The Powerful

Capítulo 42 - Sacrifice


Durante as semanas que eu soube o que teria que fazer, e também com o que teria que lidar, passei boa parte do meu tempo preocupada com o que aconteceria com meus amigos, e como seria o dia seguinte.

Erro meu, confesso.

O tempo que eu perdi pensando e lamentando antecipadamente, poderia ter gastado me concentrando e treinando mais.

Convenhamos que descobrir de uma hora pra outra o amor da sua vida, os melhores amigos que se poderia ter, poderes incríveis com uma união sobrenatural e arqui-inimigos fantasmas, não pode ser algo saudável para a saúde mental de uma pessoa normal.

Não que eu fosse uma. Afinal, eu tinha os meus momentos.

- Bella, não precisa ficar nervosa – Rose disse segurando a minha mão com força. – Nós estamos aqui e vamos fazer isso juntos. Do jeito que deve ser – seu sorriso era um pouco forçado, mas seus olhos me passaram a confiança que eu precisava no momento.

- Tudo bem – assenti e me virei pro Edward, que me encarava como se visse a minha alma.

- Vai dar tudo certo – e beijou a mão que ele segurava.

- Beeella – o tom de Alma subiu duas oitavas, mostrando que o nosso espaço estava ficando cada vez mais curto.

Fechei os olhos e me concentrei o máximo que pude na minha barreira. Quando eu estava ciente de cada parte dela, senti as minhas mãos ficarem quentes. Forcei meu cérebro, sentindo meu corpo aquecer.

Não sei bem o que aconteceu, mas uma luz rosa tomou conta do lugar, junto com um grito estrangulado – que depois eu percebi que tinha sido meu.

Senti minhas pernas fraquejarem e os braços de Rosalie e Edward me segurando pelas costas. Naquele momento, apesar de me sentir muito fraca, gastei o que eu tinha de energia mantendo a minha barreira.

- Bella? – ouvi a voz aveludada e imediatamente abri os olhos, mirando diretamente os fantasmas que estavam na minha frente.

Não eram mais tantos, mas eles ainda estavam em maior número. Soltei um gemido frustrado e tentei firmar meus pés no chão.

- Bella, você está bem? - Edward perguntou preocupado. Ele e Rose ainda seguravam as minhas mãos.

- Sim – falei ficando de pé. – Nós temos que tentar novamente – declarei decidida.

- Nem pensar – ele bravejou, fazendo o Dr. John rir.

A atenção de todos, que estava em mim, se virou pra ele.

- Agora chega de palhaçada – o fantasma ficou sério novamente, com sua luz escura ficando ainda mais forte em volta dele. Ele fechou os olhos e colocou as palmas da mão pra cima. Aos poucos, uma bola negra surgia em cada uma, crescendo conforme ele murmurava alguma coisa em uma língua que eu não conhecia.

- Bella, se prepara – Johannes disse, e em seguida senti as mãos frias tocando em minhas costas.

Olhei pra trás e os quatro fantasmas estavam ali.

- Concentre-se – Roisia pediu tímida.

Fechei mais uma vez os olhos, esperando pelo impacto. Novamente as minhas mãos começaram a aquecer, mas dessa vez, meu corpo ficou em uma temperatura agradável, já que meu tronco começou a ficar frio devido às energias dos fantasmas.

Um zumbido alto surgiu e logo começou a ficar cada vez mais alto. Quando achei que ia ficar surda, senti o impacto na minha barreira. Meu corpo foi impulsionado pra trás com uma força incrível.

Minhas costas baterem em algum lugar, mas não era como se fosse uma parede. Além disso, meu corpo nem estava doendo – não posso dizer o mesmo da minha cabeça.

- Você está bem? – ouvi uma voz grossa falando bem perto de mim.

Abri os olhos assustada e dei de cara com o fantasma verde. Everard.

- Er... Hum – dei uma tossidinha. – Estou bem, obrigada.

Ele riu e me colocou no chão.

Alma, Roisia e Johannes estavam do nosso lado, enquanto Edward, Rosalie e Emmett ainda estavam parados a uns cinco passos da gente. Só aí eu entendi porquê eles estavam atrás de mim.

