The Rising Of : Elmore

Dia Um (8 de Novembro de 2014) pt. II


Naomi Claire Osbourne (meddie)'s p.o.v

Quando já estamos em frente ao balcão, ouço Johnny conversar com ela.

— Pronto, Lottie. Problema resolvido! - diz ele sorrindo para Charlotte, que dá um espaço pra ele sair da cadeira.

Assim que o faz, Johnny para na minha frente e estendo minha mão direita para um aperto de mãos. Em um movimento rápido, ele pega minha mão que antes estava parada e me puxa para um beijo calmo e bom. Depois nos abraçamos, e ele beija minha bochecha.

Quando nos separamos, eu não paro de sorrir e ele também. Me pego distraída, olhando pra Johnny, e prestando atenção em cada detalhe dele, é perfeito. Meus pensamentos são interrompidos por Michael, que limpa a garganta bem alto, me fazendo acordar do transe. Eu dou risada, e afasto uma mecha de cabelo, trazendo-a para trás da orelha.

— Então... - diz Michael, passando a mão pela nuca, rindo. - Ele é o meu mentor?!

—Sim. O nome dele é... - sou interrompida por meu namorado, e sorrio.

— Johnny Haynes Ainsworth, muito prazer. - diz ele, com a voz firme fazendo um aperto de mãos com green crazy eyes. Oh, Johnny.

— Michael Clifford, o prazer é meu, já ouvi falarem muito bem de você na Austrália, seus pais são meus vizinhos.

Ah, eu esqueci de mencionar que os Ainsworth's são australianos, mas eu juro que não fazia a menor ideia de que seus pais eram vizinhos do calouro a minha frente.

— Clifford, o Johnny vai lhe acompanhar até a área de Tecnologia Avançada, lá na seção 4 do Galpão dos Calouros. - digo, e entrego a pasta Michael para o meu namorado.

— O.k., acho melhor a gente ir, Johnny. Tô ansioso pra ver aonde a magia acontece. - fala Michael, nos fazendo rir.

— Claro, nós vamos agora. - responde Johnny, sorrindo e caminhando com green crazy eyes até as portas metálicas da entrada/saída do Galpão. Olho para Charlotte, e a entrego a pasta de Ashton e Luke.

— Essas duas vão para a Sala de Arquivos (File Room), no S6. - digo, e sorrio pra ela.

— O.k., vou ligar pra Autumn. - Charlotte responde, e eu olho para trás. Michael e Johnny estão parados em frente as portas metálicas.

— Hey, Campbell²! - grita Johnny, aproveitando a atenção que eu dei pra ele - Você não vai pro G2 também?!
Caminho em direção aos dois, e sinto a mão de Luke em minhas costas. Quando paramos na frente deles, Luke desce sua mão até a minha cintura, e sinto meu corpo aquecer.

Johnny encara o Calouro com desdém. Com o canto do olho vejo Luke arregalar os olhos, tirando a mão dele de mim, e erguendo-a na altura dos ombros, como se tivesse se defendendo.

— Agora sim. - diz Johnny, ao meu lado. Ele pega na minha cintura, me puxando pra perto dele.

— Primeiro as damas. - diz ele, charmoso, e as portas metálicas se abrem em frente a nós.

* * * *

— Luke, olha pra mim. - digo, com minhas mãos nos ombros dele. Ele me observa, com a respiração descompassada. Gotas de suor percorrem seu rosto, e seus olhos azuis passam de um tom claro de antes para um azul escuro. Luke aproxima mais seu rosto do meu, se inclinando em direção a minha boca.

Num movimento rápido demais, movo meu punho em direção ao rapaz, e quando vejo, minha mão direita arde e Luke está com uma bochecha bem avermelhada. Ops.

— CARALHO, VOCÊ É DOIDA?! PUTA MERDA NÃO PRECISAVA ME BATER, PORRA. - diz ele, bravo.

