The Other Half-Breed

When Love And Hate Collide - Special Chapter


You could have a change of heart
If you would only change your mind
Instead of slammin' down the phone, girl
For the hundredth time
I got your number on my wall
But I ain't gonna make that call
When divided we stand baby, united we fall....

Ela estava aflita por dentro, uma guerra de sentimentos estava sendo travada dentro dela, enquanto que por fora ela se mantia inabalável como sempre. Mas por quanto tempo mais? De dentro da cozinha ela olhava pela janela, observando algum sinal de vida sair da velha cova de Cain, já fazia mais de dez horas que haviam enterrado Zaira e ainda nada da ruiva.

—Você deveria ter chamado ele. –Hilda correu o risco de dizer enquanto preparava o jantar.

Ela se virou instantaneamente para encarar a irmã mais nova.

—Se eu tivesse feito isso Hilda, ele teria feito a única coisa no mundo que ela não me perdoaria. -Hilda franziu o cenho, Zelda continuou. –Ele quer marca-la.

—Marca-la? Para que? –Hilda conhecia tudo sobre bruxas, sua mãe ensinou tudo o que ela e a irmã precisavam saber, no entanto assunto relativos a mestiços não era um campo de estudos aprofundados, era muito raro na verdade, talvez os Spellman deveriam começar a escrever sobre eles, afinal de contas a população mestiça se resumia a eles.

—Sabrina para ser uma bruxa de verdade teve que assinar o livro, Zaira nunca precisou assina-lo, para ter seus poderes completos ela deve receber a marca, Damon diz que é a “Vestigium of Bestia".

—Ela vai virar um demônio?

Zelda rolou os olhos

—Ela é metade demônio Hilda ou você se esqueceu? Marcada ela teria pleno controle dos poderes bruxos e demoníacos, ao menos é o que Damon diz.

—Se é uma oferta tão boa assim por quê ela ainda não aceitou?

Zelda olhou novamente para a cova e respondeu sem olhar a irmã:

—Por que ela é rebelde? Crise existencial? Ou talvez ela só ache que se fizer isso estará dobrando os joelhos e fazendo o que odiamos fazer: obedecer.

O silêncio então reinou por ali até Hilda terminar o jantar.

Todos os quatro Spellmans comiam em silêncio, até claro Sabrina sendo Sabrina perguntar:

—Vai demorar muito para ela voltar?

Ambrose e Hilda olharam imediatamente para Zelda, e a mesma fez uma confissão rara:

—Eu não sei.

Foi então que as luzes do ambiente ficaram mais fracas e Zelda engoliu em seco, ela sabia exatamente quem estava se fazendo presente:

—Se a cova funcionar com ela... –A voz profunda dele foi ouvida antes mesmo de seu corpo se materializar na cozinha.

De repente os três Spellmans mais velhos ficaram em silêncio absoluto, Hilda e Ambrose sabendo que era melhor fazer de conta que não estavam ali começaram a encarar sua comida, Sabrina era a única a encarar o homem desconhecido que trocava um longo olhar com sua tia Zelda. Analisando a cena que encontrava Damon disse voltando a encarar a Spellman mais velha:

—Quando terminar, estarei lhe esperando lá fora.

E assim ele foi para a varanda e se sentou no banco esperando que Zelda o seguisse, enquanto ela não vinha ele pegou um charuto cubano e começou a fumar ao mesmo tempo em que deixava seu olhar vagar pelo cemitério da família Spellman.

—Sente-se. –Ele disse quando percebeu que ela o encarava da porta.

Respirando fundo e invocando toda a coragem que possuía Zelda caminhou na direção dele e provavelmente de sua morte certa, sentando-se ao seu lado.

—Você foi muito negligente ao não me revelar o estado de minha filha Zelda.

—Eu estou dando um jeito. –Ela defendeu-se.

Ele riu:

—Dando um jeito? Enterrando-a no seu quintal?

—É uma cova de Cain vai funcionar...

—Deveria, mas você já pensou na possibilidade de não funcionar? Zaira não é uma criatura qualquer. –Ele disse encarando seus olhos esverdeados.

Ela tentou se manter forte, mas até mesmo os mais fortes caem eventualmente.

