XIUMIN

Depois de tanto tempo tendo que lutar diariamente por minha vida, eu achei que eu tivesse deixado de sentir medo e me tornado alguém corajoso, que o garoto assustado havia crescido e se tornado um homem bravo e valente, mas eu acho que isso nunca foi verdade.

Eu me acostumei a lutar diariamente pela minha sobrevivência com criaturas que eu conhecia e acabei decorando, era sempre a mesma coisa e se algo desse errado, era só correr para o Lay que ele curava tudo.

Havíamos chegado em um patamar onde nenhuma criatura nova nos metia medo mais, nós dávamos conta de todas com facilidade, ficamos confiantes, eu pelo menos eu fiquei.

Era tudo uma fraude minha, nunca fui corajoso, nunca fui destemido, apenas ia no embalo, me deixava ser contagiado pela coragem de todos ao meu redor e mentia para mim mesmo, mas agora não posso contar com a ajuda deles, não tenho o Lay para me curar caso algo dê errado, agora é um perigo totalmente novo cujo não posso lutar.

Estou apavorado.

Não consigo deixar de ver Tao e Kyungsoo daquele jeito, para todos os cantos que olho eu os vejo, cansados, fracos, a lembrança do Tao é ainda mais aterrorizante, estou sentado na cama abraçando meus joelhos, fazendo de tudo para controlar meu choro, meu pânico e terror, mas está quase impossível.

Não posso fechar os olhos porque eu os vejo e tenho medo de abrir os olhos porque os vejo aqui dentro comigo também.

Isso é minha culpa, nossa culpa, nós fugimos para tentar achar ajuda, tentar achar o Clan X, nossa única esperança, mas tudo que fizemos foi andar e andar por dias e ficar doentes comendo comida estragada.

Nós falhamos com nossos amigos, todos eles, Kris morreu em vão, Luhan morreu em vão, todos os outros rapazes que morreram dentro do labirinto, todos eles morreram por nada, porque no final, foi tudo em vão, nós conseguimos fugir do labirinto, mas acabamos apenas trocando uma prisão por outra e nessa nova, sem chance de defesa.

Não sei quanto tempo se passou e eu fiquei nesse tormento pessoal na minha cabeça, mas eventualmente consegui pegar no sono em algum momento, acordo assustado caído de lado na cama.

Me sinto perdido e desorientado, tudo ainda está um pouco estranho e fora de lugar em minha cabeça, mas aos poucos, tudo vai voltando inclusive o pavor e talvez por causa dele, uma urgência estranha, temos que fugir daqui, se não fugirmos, não vai demorar muito até que todos estejamos iguais ao Tao e Kyungsoo.

Mas como?

Horas e horas se passam e eu continuo aqui preso nessa cela tão irritantemente branca que começo a me sentir incomodado, querendo fazer o que for para colocar um pouco de cor e diferença aqui dentro, qualquer coisa.

A urgência vira uma inquietação e logo estou andando de um lado para o outro dentro da cela sem nenhum motivo em especial, apenas porque não conseguia mais ficar apenas sentado, é então que batem na porta.

Meu primeiro instinto é colocar o máximo de distância que consigo, instinto de sobrevivência herdado do labirinto, mas lembro que é inútil, não tenho como me defender de maneira nenhuma.

A porta se abre e sou puxado para fora da cela, algemam minhas mãos e fazem alguma coisa na coleira branca com luz vermelha em meu pescoço, aumentando a potência dos inibidores talvez?

Mas algo está estranho, estão levando apenas a mim dessa vez, da última vez todos foram levados, porque só eu agora?

Sem que perceba começo a diminuir meus passos, minhas pernas estão fracas, eu quase paro de andar, mas o soldado atrás de mim me empurra quase me derrubando e sou obrigado a continuar seja lá qual for o caminho que estou fazendo.

Minhas mãos estão fechadas com tanta força que sinto as unhas machucarem minhas palmas suadas, mas eu não consigo evitar, minha perna está inquieta e eu não paro de olhar de um lado para o outro decorando cada detalhe do elevador, câmeras no canto direito e esquerdo acima de nós na nossa frente, no painel vários botões numerados do o zero ao -15 e um último botão escrito BC que eu não faço ideia do que pode ser, se estiver vendo certo devem ser os andares, se estão com um negativo na frente e nessa disposição, estamos no subsolo.

