I'm not ready to let go
Cause then I'd never know What I could be missing.
But I'm missing way too much
So when do I give up What I've been wishing for?

I shot for the sky I'm stuck on the ground So why do I try?
I know I'm gonna fall down I thought I could fly So why did I drown?
I'll never know why Its coming down, down, down.
(Jason Walker - Down)



“Eu posso tirar isso de você de novo e quantas vezes precisar!” - ele argumentou com um tom quase desesperado.

“Eu sou isso. Eu sou o Bad Wolf, a criança valente. E você tem de viver, Senhor do Tempo.” - Uma lágrima escorreu em meio ao brilho dourado que transbordava dos seus olhos. A nave estava se fazendo em pedaços, e um pedaço caiu perto da onde estava a Tardis. Rose esticou a palma em direção ao doutor. “Me desculpa.”

“Não.” Ele disse enquanto o brilho saía do redor dela e o empurrava para dentro da Tardis. “NÃO! ROSE VOCÊ NÃO PODE! NÃO!!!”


Antes da porta da Tardis se fechar, ele pôde ouvir dentro da sua mente a voz dela sem duplicações Eu te amo . Tentou esmurrar a porta, e voltar para lá, porém a sua nave começou a se desmaterializar. Correu em direção aos controles, mas nada funcionava. “POR QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO ISSO COMIGO? POR QUÊ?” - Ele gritou para Tardis e ela quase gemeu de tristeza. O seu meio de transporte não era simplesmente uma nave que viajava através do tempo e espaço, ela era um organismo também suscetível a ação de vírus e também a sentimentos. E o doctor sabia muito bem que Rose Tyler era uma pessoa que ela gostava muito.

O monitor ainda mostrava o interior do Crucible, um rastro que a Tardis tinha contato por conta do vórtex temporal que estava no interior da companheira loira. O Crucible se partia por completo enquanto Davros tentava um jeito de fugir. Rose viu a cabine azul sumir e se virou para o criador das criaturas que viajam no tempo e no espaço a fim de destruir o seu doctor, o ódio gerando um brilho ainda maior em seus olhos.

“Davros!” - Ela gritou olhando para a direção onde ele havia caído de sua cadeira de rodas.

“Tanto potencial sendo desperdiçado com aquele fugitivo de Gallifrey!”

“O seu fim e o de suas criações chegou. Acabou!” - Ela abriu os braços e a luz explodiu ao seu redor, em todas as direções, rasgando-a. O Crucible foi completamente tomado pelo brilho dourado e ao explodir emitiu uma luz em todas as direções dos universos matando tudo o que era dalek e destruindo a bomba de realidade.

Jackie chorava abraçada a Mickey, enquanto Jack, Martha, Sarah Jane e Donna viam o desfecho no monitor com lágrimas nos olhos e abraçados. O doctor estava sentado encostado na porta com um olhar perdido mirando o nada. Ele não conseguia participar dos eventos ao redor de si. Não conseguia consolar Jackie ou fingir que ele estava bem. Os seus dois corações estavam mortos dentro de si, batendo apenas para fazer o sangue fluir pelo corpo, mas não existia nada dentro de si que não fosse dor e vazio. Donna se aproximou, abaixando-se a frente dele para onde seus olhos estavam vidrados e colocou a mão no ombro dele.

“O Crucible acabou. Ela... destruiu tudo, incluindo a bomba de realidade. Não há nem vestígios de que um dia houve esse mecanismo.” Diante da falta de reação dele às notícias, ela tomou fôlego e segurou as lágrimas para a próxima notícia. “Não há sinal de nada. Davros, daleks...” E deixou a frase morrer. O doctor continuou sem se mexer, mas Donna pode notar as lágrimas enchendo os olhos do seu amigo. Ele que sempre esbanjava tanta alegria ou que fingia sua tristeza com tanta força não conseguia disfarçar a miséria que sentia na alma.

