27. A razão

Outubro de 2007

Pode-se facilmente dizer que a vista do novo quarto do casal Cullen era privilegiada. O dúplex recém adquirido em um dos prédios mais altos em Manhathan era o novo lar de Edward e Bella e seus filhos Marie (7) e Benjamim (3). A proposta de emprego feita a Edward foi irrecusável, ali ele ganharia o triplo do que ganhava em Londres e mesmo que Londres tenha sido palco de momentos importantes de duas vidas, como por exemplo o nascimento de seus dois filhos, não foi por um bom motivo que eles se mudaram para lá. Foi necessário, e de certa forma o casal sentia-se aliviado de finalmente estar de volta ao seu país de origem. Edward(35) não era muito ligado a Forks quanto Bella (33), então para ele não fazia tanta diferença mas para a esposa estava sendo fantástico estar tão perto de suas origens, além de ficar mais fácil de ver a própria família.

Após afastar as cortinas escuras Bella se deparou com a cidade quase que literalmente aos seus pés, estavam no último andar. Alguns funcionários ainda se encarregavam de colocar tudo em ordem no quarto das crianças, enquanto o casal cuidava de organizar o próprio quarto.

- Renesmee vai amar esse lugar quando vier nos visitar. – Bella comentou, Edward fechou a cara não pela irmã mas pela companhia que a irmã traria.

Ele sabia que a irmã, que já tinha completado seus dezoito anos e estava prestes a concluir o último ano da escola regular, já tinha tido outros namorados mas ela nunca os apresentou a ele, entalao nunca teve que se preocupar realmente com isso. Dessa vez era diferente, ela estava namorando sério e traria o tal namorado para o irmão e cunhada conhecerem no próximo Natal.

- Me lembre de até lá preparar o quarto de hóspedes – Edward apontou, Bella entendeu bem o que ele queria dizer. Renesmee não era hóspede em sua casa, e ela sempre teve um quarto exclusivo para ela. Edward só estava deixando claro de antemão que o tal namorado não dormiria no mesmo quarto que ela.

- Ainda não se acostumou que ela não é mais criança?

- Nunca vou me acostumar. Pra mim, ela ainda é a menina que conheci a dez anos atrás, que tinha tanto medo que nem falou comigo direito. Eu sempre vou ver ela assim, sempre.

- Nossa menina cresceu, Edward- deu enfase em nossa pois era assim que se sentia com relacao a Renesmee, como se ela tivesse sidonsua primeira filha.- Renesmee é uma linda mulher, muito inteligente e caprichosa em tudo que faz. E pro seu azar, ela atrai a atenção de todo o público masculino por onde passa.

Bella provocou o marido, percebendo o olhar de reprovação dele se limitou a rir baixinho dos ciúmes quase possessivos que ele tinha com relação a caçula. No fundo, ambos sabiam o real motivo daquilo : Edward tinha medo que alguém fizesse com sua irmã o que tanto teve que corrigir em rostos e corpos femininos durante esse período em Londres. Ele chegou a atender gratuitamente diversas mulheres vítimas de violência, porem a super proteção não finalizava na irmã afinal de contas ele mantinha os seguranças na cola da mulher e dos filhos também, os traumas passados e o medo que as ameaças passadas se cumprissem ainda era uma constante em sua mente, mesmo com todos os envolvidos atrás das grades.

Ele abriu a última caixa, tirando dois exemplares dos romances publicados por Bella, assim como objetos pessoais como porta retratos com fotos da família e das crianças. Não pode evitar de sorri ao retirar o último porta retrato, a última foto de sua família completa qua do Renesmee ainda estava no ventre de Elizabeth, ali ele estava do lado esquerdo de sua mãe e seu pai do lado direito, por indicação do fotógrafo ambos tinham as mãos sobre a barriga pouco visível da mulher de vestido amarelo. Ele retirou a imagem do quadro, lembrava-se vagamente da mãe tendo escrito algo na parte de trás da foto só não se lembrava direito o que.

