Bem cedo, ao raiar do sol, a comitiva de Annabeth se levantou, era hora de partir para Paris.

—Se cavalgamos bem rápido, talvez cheguemos cheguemos em Paris amanhã. Não será possível fazer tudo hoje, cansariamos muito. - Alex informou, olhando para Annabeth

—Vamos mais devagar então, mantendo o ritmo normal. Chegaremos perto da capital hoje a noite, repousamos em algum lugar e amanhã continuamos a jornada. - ela decidiu - Cam já deve ter chego, e avisado sobre nossa chegada.

Percy montou no cavalo, ele tinha terminado de arrumar suas coisas e coloca-las no cavalo.

—Então é melhor ir pela estrada principal. - Percy opinou

—Certamente. - ela concordou, sem olha-lo

Eles cavalgaram até perto Paris, aproximadamente quatro horas de distância. As mediações de Paris eram populosas, fazendas eram próximas e pareciam estar durante todo o caminho.

Todos concordaram que seria melhor pedir abrigo em alguma dessas fazenda, era mais seguro, todos estavam cansados e não dormiam direito. Percy olhou uma placa talhada a madeira com o nome de Sivume, entrou na propriedade e lá conversou com o dono, um senhor de idade avançada e muito carismático, que os convidou para dormirem em sua casa, ao invés do celeiro. Eles se instalaram na casa, o senhor, sua esposa e sua filha os receberam e os alojaram. Annabeth dormiria no quarto ao lado da filha do casal, Lucille. Percy e Alex dividiram uma cama, que pertencia ao falecido filho do casal de senhores. E o resto dormiria em forros, em um compartimento vazio da casa, que possua cinco pequenos quartos.

—Merci pour l'hébergement et la nourriture, M. Vincent. (Obrigado pela hospedagem e pela comida, senhor Vincent. ) - Percy agradeceu, quando já era tarde da noite e todos se preparavam para dormir

—Oh mon garçon, je suis heureux de vous accueillir. (Que nada rapaz, fico feliz em hospeda-los. ) - Vincent respondeu - Tu me rappelles quelqu'un que j'ai vu dans un tableau … (Você me lembra alguém que vi em uma pintura…) - o senhor refletiu

Percy fez uma careta, não tinha familiares franceses, não que ele lembrasse.

—Vous devez vous tromper … (O senhor deve estar enganado…)

—Peut-être. Mais vous me rappelez, quelques traits, la fiancée de l'ex-dauphin. (Talvez. Mas você me lembra, alguns traços, da ex noiva do delfim. )

—Ancienne épouse du prince François? (Ex noiva do príncipe Francis?)

—Oui. Vous vous souvenez d'elle de manière lointaine, mais vous le faites. (Sim. Você lembra ela, de maneira distante, mas lembra. ) - ele sorriu

—Connaissez-vous son nom, M. Vincent? (Sabe o nome dela, senhor Vincent?) - Percy perguntou, algo martelava em sua cabeça, um pensamento, alguém que ele não lembrava

—Je suis désolé garçon, je suis un vieil homme. (Sinto muito rapaz, sou um velho. )

—Merci, bonne nuit monsieur. (Obrigado, boa noite senhor.)

—Bonne nuit.

Vicent bateu nas costas de Percy, sorrindo. Então se dirigiu ao seu quarto.

—Muito simpático. - Alex ressaltou

—De fato. - concordou Annabeth, sentada na cadeira junto a mesa

—Um homem bom. - Percy concordou

—Onde aprendeu o francês? - Annabeth questionou

—Eu tenho família na realeza francesa. Aparentemente uma ancestral minha se casou com o rei da França, desde então mantemos relações amigáveis, por assim dizer. Eu representava meu pai na França, com meu irmão. - Percy suspirou, um suspiro triste

—Você não sente curiosidade? - ela continuou

—Do que?

—Em saber o que aconteceu com toda sua família.