Tenho uma coisa pra dizer sobre essa frase: 1. Eu NUNCA ouvi tanto palavrão em uma frase só.

Olho bem pra Luke, e agarro seus braços fortes e os coloco em suas costas, o empurrado contra a parede, imobilizando-o. Pego ele pela gola da camisa e o ergo um pouco do chão, o segurando com o antebraço. Luke agora me encara, com medo.

— Lucas, saiba que pra você ficar aqui é preciso seguir duas regras. Primeira: seja educado e cumprimente todos que passarem por você. Eles são as pessoas que vão te ajudar a não morrer na mão de um psicopata ou um terrorista, então pelo menos seja grato. Segunda: nunca mais levante a voz pra mim. - termino de dizer, tirando meu braço dele, que cai no chão fazendo um estrondo alto.

De repente, a parede exibe a imagem de Johnny e Michael, trabalhando nos computadores. Meu namorado está na frente da câmera, e aparenta estar preocupado.

— Hey, tá tudo bem aí?! Consegui ouvir um estrondo. Você tá bem, amor?! - diz ele, e eu acinto.

— To sim, Ainsworth. Estávamos treinando e ele acabou caindo. - digo, sorrindo. Luke revira os olhos.

— Ah, tá. Gostou da reforma que eu fiz aí?! Agora as paredes são tipo um celular, podem receber uma chamada de vídeo de qualquer lugar, localizar pessoas, exibir o banco de dados, e outras milhares de coisas.

— Então você transformou todas as paredes em celulares gigantes?!

— Exatamente.

— Mas isso não deveria ser sensível ao toque?! - pergunto.

— Deveria, mas para não causar problemas resolvi que seria tudo por comando de voz. A parede "normal" é como se o celular tivesse bloqueado sabe?! Aí é só você dizer pra desbloquear que a parede meio que "liga". - diz ele, explicando sua fala com as mãos.

— Ah, entendi. Você fez um bom trabalho, Ainsworth. - digo, e ele sorri.

— Obrigado, mas flores à Mayhem³, ela me ajudou em tudo, mesmo estando longe. E falando de trabalho, você deveria voltar ao seu. - fala Johnny, e eu acinto.

— Ah, sim. E você ao seu. - aponto para Michael, sorrindo. Em poucos segundos, a parede volta para "o seu estado normal". Olho para Luke, que está com um sorriso sarcástico nos lábios. Filho da puta.

No exato momento que tento falar com ele, ouço um alarme ensurdecedor e logo depois a voz autoritária de Boulevard chamando os Meddies e seus alunos do período da tarde para uma reunião no G2 (Galpão dos Veteranos).

* * * *

No momento todos nós estamos dentro da sala de reuniões, que é enorme, com uma mesa enorme arredondada com 20 lugares, 10 do lado esquerdo e 10 do lado direito. Estão sentados respectivamente Cameron, Holly, Nadia, Joe, Johnny, eu, Kyoto e Lívia do lado esquerdo. Matthew, Samantha, Scott, Thomas, Autumn e León do lado direito.
Max e Jasmine estão em pé do lado da " parede interativa".

— Cadê a Mayhem, alguém ligou pra ela?! - pergunta Max, fazendo alusão a Veterana que está faltando. Ao redor da mesa redonda estão Ashton, Harriet, James, Calum, Augustine e Phoebe do lado esquerdo, e Amethyst, Luke, Michael, Michelle e Aloysius, do lado direito, todos encostados nas paredes de vidro.

— Sim, Charlotte ligou avisando ela. Está a caminho. - diz Autumn, olhando para Max. Autumn Twist é uma Veterana, é negra com os olhos castanho-escuros e é especialista em serial-killers, mapeamento de áreas, e também no desenvolvimento de armas dissolúveis. Já conversei algumas vezes com ela, e Autumn é uma garota bem interessante, além de ter uma beleza incrível.

Max bate uma palma, e vira de frente para a parede interativa.