“Eu sabia que isso ia acontecer! Por isso que eu não queria que ela viajasse com você!” - Jackie continuou vociferando em um desabafo. Mickey tentava controlar a mulher, quando Donna partiu em defesa do amigo.

“Ela escolheu isso e deixou bem claro lá!”

“Jackie, pelo amor de Deus!” - Mickey tentou chamá-la a razão.

“Ela não podia fazer isso comigo!” - continuou chorando. Apesar das palavras duras ao senhor do tempo, ela aprendera a gostar dele e viu a tristeza estampada no rosto dele que assistia a cena. Ela se aproximou dele. “Faça alguma coisa!!!”

Ele continuou encarando-a, porém as lágrimas tomavam quase que completamente o seu olhar. “Desculpa.”

“Seu idiota! Por que ela nos deixou?” - E o puxou para um abraço que ele não previu. Esperava e quase ansiava por uma bofetada. Porém, aquele gesto fez com que as lágrimas que ele tentava prender descessem, enquanto a mãe de Rose chorava em seu ombro.

Alguns minutos se passaram, e eles começaram a ouvir batidas baixas, como se fossem em madeira.

“O que é isso?” - Sarah Jane alertou, fazendo um gesto para que todos ouvissem. Todos passaram a prestar atenção ao barulho.

“Acho que vem... da porta?” - Jack disse meio inseguro.

O Doctor se levantou e se desencostou da porta, prestando atenção a origem do barulho. Ele se aproximou da entrada da Tardis e se afastou ao notar que vinha do lado de fora. Parou e pensou um pouco e, de sopetão, girou a maçaneta para abri-la. Uma luz dourada entrou na Tardis e rodopiou em meio aos controles.

“O que é isso doctor?” Jack perguntou tentando entender o que estava acontecendo, porém sem conseguir olhar diretamente para o brilho.

“É parte do vórtex que estava em Rose!” - o Time Lord disse, sendo seguido do fechamento da porta da Tardis e de um novo ligamento dos circuitos. A Tardis começos a chacoalhar e jogar todos os seus passageiros para todos os cantos. O Doctor tentou chegar aos controles, porém foi afastado com um tranco.

“Ela está desgovernada?!” - Donna gritou.

“Não! Ela está agindo por vontade própria!” - o doctor falou.

“E isso já aconteceu antes?” - Jack perguntou.

“Não assim!”

“Nós vamos morrer!!!” - Jackie gritou. - “Primeiro a Rose e agora eu. E nem vi o Tony crescer!”

“Agora não Jackie!” - A Tardis fez uma curva fechada e começou a descer, seja lá onde ela estava indo. O doctor segurou num dos troncos do organismo de sua nave. - “Segurem-se!!!”

Todos gritaram enquanto ela descia quase em queda livre. Porém aterrissou majestosamente, como nunca o fizera com o doctor em seus controles. Depois de checarem o fato de todos estarem vivos e sem maiores sequelas da rebelião de sua Tardis, o doctor se dirigiu a porta a fim de saber onde ela havia pousado e descobrir o porquê de tudo aquilo. A máxima surpresa dele foi que ao abrir a porta havia um Ood esperando com o globo pendurado na roupa. O senhor do tempo saiu da cabine e o encarou. Seus olhos tinham a curiosidade de sempre, mas não o mesmo brilho.

A criatura então pegou o globo e levou a frente. “Olá Doctor!”

“Olá!” - o doctor olhou ao redor para as densas camadas de gelo por toda parte e voltou ao ood. - “Como eu vim parar aqui?”

“Não sei. Talvez sejam as sombras nos seus olhos.”

O doctor inspirou o ar e sorriu tristemente. “É...” - e não havia mais palavras que ele pudesse dizer que fizesse o ood compreender a dor em sua alma. Então voltou ao assunto. “A Tardis veio até aqui por vontade e...’ Foi quando ele ouviu a música. Era algo diferente do que a canção do cativeiro e da liberdade, era uma melodia triste, mas cheia de esperança. “Que música é essa?”

“Não conhece?”

“Não.”

“É a música do lobo.”