The Powerful

Capítulo 21: Os guardiões


O clima entre a gente ficou tranquilo até passarmos pela porta do castelo, onde subitamente ficamos tensos. Olhei pra todos os lugares, e não vi nada de estranho. Então cada um foi pro “seu” quarto.

- Estou um caco – disse Edward enquanto se jogava na minha cama.

Fui até meu armário pegar uma roupa.

- Sabe, eu preferia ir pro seu quarto – falei pensando em como o horizonte estaria hoje.

Fitei Edward que me olhava com uma sobrancelha levantada e um sorriso cínico dançando nos lábios.

- Nossa, Bella!

Senti meu rosto ficando instantaneamente quente. O que fez Edward gargalhar. Depois balançou a cabeça negativamente.

- Às vezes acho que você só ta comigo por causa daquela janela – falou despreocupado, ainda rindo.

- Ué, mas é claro que é isso – falei o mais séria que pude.

Por segundos acho que ele acreditou, mas logo me entreguei caindo na gargalhada. Senti meus pés deixarem o chão. Levei um susto ao ver Edward me carregando quarto a fora.

- Ei, o que você ta fazendo? – perguntei igual uma criança contrariada.

- Te dando o que você quer – falou sorrindo.

“Mal sabe ele o que eu quero.”

Assim que passamos pela porta, ele se dirigiu até a janela que eu amava.

- Vou tomar banho, pode aproveitar a paisagem – me colocou no chão e me deu um beijo rápido.

É impressionante pensar no reviravolta que a minha vida teve durante uma semana. Parece que de um dia pro outro o mundo ficou de cabeça pra baixo.

Sempre fui medrosa, mas nunca acreditei em fantasmas. Agora, na teoria, teria que me acostumar com eles. Edward em minha concepção me odiava, e agora vive grudado em mim. Não que isso seja, em algum aspecto, ruim. Pelo contrário.

A história que a Sra. Glow contou hoje pra gente era muito confusa pra mim. Como assim eles ficam mais poderosos? E porque raios de 210 em 210 anos? Um fantasma normal apareceria de mil em mil, ou de 500 em 500. Um número mais redondo.

E a principal pergunta. O que eu vou ter que fazer no meio disso tudo? Se fosse pra luta, eu já estava perdida. E mesmo assim, como se luta com um fantasma?

Lembrei dos caça fantasmas. Será que teríamos um equipamento legal, e Dorothy apareceria verde e gordinha pra nos ajudar? Ri de mim. Vou daqui direto pro jardim de infância, se continuar assim.

Ouvi a porta do banheiro se abrir, e de lá Edward saiu secando o cabelo. Naquele momento senti uma onda de felicidade. Só de estar perto dele me sentia completa.

Saber que tudo poderia mudar me deixou nostálgica.

- Você sabe que eu não vou mais te deixar né? – falou adivinhando meus pensamentos novamente.

Com essa eu tive que rir.

- Como você faz isso? – perguntei divertida.

- Não sei. – Respondeu. – Eu só sei.

Ri mais ainda com a resposta confusa.

- Você é doidinho, sabia?

Ele me lançou seu lindo sorriso e veio me abraçar. Encostei minha cabeça em seu peito, tentando exalar o máximo de seu delicioso perfume.

- Ah se eu sei – respondeu sorrindo.

Com uma mão no meu queixo, ele levantou meu rosto. Quando o encarei vi que ainda sorria. Lentamente ele foi diminuindo o espaço entre a gente, finalizando com um beijo doce em meus lábios.

Aquela reação que minha pele tinha com a dele já não me era mais estranha, pelo contrário, eu ansiava por aquilo. Edward mordiscou meu lábio inferior e depois passou a língua por ele – fazendo com que eu arfasse. Isso deu passagem pra ele invadir minha boca.

Eu estava entorpecida, o beijo dele era como uma anestesia pra mim. Não conseguia pensar em nada a não ser ele. Já não tinha preocupação quanto a nós dois e muito menos com as assombrações.

Toc. Toc.

Bom, até a gente se separar.

Edward suspirou e foi abrir a porta. Esme entrou com a mão na cintura. Tinha a cara séria, mas ao me ver sua expressão desmanchou.

- Olá querida – sorriu pra mim.

- Oi Esme – falei sem graça.

Depois ela se virou pra Edward.

- Posso saber onde vocês estavam hoje? – perguntou séria.

Olhei instantaneamente pra ele. “Nós não podemos falar nisso” pensei.

- Desculpe, mãe. Acabamos saindo com o pessoal e perdemos a hora – falou sincero.

Se eu não soubesse que era mentira, com certeza acreditaria. Mas Esme simplesmente soltou o ar e balançou a cabeça devagar.

- Sabia que você nasceu de mim? – falou agora rindo. – Eu saberia uma mentira sua de olhos fechados.