Quando chegamos ao -4 o elevador para, quando as portas se abrem eu sinto meu peito doer tamanha a força que meu coração está palpitando.

Estamos em um corredor de paredes verdes, bem iluminado com um carpete bege e várias portas de mesma cor de ambos os lados – Mexa-se – Um dos soldados sai e o outro me empurra para fazer o mesmo.

Sinto um perfume que não sei ao certo como identificar, mas é gostoso, doce, baunilha talvez, chega até a me acalmar, ou talvez acalmasse em outros momentos, quando chegamos na terceira porta a esquerda, os soldados param na frente dela, um deles a abre e me manda entrar fechando-a atrás de mim.

Por um momento eu sinto meu coração errar uma batida.

Como se tivessem me dado uma injeção, sinto meu corpo ficar gelado por dentro, começo a tremer involuntariamente e preciso fechar minhas mãos com mais força ainda e cerrar meu maxilar para não demonstrar isso.

A sala não é muito grande, embora tenha o teto absurdamente alto, chega a ser um pouco desproporcional, tem azulejos claros no chão, um padrão de desenhos na parede que eu acredito ser um papel de parede, branco com curvas e voltas azuis, está vazia, com exceção de uma pequena mesa de madeira escura, duas cadeiras, um tambor azul bastante alto e uma corrente de metal pendurada do teto.

O que me apavora e me desespera são as pessoas que estão comigo nessa sala.

Heechul está sentado em uma das cadeiras, paletó bege, um colete de mesma cor por baixo, camisa branca e chapéu preto, escondido por detrás da mesa, na outra cadeira, está um cientista de óculos, cabelo preto curto conversando com Heechul, alguns guardas e ao lado do barril, Chanyeol está algemado igual a mim.

Tenho um mal pressentimento.

Por um segundo longo demais eu troco olhares com Chanyeol, suas sobrancelhas estão franzidas para baixo em uma careta de coragem, mas eu o conheço melhor que isso, eu sei que por baixo daquela faixada de coragem, ele está aterrorizado, tanto quanto eu.

Eu reconheço no rosto dele o terror que o meu deve estar mostrando agora.

— Ora, ora, bom dia, Xiumin, o que tem achado das nossas instalações? Confortáveis? – Heechul pergunta com casualidade como se fossemos amigos e ele realmente estivesse interessado em minha opinião.

Ele parece ser um homem perigoso, muito perigoso, mas insiste em querer se mostrar simpático, quase amigável e essa é a pior parte.

— Preferia estar no labirinto. – Respondo de má vontade quase rosnando.

Não consigo parar de olhar para Chanyeol nem ele para mim, estou sempre mudando minha visão para ele e vice-versa, o que vai acontecer aqui, porque estamos apenas nós dois aqui?

Quase como se estivesse lendo minha mente, Heechul se levanta de sua cadeira e anda na direção de Chanyeol – Vocês devem estar com saudades um do outro, não é? Depois de...sei lá quanto tempo juntos no labirinto, de repente ficar separados assim, deve ter sido bastante pesado.

— Corta o papo furado, se não for pedir demais. – Chanyeol sibila irritado, mas sua voz quebra no final, mostrando que está nervoso e tenso.

— Não seja mal-educado orelhudo, - Heechul dá um tapa no rosto dele com as costas da mão – estou tentando conversar com seu amigo aqui, tentando deixar a atmosfera mais leve, mais agradável, vocês dois estão parecendo até dois pedaços de mármore de tão travados no lugar – ele imita nossas posições.

Me sinto tremer de tanta raiva e de vontade de ofendê-lo com todos os nomes possíveis, os xingamentos já voltaram para mim e estou com um grande “vai se foder” me engasgando, mas ele não é alguém que eu possa enfrentar ou ofender se eu presar pela minha saúde, assim como a de Chanyeol.

Aquele tambor e corrente não podem ser algo bom.

— Enfim, onde paramos....sim, claro, você falando que preferia estar no labirinto – ele se demora em uma risada silenciosa e discreta de alguma piada que só ele sabe – eu posso imaginar, mas antes disso, algum palpite porque eu trouxe vocês dois aqui?