—Ela vai voltar Damon. Ela tem que voltar! –Ela disse, mas a sua voz falhou.

Ele observava cada expressão, cada pequeno movimento da bruxa desesperada, por breves segundos ele teve piedade dela e sendo assim ele a abraçou dizendo:

—De uma maneira ou de outra ela vai voltar Zelda, nem que eu tenha que busca-la nos confins da terra.

Ele então sentiu sua camisa ser manchada por lágrimas, tão poucas vezes ele a viu chorar na vida, três vezes para ser exato: quando a mãe morreu, quando ele levou Zaira embora e claro quando Edward morreu. Ele apertou ainda mais o abraço dando o conforto que a bruxa não sabia que precisava.

Ele olhava para seu cabelo hoje mais escuro do que a décadas atrás, enquanto ela ainda se escondia do mundo e das consequências de seus atos em seu abraço. Damon e Zelda abraçados sem segundas intenções, era uma visão rara, mas não deixava de ser bela, uma visão que só seria vista por apenas uma terceira pessoa: Hilda, que na opinião de Damon os interrompeu desnecessariamente:

—Zelda... –Assim que ouviu seu nome a mais velha sentou-se apropriadamente e recompondo-se encarou a irmã. –Sabrina e eu estamos indo para a cama, Ambrose foi visitar Luke. Não se preocupe com Letti, eu cuido dela.

Zelda assentiu grata e Hilda saiu dali apressadamente.

—Você a ama? –Ele ouviu ela perguntar insegura.

—Não sou mortal para compartilhar de tal sentimento Zelda, mas ela é importante o suficiente para mim, de modo que eu faria qualquer coisa por ela.

Ela assentiu, se tratando dele isso bastava. Ver a cova já estava se tornando difícil devido a escuridão que a noite trazia.

—Eu a amo, eu nunca disse isso para ela em um momento que ela pudesse se lembrar, mas eu a amo. Tudo o que sempre quis foi protege-la, quando eu a peguei nos braços pela primeira vez eu sabia que tinha que cuidar dela... –Ela fez uma pausa, sentindo um nó se formar em sua garganta. –Eu criei Sabrina como se fosse minha e mesmo que ela tenha me dito que eu não sou sua mãe, eu sinto como se fosse e odeio quando falho com ela, se Zaira não voltar eu nunca vou ser capaz de me perdoar.

Ele acariciou sua bochecha e beijou sua testa.

—Quando ela voltar eu lhe darei um ultimato. Se ela estivesse com a marca ela seria capaz de se proteger e não morrer no processo.

—Isso não teria acontecido se ela ainda estivesse com seus poderes de bruxa.

—Zelda... Vai acontecer de um dia ela precisar de plenos poderes para se defender e eu não estarei lá como estive na noite passada. Ela colecionou seus próprios inimigos ao longo dos anos e uma hora o preço será cobrado.

Ela suspirou e esfregou os braços o vento estava mais frio que o normal essa noite, talvez fosse a presença dele...

Percebendo que ela estava sentindo frio, ele a puxou para mais perto de si com o propósito de compartilhar seu calor com ela.

Ela não protestou, se fosse honesta consigo mesma admitiria que gosta desse tipo de contato com ele, por mais que ele tenha o poder de machucá-la ela se sente protegida, se Sabrina soubesse disse com certeza diria que ela sofre de um estado grave da Síndrome de Estocolmo.

A lua já estava alta no céu quando ele percebeu que ela estava dormindo, ele respirou fundo e se levantou com ela em seus braços, ele notou o quão exausta ela estava, pois a mesma mal se mexeu.

Seu plano era deixa-la no quarto que ela compartilhava com Hilda, mas imagina quão boa foi a surpresa dele ao descobrir que ela não dividia mais o quarto com a irmã... Onde antes havia duas camas de solteiro, agora havia uma única cama de casal.

Ele a colocou na cama sem segundas intenções, a cobriu e quando estava prestes a ir embora ele ouviu ela sussurrar:

—Fique.

Ele imediatamente a encarou para ter certeza de não estar imaginando tais palavras, ela se limitou a assentir. Acatando seu pedido ele acabou se deitando com ela.

