The Oc: Pecados no Paraíso

Capítulo 21: NOTHING LAST FOREVER


Entre todas as coisas que Taylor não entendia e também não fazia questão de tentar entender, preferia evitar, mas de certa forma era obrigada a participar, era o natal em família. Aquilo era ridículo. Todo ano os Towsend e os Stephens se reuniam para celebrar o nascimento do menino Jesus, mas toda a religião de Taylor era insuficiente para aguentar a hipocrisia, afinal, todo mundo sabia que o Sr. Stephens, irmão de sua mãe, não se dava bem com o seu pai, na verdade eles apenas se aturavam. Além disso tinha que ver toda a família babar pela perfeita, bilhante, santinha e dissimulada da sua prima, Abigail.
- Taylor, você poderia largar esse computador pelo menos hoje? – sua mãe disse, Taylor estava sentada no sofá da sala, o pai e o tio conversavam sobre política externa e tensões no Oriente Médio. Taylor não considerava muito a opinião do pai nesses assuntos, mas o tio Stephens era muito inteligente, de qualquer forma era mais agradável do que ficar ouvindo a prima exibir o anel de brilhantes que Peter lhe deu. – Você poderia ajudar com a ceia?
- A Abby com certeza está ajudando. – Taylor disse sem tirar os olhos do notebook, mas como a mãe não arredou o pé, ela guardou o computador um instante e foi ajudar a preparar a mesa. – Porque nós não podemos comer na nossa casa?
- Não começa, por favor, Taylor. E arruma isso direito. – Taylor revirou os olhos arrumando os talheres de prata, com Verônica refazendo todo o trabalho.
- Porque pediu minha ajuda então? – Taylor resmungou, mas sua mãe não prestou atenção, estava ocupada arrumando e elogiando os castiçais. – Quer saber, eu vou chamar o Zach. – Taylor fugiu da sala antes que sua tia aparecesse e subiu a escada para ir ao quarto de Zach, afinal ele era a única pessoa que se salvava naquela família. – Zach! Oh! – Taylor parou na porta um instante, de boca aberta, vendo Zach agarrado a Nikki Reed; esperou um pouco, mas como eles não pareciam pretender se separarem, pigarreou e deu duas batidas na porta.
- Taylor! – Zach quase pulou de susto, tropeçou no sofá e segurou para não cair, enquanto Nikki apenas ajeitou as alças do vestido.
- Desculpa incomodar, é que o jantar está quase pronto.
- É melhor a gente descer. – Nikki falou naturalmente. – Roupa legal, Taylor. – disse, olhando com desdém o casaco de tweed da garota e a saia longa; Taylor a ignorou, alguém chacoteando suas roupas não era nenhuma novidade, afinal.
- É tão óbvio. – disse depois que Nikki saiu. – Mas, o que a tia Alexandra vai dizer se souber que a futura madrinha de casamento da Abby estava agarrando o filhinho dela?
- Olha, Taylor, eu posso explicar...
- Ok, Zach, me poupe dos detalhes sórdidos. Eu não vou contar para sua mãe, só queria ver sua cara de pânico.
- Obrigado. – Taylor deu de ombros.
- Se você gosta do tipo “Vadia louca por sexo”.
- Eu gosto, quer dizer, ahm, a Nikki não é assim.
- Zach!
- Ela é inteligente, divertida, quer dizer, não se trata apenas de sexo, na verdade, nem se trata de sexo. A gente se ama, de verdade.
- Ok, Zachary, já falei que não quero saber dos detalhes. Se a Nikki é tudo isso, porque você não assume o relacionamento? Aproveita que está todo mundo reunido. Talvez você e ela se casem no mesmo dia que a Abby e o Peter.
- Eu me pergunto o que você tem no coração, Taylor. – Zach encarou Taylor um instante, ela ficou séria como se estivesse pensando em alguma coisa, ou talvez em alguém; Zach ainda tinha esperanças de ver Taylor apaixonada. – Talvez isso fizesse você ser menos cética, gostar de alguém é legal, Taylor. Você deve gostar de alguém. – Zach teve a impressão de ver algo diferente nos olhos da prima, mas a sensação durou pouco.
