I want so much to open your eyes
Cause I need you to look into mine

Tell me that you'll open your eyes
Open your Eyes - Snow Patrol



O novo dia, ou o que parecia ser mais um dia naquele planeta, começou com o prenúncio de uma violenta tempestade a acontecer dentro de alguns momentos. Todos estocavam alimentos, acendiam suas fogueiras dentro de abrigos do que antes fora uma fábrica de tortura para aqueles seres tão amigáveis e dóceis. Foi a vez de Martha, ao lado do ood, ir ao encontro do Doutor com o intuito de pedir, em nome dos oods que estacionasse a Tardis dentro do abrigo. Ele resistiu com todas as palavras que poderia argumentar, com todas as razões possíveis, mas no final parecia que o ood estava preparado para toda a avalanche de resistências e protestos e tentativas dele não querer sair de perto de Rose. Foi com muita hesitação que ele deixou Jackie assumir o papel de vigia ao qual estava dedicado desde que chegara ali.

“Até que enfim vou poder ver e ficar com a minha filha.”

“Com algumas restrições que Mickey está responsável por não deixar acontecer!”

“Ela é minha filha, eu sei o que fazer!”

“Jackie.”

“Seu chato!”

“Sem tocar. É tentador, mas não toque!”

“Mas...”

“Jackie, é sério!” O timelord pegou os dois braços da loira e aproximou o seu rosto do dela, a fim de que ela entendesse a gravidade da situação. “Eu não sei o que está acontecendo, nem o que pode vir a acontecer com ela. A única coisa que eu sei é que você não pode tocá-la. Se você a tocar, você pode matá-la e eu tenho certeza que isso não é algo que queremos, certo?”

“Certo. Não vou tocar.”

“Me prometa, Jackie Tyler.”

“Eu não vou matar minha filha, doctor!”

“Bom argumento!” - Ele se aproximou de Mickey. - “Pelo amor que você sente por ela, não deixe a Jackie fazer nada que possa de alguma maneira atrapalhar o que é que esteja acontecendo com Rose. Por favor...”

“Pode deixar, doctor!” - logo depois se aproximou de Sarah Jane Smith.

“Eu vou vigiá-los, pode ir.” - O doctor sorriu e foi em direção a porta. Contudo, ao alcançá-la se voltou mais uma vez para ver Rose a distância. Ela continuava do mesmo jeito, porém a diferença era sutil com relação as timelines. Elas ainda estavam mutando porém em um ritmo mais lento. Isso era algo que só ele podia ver, mas aquilo lhe indicava que o processo estava quase terminando. E ele torcia muito para no final tudo dar certo.

Fechou a porta atrás de si e foi em direção a sua Tardis, acompanhado de Martha, Donna e Cap. Jack. Parecia tão longe do que ele se lembrava. Na verdade, não se recordava de muita coisa a partir do momento que o ood disse que Rose estava viva. O trio estava sussurrando atrás dele, e até conseguia sentir os olhares deles sobre si que ia a frente. Foi aí que resolveu parar e virar para eles de repente, que não esperavam e estacaram juntos quase que esbarrando no doctor.

“O que os três tanto cochicham?”

“Ahnnn...”

“A gente está conversando sobre coisas que aconteceram a partir do momento em que você entrou naquela sala e nunca mais saiu.” - Martha disse tentando sair pela tangente.

“Eu saí e estou aqui. Agora eu quero fazer parte da conversa também. Não gosto de me sentir excluído.”

“Você não está excluído... É só...” - Martha começou, contudo foi interrompida por Donna

“Estávamos falando de você.” - os outros dois olharam para ela.

“Isso eu já havia notado.”

“A respeito da ideia do Jack...” - Ele olhou para o capitão que revirou os olhos.

“Qual é, doctor?! É super plausível.”

Ele revirou os olhos e se virou indo em direção ao lugar onde a Tardis estava estacionada. “Eu me recuso a comentar qualquer conto de fadas com você.”

“Doctor, ela está dormindo há semanas!!! A gente está parado nesse planeta há mais de um mês e não teve nenhuma alteração do quadro.”

