The Oc: Pecados no Paraíso

Capítulo 13: The Day after Tomorrow


Seth virou a caixa de cereal, mas estava vazio, “ótimo, pensou ele; a comida está acabando, a pia está transbordando de louça suja e a casa inteira está de pernas pra cima”. Uma verdadeira tempestade tinha passado pela casa dos Cohen e os efeitos deixados por ela não eram só físicos. Seth pegou as duas passagens que estavam em cima da mesa e olhou com tristeza para elas; normalmente seus pais viajavam para Cabo no verão; é claro que dessa vez seria diferente.

- Eu não acredito que a mamãe foi embora. – Ryan entrou na cozinha e pegou a caixa de cereal; ao ver que estava vazia, jogou-a no cesto de lixo. – Alguém precisa fazer compras. – Ryan continuou calado, como estava há alguns dias e ele não era o único; além de comida, também estava faltando conversa na casa dos Cohen. – Alguém precisa fazer alguma coisa.

- Pega o sal. – Ryan pediu e começou a fazer uma omelete desajeitada. Eles ouviram a porta bater na sala e pouco depois Kirsten apareceu na cozinha trazendo várias sacolas com compras; ela olhou com tristeza para sua cozinha, a pilha de louça suja em cima da pia, a caixa de cereal vazia no cesto, a garrafa de leite na mesa.

- Eu pensei que vocês estivessem precisando. – Seth sorriu, feliz tanto pela comida, como por ver sua mãe em casa, mas Ryan largou a panela com a omelete e foi embora. – Ryan...

- Ele está assim agora, bom, desde que, você sabe...

- Você também vai me condenar e atirar pedras?

- Não, mãe, não, eu só queria saber o que aconteceu, porque de uma hora pra outra nossa família desmoronou.

- Oh, Seth, eu sinto muito, eu realmente sinto muito. Eu não queria que as coisas terminassem assim entre seu pai e eu, nem queria que você e o Ryan soubessem disso, assim... eu nunca quis magoar o Sandy, eu... queria poder explicar, mas eu não sei como.

- Você gosta desse, outro cara?

- Eu... gosto, gosto sim.

- Bom, ninguém pode dizer que adultério seja uma coisa bacana, mas também, já se foi o tempo em que casamentos duravam pra sempre. Se você gosta dele, e ele gosta de você...

- Oh, Seth! – Kirsten abraçou o filho, sentindo orgulho, de repente ele parecia tão maduro. – Obrigada, filho.

- Obrigado por trazer a comida.

- Eu sabia que vocês estavam precisando, até onde eu me lembro, seu pai nunca se preocupou em fazer compras. – Kirsten começou a tirar as compras da sacola, iogurte, biscoitos, leite, suco, cereal, enfim, tudo que os garotos pudessem precisar. De repente, ela viu as passagens em cima da mesa e apanhou-as. – Cabo.

- O papai disse que você podia ir com... bom, deixa pra lá.

- Se alguma vez ele tivesse perguntado, eu nunca teria escolhido o Cabo para passar as férias de verão.

- Tem alguma chance de você voltar pra casa, mãe?

- Eu não sei, Seth.

- Eu sinto sua falta e sinto muita falta da sua comida.

- Eu sei, querido, eu sinto falta de vocês também; bom, eu não sei o que vai acontecer, mas eu ficaria feliz se você me visitar de vez em quando. – Kirsten sugeriu um pouco sem graça, visitá-la seria visitar Trey e ela não podia saber exatamente como o filho reagiria a isso. Antes que Seth pudesse responder, Sandy entrou na cozinha. – Sandy...

- Você é muito cara de pau pra sugerir que o meu filho vá te visitar e ao seu amante. Aliás, eu pensei que tinha pedido pra você não voltar mais nessa casa.

- Sandy, eu não vi aqui pra brigar, está bem, ao contrário de você, eu tenho classe. Mas, talvez eu deva te lembrar que essa casa também é minha, aliás, ela é muito mais minha do que sua, mas eu acredito que você se lembra disso.

- Não se preocupe, o juiz vai decidir de quem é a casa.

- Ótimo, se você quer transformar isso numa guerra, meu advogado vai falar por mim, e cuidado com o que você fala. – Seth se sentiu invisível e desejou também ser surdo, para poder ser poupado de ouvir a troca de ofensas que se seguiu entre seus pais. Ele saiu de perto, mas ainda pôde ouvir muita coisa desagradável. Embora tivesse desconfiado que o casamento dos pais não era a maravilha que aparentava, aquela separação repentina tinha sido uma surpresa e tudo que ele queria naquele momento era que as coisas voltassem ao normal, ou se isso não fosse possível, que pelo menos eles parassem de brigar.

***

Cal pensou que Marissa ia conseguir convencer Julie a deixá-los em paz, afinal, ela sempre conseguia o que queria com a mãe, mas estava enganado; Marissa, aparentemente nem tentou argumentar com a mãe e quando eles conversaram depois da noite do baile, ela disse que precisava de um pouco de tempo e não podia ficar contra Julie.