- Está na hora da ceia.
Durante o jantar, vendo a irmã tão feliz ao lado do noivo, Zach sentia vontade realmente de assumir o relacionamento com Nikki; não que pretendesse se casar antes de fazer faculdade, mas não seria nada mal namorar sem precisar se esconder; mas Nikki não queria tornar o namoro oficial; para ser honesto consigo mesmo, Zach achava que ela o ignorava quando estavam na frente dos pais e de Abigail; é verdade que Nikki nem sequer olhou para ele durante o jantar e depois ela e Peter não pararam de falar aquelas bobagens sobre economia e política com o seu pai; como ninguém ali estava lhe dando atenção, ele saiu e foi para a sala da TV, onde encontrou Taylor sentada assistindo “Esqueceram de mim”.
- Não existe Natal sem “Esqueceram de mim”, existe? – disse sentando ao lado dela.
- Não. – Taylor ficou olhando para a TV por alguns minutos, até finalmente falar de novo. – Zach, se eu dissesse que eu conheci alguém.
- Eu diria que isso é ótimo.
- Na internet. – Zach balançou a cabeça.
- Taylor, você sabe melhor que ninguém que as pessoas não são totalmente verdadeiras na internet.
- Ok, ah, você e a Nikki praticamente se conheceram pela internet.
- Não, a gente conversa pela internet, é diferente. Taylor, você tem que tomar cuidado, principalmente por...
- Eu sei, Zach! Eu só estava falando hipoteticamente.
- Ok. – Zach olhou desconfiado para Taylor, imaginando se ela era maluca o bastante para se interessar por alguém na internet. Taylor deu o assunto por encerrado e os dois continuaram vendo o filme, até que os pais dela chamaram para ir embora, ao que Taylor agradeceu profundamente. Já era tarde quando chegou em casa, mas ainda demorou a dormir, ficou de frente para o computador a madrugada inteira. Uma parte de Taylor concordava com Zach, aquilo não era real, embora ela fosse mais verdadeira na internet do que era a maior parte do tempo, não havia honestidade ou confiança, consequentemente não poderia haver sentimento. Mas havia uma parte dela que gostava de ignorar o bom senso e pensava que se muitas pessoas fazem besteiras e perdem o juízo, porque ela não podia perder só um pouquinho? Não estava fazendo mal nenhum, apenas se divertindo do seu próprio jeito.
Zach estava inconformado, não era justo, aquela deveria ser a sua semana perfeita, afinal ele esperou meses por aqueles dias e nada tinha acontecido, ou melhor, aconteceu, mas não pra ele. Abby fez o grande favor de ficar noiva além de monopolizar Nikki; ele também não entendia porque Nikki estava tão diferente, quando ficam sozinhos, ela é de um jeito completamente agradável, mas basta aparecer alguém e ele volta a ser apenas o irmão mais novo de sua melhor amiga.
- Posso saber porque você está tão chateado comigo? – Zach levantou a cabeça assustado; estava no quarto terminando de se arrumar para ir à festa de réveillon no Four Seasons e não ouviu quando Nikki entrou. Zach prendeu a respiração, Nikki estava encostada na porta, usava um vestido vermelho que valorizava cada detalhe do seu corpo esbelto, mas ele tentou se manter firme e deu de ombros.
- Não estou chateado. E porque estaria, se você mal falou comigo?
- Zach, eu sei o que você está pensando, mas eu já expliquei, não é?
- Hmm.
- Zach... – Nikki caminhou até Zach e pegou a gravata antes que amarrasse. – Eu já disse que você fica muito sexy quando está com raiva? – Nikki roçou os lábios nos de Zach, soltou a gravata no chão e deslizou as mãos pelas costas largas do rapaz até a bunda; Zach inspirou o cheiro dos cabelos negros de Nikki, o coração batia mais rápido, sentiu um frio na barriga e a velha sensação de excitação varreu para longe da sua cabeça todo o resto; Nikki o empurrou na cama, rasgando os botões da camisa.
- Meus pais... Four Seasons... – Zach balbuciou; Nikki engatinhou na cama, beijando desde o abdômen de Zach até o peito musculoso.
