The Oc: Pecados no Paraíso

Capítulo 6: The Baby-sitter


Cal vestiu o casaco e botou a mochila nas costas. Apanhou as chaves do carro em cima do criado mudo e saiu andando na ponta dos pés, desceu a escada devagar, fazendo o mínimo de barulho possível; o dia ainda estava clareando e sua cabeça doía um pouco em decorrência do porre que tomou na noite anterior. Antes de botar a mão na maçaneta, deu-se conta que não estava mais sozinho. Caleb pigarreou.

- Onde você pensa que vai, Cal?

- Pra SanFran. – Caleb balançou a cabeça. – Por que não? Você concordou antes.

- Antes de você chegar em casa bêbado de novo. Você acha que eu vou deixar você ir pra San Francisco e acabar preso outra vez?

- Afinal, por que você finge que se importa? Que eu saiba você vai viajar hoje pra Washington.

- Mas um motivo pra você ficar em casa. De castigo. – Cal deu uma risada, mas quando percebeu que o pai não estava mesmo brincando fez uma cara feia e bateu o pé. – A Marissa e a irmã vão ficar em casa nesse fim de semana, por que você não aproveita pra conhecer melhor suas irmãs.

-Elas não são minhas irmãs. A Marissa vai ficar aqui o fim de semana inteiro? – não foi nada menos que a ideia de passar um fim de semana inteiro infernizando Marissa Cooper que fez Cal voltou para o quarto e guardar a mochila; também fugir de casa quando o pai sabia onde e quando ele estava indo não teria graça.

Quando desceu pra tomar café da manhã, encontrou Kathlyn Cooper, a filha mais nova de Julie, que estudava no colégio interno; era uma garota alta e magra, de treze anos, bastante parecida com Marissa, “só que com menos peito”, pensou Cal. Kathlyn parecia tão animada quanto o próprio Cal pra passar aquele fim de semana na mansão mal assombrada dos Nichol; ela praticamente não falou durante o café que tomaram juntos, enquanto Caleb e Julie se preparavam pra viajar. Depois Cal foi sentar na sala, de frente pra TV; não estava interessado em assistir nada, mas passava de canal com o controle como se aquilo fosse um exercício interessante.

- Quando minha mãe vai parar de me tratar como criança? – Kathlyn entrou reclamando, e sentou no sofá ao lado de Cal. – Babá, eu não preciso de babá.

- Eu tenho certeza que não, Kathlyn. – Cal sorriu, gostando bem mais dessa Cooper do que da outra, aquele jeitinho certo de Marissa era irritante. Enquanto Kathlyn fazia cara feia, ouviram a voz de Julie se aproximando, com certeza estava falando com a babá.

- Não se preocupe, qualquer coisa pode ligar. Kathlyn? Você está aí? – Kathlyn abaixou-se, tentando se esconder atrás do sofá, Cal fez o mesmo. – Kath, você não advinha quem chegou. – Cal fez uma careta, Julie falava com a garota como se ela tivesse três anos, se fosse com ele, daria um basta.

- Kathlyn?

- Marissa? – dessa vez Kathlyn se levantou quase correndo e foi abraçar a irmã; Cal levantou a cabeça devagar, Marissa era a babá.

- Bom, vocês duas vão se divertir o fim de semana, eu espero. – Julie deu um sorriso satisfeito, afinal, suas garotas estavam surpreendidas, e felizes por terem a casa só pra elas durante dois dias.

- Cal? – disse Marissa percebendo a presença dele.

- Marissa!

- Cal? O que você está fazendo aqui? Você não ia pra San Francisco?

-E encontrar os amigos marginais? De jeito nenhum. – Caleb acabara de entrar. – Julie, nós precisamos ir. E você, Cal por favor, fique longe de confusão. – Caleb não se preocupou em se despedir melhor do filho ou das enteadas. Julie não estava gostando da ideia de deixar suas garotas sozinhas com aquele delinquente juvenil que era o enteado, e ela não era a única.

-Mãe, eu não posso ficar um fim de semana inteiro com esse cara!

- Ah, Marissa, eu... Por que você não foi pra SanFran?