- Qual é, Marissa, a sua mãe só tá de implicância comigo, a gente não pode levá-la a sério.

- Talvez você não leve o seu pai a sério, Cal, mas eu não quero brigar com a minha mãe, a gente já passou por um momento bem complicado e eu não quero que aconteça de novo.

- Eu pensei que você gostava de mim, Marissa, só isso.

- Cal, eu gosto de você, eu só preciso de um tempo, pouco tempo.

- Ok, tudo bem, você está certa, eu não devo mesmo ficar entre você e a sua mãe, sabe, ela se importa com você, pelo menos, então, tudo bem.

Marissa podia perceber muito bem que ele estava dizendo aquilo por dizer; ela não queria magoar Cal, gostava dele, mas não sabia se era o bastante para ficar contra a mãe, logo agora que a relação com ela estava melhorando bastante; o que Marissa não queria era que as coisas voltassem a ficar como eram antes dos pais se separarem, quando ela e a mãe discutiam por qualquer coisa; às vezes Marissa chegava a pensar que a mãe tinha ciúme de Jimmy, por ele dar mais atenção a filha. Depois que Cal foi embora, visivelmente chateado, ela ainda ficou caminhado pelo píer; sentir o vento frio batendo no rosto era relaxante. Ela viu o pai, mesmo de longe tinha certeza que era Jimmy, ele não estava sozinho; Marissa pensou em ir falar com ele, mas desistiu, ficou meio paralisada, enquanto via o seu pai pegar na mão do cara que estava com ele, e os dois estavam sorrindo de um jeito tão estranho; “talvez o seu pai seja gay”.

- Oh, meu Deus, como a Summer podia saber disso? – Marissa queria ir embora e não continuar vendo, mas por algum motivo ficou ali, olhando para os dois que definitivamente agiam como um casal de namorados; talvez Summer tivesse razão, poderia dizer que não tinha preconceito, mas não conseguia não sentir um pouco de nojo quando viu o pai beijando outro homem, aquilo era tão contrário a imagem que ela fazia do pai, quer dizer, uma coisa normal era o cabeleireiro ou o estilista serem gays, outra bem diferente era seu pai ser gay. Ela viu o cara que estava com Jimmy ir embora e resolveu ir falar com o pai; Jimmy pareceu surpreso e nervoso quando a viu.

- Marissa, hey, o que você está fazendo sozinha aqui à noite?

- Eu estava dando uma volta com um amigo. E você?

- Eu também estava dando uma volta?

- Com um amigo?

- É...

- Aquele que você beijou na boca? – Marissa viu a cor desaparecer completamente do rosto do pai e a esperança que tinha de Jimmy negar e dizer que aquilo tinha sido engano acabar. – Porque você não me contou?

- Marissa, eu, me desculpe, eu, sinto muito.

- Por ser gay? Ou por não ter me contado?

- Eu ia te contar, está bem? Eu só estava esperando o momento certo, eu não queria que você pensasse... não queria que você sentisse vergonha de mim, Marissa.

- Sabe do que eu sinto vergonha, pai? De alguém que mente para a pessoa que diz amar. E você deveria sentir vergonha também.

***

Caleb Nichol empurrou a porta do quarto do filho, sentindo os ouvidos doer por causa da música alta que Cal estava ouvindo; ele, ao contrário, estava sentado em frente ao computador, aparentemente muito relaxado e sem se incomodar nem um pouco com o som pesado do The Offspring que tocava no som.

- Posso falar com você? – Caleb gritou, e Cal fez de conta que não estava vendo, continuou olhando para a tela do notebook. – Cal? Cal... – Caleb desligou o som. – Eu estou falando com você.

- Ok, fala.

- Eu preciso viajar, vou ficar uns dias fora, é coisa de trabalho.

- Divirta-se.

- Caleb, a Julie também vai viajar, ela vai para Paris, quer dizer que você vai ficar sozinho em casa por alguns dias, a não ser que queira vir comigo. – Cal balançou imediatamente a cabeça. – Ok, eu espero que você se comporte. O David vai ficar de olho e qualquer coisa me ligue no celular. Eu te vejo em alguns dias. Por favor, comporte-se. – Caleb se virou para sair.

- Pai? – Caleb parou na porta. – Liga o som novamente, por favor.

***

Seth estava andando de skate no píer, quando viu o cara sentado na areia da praia, mesmo de longe pôde reconhecer Cal, de calça jeans e camisa, com os sapatos ao lado; desceu até lá para falar com ele.

- Hey, cara.

- E aí, Seth?

- Não sabia que você gostava de acordar cedo para caminhar na praia. – Cal riu.

- Na verdade eu não dormi ainda. É que eu estava numa festa com uma galera e a gente veio para praia, sabe como é... – Seth definitivamente não sabia, não fazia ideia com que galera Cal estava andando e que tipo de festa era aquela que começava a noite e acabava na praia com o sol nascendo. – Acho que eu acabei bebendo um pouco além da conta, se é que você me entende...

