão principal. Não demora muito e ela encontra seu filho Joffrey.

—__ Mãe onde estava? Estou te procurando há horas ___ diz Joffrey irritado

—__ Fui dar uma volta pelo jardim. Respirar um pouco de ar puro

—__ O jardim não fica para este lado

Cersei dá um sorriso meigo e acaricia o rosto do filho

—__ Por que estava me procurando?

—__ Ainda não fiz minhas malas ___ resmunga Joffrey ___ partiremos amanhã cedo e eu não sei o que levar.

—__ Tudo bem querido vamos ver suas malas. Você tem que estar perfeito, demonstrar superioridade e classe para aquele povo do Norte.

A rainha e o filho seguem rumo aos aposentos dele. O príncipe Joffrey é mimado e irritante. Ser o queridinho da mamãe o transformou num menino sem limites que só faz o que quer, quando quer e do jeito que quer. Robert não tem paciência com ele, talvez por já ter percebido que ele será um péssimo rei no futuro.

—__ Ah droga ___ exclama Joffrey

—__ O que foi meu príncipe? ___ pergunta Cersei

—__ Minha espada. Mandei poli-la, preciso mandar que me tragam imediatamente ___ diz Joffrey já correndo pelos corredores ___ comece a arrumar tudo que já vou

Antes que a Rainha pudesse dizer alguma coisa, o garoto já esta longe.

—__ Ah esse meu menino ___ exclama Cersei que não esconde de ninguém que ele é seu preferido.

A Rainha segue para o quarto do filho e assim que chega abre o armário dele para separar suas vestes mais belas e caras. Ao pegar a primeira peça ela escuta um barulho estranho vindo de dentro do armário. “ploc, ploc, ploc”. A rainha começa a retirar todas as roupas do armário em busca de onde está vindo o misterioso som. Ao tirar a ultima peça ela vê uma pequena esfera que muda de cor.

—__ Mas o que é isso? ___ exclama ela

A primeira coisa em que a rainha pensa é se aquilo não é algum tipo de bruxaria, ela sabe que existem varias mulheres feiticeiras em Porto Real, mas não quer nem pensar na possibilidade de que alguém tentaria alguma coisa contra seu amado menino. Ela continua observando a esfera que fica constantemente mudando de cor e fazendo o estranho barulho.

—__ Deve ser algum brinquedo de Joffrey ___ pensa ela ___ só pode ser.

Tentando se convencer de que aquilo não é nada de ruim ela estica o braço até o fundo do armário e pega a esfera. E “puf” a rainha desaparece.

2014 – Storybrooke – Maine - EUA

Regina entra em seu escritório na Prefeitura de Storybrooke e se surpreende ao encontrar seu filho Henry sentado em sua cadeira.

—__ Henry? O que esta fazendo aqui? Aconteceu alguma coisa? __ pergunta ela

—__ Não mãe, esta tudo bem, só preciso de uma ideia __ diz o garoto

Regina se aproxima do filho e se senta perto dele

—__ Ideia de que?

—__ De um presente para minha mãe ___ diz Henry e em seguida completa ___ para minha outra mãe.

Henry é filho biológico de Emma, mas foi adotado ainda bebê por Regina. Há dois anos atrás Henry encontrou Emma e agora ela também vive em Storybrooke onde descobriu sua verdadeira identidade de “salvadora” e que todos os habitantes da pequena cidade são personagens de contos de fadas.

—__ Amanhã é o aniversario da minha mãe e eu queria dar um presente especial ___ diz o garoto ___ alguma sugestão?

—__ Que tal uma jaqueta nova ___ sugere Regina ___ acho que ela só tem uma, pobrezinha

Regina se refere a uma jaqueta de couro vermelha que Emma usa com bastante frequência.

—__ Ela gosta daquela jaqueta, não acho que queira uma nova ___ diz Henry se levantando e andando de um lado para o outro pelo escritório ___ tem que ser algo diferente, original.

—__ Bom, acho que não posso ajudar nisso ___ diz Regina ___ Emma e eu não somos próximas então não tenho ideia do que ela gosta, além daquele cara com o gancho na mão.

—__ Umas gostam de gancho outras de ladrões, assim é a vida ___ diz Henry voltando a se sentar na cadeira da Prefeita.