- Você ouviu o meu pai, Julie.

- Não faz essa cara de inocente pra mim, Caleb. Marissa, querida...

- Julie, você pretende vir ou não? – a voz de Caleb parecia irritada; Julie suspirou, olhando para Cal com impaciência.

- Marissa, por favor. Escuta – disse a Cal – se você aprontar alguma coisa, eu vou te matar.

- Não se preocupe, eu vou obedecer tudo que a babá mandar.

- Mãe, não, eu não...

- Julie!

- Eu preciso ir, garotas, bom, comportem-se, e liguem se acontecer alguma coisa. – Julie beijou a cabeça de Kathlyn, e deu um abraço em Marissa que continuava tentando convencer a mãe a não deixá-la em casa sozinha com Cal, mas Julie já estava de saída, e o máximo que ela pôde fazer foi fechar a porta quando a mãe e o padrasto saíram. Voltou para a sala, Kathlyn estava falando sobre Gossip Girls com Cal; Marissa detestava o jeito como ele conseguia manipular todo mundo.

-Ei, Kath, e se eu ligar para o papai e pedir para ele vir buscar a gente? Nós podemos ver Gossip Girls. . – Kathlyn não achou uma ideia tão legal, ao contrário de Marissa, não gostava de abrir mão do luxo na casa dos Nichol.

- O Cal tem Gossip Girls, nós podemos ver com ele.

- Ele também sente a sua falta, sabia?

- Ahm, ok, Marissa, tudo bem. – Marissa pegou o telefone e ligou pra Jimmy; ele estava no trabalho. Marissa estava tão acostumada com o pai desempregado que nem tinha lembrado que ele poderia estar ocupado. E não deu outra; o hotel estava lotado, e havia um evento, portanto ele estaria muito ocupado durante todo o fim de semana.

- Ok, pai, não, tudo bem, a gente fica aqui na casa da mamãe mesmo. Tchau. – Kathlyn se esforçou pra não demonstrar o quanto ficou contente por saber que o pai não tinha tempo de “cuidar” delas no fim de semana. Marissa entendia, ali na mansão tinha piscina, TV de LED e muito mais conforto que o apartamento pequeno de Jimmy. Mas também tinha a presença non grata de Cal; e se Ryan soubesse que ela estava sozinha com Cal, o namoro dos dois ia para o espaço de vez.

- Você ficou em casa hoje só pra me tirar do sério, não foi?

- Marissa, acho que você tá me confundindo com alguém que se importa com você.

- Garoto grosso.

- Então, Kathlyn, você quer assistir Gossip Girls?

-Claro. Você quer não é Marissa?

- Que tal se a gente fosse ao shopping? – Marissa sugeriu e viu os olhos de Kathlyn brilharem; um a zero pra ela, Gossip girls era a série preferida dela e Kathlyn, Cal não roubaria isso. – Eu vou ligar pra Summer.

- Shopping? Ótima ideia. Eu dirijo.

- Você não foi convidado, Caleb. – Marissa usou o nome completo pra irritá-lo um pouco.

- Kathlyn, você quer que eu vá, ou não? – Kathlyn queria, e muito. Não entendia por que Marissa não gostava de Cal, se era impossível não gostar dele; e se pudesse tirar fotos com ele no celular e mostrar as colegas do internato e dizer que era seu namorado, elas nunca mais lhe chamariam de boca virgem.

- Claro, vamos todos. – se a irmã não queria se tratada como criança, não deveria se comportar como uma, pensou Marissa, irritada; quando Julie a convidou pra ficar com Kathlyn na mansão, afirmou que Cal ia estar fora durante todo o fim de semana, agora ele estava indo para o shopping com ela e a irmã. O objetivo da vida de Caleb Nichol Junior era infernizar a sua vida.