Minha mente me trouxe de volta pra batalha que estava acontecendo.

- Quanto tempo? – perguntei pra Alma.

- Sete minutos – respondeu prontamente.

Fui marchando até onde os três estavam.

- Edward, nós vamos tentar novamente – avisei séria.

Ele fechou os olhos, respirou fundo e depois me encarou.

- Vamos fazer isso logo – disse por fim.

Quando retomei minha posição, Alice deu um grito.

- Esperem a gente – só então percebi que Jasper estava apoiado no ombro de Alice, parados ao lado de nossa barreira, com Dorothy os protegendo.

Me concentrei em minha barreira e os envolvi.

Dorothy veio rápidamente para o meu lado e segurou minhas mãos. Imediatamente a barreira que nos envolvia se tornou mais consistente.

- Emmett ajude Alice – Rose pediu e o grandão foi correndo todo desajeitado até os dois.

Seria muito cômico se não fosse trágico.

- A calça dele está apertada – Edward disse simplesmente.

Rose bufou do meu lado. Certas coisas nunca mudam.

Senti um impacto e vi que os fantasmas estavam tentando avançar mais.

Jasper tinha um machucado no braço e alguns pelo rosto enquanto Alice parecia que ia começar a entrar em desespero a qual quer momento. Segurei sua mão, dando um aperto de leve, e lancei um olhar sugestivo pra Rose.

Entendendo o que eu queria, ela segurou aoutra mão da Alice e uma do Jasper. Antes que eu pudesse tomar qual quer atitude, senti outra coisa forçando meu escudo.

Olhei pros fantasmas e vi que eles armavam algum tipo de estratégia. Green Jane ocupava o mesmo lugar que Dorothy, minha irmã e Jazz estavam a poucos minutos. Já o soldado suicida estava do lado oposto, fazendo com que ficássemos ainda mais encurralados contra o portal.

- Bella, agora! – Alma gritou.

Fechei os olhos, me concentrando na barreira, mas um novo impacto me atingiu, fazendo com que eu abrisse os olhos e perdesse a concentração.

- Não se preocupe com eles, só faça o que tem que ser feito – Edward pediu urgente, assim que abri os olhos.

Só então quando olhei pro lado entendi o que ia acontecer. Dorothy forçava minha barreira, saindo do meu campo junto com os outros quatro. Por volta de vinte fantasmas foram pra cima deles na hora, mas a onda rosa fez com que desaparecessem.

- Vai, concentra – assim que Edward voltou a falar, Dr. John resolveu voltar a ativa. Se preparando para outro ataque.

- Quatro minutos – avisou minha irmã, que agora segurava minha mão com força.

A bola negra na mão do fantasma começou a crescer, assim como acontecia com Green Jane, o suicida e o gordinho.

- Fudeu – Emmett gemeu, fazendo com que Jasper desse uma risadinha irônica. Por incrível que pareça, ele parecia o mais tranquílo quanto toda a situação.

Bella, temos que ser mais rápidos. Atinja eles antes deles nos atingirem.” Ouvi a voz de Edward em minha cabeça, e sem pensar duas vezes, fiz o que ele disse.

Fechei os olhos e procurei me concentrar, deixando de lado os sons que vinham da batalha que Dorothy e os outros travavam, o zumbido que começava a se formar do lugar onde o Dr. John estava e também o choro baixo que Alice tentava conter inútilmente.

Minhas mãos começaram a esquentar, mas dessa vez muito mais rápido e intenso. Uma onde de coragem tomou conta da minha mente, me deixando com uma disposição que eu não tinha a poucos segundos atrás.

Senti que o calor começou a deixar meu corpo, fazendo com que a barreira ficasse com o rosa mais vibrante. Incrívelmente eu conseguia vê-la em minha mente.

Agora eu entendia que era alí que se controlava todo o meu poder.

Quando forcei o escudo, a onda se espalhou pra todos os lados, no mesmo momento em que os fantasmas soltaram seus poderes na gente.

Dessa vez não teve como se manter de pé.