Edward olhou pra mim pedindo reforço.

- É verdade Esme, fomos até a praia – falei com um fio de voz.

Ela me olhou e seu olhar primeiramente foi surpreso, mas depois sorriu maliciosamente. Aquilo me impressionou.

- Já entendi – falou se dirigindo até a porta. – Não se atrasem pra janta – depois a fechou atrás de si.

Virei pra Edward que me fitava com um olhar debochado.

- Parabéns Bella, alguém acreditou em suas mentiras – caiu na gargalhada.

- Eu não menti – falei ficando com raiva. – Só editei a verdade.

Edward veio até mim e afagou meu cabelo, me colocando de frente pra ele.

- Não fica assim – depositou um beijo na minha boca.

A raiva desapareceu com a mesma velocidade com que tinha aparecido. Eu ficava tão vulnerável perto dele, além de seu corpo ser como um imã pro meu.

- É melhor descermos – falo olhando a hora no celular -, antes que minha mãe apareça aqui novamente.

Ele ia sair, mas eu fiquei parada. Assim que virou, o ataquei. De fora devia ser meio ridículo, mas pulei prendendo minha perna em sua cintura e os braços em volta do seu pescoço.

Edward pareceu surpreso, mas logo estava com os braços firmes a minha volta. Eu nunca mais queria ficar sem esse beijo. Pra falar a verdade, eu nem sabia como tinha sobrevivido tanto tempo sem isso.

- Pronto – disse separando os nossos lábios.

Ele ainda me segurava sorrindo.

- Você é quase uma criança, sabia? – falou divertido.

- Então você é quase um pedófilo – dei de ombros, fazendo ele rir mais ainda.

Fomos assim até a sala de jantar e pelo jeito só faltava a gente, pois assim que entramos recebemos sorrisos maliciosos dos quatro - que já estavam sentados.

Era engraçado pensar que agora tínhamos uma espécie de “lugar marcado” na mesa. Depois de um tempo, percebi que era na mesma “ordem” em que sentamos com a Sra. Glow. Fiquei ansiosa pra sair do castelo. Queria falar sobre isso com Edward logo. Aposto que ele acharia “interessante” – pensei no tom que ele usava.

- A gente bem que podia dar um volta hoje, o que acham? – Alice perguntou enrolando o macarrão no garfo. Parecia entediada.

- Contando que eu dirija, tudo bem – falou Edward.

Isso me impressionou. Ele, o senhor “eu sou excluido”, estava aceitando de primeira sair do castelo? Com Alice?

Essa eu tinha que ver.

- Também aceito – falei levantando uma mão.

- Eu também é claro! – Rose de fato era a que mais queria distância daquele lugar. Seu rosto sempre ganhava um brilho a mais quando se falava em sair.

Emmett e Jasper também concordaram. Comemos com pressa a sobremesa e fomos nos arrumar. Rose e eu fomos pro quarto de Alice, não queríamos ficar sozinhas. Emmett convenceu Edward a deixa-lo ir pro quarto dele, disse que queria “proteger” o irmão. Sei.

Jasper, não decepcionando, foi sozinho pro seu quarto. Ele disse que “estava tranquilo”. Depois de Edward, era pra Jasper que eu correria. Quer dizer, dependendo do caso, Rose viria antes. Ri – já na porta de minha irmã. Prefiri tomar banho no meu quarto, sería mais rápido assim.

- Bellinha – falou feliz. – Ainda bem que chegou – me puxou pra dentro. – Rose já está saindo do banho.

- Tudo bem, eu já tomei – falei incapaz de deixar de sorrir pra baixinha.

A porta do banheiro abriu, revelando Rose de lingerie e toalha na cabeça. Elas estava tão empolgada que veio dar um abraço na gente.

- Ei, eu prefiro um abraço sem roupa do seu irmão – falou Alice brincalhona.

Rose nos largou e me surpreendendo deu língua pra Allie – que caiu na gargalhada. Depois deu um pulo nela, dando um abraço apertado.

- Eu amo vocês sabia? – Falou emocionada.

Ela era um açúcar, de tão doce.

Me assustou ver seu olhar ficar perdido. Fui até ela, mas mesmo assim ainda fitava o nada. Dei um pulo pra trás, quando ela derrepente pulou, batendo palminhas.

- Hoje tem música ao vivo na lanchonete – cantarolou.

Eu estava boba. Quer dizer, boba não, pasma. O que tinha de errado com essas pessoas, afinal? Era um sabendo o que eu penso, outra sabendo o que vamos fazer.

“Já sei! Eu estou em uma pegadinha de programa de auditório.” Procurei as câmeras pelo teto, depois fui olhar atrás das cortinas. Quando saí de trás da última vi que as duas me olhavam. Na verdade Alice me olhava, Rose ficava olhado de mim pra ela.