Se Marissa já estava achando um custo aguentar Cal sozinho com Kathlyn, não melhorou quando encontraram Summer no shopping. Ela simplesmente não suportava a ideia de ver a melhor amiga apaixonada por alguém tão desprezível como Cal; mesmo que Summer dissesse que não estava apaixonada por ele, Marissa não via outra explicação para que sua amiga achasse que Cal era um cara legal. Mas Kathlyn estava se divertindo, e essa era a ideia; Marissa até conseguiu ignorar as brincadeiras sem noção do garoto e aproveitar a tarde com a irmã. Não fizeram muitas compras, por que Julie não tinha deixado o cartão de credito disponível e Marissa não tinha dinheiro, a sua mesada já tinha sido gasta com as contas de casa até que Jimmy começasse a receber; mas Cal comprou um par de botas que Kathlyn adorou e custava quinhentos dólares. Nisso Marissa teve que admitir, de vez em quando, muito de vez em quando ele consegue ser legal.

- Mas também, quinhentos dólares não faz diferença nenhuma pra ele, não é? – disse a Summer quando as duas estavam no banheiro.

- Essa sua implicância com o Baby Nichol esta começando a ficar suspeita, Coop!

- Summer!

- É sério; nos filmes começa assim, uma implicância gratuita e quando a gente menos imagina os dois estão apaixonados.

- Eu nunca me apaixonaria pelo Baby Nichol, Summer, muito menos sabendo que você gosta dele.

- E eu já falei que não gosto dele. – Summer afirmou, porém não havia muita segurança em sua voz. – Ok, talvez eu goste, mas, isso não importa muito se ele não se interessa por mim. E se você se interessar por ele, ok, eu deixo. Mas do que nós estamos falando, Coop? Nós sabemos que o Baby Nichol é apaixonado pela Anabelle, não é? – quando as duas amigas voltaram a encontrar Cal e Kathlyn, eles estavam na loja de games. – A sua irmã parece um garoto. – Summer disse, como sempre, naturalmente, e Marissa não evitou rir. – Desculpa, Coop.

- Ok, vamos embora. – nem Cal, nem Kathlyn despregou o olho do jogo. – Vamos embora, Caleb Nichol Junior. – Marissa falou tão alto que algumas pessoas que estavam perto se viraram pra olhar, isso foi o suficiente pra fazer Cal querer sair da loja correndo, era incrível o estrago que conseguia fazer apenas dizendo o nome dele. Marissa riu da cara feia de Cal, mas logo que deixaram a loja e as perguntas das pessoas em sussurros sobre Caleb Nichol ficaram fora de escuta, ele voltou a ser irritante outra vez. Sugeriu que fossem ao cinema, mas Kathlyn queria ir pra casa, então passaram na locadora pra pegar filmes. – Summer, você vai com a gente pra casa?

- Não, eu preciso fazer umas coisas em casa, Coop.

- O que, Sum? – Cal perguntou, passando o braço em volta dos ombros da garota. – Dever de matemática?

- Você é muito engraçado, Cal. Vejo vocês depois, Bye.

Quando voltaram pra casa, Cal preferiu ir tomar banho de piscina a jogar mais vídeo game com Kathlyn; depois passou o resto da tarde trancado no quarto, certamente falando com Anabelle, Marissa imaginou e também se perguntou como aquela menina poderia aguenta-lo. Pelo menos ele deixou-a em paz; foi uma tarde agradável, depois de ver um pouco de Gossip Girls com Kathlyn, Marissa ficou deitada, mexendo no computador, até se dar conta que estava com saudade de Ryan; as coisas entre os dois estavam começando a ficar estranhas demais, o ciúme dele já passava dos limites, mas Marissa ainda gostava muito do namorado, muito pra deixar que as coisas terminassem por conta de maus entendidos. Ela telefonou pra Ryan, disse que estava na casa da mãe com a irmã.

- Nós não podemos sair, fazer alguma coisa? – Ryan perguntou ao telefone, Marissa podia apostar que ele já estava arrependido por causa da última briga que tiveram por causa da besteira que Cal inventou de fazer aquela peça na escola, era sempre culpa dele.

- Não, eu não posso sair hoje, estou com a Kathlyn, lembra?

- Hum... Eu posso ir ai te ver?

- Ahm, claro, claro, ótima ideia. A gente se vê então.

- Ok. E Marissa, eu te amo.

- Eu te amo também. – Marissa desligou o telefone e quando se virou Cal estava escorado na escada com aquela cara de debochado que ele fazia tão bem.