— Vamos começar a reunião. - diz ele, e a parede exibe imagens de um assassinato. A primeira imagem é de uma mulher, com um vestido vermelho e jaqueta de capuz da mesma cor, sentada em uma mesa de jantar arrumada, com pratos chiques e velas.
Dentro da bandeja principal há a língua da vítima, com um post it grudado na bandeja dizendo "O lobo comeu sua língua, não comeu?!". A mulher está com o rosto deformado e todo cheio de sangue, e tem um corte profundo na jugular.

— Essa é Julie McAndrews, uma professora de jardim de infância da Preston High School, em Nova Iorque. Foi encontrada morta as 8:30 da manhã, por sua sobrinha de 9 anos que iria visitá-la dia 31 de Outubro de 2012, na sua casa em Richfield. O horário da morte foi entre 9 e 9:30 da noite. - as fotos da vítima continuaram a passar pela parede, e vejo Augustine quase vomitar, indo em direção a porta. James a acompanha, e a porta é fechada. Max pigarreia, trazendo a atenção de todos de volta a reunião.

— Esse não é um assassinato qualquer. Estão percebendo ali no fundo da imagem, perto da cadeira aonde a vítima está sentada, uma máscara de Halloween?! - diz Jasmine, e a imagem vai se aproximando da tal máscara. E pelo que consigo distinguir é um...

— Lobo. O que uma máscara de Halloween de lobo estaria fazendo na cena de um crime de dois anos atrás?! - pergunta Lívia, e eu sorrio. Ela é morena, tem os olhos castanho-escuros e cabelos negros que me lembram o breu da noite. Lívia é brasileira, e também uma das minhas melhores amigas aqui, e eu a admiro muito.

— Alguém aqui lembra do conto " Chapeuzinho Vermelho "?

— Sim, Max. O que que tem? - pergunta Autumn.

— Essa cena do crime retrata completamente o conto. - a imagem vai voltando ao normal aos poucos enquanto Max fala - Vejam só, aqui temos na guarda da cadeira, um suéter antigo, que descobrimos depois que pertenceu a avó de Julie. E em cima da mesa, pela esquerda, temos um livro ensanguentado, que é na verdade esse...

Na parede aparece uma imagem do livro "Chapeuzinho Vermelho E Outros Contos", todo cheio de marcas de sangue.

Mas que tipo de mensagem insana essa pessoa tá tentando nos transmitir?

— E no conto da Chapeuzinho Vermelho, aparecem várias partes grifadas, inclusive a parte da vovozinha e do lobo. - termina Max, dando início a um momento breve em silêncio.

— Falando em lobo, aqui nós temos a máscara de Halloween, e já na mesa de jantar, dentro de uma bandeja grande está a língua da vítima, e um post it escrito "O lobo comeu sua língua, não comeu?!".

— E por último, mas não menos importante: A roupa da vítima: um vestido vermelho escuro e uma jaqueta da mesma cor, com o capuz posto em sua cabeça. Com certeza isso não é uma coincidência. - diz Jasmine, e mais um momento silencioso começa.

— Estamos caçando essa assassina há 2 anos. Essa cena foi a que a deixou famosa.

— A? Estamos falando de uma mulher aqui?! - pergunta Luke, e eu reviro os olhos.

— Sim. Cindy Henderson. Seu nome surgiu durante uma conversa com Barbara Eriksen, uma advogada e amiga da vítima. - uma foto de uma mulher loira de olhos castanhos apareceu. Max continuou - Não há nada dela no nosso histórico, como é de se esperar.

Concordo com a cabeça, são pouquíssimos os assassinos que são entregues a nós que possuem uma ficha detalhada aqui.

— Pelo menos temos um nome, Cindy Henderson. - diz León, rodeando uma caneta em suas grandes mãos.