Senti meu corpo sendo jogado em alguma direção, e logo depois bati com as costas em algo duro, fazendo com que tudo ficasse escuro.

(...)

Um barulho muito estranho me acordou. Parecia vidro quebrando. Tentei abrir meus olhos, mesmo com a minha cabeça explodindo de dor.

O lugar em que eu estava era escuro e tinha cheiro de mofo. O chão era gelado e de pedra, pelo que eu pude sentir com minhas mãos.

As coisas que aconteceram foram voltando à minha mente como num flash. Mirei o local onde eu supus que o portal estava e não havia nada além da sujeira.

Forcei os olhos tentando enchergar alguma coisa além. Levei um susto ao constar que perto de mim, a somente alguns passos, tinha alguma coisa grande no chão.

Respirei fundo e tentei me levantar, sentindo em seguida uma fisgada na perna. Coloquei a mão na coxa, percebendo que a queda devia ter sido feia. O lugar latejava como se tivessem jogado um tijolo em mim.

Onde estavam os fantasmas, afinal?

Engatinhando, cheguei mais perto do objeto. Toquei o pano e parecia macio.

Puxei minha mão assustada, percebendo que aquilo não era uma coisa e sim alguém. Respirei fundo algumas vezes e tomei coragem pra ver quem era. Mesmo que o tamanho não deixasse dúvidas.

Com as duas mãos, virei o corpo.

Emmett tinha os olhos fechados e o rosto muito pálido. Deitei em seu peito e ouvi o coração batendo.

- Emm – sussurrei, dando tapinhas em seu rosto. – Acorda grandão, vamos – balencei como pude o corpo, mas não obtive resposta.

Aquilo só podia ser um pesadelo.

Um choro baixo chamou minha atenção. Forcei meus olhos mas não vi ninguém. Ainda engatihando, fui seguindo o som até chegar perto de uma das celas.

Com cautela, dei uma olhada no lugar, percebendo que o choro vinha de um canto onde alguém parecia encolhido.

- Alice? – chutei.

- Bella? – a voz de Rose que me respondeu. – Bella! – a figura se levantou e veio cambaleando até mim, puxando meu corpo pro lugar que ela estava antes.

Abracei minha amiga, que se jogou sentada do meu lado.

- E-eu to com… tan-tanto me-edo – declarou agarrada à minha camisa.

- Shh. Calma. Vai ficar tudo bem – falei, apertando-a em um abraço.

Estava fora de cogitação falar sobre o Emmett agora.

Depois de alguns minutos seu choro diminuiu.

- O que aconteceu? – perguntei, vendo seus olhos mel me encararem confusos. – Aconteceu aquele negócio com o poderes, aí os fantasmas sumiram, fazendo tudo ficar escuro – fez uma pausa e logo continuou. - No meio da confusão Alice falou algo sobre uma surpresa. Depois tudo ficou quieto e eu parei de enchergar vocês e os fantasmas.

Isso estava bem estranho. Onde estava Dorothy e os outros?

- Eu não me machuquei muito porque acho que bati em alguém – declarou triste.

- Temos que encontrar os outros – falei meio sem pensar.

- Mas eles não parecem estar aqui – sua voz estava meio morta. Pensou por alguns instantes e voltou a me encarar. – Mas você também não estava. Então vamos – levantou decidida.

Imitei o gesto mesmo com minha perna doendo. Vendo minha dificuldade, Rosalie me ajudou.

- Seria mais fácil se tivéssemos uma lanterna – resmunguei.

- Ou um fantasma – Rose disse bufando.

Voltamos até o centro e eu fiz de tudo pra não levá-la na direção de Emmett. Seria melhor que encontrássemos mais alguém antes.

- Olha, parece alguém – ela apontou pra algo que se mexia.

Chegamos até o suposto corpo e agachamos.

Com cuidado, Rose virou a pessoa, revelando uma Alice confusa.

- Onde…? – ela forçou a visão e então seus rosto se clareou em entendimento. Se sentou com dificuldade e nos abraçou em seguida. – Que bom que estão bem.