- Que fofo.

- Você agora deu pra ouvir as conversas alheias?

- É engraçado, Marissa, você é muito engraçada. Cadê a Kathlyn?

- Por que você quer saber? – Cal deu de ombros e seguiu pra outra sala, se jogando no sofá; pegou o controle e ligou a TV. – ahm, o Ryan está vindo aqui.

- Que legal.

- Será que você poderia fingir que não está em casa?

- Desculpe, eu não entendi.

- Fica no seu quarto, quieto, e o Ryan nem vai saber que você está aqui.

- E o que eu ganho com isso?

- A minha gratidão.

- Muito pouco.

- Poxa, Cal, eu estou tentando ser legal com você, você poderia ser legal comigo também não é?

- Ficando escondido no meu quarto pra você namorar? Não. Além do mais, isso é coisa de irmão, Marissa, eu não sou seu irmão. E, por que o Ryan não pode me ver, na minha casa?

- Ah, você sabe por que.

- Por que o Ryan tem ciúme de mim? – Marissa deu de ombros, era mesmo uma pergunta interessante, por que Ryan tinha ciúme de Cal se sabia que ela o detestava? – se o seu namorado não confia em você, Marissa, eu não posso fazer nada, me desculpe.

- O Ryan confia em mim.

- Oh! Tanto que você não pode falar com outro cara, que, aliás, é praticamente seu irmão, quer dizer, modo de falar, não é?

- Cal, sabe de uma coisa, eu tento, mas você é completamente idiota. – Marissa sentou na extremidade do sofá, o mais longe que podia de Cal, enquanto ele mudava de canal fingindo estar interessado na programação da TV. Marissa lembrou do que Summer tinha dito mais cedo, e lembrou do primeiro encontro dela e Cal naquela casa e do jeito como ele quase tinha lhe beijado; é claro que ela o detestava, por que ele ficava atraindo a atenção de Summer, e querendo se divertir as custas da sua melhor amiga; por que ele é completamente convencido e metido, e se acha o maior conquistador. Por isso Marissa não conseguia entender por que ficava perto dele, parecia que Ryan tinha razão, sempre acontecia alguma coisa pra colocá-los juntos; Marissa talvez tivesse culpa, afinal, com a enorme mansão dos Nichol desocupada, ela estava sentada no mesmo sofá que ele. Pensando bem ela queria entender Cal, queria saber o que havia por trás daquele rosto perfeito e do jeito de garoto rebelde. Um cara que passava horas falando com a namorada que mora em outra cidade, deveria ser o mais legal e não um idiota. Enquanto pensava essas coisas, Marissa nem percebeu Kathlyn entrar e de novo estava conversando com Cal; com a irmã dela, ele se dava incrivelmente melhor, talvez fosse por que o cérebro dele funcionasse como o de um garoto de doze anos, pensou Marissa.

- Marissa, por que você não liga pra pedir o nosso jantar? Eu prefiro comida chinesa, o que você acha, Kathlyn?

- Acho ótimo.

- Eu não vou pedir comida pra você, Cal.

- Marissa, você é a mais velha, o oficial mais graduado, você é a babá hoje, então é a sua obrigação cuidar do jantar. O que você acha que a Julie vai pensar quando souber que a Kathlyn não jantou?

Marissa percebeu que gostava de irritar Cal, mas era sempre ele quem conseguia irritá-la com mais facilidade, aliás, aquele sorriso sarcástico era bastante pra deixá-la irritada, principalmente por que não conseguia negar o quanto o achava sexy. Quando a comida chegou, eles sentaram de frente pra TV e Kathlyn colocou o filme e como ela estava mais interessada nos Jonas Brothers na tela, Cal e Marissa tiveram que se “aturar” enquanto comiam; ela estava sentada no sofá, ele no chão, escorado.

- Por que você é assim? – Marissa perguntou.

- Assim como?

- Irritante?

-Você é a única pessoa que me acha irritante, Marissa. Bem, você e a Julie. Deve ser por isso que vocês se dão bem. – Marissa pensou um pouco e talvez ele tivesse razão.

- Não, você é mesmo irritante.