— Qual é o motivo dessa reunião?! Nos relembrar que a caça a essa assassina não deu em nada? Por que se for isso saibam que vocês quatro estão gastando seu tempo. - vejo algumas pessoas ficarem surpresas com o que eu falo, mas não dou a mínima. Ouço o som da porta sendo aberta, e Mayhem entra na sala.

Ela é loira, tem a pele clara e é cheia de sardas no rosto. Ela é uma grande amiga minha, e me ajudou muito aqui, até mais do que Jasmine. Sem contar que em troca de ajuda com as missões nós ficávamos nos beijando toda vez que ela vinha aqui para pegar armas para missões separadas em Wasterfield. Ser bissexual tem lá os seus benefícios.

— Oi pessoal. - diz May, fechando a porta atrás de si, e percorrendo a sala até sentar na mesa, ao lado de León. Consigo enxergar Autumn sorrindo muito.

— Por onde você tem andado, Hannah Montana?! - pergunta Autumn, nos fazendo rir.

— Estou estudando muito, e ajudando a minha mãe com o restaurante. Vocês sabem como é que é, tenho que aproveitar o melhor dos dois mundos.

Todos dão risada com o comentário de Mayhem, inclusive ela mesma.

— Então, qual é o assunto? - pergunta Hannah Montana olhando pra tela. - Ah, a Cinderella.

Murmúrios começam a rondar a sala, e todos ficam confusos.

— Eles não sabem da... - diz ela, mas é interrompida por Max. A parede mostra outra cena de crime, só que dessa vez a vítima está pendurada pelo próprio cabelo no ventilador de teto de um quarto de criança, cheio de bonecas, ursos de pelúcia e muito glitter.

A vítima está com um corte enorme por cima do vestido azul rasgado. O corte vai do pescoço até o começo da virilha, e está aberto, escorrendo muito sangue, e com um sapato de salto transparente enfiado dentro do corte, ao lado do coração. Havia um post it colado na parte de trás do salto, escrito

"É isso que acontece com quem fica na festa mesmo depois da badalada da meia noite. Não façam isso, meus amores. Cindy xx"

— Essa é Clarissa Manfred, uma advogada famosa que trabalha da White & Manfred, um escritório de advocacia em Minnesota. Foi encontrada morta as 5:30 da tarde, por sua irmã mais nova, que iria visitá-la no dia 7 de Novembro de 2014, ou seja, ontem. O horário da morte foi entre 9 e 9:30 da manhã. - as fotos da vítima continuaram a passar.

— Mas dessa vez, fizemos um avanço extraordinário. Recebemos uma ligação da família da Barbara Eriksen, a mesma advogada que nos ajudou no caso anterior. Nos disseram que Cindy Henderson sequestrou Barbara hoje, e ligou para os Eriksen's. - Max senta-se na cadeira ao lado de Mayhem, e León levanta, dando lugar para Jasmine, e puxando a cadeira para ela sentar. De repente, o telão exibe:

LIGAÇÃO DE CINDY HENDERSON

E ouço gritos de uma mulher que me parece familiar vindo dos amplificadores.

"Ah cala a boca, Eriksen." é uma voz modificada pelo computador, mas mesmo assim consigo identificar uma voz feminina. León escreve rápido em um papel, e o levanta.

"Quem é?!" o papel de León indica que essa voz e da mãe de Barbara.

"Olá, perdoe meus modos, não me apresentei ainda. Cinderella Henderson, mas pode me chamar de Cindy."

"Quem, me desculpe, não reconheci."

"Aquela que matou Julie McAndrews, e a colocou na roupa de Chapeuzinho Vermelho."

"Ah, Chapeuzinho Vermelho... Ai meu Deus..." a mulher parecia tão horrorizada, que achei engraçada a reação dela, ela falou a primeira frase tão tranquila, e depois que percebeu quem realmente estava do outro lado da linha. Mesmo não querendo porque o momento era errado, ri fraco, cobrindo a boca com minhas mãos.

"Escuta aqui, eu estou com a sua amada filhinha Barbara, Mrs. Eriksen." diz a voz de computador, e ouço gritos de Barbara vindos de longe.