- Digo o mesmo – apertei mais o abraço em volta das duas. – Temos…

- Tem alguém vindo – Rose declarou. – Eu não sei quem é, não parece alguém que eu conheça. Sua aura é preta, mas não é um fantasma… - sua voz foi morrendo.

Só então eu entendi o que estava acontecendo. Ou melhor, quem era.

- Pode deixar, eu vou fazer o escudo e… - fui interrompida por Alice.

- Ele é humano – disse. – Onde estão os meninos? – a pergunta fez meu coração apertar, lembrando do estado que Emmett estava.

- Venham comigo – pedi, tentando me levantar. Rose me ajudou e Allie soltou um gemido de dor.

- Meu corpo está todo dolorido – choramingou.

Com passos lentos, chegamos até onde o portal estava. Então apontei pro grandão.

Rose seguiu meu dedo, me ajudou a sentar e foi até o corpo.

Uma exclamação surgiu dela.

- Ursinha? – suspirei aliviada ao ouvir aquela voz. – O que…

Sem que esperássemos, um armário caiu, derrubando outro, que desabou em cima dos dois.

- ROSE! – eu e Alice gritamos.

Sem me importar com a dor, fui até eles, junto com minha irmã.

A madeira se mexia, dando sinal de que algum deles estava bem.

- Tirem ela daqui – Emm pediu, forçando o móvel pra cima.

Puxei o corpo da minha amiga, que estava entre Emmett e o armário. Então ele começou a tentar sair também.

- Não tão rápido – uma voz soou no aposento.

A voz de alguém que não estava ali antes, e por estar agora só significava uma coisa.

De repente a força de Emmett já não pareceu o bastante. Ele uivou de dor, quando sentiu o móvel caindo em suas pernas.

- Não adianta. Seus poderes são inúteis comigo aqui – uma luz surgiu, revelando a figura masculina e alta, parada perto da entrada.

- Só podia ser você, seu verme – Emmett gritou, fazendo James gargalhar.

- No momento, o verme aqui é você – sorriu cínico. Seus olhos pousaram em mim e depois nos outros. – Vamos acabar logo com isso.

Ele veio andando na minha direção, enquanto eu engatinhava pra trás o mais rápido que dava.

Que ótimo! Tudo isso pra terminar na mão desse idiota.

Senti a parede em minhas costas e engoli em seco. Não tinha mais pra onde fugir. Tentei usar meu escudo, mas nada aconteceu.

Mesmo com a lanterna que ele segurava, tudo ainda estava bastante escuro.

Rezei silenciosamente pra que Dorothy ou qual quer um dos nossos fantasmas aparecessem por ali.

- Bella, Bella – James riu cínicamente. – Sabe, isso poderia ter sido bem diferente – assinalou andando lentamente de um lado pro outro, apenas me encarando com um olhar de predador.

- Nunca seria – resmunguei mais pra mim mesma, e quase me bati, ao perceber que ele tinha ouvido.

- Como é? – perguntou parando no lugar.

Quer saber? Ta no inferno, abraça o capeta.

Quando abri a boca pra falar poucas e boas para aquele desgraçado, senti uma onde de calmaria, fazendo com que eu me calasse instantâneamente. Isso só podia significar uma coisa.

Olhei pra onde Alice, Emmett e Rosalie estavam, e constatei que agora Jasper estava com eles. Minha irmã parecia meio histérica – o que eu não entendi.

- Não adiante – a voz de James estava baixa e assustadora. – Vou acabar com você primeiro e depois com cada um deles – me lançou um sorriso sombrio.

James deu um passo pra trás e levantou a mão que estava com a luva. A palma estava pra cima, e graças ao que tinha acontecido antes, eu já sabia que isso só podia significar uma coisa.

Ele fechou os olhos e imediatamente uma luz branca começou a surgir em cima da sua mão – o que era muito estranho. – Quando ela estava do tamanho de uma bola de basquete, ele abriu os olhos e sorriu. Do nada, um pedaço de madeira bateu em suas costas.

Fitei meus amigos e Emmett estava de pé, com uma cara enfurecida.