—Me acusaram de matar meu pai, Tritan, Agenor, Tyson, todos devem querer me ver morto e enterrado aos sete palmos!

—Algum deles deve acreditar em você.

—Eu estive com Luke, que é meu primo de certa forma, e com Thalia, que é minha prima direta. Ambos me disseram que alguém deve ter armado pra mim e com a minha “fuga” repentina a história foi mais fácil de ser engolida. -ele se sentou em frente a Annabeth - Mas eu não estava lá! Não tinha como eu estar lá! Armaram pra mim!

—Você consegue imaginar quem?

—Não… é difícil. Confio nos meus irmãos. E Atlee está conosco desde sempre, meu pai o criou como a um filho, duvido que possa ter feito algo.

Annabeth refletiu.

—Você pode voltar ao seu tempo, mas não a sua terra. Eu acho que existe um jeito de você ficar bem.

—Que jeito seria?

Annabeth suspirou.

— Tenho que pensar melhor. Mas tenho algo em mente.

—Bem, já que não tenho escolhas no momento, vou dormir. - Percy sorriu - Boa noite.

—Boa noite. - ela desejou

—Se meu parceiro vai, eu também vou. Boa noite, princesa. - Alex sorriu simpático e se retirou junto a Percy.

Um turbilhão de pensamentos rondavam Annabeth. Uma parte dela dizia que era melhor que aquele homem partisse, outra implorava por outro beijo seu. Amaldiçoou esses pensamentos. Devia seguir com plano de entregar o medalhão que havia ganho de Cristina para Percy.

Flashback on

Noite anterior a partida da comitiva de Annabeth,

Annabeth estava no templo austríaco, pedindo conselhos e respostas. Já era tarde da noite, supostamente uma ou duas horas da manhã.

—Orando? - Cristina perguntou, quase a assustando

Annabeth se levantou, estava ajoelhada aos pés da estátua da deusa

—Pedindo conselhos. - respondeu

Cristina se aproximou, ficou ao seu lado.

—Ela te respondeu?

—Você zomba de mim? - Cristina podia sentir a raiva na voz de Annabeth - Sabe muito bem que ela não me responde!

—De fato. Eu sei.

—Então porquê não me ajuda?

—Você teima em querer saber o futuro Annabeth, quer saber como prosseguir, mas não sabe ouvir. A deusa não fala só verbalmente, você sabe. Ela se comunica de vários meios.

—Eu já tentei olhar todos os meios! Existe algo errado! Primeiro esse príncipe do futuro aparece e então meu país é invadido e eu obrigada a me casar! Isso faz parte dos planos?

Cristina levantou as mãos, fez uma prece rápida.

—As vezes esbarramos no nosso destino, quando tentamos fugir dele. - declarou, seus olhos ainda fechados em reflexão

—Está dizendo que eu tentei fugir?

—Você tentou.

—Mas optei por aceita-lo.

—Da boca pra fora. - Cristina abriu os olhos e a encarou - Você ainda não entende porquê está sendo obrigada a casar-se.

—E nunca entenderei, eu fiz um voto pela minha deusa e agora ele está preste a ser quebrado.

—E não passa pela sua mente que talvez esse seja seu destino?

—Se esse é meu destino, por que não fui avisada ou preparada?

— O destino não anuncia as peripécias e nem o desfecho. Tudo é uma ordem de fatos a serem seguidos, ninguém nunca escapou dele.

—Não estou tentando escapar.

—Está sim. Primeiro você foge, desesperada por respostas, vem ao meu encontro e eu noto certa… tensão entre você e o principe ingles.

—Não há nada entre nós.

—Qualquer tolo perceberia que existe alguma relação entre vocês.

—Uma atração apenas, algo superficial.

—Algo que você já sentiu antes, não é?

Annabeth engoliu em seco.

—Não, nunca senti.

Cristina suspirou.

—Mande-o embora, para seu tempo.