—__ Ei __ exclama Regina.

Henry está se referindo aos amores de suas mães. Enquanto Emma se encantou com o capitão Gancho, Regina caiu de amores por Robin Hood. Como pode-se ver muitas histórias rolam em Storybrooke

—__ Estou brincando mãe. ___ diz o garoto girando na cadeira.

Henry para de girar de repente e se levanta

—__ Ah já sei onde procurar um presente legal

—__ Onde? ___ pergunta Regina

—__ Na loja do vovô

Henry é neto do Sr. Gold, também conhecido como Rumpelstilskin, ou como Fera, ou como o cara que cortou a mão do Capitão Gancho, ou ainda como o filho de Peter Pan. Enfim, trata-se uma só pessoa e Henry é neto dele. O Sr. Gold tem uma loja no centro de Storybrooke onde vende objetos muito peculiares, não é o tipo de loja que alguém procuraria para se comprar um presente de aniversário, mas quando se quer dar algo original pode valer a pena.

—__ Não gosto que você fique perto do Gold, ele não é confiável ___ diz Regina

—__ Ele é meu avô, jamais me faria mal ___ diz Henry

—__ Eu não teria tanta certeza se fosse você.

Henry sabe que não tem o que temer e esta decidido a encontrar um presente bem original para Emma e a loja do Sr. Gold é o lugar perfeito.

—__ Preciso ir mãe ___ diz ele já saindo do escritório

—__ Tome cuidado ___ grita Regina sabendo que o filho provavelmente não esta mais ouvindo..

Regina se senta em seu lugar e se prepara mais um dia entediante como prefeita de Storybrooke. A vida na Floresta Encantada era bem mais agitada, na verdade bem mais perigosa, já que ela é a Rainha má, figura não muito querida por lá.

Já entediada as 9 da manhã, Regina abre a gaveta e pega alguns papeis que precisam ser analisados e protocolados. Assim que retira a pilha de papeis da gaveta, ela nota algo diferente lá. É um objeto esférico, pequeno e que fica mudando de cor. Regina olha mais atentamente e percebe um barulho vindo do objeto “ploc, ploc, ploc”.

Intrigada e naturalmente desconfiada Regina balança as mãos no ar e executa um feitiço para ver se há alguma magia naquela esfera. Nada acontece. O objeto não é mágico, e isso é um alívio para Regina, que temia que aquilo fosse algum presentinho de sua nada querida irmã Zelena, também conhecida como a Bruxa má do Oeste.

Após se certificar de que aquele objeto não tem magia, Regina só consegue pensar que aquilo é algum brinquedo que Henry esqueceu ali. A prefeita fecha a gaveta e volta sua atenção aos papeis, porém o constante barulho a está incomodando.

—__ Mas que coisa chata ___ diz Regina abrindo a gaveta novamente para pegar o objeto e silencia-lo com magia.

Assim que as mãos de Regina tocam o objeto, “puf” ela desaparece.

2425 – Londres – Inglaterra

Victoria Grayson está com o coração acelerado. Há um segundo atrás ela estava em casa e agora esta num lugar totalmente desconhecido. Ela olha a seu redor e vê duas mulheres, ambas com a expressão de espanto.

—__ Onde estamos? ___ pergunta Victoria

—__ Não faço ideia ___ diz Cersei

Victoria olha intrigada para aquela mulher. Ela usa um vestido longo e volumoso, como se tivesse saído de um livro de história.

Regina corre até a janela e observa o horizonte tentando descobrir onde estão. Por ser uma personagem de conto de fadas, Regina já esteve em muitos mundos diferentes, mas aquele lugar é totalmente desconhecido. Afastando-se da janela, ela observa as duas mulheres a sua frente

Victoria também se aproxima da janela e se afasta alguns segundos depois completamente assustada.

—__ Que lugar é esse? Como viemos parar aqui? ___ Grita Cersei

—__ Sobre o lugar eu não sei ___ responde Regina ___ mas sobre como viemos parar aqui só há uma resposta: mágia

—__ Errado ___ diz a voz de um homem

As três se viram, e se deparam com um senhor de aproximadamente 50 anos as observando.

—__ Não foi a magia que as trouxe para cá, foi a tecnologia.