- Se você pensa que eu vou deixar você machucar a Bellinha, está muito enganado – ele disse com a voz meio falhada. Só então, notei que uma de suas pernas estava muito ferida.

Arfei no lugar e tentei ficar de pé, aproveitando que agora a atenção de James estava do outro lado da masmorra. Apoei todo o meu peso na perna que estava melhor, enquanto fazia o esforço maior com os braços.

- E você acha que eu estou me importando com o que você pensa? – James rebateu, soltando uma risada de escárnio em seguida.

Quando finalmente fiquei de pé, pude ter uma visão melhor do lugar. Meu coração bateu ainda mais acelerado quando vi que Edward, aparentemente, não estava em lugar nenhum.

A bola branca sumiu da mão de James – que tinha começado a marchar na direção de onde os outros estavam.

Alice estava sentada no chão, com Jasper de um lado e Rosalie – recém acordada – do outro. Emmett estava na frente deles, se mantendo de pé com um tremendo esforço.

James apontou a palma da mão, que estava com a luva, pro grandão, que caiu de joelhos com um baque. Senti todos os pelos do meu corpo eriçarem.

Novamente tentei formar minha barreira, dessa vez com sucesso. Mesmo com ela mais fraca do que normalmente, eu tinha que tentar fazer alguma coisa. Ele até podia ser humano, mas ainda assim usava algum tipo de poder.

Outro baque quebrou o silêncio, dessa vez, era Jasper que estava jogado contra uma parede.

- Então, alguma das duas vai tentar mais uma gracinha, ou eu posso… - ele parou no meio da frase. – O que aconteceu com essa aí?

Encarei Alice, percebendo que ela estava tendo uma visão.

Aproveitei a distração pra tentar dar alguns passos. Quando cheguei na metade do caminho, Alice gritou.

- Não! – aí foi tudo bem rápido.

De repente James virou pra mim, e o clarão surgiu, vindo rapidamente em minha direção. Fechei os olhos e não senti nada, só ouvi um grito grave, perto de mais. Abri imediatamente os olhos e meu coração quase saiu pela boca. Edward estava parado na minha frente, com a grande bola branca batendo contra seu peito.

Ele caiu em meus braços, no mesmo momento em que uma luz verde tomou conta de tudo, me deixando quase cega. Sentei no chão com ele no colo e protegi meus olhos com o braço. Olhei pra baixo, tendo a visão do meu namorado caído mole em meu colo.

- O q-que…? – a voz de James soou distante de mais.

A luz começou a diminuir, mas não sumiu totalmente. Abaixei o braço e meu coração falhou por um momento.

- Qu-quem é...? – ele não teve chance de continuar desta vez, pois do nada a luva soltou de sua mão, e seu corpo atravessou a masmorra caindo próximo a entrada. Sua cabeça dele bateu na parede com força e depois o corpo caiu mole no chão.

Edward olhou em volta, parando primeiramente em mim e depois no corpo que estava no meu colo. As lágrimas começaram a cair pelo meu rosto, fazendo com que o olhar do fantasma ficasse imediatamente num misto de desespero e confusão.

Um segundo depois ele estava parado do meu lado.

Fechei os olhos e trouxe o corpo do meu Edward, pra mais perto de mim. Eu não queria encarar aquele fantasma agora. Entendi então, o que Dorothy sentia durante todo o tempo que nos via juntos, e não sabia como ela poderia suportar.

- Eu não sei quem você é, e nem o que está pensando – ele falou perto de mais, com a voz ainda confusa. – Mas esse menino não está morto – finalizou.

Levantei minha cabeça encarando os olhos verdes.

- Como você sabe? – não saiu mais do que um sussurro.

- Posso não ouvir os seus pensamentos, mas ouço muito bem os dele – disse sorrindo.

Me assustei ao ver o sorrisso torto estampado no rosto daquele estranho.

- Maninha? – Alice me chamou. – Nós temos que tirar eles daqui – disse urgente.