- À propósito, seus pais pediram que eu te desse carona para o Four Seasons, eles já foram. – Nikki mordeu a orelha de Zach. – A Abby e o Peter também. – Zach apenas assentiu, na verdade não estava mais preocupado com os pais, nem em perder a virada do ano. – Feliz Ano Novo, Zachary. – se a pessoa passava o resto do ano do jeito que passou a virada, Zach tinha certeza de que seu ano seria maravilhoso.
***
Cal já estava se sentindo em casa depois de quinze dias no hospital; é claro que até o Dr. Eliot concordava que ele poderia ter alta, afinal, com aquela perna engessada seria obrigado a ficar em repouso, mas por algum motivo seu pai fez a cabeça do médico para mantê-lo internado. Talvez fosse preocupação, enquanto estivesse no hospital, Cal não poderia ser preso e seu pai poderia estar querendo dar tempo para que os advogados preparassem uma boa defesa, mas Cal não acreditava totalmente na boa intenção do pai, embora Caleb visitasse-o todos os dias. As visitas não demoravam mais que dez ou quinze minutos e isso não foi diferente na noite de réveillon. Caleb foi ao hospital ainda cedo, mas não encontrou Cal no quarto; estava saindo para procurar informação na recepção quando o filho apareceu com uma enfermeira empurrando a cadeira de rodas e os dois estavam rindo.
- Onde você estava?
- Na fisioterapia. – Cal se levantou apoiando-se no braço da enfermeira e sentou na cama. – Acho que eu posso me virar sozinho. Obrigado, Suzy. – Suzy sorriu e o ajudou a colocar a perna engessada em cima da cama.
- Se você precisar de alguma coisa me chama, ok?
- Ok, eu vou ficar bem. Feliz Ano Novo, Suzy.
- Feliz Ano Novo, Cal, com licença, Sr. Nichol.
- Como você está se sentindo? – Caleb perguntou depois que a enfermeira saiu; Cal se acomodou na cama e pegou o notebook.
- Bem. Na verdade, eu gostaria de ir pra casa.
- O Dr. Eliot disse...
- O Dr. Eliot disse que eu estou ótimo, minha recuperação está indo muito bem e eu poderia fazer a fisioterapia em casa. Mas é você quem quer me manter de castigo nesse hospital. Estou certo?
- Você sempre tira as piores conclusões sobre mim, Cal. Se eu quisesse te dar um castigo, e olha que você merece, deixaria você ser preso, talvez uma noite na prisão fizesse você mudar a sua atitude. – Cal olhou de relance para o pai e balançou a cabeça, por mais que se esforçasse não conseguia entender a atitude dele.
- Você vai perder a sua festa no Four Seasons. – disse com a atenção voltada para a tela do computador.
- Falo com você amanhã, se cuida. Feliz Ano Novo. – Caleb passou a mão na cabeça do filho; qualquer gesto de carinho entre eles era tão raro que quando acontecia ambos ficavam sem jeito; Cal levantou a cabeça um instante e viu a sombra de um sorriso, talvez aquele fosse o jeito dele demonstrar carinho, eles eram os Nichol, e isso era um fardo.
- Feliz Ano Novo. – Cal ficou novamente sozinho com o seu notebook, tinha que agradecer ao nerd que teve a ideia de criar o Facebook, graças a ele não passaria seu réveillon completamente sozinho. Estava tão certo que as visitas naquele dia tinham acabado que ficou surpreso quando ouviu a batida na porta. – Wayne? Oh, oh, oh, olha só pra você! – Wayne sem o uniforme de enfermeiro parecia realmente outra pessoa, o sorriso branco contrastando com a pele morena.
- Sentiu minha falta?
- Você tá perguntando se eu sinto falta de você me vendo tomar banho? Não. Eu adoro a Suzy, não é nada pessoal, você sabe.
- Ok.
- O que você está fazendo aqui?
- Eu vou para uma festa e amanhã é feriado, como você vai ter alta, eu pensei em me despedir.
- Eu vou ter alta?
- O Dr. Eliot não te contou? Ah, droga, o seu pai queria fazer uma surpresa, ou algo do tipo. Desculpe, acho que eu estraguei.
