The Secret of Kiara

Um Pouco Mais de Jack Sparrow


"Eu estava ouvindo o barulho do mar, sentia a areia em baixo de mim, meus pés sendo molhado, e algo queimando meu corpo. Abri olhos e no segundo seguinte me arrependi de ter feito aquilo, a luz estava me cegando, tentei abrir os olhos novamente e dessa vez devagar, pisquei meus olhos algumas vezes e comecei a enxergar tudo direito. Eu me encontrava deitada na areia da praia, sentei rapidamente e olhei em volta, não tinha ninguém, levantei decidida a andar um pouco.

—O que procura não está pra lá. - Ouvi a mesma voz feminina do outro sonho, olhei para trás, mas não tinha ninguém.

—Quem está aí? - Perguntei olhando para os lados.

—Você está me procurando, mas não sabe o meu nome. - Derrepente uma mulher apareceu na minha frente, o que me fez soltar um grito e acabei caindo. - Acho então que é melhor eu ir embora. - Fez cara de triste e deu as costas para mim.

—Espere! Calypso, é você? - A mulher a minha frente se virou sorrindo, mostrando os seus dentes negros.

—Corretíssimo minha cara. Aqui estou eu. - Estendeu as mãos em minha direção.

—Eu tenho muitas coisas para perguntar. - Segurei em sua mão e ela me puxou.

—Eu sei muito bem disso. As coisas são muito mais complicadas do que você imagina Kiara. Nem tudo o que você sabe ou acha que sabe é verdade, você nasceu por uma causa maior; você não nasceu só para escolher a imortalidade e viajar por aí.

—O que você está querendo dizer com isso tudo Calypso?

—Eu quero dizer que você não é apenas uma imortal, você é a única de sua família que teve essa escolha, que você é muito especial.

—Você quer dizer que minha mãe mentiu para mim? Que todas as pessoas que sabiam do ritual mentiram para mim? O que mais é mentira? Minha mãe não é minha mãe? - Eu já estava chorando e andava pra lá e pra cá.

—Sua mãe é sua mãe, algumas coisas que te contaram tinham que ser ditas, talvez algumas não, mas você terá todas as suas respostas respondidas, só deve esperar. - E desapareceu.

—Calypso! Você não pode falar tudo o que disse é sumir assim. Calypso!"

Acordei com um pulo e acabei batendo a cabeça em alguém.

—Ai! - Eu e a pessoa falamos ao mesmo tempo, olhei direito e vi Jack em cima de mim esfregando a mão na cabeça.

—O que você está fazendo aqui?

—Esse lugar é o meu quarto e essa é a minha cama, eu só vim me deitar.

—A sua cama não é em cima de mim. O que você estava pensando em fazer? - Empurrei ele e me sentei na cama me virando em sua direção.

—Eu estava pensando em nada e nem estava fazendo nada. Sou sonâmbulo. - Ele falou enquanto mexia os braços.

—Sonâmbulo? Eu não te conheço, mas eu não sou burra ao ponto de acreditar que você é sonâmbulo, você estava tentando me beijar. Enquanto eu estava dormindo. - Dei um tapa em sua cabeça.

—Pode parar de me bater? Eu não estava tentando te beijar, eu estava tentando te acordar. Você estava chorando e eu queria dormir. - Falou emburrado. E foi naquele momento que eu senti o meu rosto molhado, sequei as lágrimas e desci da cama.

—Aonde você vai?

—Ficar o mais longe possível de você já é muito bom. - Caminhei até a porta.

—Mas eu não fiz nada, sou completamente inocente. - E correu até a porta me impedindo de passar.

—Qual é o seu problema? - Fiquei séria e cruzei os braços.

—Meu problema no momento é você. Se acontecer alguma coisa com você eu morro, se você ficar doente eu morro, se você tiver um arranhão eu morro... Resumindo, se algo não muito bom acontecer com você... - Apontou para mim e depois passou o dedo pela garganta.

—Já entendi. No final das contas você morre. Mas pq? - Me afastei de Jack e sentei em uma cadeira.

—Pequenos acontecimentos me fizeram ficar devendo muito para aquela velha rabugenta.

—Que velha rabugenta? A Valquíria?

—Ela mesma. E ela ainda tem um boneco vudu meu. - Falou pensativo.

—Um boneco vudu? - Comecei a rir e ele olhou para mim sem entender. - Você está literalmente nas mãos dela.

—Isso mesmo, vai rindo. Quando ela fizer um boneco vudu seu, eu que irei rir. - Continuei rindo principalmente da cara de mal humorado que ele fez.

—Ela nunca faria isso comigo Jack, eu nunca fiz nada contra ela. - Jack mostrou língua para mim. - Você é tão infantil.

—Então... Você teve um sonho e tanto. - Olhou para as unhas como se fosse algo muito interessante.

—Nem me fale, eu preciso logo encontrar Calypso. A minha vida está literalmente uma bagunça. - Suspiro.

—E o que exatamente você quer com Calypso ou o que ela quer com você?

