Meu desejo de matar aquela criança é enorme, porém estou hesitando em dar-lhe um golpe definitivo... Tento ignorar esse pensamento, o que não falta é coisa para me atrapalhar. Ele disse que começaria a me levar a sério? Encaro o garoto. Ele levanta o braço e dá um simples estalo com os dedos. Tenho um mau pressentimento e o pior é que não posso elevar Joker ao seu último estágio, perdi muito sangue e estou extremamente cansada, tenho que me virar do jeito que estou. Tenho que lha dar um golpe final. O poder dele é o controle sobre toda a matéria... Preciso achar uma fraqueza nele, tentar chegar próximo a ele irá demorar demais. Yamamoto Yui... O segundo Noah do amor... Será que como nos Noahs normais, a memória que o Noah tem levemente a ver com a personalidade humana? Pelo menos com os Noahs que se encontram atualmente na Ordem isso seria válido. Todos esses pensamentos estratégicos correm por minha mente enquanto o estalo de seus dedos ecoa pela caverna. Sinto uma sensação estranha que me traz desconforto e sinto meu coração pesado, como se doesse se mover. Tomo fôlego e preparo-me para seu ataque. Se ao menos eu pudesse atingi-lo... Tenho uma ideia que pode servir! O objetivo é apenas que Joker o atinja, se Joker o atingir ele cai. Por que não usei aquilo antes? Meu Deus, como sou estúpida! Fico de frente a ele, com uma expressão fria e séria. Faço um ângulo de noventa graus com o meu braço direito e aponto para ele.

- E então? – pergunto.

Um olhar desafiador é sua resposta. Dou um peteleco ao ar, como um comando para Joker. Em pouco mais de um segundo, a manga de Joker atinge a ponta dos dedos do Noah, fazendo um pequeno furo. Claro que Yui criou barreiras, tanto de matéria negra como elementos comuns, mas não conseguiu impedir Joker, eu tinha posto o resto das minhas forças naquilo. Minha Innocence tinha ido na velocidade de uma bala, e feito um buraco equivalente a um buraco feito por um lápis. Dou um sorriso sádico e levemente doloroso porque minha boca tá doendo. Em seguida dou de ombros, ainda sem retirar aquele troço da mão dele. O garoto levanta uma sobrancelha, confuso pela razão de eu estar sorrindo e dando risinhos como uma tarada.

- De onde eu vim furar o dedo não era tão engraçado. – argumentou ele ironicamente.

- É porque você acaba de perder a luta e nem percebeu. – agora meu humor melhorou. Estou parecendo uma bêbada, a cara vermelha cansada, minhas pernas desleixadas e o sorriso ridículo. – Do mesmo jeito que dei meu melhor para me desviar de seus ataques você devia ter deixado a guarda alta para se desviar do meu.

Ele ainda mantém aquela expressão de quem não entendia. Joker nesse momento está andando pelas veias e artéria do garoto, subindo seu braço e indo em direção ao seu coração. Dúvidas? A partir do momento que Joker entra no segundo estágio, a sua capacidade de extensão duplica. Ou seja, a capacidade de ramificação também tem uma mudança considerável. Apenas um ataque pode permitir que Joker entre em seu corpo e esmague seu coração, porém não quero isso. Agora.

- Yui Yamamoto. - chamo seu nome, agora estou mais séria, pois quero passar um ar ameaçador. - Se você não responder as seguintes perguntas esmago seu coração e lhe corto a aorta, e posso garantir que não é uma morte agradável.

Ele não demonstra nenhuma emoção ou reação, provavelmente já percebeu Joker dentro de si já que estou controlando as ramificações para fazerem “cócegas” em suas veias.

- Enfim, qual é esse tal de “objetivo” de que vocês tanto falam? – pergunto, levantando o meu rosto para encará-lo com olhos frios. Quero passar a impressão que não terei dó ao matá-lo e realmente não terei, só não sou boa em expressar isso.

Ele dá uma risada aguda antes de responder. Vejo seus lábios se mexerem, formando as palavras. Ao som chegar a meus ouvidos, não hesito, a raiva me domina por completo. Meus músculos se movem automaticamente. Sinto que Joker saia do corpo do garoto e se enrosca ao redor de seu pescoço. Sinto meus braços tremerem tanto pela fúria como pela dor. Esmago o pescoço do segundo Noah, não me importando com a última pergunta que iria fazer.

Quando me dou conta estou de frente a uma figura pendurada pelo pescoço que ainda agoniza. Ele está quase enforcado, porém, com suas ultimas forças ele faz um leve jato de ar que impede que ele caia de vez e que tudo acabe. Seus olhos ainda me encaram com um desprezo imenso, um sorriso irônico ainda permanece em seu rosto, suas mãos ao redor de minha Innocence.

- Eu sinto... – ele consegue grunhir entre tentativas de respirar. – Que o objetivo já foi... A-Alcançado... Eu realmente sou muito azarado... Porém, consegui segurar você por um tempo... Essa foi a tarefa me designada...