- A Demi Lovato é gostosinha, você não acha? – Cal falou, desconversando. – Marissa, não se apaixone por mim, ok? Eu tenho uma namorada e sou fiel a ela. – Marissa pegou um pouco de comida com os palitos e jogou em Cal, ele deu uma de suas risadas e jogou comida nela também. Quando ouviu a campanhia tocar e se levantou pra ir abrir a porta, Marissa tinha comida chinesa presa nos cabelos; ela estava jurando que mataria Cal quando abriu a porta e encontrou Ryan, pela cara de surpresa que fez era possível que tivesse esquecido que ele viria vê-la.

- Hey.

- Hey, entra. – Ryan entrou, ao beijar Marissa passou a mão pelo cabelo dela e encontrou um pedaço de verdura. – Oh, estávamos jantando, e... Guerra de comida.

- Ah, legal, eu brincava disso, quando tinha seis anos. - Marissa ficou apreensiva; depois de chegar a conclusão de que não haveria problema quando Ryan chegasse e visse Cal em casa, agora não tinha tanta certeza, não depois de brincar de atirar comida nele. – Então, você e a Kathlyn estão aproveitando o fim de semana sozinhas em casa?

- É, a gente esta se divertindo. – antes que Marissa continuasse a falar, a voz de Cal veio se aproximando da sala.

- Eu vou tirar essa camisa que a sua irmãzinha encheu de comida, Kath, depois nós vamos ver um filme de gente grande. – quando Cal chegou na sala, já tinha tirado a camiseta. – Ryan, oi. Então, você veio pra festa do pijama também? Legal. Fica à vontade. Marissa, tenta convencer a sua irmã a ver “Gone with the Wind”, eu não aguento mais os Jonas Brothers. – Cal subiu as escadas; Marissa olhou pra Ryan. Sempre achou que o namorado parecesse uma bomba prestes a explodir; ela tinha acabado de acender o estopim.

- Pelo visto não era com a Kathlyn que você estava brincando. Aliás, eu deveria ter imaginado, afinal, a sua irmã é muito fresquinha pra brincar de guerra de comida não é, não, Marissa?

- Ryan, eu sinto muito, eu...

- Olha pra mim chega, Marissa. Você pode ficar brincando de guerra de comida com o Caleb.

- Ryan, espera, não é nada do que você tá pensando.

- Pensando, eu não tô pensando nada. Marissa, tô vendo. Desde que esse cara apareceu você sempre dá um jeito de estar com ele; o tempo inteiro.

- Eu nem gosto desse cara, Ryan, por favor.

- Por favor, eu digo, por favor, Marissa; você não gosta dele, mas esta aqui, na casa dele, fazendo festa do pijama e vocês vão assistir seu filme favorito.

- Minha mãe pediu pra eu ficar com a Kathlyn... Eu nem sabia que ele ia ficar em casa, Ryan.

- Muito conveniente. A quem você quer enganar, Marissa?

- Você, deveria confiar em mim, Ryan. – Ryan deu um sorriso sem humor.

- Você tem feito de tudo pra manter a Summer longe do Cal, eu me perguntava por que. Agora eu sei.

- Isso não é justo, Ryan, eu não quero que a Summer...

- Pára, pára com esse papo de que não quer que a Summer sofra, porra, a Summer não é criança e não precisa que você seja babá dela, muito menos que se preocupe com quem ela sai. Mas você quer a atenção do seu amiguinho só pra você. Por que você não tem um pouco de dignidade e admite de uma vez? – Marissa não disse nada, tinha os olhos marejados de água – Você poderia ter ido pra casa do seu pai hoje, não poderia? Mas você preferiu ficar aqui, com ele. Então, pára de procurar desculpas. Pra mim acabou.

- Ryan, você não pode esta falando sério, você não pode querer terminar assim de repente...

- Alguém precisa ter coragem de fazer isso, Marissa. Eu não tenho vocação pra palhaço.

- Ryan, por favor, espera.