Ele apoia o cotovelo no ombro de Chanyeol e mordisca em sua unha, olhando dele, para mim. Chanyeol o olha de esguelha, se empertiga parecendo enojado com o contato, mas sua frente corajosa, parece se desfazer a cada segundo.

— Não? Ninguém? Nem um palpite? – Heechul pergunta com genuína surpresa – Então, já que o outro gigante do fogo já não está mais entre nós, vocês são praticamente os maiores opostos, gelo e fogo, um derrete o outro, não é? – Ele pergunta com o rosto distorcido de diversão apontando de Chanyeol para mim – Sendo assim eu tive uma ideia muito boa de um joguinho para fazermos e então, quem sabe, vocês me dirão onde vocês enfiaram o maldito HD. – Ele agora me fuzila com o olhar. – Alguma ideia do que está dentro desse barril? Agora que eu dei a dica, ficou bem fácil, não acham? – Ele dá um tapa no tambor que reverbera pela sala vazia.

Nenhum de nós responde, o que já é motivo suficiente para que seu estranho bom humor diminuísse um pouco. – Vocês não têm um pingo de imaginação mesmo. – Ele reclama se dando por vencido – Seungri, sai dessa cadeira e abre espaço para o nosso expectador de hoje. – Ele ordena o cientista e aponta para mim.

Ele o obedece, me puxa até a cadeira onde ele estava, em cada braço dela há um pequeno quadrado de metal cinza, ele encosta minha mão direita no braço da cadeira e a algema fica presa, talvez uma espécie de imã? Seja o que for, me imobiliza completamente.

— Já que vocês não têm um pingo de criatividade, eu vou deixar a surpresa, mais para o final, como um extra – Heechul fala enquanto esfrega as mãos, seus olhos estão na minha direção, mas ele parece perdido em pensamentos. – Onde está o HD?

Eu demoro para entender que a pergunta foi para mim, mas eu não esboço uma única reação.

— Bastão. – Ele fala sem tirar os olhos de mim e eu não entendo o que ele quer dizer.

O cientista afasta o jaleco branco que usa e vejo um pequeno cilindro de metal em sua cintura, ele o pega na mão e com um movimento do braço o estende, um bastão cassetete de um metro de metal preto está em sua mão e antes que eu entenda a situação, ele dá um golpe forte na perna de Chanyeol que cai de joelhos gritando de dor. Ele aproveita a abertura e dá mais um golpe nas costas.

— Onde está o HD? – Heechul pergunta novamente.

Por puro instinto eu tento usar meus poderes, eu quase sinto como se tivesse perdido um membro do meu corpo, sinto minha mão formigar, mas não consigo fazer nada, ao invés disso, sinto uma dor no fundo da minha cabeça que só para quando eu paro de tentar usar meus poderes.

— Onde está a porra do HD, Xiumin? – Ele pergunta novamente, tentando manter o tom controlado, mas começando a perder.

Quando eu não respondo ele apenas acena para Seungri que dá outro golpe nas costas de Chanyeol, outro e mais outro. Ele se contorce no chão tentando escapar das pancadas, mas algemado e sem poder algum, ele não consegue muita coisa.

Heechul suspira lentamente de olhos fechados antes de voltar a falar – Seungri, pode prender ele a corrente. – Ele o obedece, coloca Chanyeol de pé e o puxa até a corrente de metal pendurada do teto, prende as algemas dele, volta até a mesa e aperta um botão. Ouço o barulho de alguma máquina sendo ligada, a corrente começa a ser puxada para cima até segurá-lo em pé.

— Para cada pergunta que eu fizer e você não responder, ele leva um golpe, fui claro? – Heechul se apoia na cadeira e me olha fundo nos olhos, muito perto de mim.

Me sinto enjoado, atrás de Heechul eu vejo Chanyeol pendurado pelos pulsos, seu rosto retorcido em uma careta de dor, Seungri ao lado dele com a mesma cara apática e vazia que tinha quando eu entrei, ele simplesmente não tem uma única expressão, meu corpo todo treme e estou apavorado, mas eu sei que se falar onde colocamos o HD, ele fará mais e mais labirintos e continuar fazendo o que fez comigo e com outros, com outras pessoas.