- Não, foi uma surpresa. Obrigado por vir se despedir, você foi um ótimo enfermeiro.
- Bom, foi um prazer trabalhar com você. Ei, Cal, você é um bom garoto, é sério, um ótimo garoto, não desperdice o seu potencial. Olha, eu tenho uma coisa pra você. Wayne colocou uma bíblia em cima da mesa, Cal deu um sorriso zombeteiro. – Não é coisa de crente, ok? É só... você nem precisa ler nada, mas, tenha fé.
- Obrigado Wayne. – Wayne deu um abraço no garoto a quem tinha se apegado como a um irmão, um irmão branquelo. Cal sentiu um aperto no coração e uma imensa gratidão pelo enfermeiro que se tornara seu melhor amigo em tão pouco tempo; mesmo com as suas “coisas de crente”, tinha sido bom conversar com Wayne.
***
Marissa conseguiu ficar duas horas na festa na cobertura do Four Seasons e desistiu de encontrar o pai em outra festa, afinal, elas eram todas iguais e passar mais uma virada de ano cercada por pessoas desconhecidas e chatas não fazia parte dos seus planos; dessa vez ela preferiu uma coisa mais particular. Caminhava na praia vazia segurando os sapatos Jimmy Choo nas mãos; Ryan a esperava na rampa da casinha do salva-vidas com o sorriso mais lindo que tinha.
- Hey.
- Hey. Eu atrapalhei seus planos para a última noite do ano?
- Na verdade eu não tinha planos, a não ser, é claro, aquela festa estúpida do Newport Group no Four Seasons, que pelo visto você foi.
- Acredite, você não perdeu nada. – Ryan colocou o cabelo de Marissa atrás da orelha. – Esse ano foi estranho, não foi?
- Meus pais se separaram, minha mãe está vivendo com um garotão, o Seth tá namorando e eu virei um idiota. É, foi um ano muito estranho.
- Aconteceu tanta coisa. Você mudou, Ryan, você mudou muito e eu gosto dessa mudança.
- Gosta?
- Gosto. Gosto de ficar com você assim, conversar, ver você sorrir, ver como você cresceu.
- É porque eu te amo, Marissa. Quer dizer, não é como se eu sempre tivesse amado, porque nós namoramos desde sempre, é algo diferente, uma coisa nova, sei lá, como se de repente, perder você por um tempo me tenha feito encontrar a mim mesmo e, aprender algo que eu não sabia... eu... estou falando besteira.
- Eu entendo exatamente o que você quer dizer, Ryan, quer dizer, a gente estava muito envolvido em ser “Ryan e Marissa, o melhor casal da Harbor”, que nós mesmos deixamos de ser importante, mas a gente tinha que ficar junto porque as pessoas esperavam por isso. – Ryan balançou a cabeça concordando, parecia que era a primeira vez que viam a situação por aquele ângulo; ser popular sempre foi importante e ele muitas vezes agia como um completo idiota por conta dessa popularidade, como se deixasse a “fama” lhe subir à cabeça e esquecesse de ser ele mesmo. – Ficar separados por um tempo foi ótimo, na verdade eu acho que foi a melhor coisa que aconteceu, porque agora nós podemos ser algo muito maior que o melhor casal da Harbor, nós podemos ser apenas Ryan e Marissa, apaixonados, indo para o último semestre do colegial.
- Você sempre foi melhor com as palavras que eu. Mas, talvez eu deva agradecer ao Caleb Nichol Junior por ter se metido entre nós.
- Seu bobo.
- É sério, aquele idiota bagunçou a vida de todo mundo.
- É, você tem razão, mas no fim, acho que a maior bagunça é na própria vida dele.
- Você acha que ele vai ser preso?
- Eu sei que o pai dele vai fazer tudo para que isso não aconteça, sinceramente, espero que ele consiga, eu não acho que a prisão seja o melhor lugar para o Cal mudar. – Ryan não falou nada, Marissa entendia; apesar de toda a mudança, ele não ia querer falar de Cal naquele momento; ficaram olhando para o mar, ouvindo o som das ondas batendo na areia.