—Parece ser algo muito grande. - Ele me encarou por um momento e sorriu como se tivesse passado algo muito brilhante em sua cabeça.

—Algo como ouro? - Continuou sorrindo.

—Não! - Na mesma hora Jack ficou sério.

—Você é louco ou essas mudanças de humor são normais?

—Eu não sou louco, eu sou completamente normal... Na medida do possível.

—Não é o que parece. Deixando um pouco a sua loucura de lado, me conte um pouco sobre as suas aventuras. - Falei um pouco animada.

—Eu não acredito que você não ouviu as várias histórias sobre mim. - Falou indignado.

—Eu não sou muito sua fã. - Ele me olhou com cara de bravo e começou a andar pelo quarto.

—Uma vez eu tive que ajudar um pirata louco chamado Barba Negra e a sua filha Angélica a encontrarem a fonte da juventude. Para ir até a fonte tínhamos que ter alguns ingredientes e entre eles, uma lágrima de sereia, quase que morremos para pegar aquelas bruxas do mar nojentas, mas eu tive a brilhante ideia de subir no farol que tinha lá e explodir ele. Admito que dessa vez eu quase morri, mas salvei todo mundo.

—Bem heróico da sua parte. - Falei impressionada.

—Só você que acha isso, por que eles não reconheceram o que eu fiz. Aconteceu um romancezinho no meio disso, entre a sereia que capturamos e um rapaz um tanto quanto religioso... O Barba Negra queria beber da fonte da juventude, mas para isso anos de vida de outra pessoa deveria ser tirado.

—Como assim? - Ergui as sombrancelhas e Jack revirou os olhos.

—Barba Negra e a sua filha Angélica. Os dois iam beber da fonte, mas a pessoa que bebesse do cálice que estava com a lágrima de sereia ia pegar todos os ano de vida da outra pessoa e ficar para ela.

—O Barba Negra fez isso com a própria filha? - Perguntei assustada.

—Ele queria fazer isso, mas não foi o que aconteceu. - Sorriu.

—O que você fez?

—Por que você acha que eu fiz alguma coisa? - Perguntou virando em minha direção.

—Porque é bem a sua cara se meter onde não foi chamado.

—Eu não estava me metendo... Só estava ajudando. Eu troquei o cálice dos dois.

—Então Angélica bebeu o cálice com a lágrima da sereia!?

—Voce demora tanto assim para pensar? - E dessa vez foi a minha hora de revirar os olhos. - Ela bebeu.

—Você gosta dela, não gosta? - Sorri maliciosa.

—Eu não... Claro que... Você... Mas o que te faz pensar nisso? - Jack parecia meio assustado, o que me fez rir.

—Acho que ela não tinha nada para te oferecer, então o único motivo de você ter feito a troca é porque gosta dela e você também gaguejou muito. - Ri.

—Isso é mentira. Ela estava morrendo, não podia deixar ela morrer.

—E por que você não podia? - Sorri abertamente quando ele ficou me encarando sem saber o que falar, parece que eu o tinha encurralado.

—Vocês mulheres com essas histórias de amor. Parece até a Elizabeth. - Sentou ao meu lado.

—Quem é ela?

—Só mais uma mulher que participou de uma de minhas aventuras e se apaixonou por mim. - Se gabou.

—Ah claro, ela se apaixonou por você.

—Sim, é verdade. Mas eu não quis nada com ela e a mesma se casou com o novo capitão do Holandês Voador.

—E quem é o capitão?

—Will Turner. - De alguma forma esse nome parecia ser familiar, mas eu não conseguia me lembrar onde eu já ouviu. - Ele só pode ver ela um dia a cada 10 anos. - Olhei espantada para Jack, por essa eu não estava esperando.

—10 anos?

—Foi uma pequena maldição que Calypso jogou no antigo capitão e agora está com aquele peixe fora d'água.

—Não existe uma outra forma dos dois ficarem juntos?

—Não. - Ficou olhando para o nada e depois olhou para mim. - Eu sem querer deixei as suas coisas caírem de sua bolsa e vi que você tem um cordão bem bonito. - Levantou a mão e lá estava o cordão de corrente fina, com pingente de concha.

—Eu não acredito que você mexeu nas minhas coisas. - Puxei o cordão de sua mão.

—Eu falei que a bolsa caiu.

—Eu não acredito nisso. - Coloquei o cordão no meu pescoço, eu estava brava com Jack por ter feito aquilo. Deite na cama, me enrolei e fiquei de costas para ele.

—Se eu pedir desculpas adianta alguma coisa?

—Cala a boca Jack. - Fechei os olhos com o objetivo de não falar com Jack e torcendo para não sonhar de novo com Calypso.

Mas em pouco tempo a minha mente foi invadida por aquele cordão. Eu não me lembrava de ter colocado ele lá,não me lembrava de ter ganhado ele ou algo parecido; eu sentia que não era a primeira vez que eu usava aquele cordão, mas quando eu tentava lembrar sobre alguma coisa relacionada a aquele cordão, minha mente ficava em branco.