- Isso não é uma pegadinha, né? – falei desanimada.

Alice veio dançando até mim e me deu um abraço confortante, depois depositou um beijo em minha bochecha – ficando na ponta dos pés.

- Não se preocupa, tá bem? – pediu.

Respirei fundo e só assenti. Não queria falar e acabar gaguejando. Já que não tinha jeito, teríamos que ser fortes. Ou tentar ao menos.

Uma hora depois estavamos divididos em dois carros. Eu, Edward, Alice e Jasper no volvo, e Emmett e Rose no jeep. A loira não ficou muito feliz, mas acho que ela sabia que se reclamasse, só iríamos demorar mais pra sair.

Edward estacionou na frente da lanchonete – que realmente estava tendo música ao vivo.

- Gente, antes de entrar preciso falar com vocês – falou a baixinha bem misteriosa.

Saímos do carro e Rose e Emmett vinham ao nosso encontro. A loira não parecia muito feliz.

- O que estamos esperando? – falou meio amarga.

- Eu tenho uma novidade – Allie falou.

- Eu também – surpreendi a pletéia.

A baixinha fez sinal pra que eu começasse.

- Vocês perceberam que – tentei, mas fui cortada por Edward.

- Os lugares? Eu percebi – disse pensativo com uma mão no queixo

- Eu também – praticamente gritaram os quatro.

Alice bufou, cruzou os bracinhos e sentou emburrada no bando de trás do volvo. Fui até ela e abaixei ao seu lado.

- O que você queria falar, Allie? – tentei soar o mais suave possivel.

Ela olhou pra mim e depois pros outros. Então estendeu a mão direita, onde tinha um anel. Olhei mais de perto e percebi que nunca o tinha visto antes. Era prateado, e parecia antigo. Na ponta tinha uma pedra amarela, com um lindo “A” gravado nela.

- Vocês vão casar?! – Advinhem quem foi? É… Um queijo pra quem disse Emmett.

O grandão tinha os olhos arregalados e olhava de Alice pra Jasper. Com essa eu tive que rir. Que espécie de anel de noivado seria esse? Alice ignorou a pergunta.

- Eu estava andando pelo jardim um dia desses, até que eu achei um lindo vaso – explicou olhando a jóia. – Ele era de cerâmica com uma rosa amarela pintada.

“Ele não tinha nada plantado dentro, então resolvi colocar alguma coisa” agora parecia mais empolgada. “Achei com Esme sementes de rosa e então fui à jardinagem” levantou. “Assim que eu enterrei a semente e reguei, uma luz saiu da terra” começou a fazer gestos com as mãos. “Primeiro me assustei, mas depois…PAH” me assustei, que mania de gritar. “Vi que tinha um anel no vaso. Quando o vi, sabia que era meu”

- Eu também achei uma coisa – Edward disse meio baixo.

Todos viraram pra ele que tinha tirado uma corrente de dentro da blusa. Tinha o mesmo estilo de Alice; prateada e com uma pedra. A dele era azul e tinha um “E” gravado.

- Ei, e se ela for minha – Emmett falou emburrado.

Edward riu e tirou o cordão, estendendo pro irmão.

- Tente colocar – encorajou.

O grandão riu, e aceitou a oferta. Quando colocou, nada aconteceu.

- Você tá sentindo alguma coisa diferente? – Edward perguntou.

Ele negou com a cabeça.

- Foi o que eu imaginei – falou sorrindo. – Devolve – estendeu a mão novamente.

Relutante, Emmett tirou o cordão e deu pra Edward.

Que merda. O que isso quer dizer? Essa história só estava piorando.

- Também não sei gostosa – falou normalmente.

- Isso ta me irritando – falei. – Você cismou com esse negócio de ficar me respon-

- É isso – Rosalie gritou. – Alice-

- Sim, foi depois que eu achei o anel – falou sorrindo.

Tava tudo explicado. Na verdade, nada estava. Como assim? Um podia ler minha mente, e a outra advinhar as coisas. Será que tinham mais desse?

Nem admiramos a música ao vivo. Ficamos o tempo todo especulando coisas, e a cada pergunta, só fazia mais delas aparecerem. Chegamos a um senso. Teríamos que falar com a velha Glow imediatamente.

00:05

Quando estacionamos o carro em frente ao castelo, vimos que alguém ia em direção a praia. Nem nos assustamos, já sabíamos o que aquilo queria dizer. Caminhamos em passos largos até chegar ao “Centro de comando” – esse nome foi Alice que inventou, com sua mania Power Ranger.

Glow parecia que ia explodir de alegria a qual quer momento. Chegava a ser assustador ver um sorriso daquele tamnho estampado em sua cara.