- Você quer entrar na água?
- O que? – Marissa disse, vendo Ryan tirar os sapatos e o casaco.
- Pular ondas, dizem que dá sorte, é quase meia noite. Vem, Marissa. – Ryan pegou na mão de Marissa e ela só teve tempo de tirar o relógio e deixá-lo junto às coisa de Ryan antes de correr para o mar.
***
A noite de Zach foi perfeita, felizmente ninguém notou sua ausência na festa no Four Seasons, mas ao contrário do que ele pensava, o primeiro dia do ano não começou tão feliz. Ele acordou tarde, desceu as escadas assoviando, pensando que talvez um passeio na praia e um sorvete no píer com Nikki seria perfeito, quando viu Peter sair carregando uma mala e voltar logo depois para buscar outra; ver o noivo de Abigail em casa tão cedo era novidade.
- Hey Peter.
- Hey, bom dia, Zach.
- Você dormiu aqui? – Peter deu um sorriso.
- É quase meio dia, Zach.
- Ah!
- Eu vim buscar as garotas.
- As garotas? E para onde vocês vão?
- Para Rhode Island. O que você espera, Zach? – Abby apareceu na escada trazendo mais bolsas. – As férias acabaram, maninho e nós precisamos repor as energias.
- A Nikki vai com vocês? – Abby fez uma cara de quem achou a pergunta óbvia demais.
- O que foi que deu em você, Zach?
- O Zach ainda está de ressaca de ontem, Abby. – Zach deu um sorriso amarelo para a brincadeira de Peter.
- Nikki! Anda logo garota, eu não quero perder o avião. – Abigail gritou e, dando o braço a Peter os dois saíram abraçados; Nikki não demorou a descer; Zach pensou ser a primeira vez a não ver aquela determinação tão característica nos olhos escuros de Nikki, aliás, da Nikki ousada que passou a noite com ele, não parecia haver nem sombra.
- Nikki, o que aconteceu?
- Eu preciso ir, Zach, se não a gente perde o voo.
- Para o inferno com o seu voo, você não pode ir embora assim de repente, como se nada tivesse acontecido. E nós?
- Zach, você não entende.
- Então me explica, Nikki. Porque ontem foi incrível e agora você vai embora assim. – Nikki deu um sorriso e tocou o rosto de Zach.
- Zach, ontem foi incrível e você foi ótimo, só que foi só... Sexo.
- Não foi o que você disse antes.
- Eu disse o que você queria ouvir, Zach.
- Você está dizendo que foi tudo mentira, Nikki? Por quê? – Nikki deu de ombros.
- Diversão.
- Não, você não pode estar falando sério, não é possível, não é...
- Ei, Nikki, você vem ou não? – disse Peter colocando a cabeça na porta. – A Abby está começando a irritar, você sabe...
- Tô indo. Sinto muito, Zach.
- Para o inferno com os seus sentimentos, vadia. – Zach ouviu a própria voz dizer, embora não fosse exatamente o que estava sentindo naquele instante, ele queria machucar Nikki de alguma forma. Nikki deu de ombros novamente e saiu, tinha certeza que Zach a esqueceria rápido, quando encontrasse uma garota que fosse certa para ele.
- Estou aqui, Abby, vamos?
- Nikki, você está chorando? – Abby perguntou vendo a amiga esfregar os olhos.
- Um cisco caiu no meu olho, Abby.
- Vamos embora então. – Peter abriu a porta do táxi para as garotas e deu a volta para sentar no outro lado. Nikki ainda olhou para trás e viu pela janela o rosto magoado de Zach; ele era realmente um garoto ótimo, o mais gentil e especial que já tinha conhecido, e é claro que não quis magoá-lo, mas também não queria magoar a si mesma, ela sabia o quanto tinha sido difícil ser aceita na casa dos Stephens, eles eram como sua família e ela não queria perder isso, nem mesmo por... Amor.