"Eu só vou liberar esse resto de aborto aqui se você colocar exatos 3 milhões de dólares na minha conta até amanhã. E nada de polícia, ou então o vídeo da sua queridinha Barbie morrendo vai estar na internet."

"E-eu não tenho essa quantia de dinheiro! Eu não consigo a..."

"SE VIRA. Vai cozinhar metanfetamina, vender balinha no sinal, qualquer coisa, eu não ligo. E lembre-se: até amanhã quero 3 milhões de dólares na minha conta, se não já sabe né..." quando a tal voz termina de falar, gritos altos são ouvidos de longe na ligação.

"Mas e-eu na-não..." a mulher soluça, desesperada.

"SEM POLÍCIA, ou eu vou fazer com que o final de sua filha com certeza não seja feliz para sempre." e assim Cindy desliga.

— Grampeei o telefone que recebeu a ligação, e consegui rastrear de onde ela veio. É da Franklin's, uma fábrica de papel antiga, que foi inaugurada em 75 e está abandonada hoje. Nossa missão hoje será um teste. Levaremos um calouro para lá conosco. É mais provável que seja um da área de Tecnologia, para que possamos ter olhos e ouvidos ali. - explica León, usando as mãos.

— Mas por que a gente vai lá se a Cindy disse várias vezes, e eu só estou repetindo, SEM POLÍCIA?? - falo, como se fosse a única pessoa ali que entendesse que realizar essa missão resultaria na morte de uma inocente.
— Nós estaremos em quantidade, enquanto ela é só uma.

— Não "só uma", ela é uma psicopata com raiva, facas e uma ótima experiência de corte. - respondo, e León dá risada.

— Mas como você sabe que ela tem " uma ótima experiência de corte "?! - pergunta León. Seu sarcasmo é perceptível até mesmo em baixo d'água.

— Shelter, Nicholas. 2 de Novembro de 2012. - digo, e a parede exibe imagens do assassinato. Nicholas é um homem moreno, e tem um tipo de lâmpada dourada antiga em suas mãos.

Ele está deitado, em uma banheira cheia com maços de dinheiro, banhados com o sangue dele que escorre do corpo. Em cima da pia de mármore do banheiro está um livro, com marcas de sangue, e em cima do tapete indiano que cobre parte do banheiro está o seu estômago todo. - Zoom, centro da imagem, no corpo de Nicolas.

Levanto-me da cadeira e vou até a parede. Aponto para o corte feito na vítima.

— Olhem bem isso, é simetricamente perfeito, sem nenhum erro ou desvio. Ela sabia exatamente onde e como cortar. Ao meu ver, uma pessoa que saiba isso tem que ter no mínimo experiência nisso, não acha, Esquivel?!

— Então deve ter acontecido alguma coisa na vida dela, nenhum serial-killer nasce querendo matar. – diz Johnny, e todos concordamos com ele.

— O.k. – diz Max, pesquisando Cindy Henderson no banco de dados da Boulevard Gates. Alguns segundos depois, o visor pisca, e temos uma surpresa.

Sua pesquisa por "Cindy Henderson" rendeu em : 0 resultados.

— Ótimo, ela limpou seu próprio histórico. – digo, sarcástica.
— Osbourne, hora de ver se o Johnny consegue ensinar ao Michael Clifford sobre mapeamento de áreas, decodificação, configuração de softwares, pois ele está na Área de Tecnologia Avançada.

Eu sorrio, e saio da Sala de Reuniões.

Os quatro estão sentados em cadeiras enfileiradas do outro lado do corredor, quando me vêem, sorriem para mim.

— Michael, venha cá, por favor. –digo, e ele se levanta da cadeira tranquilamente e sorri para mim. Ele para na minha frente e eu recuo um passo, Michael entra na sala.