- Soube que dois de vocês já encontraram as pedras dos guardiões – quase cantou. – Isso quer dizer que está na hora de eu contar essa história – suspirou feliz. – Sentem-se por favor.

Cada um sentou, sem combinar, em seu devido lugar. Ia demorar pra eu me acostumar com isso. Encarei a velhinha, que segurava um grande livro de capa preta.

- Esse livro é um diário – falou alisado a capa. – E foi por aqui que eu aprendi tudo.

Olhei o livro, e ele se parecia muito com o dos meus sonhos. Só que não era verde.

- Esse é diário de Thomas Glow – falou serena. – Sim, um de meus antepassados – ela nos encarou, e prosseguiu. – O mentor dos seis guardiões.

- Caramba! – Exclamou a baixinha, se levantando logo em seguida. – Você vai ser o nosso Zordon?

Com essa eu tive que rir, Allie estava passando dos limites com essa história. Ri mais ainda ao ver a cara de Glow.

- Creio que não – falou confusa. – Pois bem. Os seis primeiros guardiões eram: Everard, Roisia, Johannes, Alma, Edward e Belatrix.

- Uh, Bella, por pouco a mamãe erra seu nome – depois a diabinha caiu na gargalhada.

Sra. Glow limpou a garganta.

- Quando você disse que a Dorothy era como a gente, você quis dizer… - insinuou Jasper.

A velha sorriu e fechou os olhos.

- Seu nome era Belatrix Dorothy Ida de Northumbria – disse solenemente.

- Como assim “de Northumbria”? – Agora foi Rose.

- Naquela época, as pessoas de realeza se identificavam com o nome de seu reino – Jasper falou.

- Muito bem, Jasper – disse a Glow.

Mas espera. Como assim ela éra a Belatrix? Ela morreu por causa… - olhei pra Edward, e meu coração gelou. Ele imediatamente se virou pra mim, e tinha uma feição de doer o coração estampada no rosto.

Pra melhora o meu estado a senhora Glow falou.

- Pelo o que eu li, vocês são o grupo mais parecido com o original – ela estava pensativa.

Edward segurou minha mão com força. Na verdade eu não tinha o que temer em relação a ele. Nós já sabíamos toda a história, e não tinha nenhum rei pra separar a gente.

- Por enquanto é o que eu posso dizer – se levantou. – Vocês quatro tem cinco dias pra acharem suas pedras.

Ótimo era o que me faltava. Além de um livro perdido eu teria que achar uma pedra perdida. Olhei pros meus amigos. Emmett parecia empolgado demais, ele estava em pé na cadeira dançando. Levei um susto quando ele caiu.

- AI – gritou levantando e alisando seu “traseiro”. – Uau – exclamou. – Essa foi fácil.

Ele estava olhando alguma coisa ao lado de seu tronco/banco.

- Olhem – falou com um pedaço de madeira em uma mão, e um cordão na outra. – A minha é verde – falou animado.

Fui correndo até ele e analizei o compartimento escondido. Como isso durou tanto tempo ali? O da minha irmã também era muito misterioso. Já o de…

- Eu achei na moldura de um espelho, perto do hall – falou prontamente.

“Você está me irritando, sabia?” pensei. Edward riu alto e depois me abraçou.

- Emmett coloca logo, quero ver o que o seu tem – falou a baixinha quicando nos calcanhares.

O grandão se animou e logo colocou a corrente prateada. Ele ficou olhando pra todos nós, mas pela sua expressão ele não tinha nada. Ele fechou os olhos, e depois abriu. Chegou perto da cabeça de Rose e encostou o ouvido.

- Que droga, eu não faço nada – e pisou forte no chão, fazendo com que a terra tremesse um pouco.

Ele pareceu nem perceber, pois sentou denovo e ficou com cara emburrada. Rosalie tinha um sorriso malicioso.

- Ursão, você me surpreendeu – falou se jogando pra cima dele.

Ele coçou a cabeça e depois sorriu, dando um beijo nela.

- O que eu fiz? – ele perguntou, fazendo minha amiga escancarar a boca.

Ela levantou e foi até o lado de uma pedra enorme. Depois, com o indicador chamou ele – que foi rapidamente.

- Levanta isso – mandou a loira.

Ele arregalo os olhos e ficou olhando de Rose, pro dedo e pra pedra, em sequencia. Chegou uma hora em que ele respirou fundo e colocou as mãos por debaixo dela. Fechou os olhos e simplesmente a levantou.

Alice batia palminha.

- Temos que encontrar os outros – falou empolgada.

Novamente ela saiu do ar, assustando os outro três que ainda não tinham presenciado isso. Rose impediu Jasper de correr até ela. Ele encarou a irmã com um semblante irritado, fazendo com que ela lançasse um lhar medonho pra ele.

- Gente, temos que voltar pro castelo – disse saindo do transe. – Esme está preocupada.