Annabeth a encarou séria.

—O que? Como?

Cristina tateou a roupa, em um dos bolsos, o medalhão Luchd.

—Este medalhão o levara o para casa. É o destino dele voltar.

—Por que ele veio então? Se era para manda-lo de volta? Que influência tem ele no meu destino?

—Nenhuma. Ele é um erro, algo inesperado, não previsto.

—Não existem imprevistos.

—Esse apenas. Mande-o para casa. É tudo. - ela lhe ofereceu o medalhão

Annabeth estendeu a mão receosa, não queria ver Percy partir, ele não era uma companhia ruim. Cristina lhe deu, Annabeth assentiu e virou-se para ir embora.

—Boa viagem Annabeth.

Annabeth não há olhou.

—Por que? - foi tudo que Cristina perguntou para a estátua

—O destino é certo, não existem falhas, Cristina. - a resposta veio sem demora, o sussurro em seu ouvido a fez se assustar

—Isso faz parte do plano então?

—O destino é certo, não existem falhas, Cristina.

Flashback off

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Por que ela não conseguia dormir? Por que ele não saia de sua mente?

Ela se revirava na cama, sem nenhuma resposta e sem nenhum sono. Talvez fosse melhor buscar uma água, ir lá fora e sentir um ar fresco. Ela se levantou, disposta a fazer o que tinha pensado. Abriu com cautela a porta, tentando não fazer barulho. Olhou para os lados, sem colocar o corpo para fora. Ao não ver ninguém, saiu, foi até a mesa, um jarro com água estava ali e ao seu lado um copo. Serviu-se no copo até a metade, tomou um gole raso.

—Je suis désolé, mais je ne veux rien avoir à faire avec toi. - ela ouviu o murmurinho da voz de Percy, vinda do quarto de Lucille,

Annabeth se aproximou da porta, que estava entreaberta, uma fresquinha tão pequena que nenhum deles poderia ve-la. A cena era estranha, muito, os dois conversavam frente a frente, ela pode notar que a mulher estava com a camisola meio aberta, pronta para ser tirada ou colocado as pressas.

—Jure? Tu me regardais avec désir! Est-ce à cause de la femme qui vous accompagne?

—Elle n'est rien à moi. - ele respondeu

—Il n'y a donc rien pour vous arrêter.- Lucille tirou a camisola calmamente, sensualizando para Percy

Annabeth decidiu que era melhor não olhar, agora ela parecia chateada pelo que tinha visto. Deixou o copo na mesa, e voltou ao seu quarto.

O que ela esperava? Ele era um príncipe, e príncipes costumavam ser cafajestes, e mesmo casados, possuíam inúmeras amantes.

—Droga… - murmurou

Uma parte de si até pensou que ele seria alguém interessante, mas se provou ser como todos os homens do mundo. Como qualquer homem, como seu futuro marido, que ela já havia escolhido inclusive. A escolha de um dos príncipes franceses foi fácil, o que mais tinha intimidade com ela era Francis, não havia dúvida de que ele seria um marido companheiro. Eles se dariam muito bem juntos, formariam um família linda, com crianças de um estereótipo clássico. Claro, ele provavelmente arranjaria uma amante ao longo dos anos, e ela ficaria lá, cercada por seus filhos, sendo traída, e talvez até tivesse um amante.

Não. Um amante não.

Annabeth tinha princípios, não ligava se o futuro marido não tivesse, no dia do casamento faria votos e não os quebraria por nada, nem ninguém. Achava impressionante as fofocas que ouvia sobre relatos de algumas rainhas da europa possuírem amantes escondidos dos reis, mas não achava que fosse possível que isso fosse acontecer com ela.

E como poderia se entregar a outro homem que senão ao seu marido? Aquele que lhe tirou sua pureza, sua castidade, era o único dono do leito ao seu lado. Bem pelo menos era assim que ela pensava.

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