- Divirta-se com o Cal. – Ryan foi embora, batendo a porta atrás de si; Marissa subiu as escadas e foi para o quarto; enfiou a cabeça nos travesseiros pra sufocar o choro; como Ryan tinha coragem de pensar que ela e Cal poderiam ter alguma coisa? Não, ele tinha que entender que não havia nada entre eles, ela não tinha ciúme de Summer, ela só não queria que a amiga sofresse; Ryan tinha que acreditar que era verdade. “A quem você quer enganar?”

- Marissa, esta tudo bem? – Cal empurrou a porta; Marissa levantou a cabeça, e parecia que pela primeira vez ele não tinha o sorriso debochado e sexy nos lábios; – O que houve? – Marissa levantou da cama e bateu a porta na cara dele.

- Não, não, não é possível.

Cal deixou Marissa em paz, e ela não saiu mais do quarto; Kathlyn nem pareceu reparar que a irmã tinha brigado com o namorado, não era sempre que podia ficar acordada até tarde sem ninguém mandando-lhe ir pra cama; Cal tampouco se importou da garota ter ficado vendo filmes que normalmente Julie não permitiria que ela visse até de madrugada. Sinceramente estava preocupado com Marissa, tudo bem que implicava com ela desde o primeiro dia que se conheceram, mas quando alguém se trancava no quarto por mais de quatro horas chorando, alguma coisa devia esta errada, além disso, isso o fazia lembrar da sua mãe ; as lembranças mais fortes que Cal tinha da mãe era dela brigar com o marido e se trancar no quarto com um litro de vodca e passar horas lá dentro sem falar com ninguém. Se deveria se sentir culpado, não sabia, por que não era sério quando brincava com Marissa; não tinha nenhum motivo especial pra não gostar dela, mas era divertido deixar uma garota metida a certinha como Marissa irritada, por isso sempre dizia aquelas coisas quando estava com ela; se isso tinha se tornado um motivo de briga entre ela e o namorado, talvez ele devesse pedir desculpas. Quando no dia seguinte ela continuou trancada no quarto, Cal resolveu ir vê-la.

- Marissa? – ele bateu na porta duas vezes, mas ela não abriu. – Marissa? – Cal abriu a porta; entrou no quarto, Marissa não estava na cama, mas vinha saindo do banho, vestindo o roupão rosa.

- O que você tá fazendo aqui?

- Eu queria me desculpar.

- Não estou a fim das suas brincadeiras hoje, Caleb. Por favor, dá licença.

- Olha, eu não sei por que o Ryan tem ciúme de mim, da gente, mas, se de alguma forma eu tiver causado uma briga entre vocês, me desculpa, de verdade. – Marissa encarou Cal. Era quase irreconhecível sem o tom sarcástico na voz, e parecia esta sendo sincero. De qualquer forma, a culpa por ter terminado o namoro com Ryan não era mesmo dele, Marissa tinha que reconhecer.

- Ok.

- Ok. Então, eu vou, deixar você... Ok. Tchau.

O domingo foi muito menos divertido; Marissa ficou com o telefone na mão, tentando falar com Ryan o dia inteiro e Kathlyn já estava cansada de ficar dentro de casa vendo TV, e queria sair pra passear, mas com a irmã curtindo a fossa, ela só conseguiu se revelar uma menina mimada e irritante que sabe como tirar alguém do sério; Cal não quis ficar pra ouvir as duas irmãs discutindo, nunca gostou de ficar bisbilhotando brigas alheias; saiu e passou o dia quase todo fora, passeou na praia e por algum motivo que nem ele mesmo entendeu, visitou o túmulo da mãe no cemitério, era como se ela fosse alguém que poderia entendê-lo, ouvi-lo, “mesmo estando morta”, pensou ele. Fazia meses que não ia até lá, sentiu os olhos úmidos quando colocou o buquê de bétulas sobre o túmulo de mármore.

À tarde quando, Julie e Cal voltaram de Washington, ele já estava em casa; os pais pareceram satisfeitos por ver que os filhos tinham passado o fim de semana se comportando bem e sem conseguir se meter em confusão; Caleb deu um tapinha nas costas do filho; Cal olhou espantando para o pai, parecia que era o maior gesto de carinho que tinha recebido dele nos últimos anos, e por incrível que pareça, gostou de sentir aquela mão protetora nas costas.