“As linhas estão mais lentas.”

“Você tem que fazer alguma coisa para tentar fazê-la acordar! Um beijinho não pode fazer nenhum mal...” - O doctor ignorou o comentário, mas ele ainda completou. - "Bem sei que você quer..."

“Olá, minha querida!” - Ele saudou o seu meio de transporte, fazendo todos ao redor revirarem os olhos. E o doctor se manteve conversando com a cabine enquanto entrava e se dirigia aos controles da Tardis. “Rose está bem, porém vou ter que te levar pra dentro de um galpão pois parece que vai ter uma tempestade e eu terei que proteger você.” - Explicou o que cada um teria que fazer. “Vamos direitinho dessa vez, sem erro no tempo ou no espaço, ok?” A Tardis respondeu e fez a chacoalhada característica enquanto se desmaterializava e materializava-se novamente, agora dentro do espaço que lhe era cabido na fábrica.

Ele correu para a porta e olhou em volta do lado de fora. “Boa menina!” Os outros ocupantes saíram rindo da conversa do timelord com a cabine. Porém ele parou bruscamente, prestando atenção a algum som ou ruído.

“O que houve, Doctor?” Jack perguntou com o riso ainda na face.

“A Música...”

“A música dos oods?” - Donna perguntou se aproximando do senhor do tempo. “A música que eles cantam pra Rose? O que houve com a música?”

“Ela mudou, ela está crescendo... Ela está... Oh my God! Rose!” E saiu correndo em direção ao outro galpão onde o altar do lobo estava montado com seus companheiros atrás dele. Ele não sentiu o tempo passar, nem o cansaço em suas pernas. Estava concentrado demais no caminho a seguir e nas mudanças do som da canção entoada pelos oods que não notou as fortes de rajadas de vento e neve que batia em seu rosto e corpo.

Ao chegar percebeu Mickey a porta do galpão. “Doctor!”

“Como ela está? O que está acontecendo?”

“A luz, doctor! Está muito forte... Nos afastou lá de dentro.”

“Jackie...”

“Ela não tocou.” - Sarah Jane falou e ele nem havido percebido a presença dela ali. Ela continuou. “Eu fiquei o tempo todo com elas... Simplesmente ela começou a brilhar mais do que o normal!” - O doctor entrou correndo pelos corredores e ignorou os gritos de Jackie apavorada demais do lado de fora da sala. E apesar da luz manter a todos do lado de fora, ele entrou.

O brilho fazia um remoinho no quarto inteiro. Era como se ela estivesse explodindo de novo.

“Rose”

Ela estava de pé, os olhos abertos porém vidrados quase mortos. Só se via brilho deles, e a música entrava no ápice para o término. O doctor encarou a companheira queimar foi quando ouviu no canto mais profundo e distante de sua mente a voz dela. E percebeu que ela o chamava desde que ouviu a mudança do ritmo ao sair da Tardis. Era quase um sussurro... doctor. Me ajuda.

Ele respirava com dificuldade e sentia que se não fizesse alguma coisa ele a perderia pra sempre. Buscou em sua mente complexa soluções reais, mas não havia... Foi quando ele correu de encontro a Rose, segurou o rosto dela com as mãos e fez com que seus lábios se encontrassem com os dela. Em sua mente apenas um pedido a tudo o que existia que aquela loucura inventada pelo Jack salvasse a vida dela. A luz rodou enfurecida e explodiu de encontro aos dois. Ele manteve os olhos fechados e o beijo se prolongou até que se fez um silêncio abrupto em seus ouvidos e mente.

O corpo de Rose desfaleceu em seus braços e ele a segurou, sentando-se com ela no colo sobre o altar.

“Hey. Não morre. Por favor. Não morre. Não, de novo... Por favor.” - Ele começou a sussurrar enquanto balançava a cabeça dela para ver o seu rosto. Nem percebeu que todos já estavam dentro da sala, encarando surpresos e aterrorizados a cena que ocorria ali. Porém reparou muito bem quando as pálpebras dela se abriram e uma última faísca brilhou no olhar dela e se apagou.

O lobo havia acordado.