***
Se alguém tivesse dito a Seth, um ano atrás que sua vida estaria daquele jeito, ele não teria acreditado, de jeito nenhum. Sentado no primeiro degrau da escada, olhando a sala vazia, estava se sentindo um pouco confuso; por um lado sentia falta da família certinha que tinham antes do divorcio; Sandy era o pai que se importava em trabalhar duro pelo futuro dos filhos, Kirsten, uma dona de casa em tempo integral, Ryan, o atleta, um típico adolescente americano ele, bem, talvez ele fosse o único que não mudou muito, ainda tinha os mesmos amigos e as mesmas manias. Por outro lado, precisava admitir que admirava a coragem que sua mãe teve de jogar tudo para o alto e viver com o tal Trey.
- Hey, Seth.
- Pai, oi. Então?
- Eu vou levar minhas coisas para o flat, você quer me ajudar?
- É melhor pedir ao Ryan, você sabe, carregar peso não é comigo. – Sandy riu e sentou no degrau ao lado do filho.
- Como você está, Seth?
- Com 18 anos e morando sozinho? Acho que é o sonho de qualquer um.
- Hey, a sua mãe vai voltar pra casa.
- Sinceramente, ela parece muito feliz morando na caixinha de fósforos com o Trey. – Sandy baixou a cabeça. – Como você está, pai? Quer dizer, você superou mesmo ou está fingindo-se de durão?
- Ninguém supera uma mulher como a Kirsten. – Seth fez uma careta. – Mas, eu quero que ela seja feliz e, tenho que admitir, tive a minha chance e não aproveitei.
- Você ainda tem o Sr. Nichol e um shopping para construir. – Sandy deu uma risada e bateu nas costas de Seth, não pôde deixar de pensar que, se não fosse pela separação, ele talvez nunca tivesse tempo de sentar e conversar daquele jeito com Seth. – Que foi, pai?
- Eu tenho muito orgulho de você, Seth.
- Ok, e porque essa constatação?
- Ah, bem, talvez seja um jeito bom de começar um ano novo.
- Você está certo, é um ótimo jeito de começar um ano novo. Obrigado, pai, vejo que você está se tornando mais sábio com a idade.
- Seth, telefone pra você. – Ryan chamou de baixo da escada. – Summer.
- O dever me chama. – Seth deu um tapinha nas costas do pai e desceu a escada, pegou o telefone e foi falar com Summer na cozinha.
- Então, o namoro do Seth está ficando sério, ham? – disse Sandy.
- É, ele e a Summer formam um lindo casal de irmãos.
- O que você quer dizer com isso?
- Nada, nada, eu vou encontrar a Marissa, a gente se vê, pai.
- Ok, tudo bem, eu levo minhas coisas sozinho, sem problemas. – Sandy falou, mas Ryan já tinha saído; ele subiu até o quarto e começou a guardar as roupas na mala. Era um bom jeito de começar o ano, se não decidisse logo ir, nunca encontraria tempo na agenda para fazê-lo e então não haveria mas nenhuma esperança de reaver seu casamento; logo Kirsten estaria de volta naquela casa, mas não era com ele que dividiria aquela cama. Sandy se perguntava se era mais idiota por perder Kirsten ou por não lutar para tê-la de volta.
Summer, Seth, Ryan e Marissa se encontraram na lanchonete do píer; Summer adorava esses encontros duplos, era ótimo poder sair com a amiga e o namorado ao mesmo tempo e agora que Ryan andava diferente, eles formavam realmente uma boa turma; finalmente ele e o irmão estavam se comportando como amigos e isso era ótimo. O que não era ótimo era ficar vendo Marissa e Ryan se beijando o tempo todo; claro que eles ainda eram o casal mais fofo da Califórnia, mas era um pouco constrangedor.
- Nós ainda estamos aqui. – disse ela, interrompendo o beijo do casal.
- Ai, desculpa, Sum. O que você estava falando mesmo?
- Nada, é só que, amanhã começam as aulas e é o último semestre do colegial. Vocês já pensaram nisso?
- Ah, não. – disse Ryan. – Pra quê pensar? É só deixar acontecer.
- É que depois do colégio tudo vai ser diferente, não é?
- Claro que vai, Sum, mas não é tudo que você quer, ir pra faculdade?