Graças à luz verde o lugar já não era escuro, então eu vi que as coisas estavam piores do que eu pensava. Alice tinha um arranhão que cruzava toda a sua bochecha direita, as roupas estavam meio rasgadas, revelando leves machucados pelo seu corpo. Rosalie se mantinha com dificuldade de pé, as duas mãos apoiavam suas costelas do lado esquerdo.

- Eu te ajudo – meu pensamento foi cortado pela voz doce do fantasma.

Ele tirou Edward do meu colo e o colocou deitado no chão, de barriga pra cima. Depois segurou meus braços e me puxou, apoiando meu corpo até que eu conseguisse me manter de pé sozinha.

- Alice, eu faço isso – Emmett esbravejou.

- Nada disso, eu estou melhor do que você – minha irmã gritou de volta.

- Mas eu sou mais forte, minha força voltou – o grandão revidou.

- Mas ele é meu namorado! – jogou os braços pro alto. Só então vi que Jasper estava pior que Edward – ao menos físicamente.

Também desacordado, ele tinha um braço cheio de sangue e sua roupa revelava incontáveis machucados pelo corpo.

- Parem de agir como duas crianças! – Rosalie fez com que os dois olhassem pra ela. – Alice, você e eu levamos o Jasper…

- Mas Rose você está… - Emm foi cortado antes que pudesse terminar a frase.

- Eu sei muito bem como eu estou – disse ríspida. – Você ajuda o seu irmão enquanto o fantasma Edward ajuda a Bella – abri a boca pra dizer que eu não precisava de ajuda, mas não pude continuar, pois fui cortada também. – Com sua coxa desse jeito, você não chega sozinha nem na escada.

Olhei pra minha perna e suspirei. Provavelmente quebrada.

Pelo menos não ia ser muita novidade pros meus pais. Era só eu falar que tinha jogado paintball ou algo do tipo que eles entenderiam tudo, e ainda se lamentariam dizendo coisas do tipo: “Meu Deus! Como pode ser tão desastrada?” ou “A quem ela puxou essa falta de sorte?”.

Fazer o quê?

Com facilidade, Emm pegou meu namorado no colo. O fantasma fez o mesmo comigo, enquanto Rose e Alice arrumavam da melhor forma, o corpo do Jasper entre as duas.

- Sabe, você podia levar o Jasper enquanto as meninas me ajudavam – falei quando estávamos chegando até a escada.

Ele sorriu e olhou nos meus olhos.

- Continuo não sabendo quem são vocês, mas já posso imaginar o que fizeram – ignorou totalmente a minha pergunta e continuou a falar enquanto subíamos as escadas, as quais dariam na parte antiga do castelo. – Cada um de vocês é como cada um de nós. Isso quer dizer que as pedras deram realmente certo.

- É claro que deram! – exclamei. – Sem elas nós provavelmente estaríamos dentro daquele portal agora. Ou melhor, nem chegaríamos a conhecer ele. Viraríamos comida do gordinho no primeiro minuto.

Ele riu alto, fazendo com que eu sorrisse de leve.

- O que nós vamos falar pra minha mãe? – Emmett perguntou.

- Vamos levá-los pro quarto da Bella e depois procuramos a Sra. Glow – foi Rose quem respondeu. – Tenho certeza que ela nos ajudará a arrumar uma solução razoável.

Ao ouvir a mensão dos nomes, Edward me encarou ainda mais profundamente.

- Bella? – franziu o cenho, querendo enchergar alguma coisa a mais dentro de mim.

- Prazer – sorri sem jeito, sentindo meu rosto corar e desviando os meus olhos dos dele.

Depois de uma pausa, que pareceu durar anos, ele finalmente voltou a falar.

- Uau! Agora eu entendo os olhos – resmungou mais pra ele mesmo.

Voltei a encará-lo, vendo que as esmeraldas que ele carregava eram impressionantemente iguais as do meu namorado.

- Seus olhos também são iguais aos dele – apontei pro Edward com a cabeça.

O fantasma sorriu triste pra mim.

- Ele vai ficar bem – disse calmamente.

- Tomara – suspirei, fechando os olhos e apoiando a cabeça no peito esverdeado.

Ele suspirou, mas só continuou andando. Admito que a situação era no mínimo estranha.