E quem garante que ele não nos jogaria em um novo labirinto? Faria mais experimentos com a gente. Quem garante que ele não nos mataria depois de conseguir o que quer? Afinal, estamos dando trabalho demais para ele.

— Agora, mais uma vez, onde está o HD? – Eu não respondo. – Seungri.

Chanyeol berra de dor todas as vezes que é atingido, eu tento virar o rosto, mas Heechul puxa de volta e me faz assistir, isso me quebra, o último golpe foi no rosto, a ponta do cassetete cortou o rosto dele e o sangue lhe desce pela bochecha.

Eu não posso continuar com isso, vê-lo ser espancado desse jeito.

Ele fica de cabeça baixa por alguns instantes, totalmente pendurado pela corrente e eu estou quase falando onde está o HD, quando seu peito se enche de ar, ele cospe sangue no jaleco e no rosto de Seungri, dá uma risada chiada e fala com a voz pastosa e ofegante – Não fala nada Xiumin! Esse filho da puta bate igual uma criancinha de cinco anos!

— Dá um jeito na matraca desse elfo orelhudo! – Heechul brada irado.

Seungri estica o braço para um golpe forte, mas Chanyeol é mais rápido, usa a força nos braços, agarra a corrente que o segura, puxa seu corpo para cima e acerta os dois pés bem no rosto do cientista que cai longe e torto no chão.

Heechul não viu isso, estava ocupado demais olhando para mim, quando ouve o barulho do corpo caindo no chão, ele vira o rosto parcialmente para ver o que aconteceu, talvez impulsionado pelo ato de Chanyeol ou por puro ódio que estou sentindo, eu me jogo para frente e mordo seu pescoço com toda a força que tenho, sinto o gosto de sangue na minha boca.

Ele grita de dor e desespero tentando se soltar, eu jogo meu corpo para trás e o trago comigo o fazendo cair em cima de mim, aproveito a proximidade e lhe dou uma cabeçada com força, fico ouvindo um zumbido alto e até meio desorientado, mas ainda consigo lhe chutar quando ele cai para trás cambaleante.

Fico surpreso em ter feito isso, o mundo ainda está bagunçado e girando e continuo ouvindo um zumbido, minha boca tem gosto de sangue, mas apesar disso tudo, eu começo a rir, me sinto bem, eufórico e até feliz em ter feito algo contra esse desgraçado, mesmo que talvez não devesse.

Ele se levanta cambaleante do chão, no fim das contas o chute que lhe dei o acertou no meio das pernas, uma mão segura o pescoço onde o mordi e quando ele vê sangue seu rosto se transforma em uma máscara de ultraje e fúria.

— COMO OUSA ME ATACAR COMO UM ANIMAL SELVAGEM!? – Ele ralha tentando se manter no controle, mas seus olhos esbugalhados mostram que pelo menos uma fagulha de medo ou espanto existe agora.

Eu apenas cuspo sangue no chão em resposta.

— Você acha muito valente, não é? – Ele pergunta tentando manter a compostura.

— Você que tem essa ilusão, me desalgema e me enfrenta se é mesmo tão corajoso, nem precisa tirar esses inibidores, consigo te encarar sem precisar do meu gelo. – Cuspo mais sangue no chão.

Ele esboça um sorriso de desafio, anda até um cambaleante Seungri, pega o cassetete e marcha até mim com passos largos e me acerta inúmeras vezes, onde acertasse era lucro.

Eu não consegui conter os gritos de dor a cada golpe, a dor era lancinante e excruciante, a pancada em minha perna direita talvez tenha sido um pouco séria demais.

Depois do golpe final no meu torço, ele estava ofegante e descabelado, uma imagem muito diferente do controle e pose que ele fazia questão de tentar passar.

— Pode mergulhar o elfo. – Ele joga o cassetete longe e vai para sua mesa, arrumando o cabelo, lá ele chama alguém por um rádio e se senta na cadeira, colocando pressão onde o mordi.

Seungri também se recompõe, o nariz sangrando e o lábio cortado, aperta o mesmo botão e a corrente volta a funcionar levantando Chanyeol mais ainda, agora entendo porque o teto dessa sala é tão alto. Mesmo sendo alto, o mais alto de todos nós, Chanyeol fica pendurado a pelo menos um metro do chão pelas algemas.