— Clifford, você está aqui para começar seu treinamento. – diz Johnny, e Michael sorri, ele continua – Você foi posto na Área de Tecnologia Avançada, e no fim do dia você terá dominado as primeiras categorias nesta Área : Mapeamento de áreas, Decodificação e Configuração de Softwares. Já são 16:30, e você tem 4 horas para começar todas essas categorias.

— Incrível, quando podemos começar? – diz ele, animado.

— Agora, é só me seguir.

Johnny sai da sala junto com Michael, e eles vão até o setor de treinamento.

* * * *

Já são oito horas da noite, e eu estou na Ala de Armas, Samantha fez até a lista para mim, que fofa.

Assim que consegui pegar tudo que ela pediu, coloquei numa cestinha vermelha de plástico. Eu sei que é estranho, mas a Ala de Armas é tipo os corredores de um supermercado, só que com armas de tudo o quanto é tamanho.

Fui até o meu quarto, e em cima da minha mesa estava uma caixa vermelha com um laço dourado grande. Abri a grande caixa, e lá estava a minha roupa : uma legging preta, camisa regata preta e um coturno preto. Havia um pequeno envelope branco em cima da caixa, e eu o peguei.

Roupas para a missão, eu vou com você, León, Max, JJ e Linda. Partiremos daqui a uma hora.
Abraços,
Sam

Me vesti e meia-hora depois já estávamos no local que Michael nos dissera que Cinderella estaria lá. Por incrível que pareça, uma fábrica abandonada cheia de trituradores pra mim parece um lugar incrível para um serial-killer fazer suas execuções.
Não me julguem, só acho mais criativo.

Estamos no local há meia hora e nada dela e nem da Barbara, começo a ficar nervosa, até que vejo um carro parando na frente da fábrica, e antes que eu consiga ver quem saiu do veículo as luzes apagam e minha visão é atrapalhada.

Saio do lugar em que estou e vou em direção a uma janela mais próxima, para enxergar algo a mais, mas antes mesmo que eu consiga ver algum vestígio de gente ali o carro sai em disparada. Os portões centrais da fábrica são abertos, num rangido estridente que me dói os ouvidos. Mesmo assim tento me aproximar cada vez mais, e é no momento em que tento sacar a arma é que vejo que não tenho nada no coldre preso à minha cintura. Que incrível, maravilhoso.

Com tudo escuro, um estalo de arma, e depois um tombo, olho para trás, e não há ninguém. De repente, sinto mãos masculinas segurando minha cintura, e eu o imobilizo. Uma risada rouca ecoa pelos meus ouvidos.

— Sou eu, Naomi, relaxa. – diz Michael, e saio de cima dele, desesperada.

— Idiota. – digo, e ele ri. Estou segurando a mão dele, o toque da mão dele na minha me acalma, por mais que eu não faça a mínima ideia de como ele chegou aqui.

— Mas que porra você pensa que tá fazendo, Clifford? – digo, andando com ele, saindo da janela aonde estava. Ele me diz que esqueci minha arma e me entrega uma.

Quando ele vai se despedir de mim ouço mais um tiro, e um estrondo ecoa perto da onde estou. Algo cai perto de mim, atingindo meu pé direito, e caio no chão.

Assim que me levanto, não consigo mais sentir o toque dele, e fico assustada.

Rio sarcasticamente, pois há uma fábrica abandonada enorme com uma serial-killer dentro que parece que acabou de pegar a presa mais fácil no local, e olha que eu nem estou falando da Barbara Eriksen que está aqui dentro servindo de refém dela.

Ou seja, a serial-killer mais procurada no mundo todo está com Michael Clifford em suas mãos.

Campbell²: o sobrenome faz referência à modelo negra Naomi Campbell. A meddie levou esse nome graças à ela.

Flores à Fulano(a)³: uma expressão usada pelos Meddies como uma forma de gratidão à outros que os ajudaram em momentos difíceis, ou quando algum trabalho em conjunto é feito mas ninguém quer levar todo o reconhecimento.