The Orphan - Season 1

Capítulo 13 – Happy Christmas!


- Violet – 22 de dezembro de 1993

Snape...

Por algum motivo ele foi compassivo e gentil, me ajudou e me salvou, não tenho palavras para descrever o quanto fiquei feliz em saber que ele se importava comigo! Porém, logo que saí da enfermaria passou a me evitar. Quando estávamos no mesmo corredor, fazia questão de mal olhar na minha direção.

Por que ele faz isso?

Todo o carinho que adquiri por ele despencou, literalmente. Fiquei revoltada por dias tentando compreender o porquê de ele me rejeitar, mas logo me convenci que não adiantava ficar remoendo o passado. Decidida, resolvi esquecer tudo que sabia sobre meus pais e seguir em frente.

Uma parte de mim quis muito se abrir com o Harry e revelar que éramos irmãos, mas se fizesse isso teria que dar explicações sobre o que aconteceu e sobre quem é meu pai. Eu não queria reviver tudo, portanto, decidi me calar e simplesmente ignorar nosso parentesco.

Nos dias que se passaram percebi uma Minerva mais preocupada, sempre de conversas secretas com Dumbledore.

Minha rotina não podia ficar mais tediosa. Pela manhã ficava no meu quarto ou ia à biblioteca; durante a tarde andava pelos jardins e conversava com a Luna e à noite ficava até tarde ensinando xadrez de bruxo para Helga.

Na segunda semana de dezembro resolvi fazer algo diferente e, olhando a sala dos troféus, descobri que Eileen Prince foi uma grande batedora do time de Quadribol de sua época, praticamente imbatível! Isso instigou-me profundamente e, recordando os jogos do ano, lembrei-me que Harry amava jogar. Ele dizia que se sentia livre voando pela quadra, se sentia importante por ser o único capaz de dar a vitória definitiva para a Grifinória.

Ser livre... É tudo que eu mais quero.

Eu queria sentir essa liberdade, a adrenalina correndo nas minhas veias, o vento soprando por meu rosto, a sensação de vitória, tudo!

No meu íntimo desejei por um momento ser a batedora oficial da Sonserina, aplaudida por todos e reconhecida como uma excelente jogadora. Queria jogar na cara dele que eu podia ser boa em alguma coisa; na verdade cheguei a querer impressioná-lo, fazê-lo sentir orgulho de mim.

Não Violet, ele não merece sua preocupação.

Desde a noite do berrador estávamos realmente mais próximos. Ele já não era um homem extremamente frio e calculista, apenas um tanto fechado. Coseguia até arrancar alguns raros sorrisos. Eu era feliz e não sabia! Depois do acidente ele mudou completamente. Passou a me evitar e nunca mais permitiu qualquer aproximação.

Percebi que todos os professores perceberam a mudança de humor repentina, mas apenas um sabia o motivo: Dumbledore. Outro dia, enquanto pedia permissão para usar a quadra de quadribol, ele indagou-me sobre o assunto. “Violet, o que aconteceu entre você e o professor Snape?”, disse ele. “Ele me ignora completamente. Decidi ignorá-lo também”, afirmei evidentemente magoada.

O que ele quis dizer com “o que aconteceu entre você e o professor Snape”? Severo é assim com todos os alunos, por que comigo seria diferente? Mesmo sendo sua filha, certamente nunca passaria de suposições.

Passei todas as manhãs na quadra de Quadribol com Helga, ora treinando ora lendo. Uma vez ou outra senti alguém me observando, mas nunca consegui confirmar se minhas suspeitas tinham fundamento. A cada dia meus movimentos ficavam melhores e mais rápidos. Helga me disse que, se continuasse como estava, seria em breve a melhor jogadora do time.

Novamente os dias foram passando e logo era véspera de natal. Luna iria embora e eu não fazia ideia de onde ficaria. Por um lado pensei em permanecer em Hogwards, mas não era justo com os professores e funcionários, além de o fato que eu ficaria sozinha até a volta às aulas.