— Eu trouxe o cabeça de picolé – Heechul aponta para mim – e o esquentadinho – aponta para Chanyeol – para esse experimento em especial porque achei irônico, fogo e gelo, aqui dentro, queimar a pele do esquentadinho com gelo. Eu achei que não ia me divertir muito, mas depois disso, eu vou. – Ele me fita em tom de desafio e eu sorrio com a boca suja do sangue dele. - Pode descer. – Ele ordena irritado

Assim que ele fala isso, Seungri aperta outro botão na mesa e a corrente começa a abaixar mergulhando Chanyeol no barril, ele xinga várias vezes com o frio. O barril é alto, sendo suficiente para que seu corpo todo fique mergulhado, apenas sua cabeça fica de fora e os braços por estarem presos as correntes.

Só quando os imãs me puxam de volta para a cadeira que eu percebo que estou na ponta dela, tenso, meus músculos retesados, novamente, uma troca de olhares com Chanyeol me dá a certeza do quanto ele está apavorado, igual a mim. Essas tentativas de rebeldia não passaram disso, tentativas, no final das contas, ainda estamos presos aqui.

Seus lábios começam a tremer de frio e ficarem roxos, logo, não apenas seus lábios, mas ele começa a tremer compulsivamente. – Pode subir – Heechul ordena e a corrente sobe puxando Chanyeol, a roupa branca está quase transparente colada em seu corpo, e pode ser impressão minha, mas parece que consigo ver seus músculos tremendo de frio com mais clareza.

— Ele ficou nesse estado com apenas um minuto e meio, - Heechul fica ao lado do barril me encarando ainda pressionando o ferimento – dá para imaginar como isso aí está bastante gelado, não é? Dá para imaginar também o quanto vocês vão se arrepender por essa tentativa de rebelião.

Não é impressão minha, agora eu consigo ver Chanyeol tremendo de frio.

— Em que buraco vocês enfiaram a porra do meu HD, Xiumin?

— Não diga nada Xiumin! – Chanyeol consegue bradar mais uma vez com sua voz grave, mesmo que falhando enquanto treme.

— Não querem falar?! Ótimo, eu não estou com a mínima pressa para sair daqui! Afunda ele até o nariz! – Heechul esbraveja e Seungri obedece afundando Chanyeol ainda mais dessa vez.

— Chanyeol! - Eu quase pulo da cadeira apreensivo, mas sou contido pelos imãs novamente, com o movimento brusco eu sinto meu corpo doer todo e tenho certeza que os ferimentos em minha perna foram muito graves.

Heechul sai do lado do barril e vem em minha direção, para bem na minha frente, mas distante o suficiente para que eu não consigo ataca-lo novamente.

- Vocês estavam em uma área tóxica e prejudicial à saúde, eu não quis mandar meus soldados para lá por puro luxo antes, mas eu vou encontrar esse HD, a área está sendo toda vasculhada, é uma questão de tempo até eu encontrar, eu vou achar isso em algum momento e vocês só estão atrasando o inevitável. Em outras palavras, vocês que decidem quando acabar com essas torturas, se ele está congelando ali, pode-se dizer que é por sua culpa.

Ele me observa por um segundo esperando o impacto que seu discurso tem em mim. – Vai se foder seu filho da puta. – E cuspo em seu rosto.

Ele fica estático por um momento, limpa o rosto vagarosamente e tudo que ouço é a risada cortada de Chanyeol ecoando pela sala, mas ela não dura muito e ele xinga mais alto com frio, ele deve estar se movendo lá dentro para não afundar demais pelo barulho que a água está fazendo dentro do tambor.

Heechul se afasta e se senta em sua cadeira mais uma vez – Pode se divertir com ele um pouco Seungri, ficaremos aqui por um bom tempo.

O cientista de aproxima de mim, pega o cassetete que foi jogado no chão e não consigo evitar pensar em como essa sala tão bonita e aconchegante pode ser tão contrastante como o que acontece de verdade aqui dentro.

O golpe do cassetete me tira desses devaneios e me traz de volta a realidade com uma dor gigantesca em meu ombro.

— Isso é tudo uma escolha de vocês, apenas falem e tudo acaba. – Heechul fala mais uma vez.