POV (XXX)

Estou sentado na sala de espera há imenso tempo e ninguém me diz nada sobre a Carrie. Chamo-lhe Carrie porque ela estava a usar um colar com esse nome (remember chicas? ;) http://weheartit.com/entry/41033033/via/justin_lover_15 ), mas pode não ser o nome dela.

Não tenho a certeza do que estou aqui a fazer... Não conheço a miúda de lado nenhum e estou aqui sentado há horas preocupado com ela.

-É o irmão da menina que se tentou suicidar? - uma enfermeira interrompeu os meus pensamentos.

-Sim. - levantei-me - Está tudo bem com ela? Posso vê-la?

-Calma... Só preciso que me dê algumas informações sobre ela e depois pode vê-la.

"Merda. O que é que vou dizer?!" pensei.

-Ok. - disse simplesmente.

-Como é que ela se chama?

-Bella... Isabella.

Porque menti? Porque não quero que a família dela descubra que ela está aqui... Comigo. Só estou a tentar protegê-la porque se ela se tentou suicidar, alguma coisa não estava bem... Definitivamente.

-Isabella...? Último nome.

-Humm... Isabella... Isabella Miller.

-Okay... O número de telefone dos vossos pais?

-Humm... Os nossos pais morreram... Há algum tempo atrás.

-Ah... Peço desculpa. Quem é o responsável por vocês então?

-O responsável... O responsável é... O responsável sou... Sou eu. - Foda-se, se esta mulher me conhecesse saberia que estou a mentir em quase tudo que lhe estou a dizer. Tenho este problema de gaguejar quando minto.

-É maior de idade? - ela olhou para mim com uma cara desconfiada.

-Sim. Eu sei que tenho uma cara de adolescente, mas já sou maior de idade. Tenho 19 anos. - desde que estou aqui esta deve ser a primeira verdade que digo. Estou impressionado.

-Dê-me uma coisa que o identifique.

-Então? Não acredita na minha palavra?

-Não é isso, mas... É que...

Dei-lhe a minha carta de condução.

-Número de telefone?

Dei-lhe o número e ela apontou-o no papel da ficha da Carrie. A seguir, levou-me até ao que parecia ser o quarto da Carrie. E era. Deu-me meia hora e deixou-nos sozinhos.

-Hmmm... Olá. Nós ainda não nos conhecemos, eu sou o John... John Anderson. Se me estiveres a ouvir deves estar a pensar por que é que eu estou aqui se nem te conheço. - soltei uma gargalhada pelo nariz - A verdade é que nem eu sei a razão pela qual eu estou aqui, preocupado contigo e á espera que tu acordes. Quando te vi saltar daquela ponte com o ojetivo de morrer, provavelmente, lembrei-me de umas coisas... Umas coisas que aconteceram no passado e que me deixaram bastante marcado, - uma lágrima escorreu pelo meu rosto - mas são coisas que eu tenho que esquecer... Por isso, não quero que morras porque aconteceu alguma coisa que te deixou infeliz. Ainda tens muito para viver ao lado das pessoas que tu amas. Falando em pessoas que amas, por que é que ninguém te está a procurar? O que aconteceu á tua família? - eu sei que ela não vai responder a estas perguntas, mas estava com esperanças... - Se te tentaste suicidar porque estás sozinha ou assim, quero que saibas que eu posso dar-te uma vida feliz, ou perto isso... Posso ajudar-te no que precisares... Não quero que te tentes suicidar outra vez e se tentares, só espero estar lá para impedir que morras. - por mais que pareça, eu não me estou a declarar... Eu não estou totalmente apaixonado por ela... Só tenho curiosidade para a conhecer melhor e para saber a razão pela qual uma rapariga tão linda como ela quis morrer. Nada de mais.

Sentei-me no sofá e fiquei a olhar para ela. Tão perfeita...

A máquina que media os batimentos cardíacos da Carrie começou a fazer aquele barulho interminável e extremamente irritante. Primeiro, fiquei um pouco chocado, mas depois lembrei-me das séries da FOX que costumo ver á noite e percebi que aquele som quer dizer que o coração parou. Levantei-me rapidamente e corri até ao corredor.

-SOCORRO! O coração dela parou! MÉDICOS! - voltei para dentro do quarto e carreguei no botão de emergência para chamar os médicos. Comecei a ouvir várias pessoas no corredor a gritar "Código Azul! Código Azul!!!" e presumi que fosse para virem socorrer a Carrie. Segundos depois vários médicos chegaram e puseram-se á volta da Carrie, afastei-me da cama e sentei-me no sofá. Pus os cotovelos no joelho e as mãos na cabeça enquanto ouvia os médicos a gritar e a comunicar entre si. Estavam a fazer uma reanimação, mas pelos vistos o coração da Carrie não estava a reagir e eles já estavam prontos para desistir. Uma das enfermeiras aproximou-se de mim e começou a falar.

-O coração não está a ceder. Lamento informar, mas se o coração não começar a bater após esta tentativa, nós não poderemos fazer mais nada e ela vai morrer.

-CLEAR! - ouvi um médico a gritar.

O barulho não parou, o coração da Carrie continuava parado. Segundos depois o barulho parou.

É agora ou nunca... Ou o coração volta a bater e a Carrie tem mais uma oportunidade para viver, eu posso conhecê-la e talvez possamos ser amigos... Ou o coração da Carrie pára eternamente.

-Não morras. - eu disse baixo com os olhos marejados e com um nó na garganta.