- Violet, meu pai virá me buscar em dois dias, onde você ficará? – perguntou-me Luna durante o jantar.

- Não sei Luna... Realmente não sei... – respondi pensativa.

- Se você quiser posso pedir a ele para que você nos acompanhe... Somos sempre nós dois, seria muito divertido ter mais alguém...

- É muita gentileza sua Luna, mas não quero me intrometer num natal em família... Fique com o seu pai, você não sabe a sorte que tem... – sorri desanimadamente.

- Tem certeza? Se eu pedir ele aceita...

- Não se preocupe comigo Luna, ficarei bem. – menti – Ainda não sei como, mas vou dar um jeito. – pisquei, afugentando os fantasmas do passado.

Durante minha infância toda ficava sozinha em dias de festa. Ninguém se preocupava comigo, ninguém ligava para a minha existência.

- Eu gostaria muito de estar com você nas festas de final de ano... Será que posso ao menos te dar um presente?

- Luna, não precisa se incomodar... E não insista! – brinquei.

- Por mais que você não aceite vou sim te dar um presente! E se não aceitar ficarei muito triste... – disse ela, fazendo uma expressão de cachorrinho sem dono.

- Ah Luna, isso não vale! – reclamei rindo – Como eu posso te negar algo depois dessa cara? – falei, arremessando algumas castanhas que estavam no prato.

- Sua mira é ruim não? Como será uma batedora se nem as castanhas consegue acertar? – provocou, desviando de todas.

- Ah é? – falei, pegando um punhado de castanhas e atirando uma a uma em seu rosto.

Por mais que Luna desviasse, todas acertaram em cheio seu cabelo, fazendo-nos rir. Percebi que alguns professores nos observavam com curiosidade e alguns simplesmente por olhar (Snape).

- Tá, você venceu! – exclamou ela, tirando as cascas do cabelo.

Rimos durante o jantar todo, ainda sob os olhares atentos dos professores e dos demais alunos. Ignorei todos.

Isso já está incomodando...

- Violet – 25 de dezembro de 1993 –

- Feliz natal! – gritou Luna assim que entrei no salão principal, abraçando-me fortemente e arrancando olhares curiosos.

- Hey! Bom dia para você também! – respondi divertida assim que nos soltamos do abraço.

- Venha, quero te dar uma coisa. – disse ela, conduzindo-me até o lugar de sempre em frente aos professores.

- Luna, eu já falei que não quero nada, como você é teimosa! – brinquei, sentando-me imediatamente.

- Mais que você eu não sou. – garantiu. – Agora abra – disse ela, entregando-me uma caixa retangular. – Não é muita coisa, mas fiz com carinho.

Dentro dela estava um porta-retratos decorado complementado por uma foto nossa e uma mensagem no canto inferior direito. “Para uma pessoa muito especial! Saiba que sempre estarei aqui para o que precisar! Sua eterna amiga aluada, Luna.”

O presente em si era muito simples e um tanto fofo demais, mas o carinho com que foi feito, o tempo que levou e a preocupação em cada detalhe emocionou-me muito. Luna era uma grande amiga, realmente alguém muito importante. Só de pensar que ela lembrou-se de mim, já encheu meus olhos de água.

- Luna, isso é... – comecei, já emocionada – É lindo! Eu nem sei como agradecer – sorri observando a foto.

- Fico muito feliz que tenha gostado... Esse presente é para que nunca se esqueça de mim...

- Nunca esquecerei, pode ter certeza! – falei, levantando-me e abraçando-a.

- Vamos comer? Estou com fome...

- Quando não está com fome? – rimos.

Conforme passava o dia ouvi todos os fantasmas desejarem Feliz Natal, os alunos corriam em polvorosa pelos corredores e os professores tentavam controlá-los. Logo Dumbledore avisou que seria feita uma grande ceia para os alunos e professores, seguida por uma festa e a tradicional apresentação dos fantasmas, que, segundo ele, tinham uma surpresa esse ano.