- Ah, já imaginou? Seth e eu juntos em Harvard?! Vai ser incrível, não vai? – Seth apertou a bochecha de Summer.
- Não, vai ser mais que incrível.
- Eh, vocês vão para Harvard juntos?
- Eu acho bom você se esforçar muito, Ryan, porque os seus pais vão ficar muito orgulhosos quando o Seth entrar para Harvard. – Ryan deu um sorriso zombeteiro.
- Ah, sim, com certeza, o papai vai ficar muito orgulhoso, aliás, eu diria que ele não vai nem acreditar que o Seth vai para Harvard, com você.
- Hum... – Summer viu os dois irmãos trocarem olharem e Seth fazer aquela cara de quem quer achar um buraco para se esconder; havia, sem duvida, alguma coisa de implícita naquela conversa. – Do que você está falando, Ryan?
- De nada. Ah, você acha que Berkeley é uma boa universidade?
- Ótima. Marissa, você vai para Berkeley?
- Yeah... – Summer arqueou a sobrancelha, encarando os três, ficou séria pensando; Marissa ia para Berkeley e Ryan também, elas já tinha falado sobre isso e as coisas seriam diferentes na faculdade e ela e Seth iriam para Harvard, então era isso! A ideia fez Summer ficou vermelha e agora era ela quem parecia querer encontrar um buraco para enfiar a cara; podia parecer careta e antiquada, mas não gostava de imaginar Ryan e Seth discutindo sobre eles fazerem sexo, afinal, aquilo era assunto para ser falado entre ela e Seth. – Ahm, o Cal volta para casa amanhã. – Marissa disse, quebrando o silêncio e Summer gostou de mudar o rumo da conversa.
- Isso é ótimo, eu espero que ele fique bem.
- Pelo menos ele não vai pra cadeia, não é?
- Infelizmente ele ainda pode ir, ele ainda está respondendo a um processo e se for condenado...
- Ele não vai ser condenado, vamos ser realistas, Caleb Nichol é o dono dessa cidade e dinheiro compra qualquer coisa.
- Bom, pelo menos dessa vez ele vai comprar a liberdade do filho e não uma reserva ecológica para construir um Shopping Center. – disse Seth. – A gente pode visitá-lo?
- Acho que sim, amanhã depois da aula? Eu falo com o Caleb para avisar que vocês vão, parece que ele agora quer controlar o Cal e com quem ele anda.
- É um pouco tarde pra isso, eu acho.
- Então, Marissa, vamos dar uma volta? – disse Ryan e o jeito como falou foi bastante para entenderem o que ele pretendia.
- Tudo bem, vamos. Vocês...?
- Não, ok, a gente vai ficar por aqui mesmo. – Summer disse e ficou olhando Marissa e Ryan se afastarem de braços dados; ela ainda estava olhando pela janela do vídeo o casal de amigos se beijando lá fora quando Seth falou.
- Você já falou com o seu pai sobre Harvard?
- Hum, meu pai sabe que eu vou pra Harvard desde que eu nasci.
- Na verdade eu estava falando sobre, nós.
- Oh, ahm, eu, bom, ahm... vou falar.
- Ainda tem tempo até lá.
- A gente tem que se preocupar em ser aceito antes, não é?
- Claro, claro. – Seth parecia concentrado em tomar suco no canudinho, enquanto Summer tinha os olhos fixos em lugar nenhum, como se olhar para Seth naquele momento fosse muito perigoso. Eles passaram mais de um minuto assim, até Seth começar a tamborilar com os dedos na mesa; Summer arqueou a sobrancelha, se ele queria conversar sobre aquilo, poderia tentar outro jeito de chamar atenção.
- Seth! – ela segurou os dedos para ele parar e Seth puxou a mão. – Seth?
- Hum?
- O que você acha de, ahm...
- Sim, Summer? – ele incentivou, cheio de expectativa.
- Ahm, o que você acha do seu pai resolver sair de casa?
- Ah, é, isso, bom, talvez seja legal não ter que avisar que vai chegar tarde em casa. – conversaram por mais alguns minutos, usando frases soltas, até Summer resolver que precisava atualizar o blog e Seth lembrar que tinha um recorde para quebrar no Playstation.