Ele a viu dormir até as primeiras horas da manhã, ele nunca admitiria isso em voz alta, mas gostava de vê-la dormir, sua expressão era cem vezes mais serena, seu cabelo ficava selvagem, ela quase parecia uma criatura inofensiva, quase; Além do mais não seria mentira se ele dissesse que já fez isso muitas vezes. Ela começou a se mexer e foi assim que ele soube que ela estava acordando.

Quando abriu os olhos a primeira coisa que viu foi aquele par de olhos negros a encarando, após piscar algumas vezes ela começou a levantar-se, enquanto escolhia uma roupa ela sentia os olhos dele perfurarem suas costas, sendo assim ela perguntou:

—Você vai ficar para o café da manhã?

—Não quero incomoda-la.

Ela se virou instantaneamente com a sobrancelha erguida, a essa altura ele já se encontrava na janela encarando o cemitério que estava igual ao dia anterior.

—Você não pode estar falando sério... –Ela riu secamente.

—O que? Eu respeito seu espaço.

—Respeita... –Ela resmungou e voltou a encarar suas roupas.

Em milésimos de segundos ele se encontrava atrás dela.

—Nossa relação é algo que diz respeito somente a mim e a você, não há necessidade de incluir sua família nisso.

“Relação” ela rolou os olhos, esse relacionamento deturpado deles realmente não precisava chegar ao conhecimento dos outros. Lembrando-se então do que ele disse no dia anterior ela perguntou:

—Ontem você disse que iria dar um ultimato a ela.

Ele respirou fundo:

—Porque você sempre tem que estragar o clima Zelda?

—Não sei, talvez isso faça parte de mim. –Ela respondeu impaciente e assim ele sabia que a trégua deles estava se esvaindo.

Ele foi se aproximando dela, prensando-a na parede, um ser normal já estaria suplicando sua misericórdia, mas ela? Ela não é qualquer um e maldito seja, mas ela é a sua preferida.

—Você quer saber de uma coisa? Isso é tudo culpa sua! Se você não tivesse tirado os poderes dela isso jamais teria acontecido. –Ela disse o desafiando, tendo a audácia de apontar o dedo para ele.

Ele é orgulhoso do autocontrole que cultivou ao longo dos séculos, pois se não o tivesse já teria quebrado o pescoço dela há décadas. Agora sim ele se lembra de quem Zaira herdou o dom de ser tão petulante, isso para não falar das demais qualidades que o tira do sério.

—Zelda...

—O que foi vai tirar meus poderes também? –Ela disse em tom de deboche.

—Você sabe muito bem que eu posso fazer coisas piores que isso. –Ele a alertou.

Ali encarando-a ele notou que seus olhos esverdeados estavam sombrios:

—Mostre-me. –Ela o desafiou e com um sorriso perverso ele rasgou seu vestido de uma vez.

Ele a ergueu e a levou para a cama.

—Por que você não pode pedir por sexo como uma bruxa normal? –Ele perguntou lhe dirigindo um sorriso safado.

—Apenas me faça esquecer Damon.

—Seu desejo é uma ordem... –Ele sussurrou em sua orelha e riu quando viu ela se arrepiar, então dirigiu sua boca em direção ao pescoço, mais especificamente a jugular e ali ele mordeu. Mordeu até suas presas perfurarem seu pescoço e sugou.

As técnicas vampirescas ele raramente as usou com ela, era perigoso afinal, o sangue dela tão delicioso... ele poderia facilmente acabar se empolgando e perdendo o controle. Por isso ele se concentrou bastante nos batimentos cardíacos dela e não em seus gemidos abafados.

Ele não é um vampiro, ele criou o primeiro através de um acordo, mas ele era um demônio no fim das contas. O efeito de sua mordida deixa a vítima anestesiada, quase que drogada e é isso que a fará esquecer por um momento de todos os seus problemas.

Ela sente retornar a consciência quando percebe que ele brinca com o feixo do sutiã. Com a mente ainda entorpecida ela cede a ele, ela deixa que ele explore cada parte de seu corpo. No entanto ele não consuma o ato, ele se afasta e acaba deitando ao seu lado.

—Por que parou? –Ela perguntou ainda grogue.