Como não tive ânimo algum para festas, decidi permanecer no meu quarto, pediria desculpas à Luna depois. Assim que entrei no salão comunal da sonserina Helga me avisou que tinham chegado vários presentes.

- Presentes? Mas de quem? – perguntei, curiosa.

- Helga não sabe dizer menina Eileen... – lamentou ela com um tom estranhamente ansioso em sua voz. – Talvez devesse abri-los...

Então é isso... Ela está curiosa para ver meus presentes!

Ri com o pensamento e, acenando, aproximei-me e sentei-me no chão ao lado da lareira. O primeiro pacote estava endereçado à Eileen Prince Jr.

Só uma pessoa me aprontaria isso... Ou melhor: duas!

Fred e Jorge me mandaram dois livros sobre feitiços complexos, que particularmente adorei.

“Mal podemos esperar para voltarmos à escola... Temos muitos planos para o próximo semestre... Feliz Natal Eileen Jr!!”

Rony e os pais mandaram dois suéteres verdes com as letras V. e E. bordadas em prata.

“De tanto que Harry e Hermione falam sobre a “Sonserina que deu uma lição no Malfoy e no Snape ao mesmo tempo” mamãe e papai estão loucos de vontade de te conhecer! - Espero que goste dos suéteres... O ‘E’ foi ideia do Fred.”.

Hermione também me mandou um livro, porém muito mais interessante que os da escola.

“Espero que goste... Feliz Natal Violet! Estou com saudades...”

Harry mandou-me uma boneca de porcelana e um porta-retratos.

Assim que vi essa boneca lembrei-me de você: olhos azuis, cabelos negros e pele branca. Só espero que ela também não seja explosiva...

Quanto à foto... É só para ter certeza que você não se esquecerá dos grifinórios tão cedo... Feliz Natal Violet! Sinto sua falta ‘irmãzinha’!

Sophie mandou-me um relato completo de suas férias e um lindo vestido preto.

Alessa, como sempre, surpreendeu-me na ousadia. Mandou um sapato preto de salto alto tipicamente sonserino.

Mary mandou-me uma caixa de fotografias nossas e um diário. “Assim você poderá se confidenciar com alguém...”.

Por fim sobraram duas caixas pequenas. Uma delas era uma caixinha vermelha e extremamente leve.

“Essa é apenas uma lembrancinha, mas gostaria muito que usasse. Comprei pensando em você! - Feliz Natal Violet”

- Minerva... – concluí com um sorriso no rosto.

Abrindo a pequena caixa deparei-me com uma delicada pulseira prateada.

Por fim peguei o último embrulho: uma caixa pequena e negra.

- Estranho... Não tem assinatura... Quem será que me mandou isso? – perguntei a mim mesma.

Cuidadosamente abri a caixinha, encontrando uma linda pulseira dourada.

Era de sua mãe. Ficaria perfeito em você”.

- Minha... mãe?

Como alguém tinha uma pulseira dela? Ou melhor, quem?

Mesmo com a insistência de Helga decidi ficar no quarto. Luna me procurou novamente, mas consegui evitá-la inventando uma dor de cabeça. Felizmente, não insistiu.

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Minerva procurou-me no dia seguinte para conversar acerca minha permanência em Hogwards. Por mais que eu insistisse em ir embora, ela acabou convencendo-me a ficar até voltarem às aulas. “Aqui é o seu lugar Violet, sua casa!’’, disse ela.

Assim como combinamos, permaneci no castelo, dando continuidade à rotina de antes. Biblioteca, almoço, quadribol, jantar, cama. Estava cada vez melhor no jogo, extremamente confiante de que seria aceita nos primeiros testes.

Durante as férias troquei diversas cartas com meus amigos grifinórios e as meninas sonserinas, assim como minha loirinha aluada.

Faltavam poucos dias para a volta às aulas, e Snape continuava a me ignorar.