Perco a paciência. Ordeno Joker que aperte com mais força o pescoço do garoto. O menino finalmente cede. Assisto seus pés balançando no ar. Tomo fôlego, a luta finalmente acabou... Espero eu. Com o resto das minhas energias, forço-me a andar em sua direção, meus passos estão pesados. Com todo o respeito possível, prefiro não descrever como pego a Innocence. Com ela em mãos, ainda me forço a andar para me afastar daquela criança. Olho para trás e vejo o corpo de uma criança de 13 anos pendurado. A figura solta uma leve risada irônica. As seguintes palavras saem de seus lábios roxos:

- Engraçado... Meu pai morreu do mesmo jeito...

Eu tomo outro suspiro, aquilo me emocionou de certo modo. Yui Yamamoto era forte, eu que agi como uma tapada e o matei com um só golpe. Eu na verdade não sabia o que fazer durante essa luta. Tenho que admitir que o fato de ele ser uma criança me desnorteou. Prometo a você que na próxima vez que eu lutar, lhe darei algo mais interessante. Jogo minha cabeça para trás, encarando o teto, sinto-me meio morta... Meio sem vida... Não sei o que sentir... Felicidade por ter ganhado a luta? Não. Leva pouco tempo até eu perceber as lágrimas escorrendo pelo meu rosto e se misturando ao sangue. “Por que estou chorando...?” Pergunto a mim mesma. Devido ao estado físico, caio de joelhos no chão. Ainda sim, encaro o teto enquanto mais gotas cristalinas escorrem pela minha face. “Por que está chorando, Katherine...?” Penso um pouco e sorrio quando finalmente consigo uma resposta decente.

- Eu... Matei uma criança...

Sussurro para mim mesma antes de perder a consciência e sentir meu corpo caindo contra o chão. Não vou morrer, não aqui, não agora. Tenho certeza disso.

***

- Chás e bolinhos, bolos e cafés... – eu cantarolo. Sim, sei que é uma canção não muito masculina, mas dane-se.

Minha sala, uma enorme quadra de basquete com piso de cor bege e paredes brancas. Vários itens de vários tipos estão espalhados ao longo da arquibancada e quadra, como enormes ursos negros de pelúcia, mesinhas de chá das cinco com vários tipos de doces. Passo a mão pelos meus cabelos dourados. Corro para uma das mesinhas e pego um sonho azulado. Eu estou vestindo minha roupa usual, aquela blusa branca folgada, os suspensórios, calças marrons e os sapatos também marrons. E não se pode esquecer as luvas claro. Enfio o pequeno doce em minha boca e volto a cantarolar qualquer coisa que venha em minha mente. Imagino como Elizabeth está se virando lá com a pessoa com quem ela está lutando, não que eu saiba. Não sou stalker dela nem nada do gênero. Faço rodopios pela grande área até ouvir passos. Oooooh! Quem será meu adorado visitante e oponente?

Viro-me para ver minha adorada exorcista de olhos verdes e cabelos castanhos.

- Samantha-san! – grito, pulando de alegria, ainda com o sonho na boca. Sorri. – Seja bem-vinda, meu novo brinquedo! Ou deveria chamá-la de Sammy-chan?

Yoo ~ Mini-extra pela autora Bia-chan e se divirtam com esse belíssimo extra. Eu sou a pequena entrevistadora cuja voz será representada em itálico e hoje entrevistaremos os Exorcistas OCs da Ordem Negra! Então, vamos lá.

Katherine:

Comida predileta?

- Chocolate, apesar de adorar sushi. – responde Katherine, dando de ombros.

Katherine, você tem algum animal favorito?

- Os mortos porque eles não me irritam. – ela responde, sorrindo docemente.

Se pudesse erradicar qualquer coisa no mundo, o que seria?

- Cigarros e roupas de couro. Exceto por botas de couro. Não há nada mais desconfortável que esses dois.

Tem algo ou alguém que você protegeria sem se importar com as consequências?

- É uma pergunta meio profunda. – ela dá de ombros novamente e começa a coçar levemente o pescoço. – Eu realmente luto pensando na humanidade como um todo.

Se não existisse a Guerra Santa, ou seja, você não sendo uma Exorcista, você seria o que?

- Faço a mínima ideia. Mas acho que eu daria uma boa agente do serviço secreto ou assassina de aluguel.

Uma pequena pergunta extra apenas para você, na narração de Bianca no segundo capítulo (contando com o prólogo) ela diz que você tem 29 anos de idade. Isso é verdade?

- Deus é pai... Não, não, não, – ela balança a cabeça inúmeras vezes. – Como se uma pessoa de 29 fosse tão flexível como eu. Não, definitivamente não. Eu tenho 26.

Então, como viram, até Katherine se sente desconfortável quando confundem sua idade. E quem poderia saber que Bia seria tão travessa a ponto de mentir sobre a idade da mestra? Enfim, o extra continua em capítulos futuros. Bye bye ~ Bem, nunca confiem na versão exorcista de mim mesma.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.