—Não vou transar com você parecendo um zumbie Zelda. –Ele disse seriamente, enquanto encarava o teto.

—Já transou comigo bêbada!

—Bêbada você é mais divertida, mil vezes mais escandalosa diga-se de passagem. –Ele justificou e riu quando viu ela fazer bico.

Após um minuto de silêncio ela virou o rosto para ele:

—Damon... Você não vai machuca-la não é?

Ele suspirou e a encarou, colocando uma mecha de cabelo ruivo atrás da orelha dela ele disse:

—A única coisa que eu te pedi desde que ela nasceu foi que nunca ficasse entre nós dois Zelda, por favor não me desafie por ela ou nem mesmo eu vou gostar das consequências...

Ela suspirou, esse era o jeito “gentil” dele lembra-la de que nunca seriam iguais, ela era propriedade dele, apenas mais um ser para seu entretenimento particular.

—É melhor você ir. –Ela murmurou.

—Zelda...

—Você já deixou bem claro que eu não passo de um brinquedo para você Damon. Vá embora.

—Se você fosse apenas um brinquedo você acha que eu levaria isso tudo tão longe? Que duraria tanto tempo? Que eu deixaria você livre?

Ela riu secamente:

—Livre? Desde quando você me deu liberdade para algo Damon?

Ela o fuzilou.

—Desde o momento em que eu permiti que viesse para a casa dos seus pais com Zaira, desde o momento que eu permito que você viva aqui, desde o momento em que eu permito que você saia fornicando com qualquer um. –Ele disse enquanto se levantava zangado.

—Vá. Embora. Agora! –Ela disse pausadamente e em tom ameaçador.

Ele saiu do quarto e meia hora depois ela desceu para o café da manhã. Imagine seu olhar de fúria quando o encontrou na mesa comendo da torta de maçã de Hilda e lendo o seu jornal, lógico que ela não disse nada, isso não significa que Sabrina não tenha dito.

Logo após comer seu primeiro pedaço de torta a bruxinha perguntou ao homem desconhecido:

—Então você dormiu aqui?

Damon tirou o olhar do jornal e encarou a mestiça, aparentemente a loira havia finalmente assinado o livro.

—Algo assim. –Ele disse.

—Aê tia Zee! Podemos esperar um novo ruivinho daqui treze meses? –Ambrose disse, e Damon escondeu o sorriso atrás do jornal, Zelda imediatamente deu um tapa na nuca do jovem:

—Me respeite garoto. –Ela murmurou zangada.

Foi então que Hilda que estava na pia deixou o prato cair no chão e quebrar ao mesmo tempo que dizia:

—Louvado seja Satã!

Instantaneamente todos se juntaram na janela e de lá tiveram a visão de uma ruiva limpando o excesso de terra do corpo.

Todos observaram a ruiva caminhar em direção a entrada da cozinha, Damon disse em seu tom autoritário usual:

—Esperem-na sala, vou falar com ela primeiro.

Ninguém o obedeceu e ele lançou um segundo olhar o que fez com que Ambrose saísse arrastando Sabrina dali. No entanto ambas as irmãs Spellman permaneceram, ele estava prestes a abrir a boca para pedir para que elas saíssem quando a filha abriu a porta, ele foi capaz de ver Zelda suspirar imperceptivelmente enquanto Hilda corria na direção da jovem ruiva para abraça-la.

E depois do ultimato?

O que restou a ele foi ir embora dali, ele tinha certeza que nenhuma das duas queria vê-lo naquele momento, ele não se importa muito com o que elas querem ou não ele é um príncipe na verdade, no entanto ele dará tempo ao tempo. Afinal cedo ou tarde elas irão precisar dele e ele estará lá para ser o que elas precisam: seja o pai zeloso ou o amante selvagem. Enquanto isso o que resta a ele é simplesmente se divertir e talvez orar ao pai que Zelda fique de bom humor com ele, afinal uma Zelda Spellman de bom humor é algo realmente prazeroso.

I don't want to fight no more
I don't know what we're fighting for
When we treat each other baby
Like an act of war
I can tell a million lies
It would come as no surprise
When the truth is like a stranger
It hits you right between the eyes

When Love And Hate Collide - Def Leppard