- “Todos procuram um motivo para viver, uma razão para estarem aqui. Algo que lhes indique que fazem a diferença, minha razão são vocês, minha família”— ele leu a frase que a mulher ruiva na época grávida, escreveu ali com a caligrafia impecável.

- Foi sua mãe que escreveu isso? – questionou Bella

- Sim, tem outras fotos em caixas no sótão de Esme cheias de frases assim atrás. Minha mãe gostava de mostrar o que sentia em cada momento, em cada nova foto tirada ela anotava. Me lembro de ouvir ela dizendo que um dia meus filhos iriam ver tudo isso e saberiam exatamente quem eram os avós. – Edward respirou fundo, ele sabia exatamente quem era a mãe e também sabia quem era o pai. Mas, tinha mantido esse segredo da irmã que mesmo hoje não sabia o que tinha levado aquele homem a perseguir e assassinar a mãe deles. – Bem, eles saberão. Assim como Renesmee, eles vão saber que tinham ótimos avós paternos. Que eram pessoas boas e que viveram suas vidas de forma honesta. – Bella ouvia atentamente e balançou a cabeça positivamente para o marido. – Eles não precisão saber do lado podre do avô deles, o mesmo vale para Renesmee. Ela nunca vai saber.

Dezembro de 2007

O café da manhã estava sendo servido quando o porteiro do prédio anunciou a chegada de Renesmee Cullen, Bella tratou de autorizar a subida da mesma sem anunciar ao marido ou aos filhos que a irmã e a tia querida se juntariam a eles mais cedo do que imaginavam.

- Algum problema Bella? – Edward questionou ao ver a esposa hesitar em se juntar a eles na mesa.

O som da campainha invadiu o ambiente e sem responder ao esposo foi abrir a porta. A ruiva de 1.70m passou pela porta vestindo um casaco preto, com o cabelo preso em um coque e várias sacolas na mão logo atrás estava o porteiro que estava a ajudando com toda a bagagem.

- Cheguei família! – ela anunciou em alto e bom som, sua voz chegou até a cozinha e fez com que Marie e Benjamim corressem direto para ela passando pelos próprios pais como relâmpagos.

- Titia. Titia – ambos repetiam com empolgação, viam Renesmee quase sempre por vídeos chamadas através da web cam, mas a última vez que ela esteve com eles pessoalmente foi no Natal passado.

Renesmee se ajoelhou, largando todas as sacolas com presentes, para ficar na altura dos sobrinhos e envolveu os dois com seus braços finos.

- Como a tia estava com saudades de vocês meus amores. – beijou o rosto dos dois. – Olha só você Marie, está ficando idêntica a sua mãe, esta tão linda quanto a Bella. E você Ben? Está um verdadeiro príncipe, mil vezes mais bonito que o seu pai.

- Já chegou cheia de piadinhas. Vem aqui, sua chata. – Edward puxou a irmã para um abraço apertado. – Onde está o tal namorado? – a palavra namorado saiu de seus lábios de má vontade.

- Espero sinceramente que o mais longe possível de mim. – resmungou. – Bella, eu também senti sua falta. – se desvencilhou do irmão para abraçar a cunhada. – Não me olhem assim vocês dois, eu não nasci para o amor. Estou conformada. Não tenho a mesma sorte que o restante, e com certeza não encontrei o amor da minha vida na escola como Alice. Falando em Alice, ela prometeu vir me ver aqui.

- Vamos tomar café, nos conte sobre essa chegada antecipada. – disse Bella, segurando nos ombros da cunhada e a guiando até a cozinha com seus filhos e marido atrás delas.

Com todos a mesa, Edward viu em cada rosto o verdadeiro significado para tudo que ele tinha feito até então, para cada pequeno sacrifício feio (e foram muitos). Sua família era tudo o que ele mais amava no mundo, mais até do que a si mesmo. Segurou na mão de sua esposa sobre a mesa, a fazendo prestar atenção nele. E enquanto Renesmee e as crianças interagiam entre si, ele sussurrou para a amada.

- Elizabeth estava certa. A minha família é a razão de toda a minha vida no fim das contas.

- Eu amo você. – ela disse acariciando o rosto do marido.

Fim(?)