- Seu pai sabe disso?

- Eu não sei, ele está em Paris, ou Roma, talvez Nova Iorque, Chicago, não quero saber também.

- E a Marissa?

- Marissa? De que Marissa nós estamos falando? Marissa Cooper?

- Pensei que vocês estivessem se entendendo, depois do baile, quer dizer... Pensei que estava tudo bem entre vocês.

- Estava tudo ótimo, a mãe dela pirou e ela me disse au revoir. E você, e a Summer? Tudo bem?

- Tudo ótimo.

- E onde ela está?

- Viajou com o pai.

- E por que você não foi junto?

- Ah, você sabe, com o mundo desabando sobre a minha família eu pensei que não fosse uma boa hora pra viajar.

- Sei, quer dizer que o que andam falando da sua mãe é verdade? Bom, eu ouvi a Julie comentar, mas, quer saber Seth, você devia mesmo ficar longe dos problemas, cara. Você devia ficar longe. Ei, que tal ir a uma festa hoje?

- Festa? Não, acho que não é uma boa ideia.

- Fala sério, é uma ótima ideia, você precisa se divertir um pouco. Bom, eu acho que vou pra casa agora dormir um pouco, eu te encontro no Bait Shop hoje à noite, ok? Não vai furar, amigão.

Seth não pensou em aceitar o convite até estar em casa à noite sem ter nada pra fazer e com a namorada na costa leste – Summer tinha ido visitar a família em Seatle – Sandy ainda estava de muito mau humor e mesmo que Seth quisesse conversar alguma coisa com o pai não era muito agradável. Leu e-mails de Summer e recados que ela deixou no Facebook, e finalmente resolveu ir ao encontro de Cal, afinal, um pouco de diversão não poderia matá-lo.

- Seth, hey, você veio! – Cal veio falar com ele quando chegou ao Bait Shop, que estava um pouco quieto para ter uma festa acontecendo, mas Cal aparentemente já tinha começado a beber. – Vamos nessa então.

- E a festa?

- É exatamente pra onde vamos, Seth. – entrar num carro com alguém que já tinha tomado algumas cervejas era contra o senso de Seth, mas ele arriscou. Eles chegaram a uma casa de praia e Seth reconheceu logo algumas pessoas da escola, não exatamente as pessoas com quem ele normalmente andava ou falava, e se sentiu completamente perdido no meio deles; garotas de biquíni entravam e saiam por todos os lados, caras bebendo cerveja e cheirando coca se amontoavam pelos cantos, e outro tanto dançava de qualquer jeito em qualquer espaço que encontrasse. Cal, ao contrário estava muito à vontade, logo encontrou uma garota loira linda, de olhos azuis, e usando uma saia tão curta que deixava as pernas longas completamente à mostra; aquela garota tinha as pernas mais lindas que Seth já tinha visto, ela e Cal pareceram bastante íntimos, e Seth não quis ficar vendo o que eles estavam fazendo, embora não se preocupassem muito em serem discretos; saiu e ficou rondando pela casa, pegou um copo com um bebida que ele não fazia ideia do que fosse, mas cuspiu pra fora por que era álcool puro. Na varanda da casa estava acontecendo uma briga, e quando Seth procurou um banheiro no andar de cima para vomitar, acabou dando de cara com vários casais transando nos quartos, entre eles Luke e Lindsay, pelo menos eles pareciam bem íntimos, pensou Seth, fechando a porta atrás de si. Estava enjoado e a única maneira de se sentir bem era indo embora, não se importava se o chamassem do que quisessem, nunca ia achar que aquilo fosse diversão, pessoas bebendo, se drogando e fazendo sexo casual; era uma festa típica do colegial, mas não pra ele, preferia estar em casa jogando Playstation. Quando desceu as escadas e voltou para sala onde Cal tinha ficado com a loira, viu o amigo tomar uma pílula, que com certeza não era nenhum analgésico. Seth ficou mais que surpreso, ficou chocado, por que afinal não sabia que Cal usava drogas, tudo bem, beber um pouco além da conta era até compreensível para alguém que foi traído por uma namorada e abandonado pela outra, mas se drogar era demais. Como tinha certeza de que o amigo não lhe daria ouvidos, ele foi embora.

No dia seguinte, no fim da tarde, estava sentado perto da piscina lendo uma revista em quadrinhos quando Cal apareceu com a cara de ressaca que parecia não mudar mais, ele estava de ressaca desde o dia do baile. Eles se cumprimentaram, mas Cal percebeu que Seth não estava muito a fim de papo.

- Hey, você sumiu ontem.

- Você reparou? Que coisa! Eu resolvi voltar mais cedo, além do mais, você estava muito ocupado com a loira, não ia atrapalhar seu lance.

- Álex, o nome dela é Alex. E aí, vai fazer o que hoje? – Seth deu de ombros. – A gente vai sair, você não quer ir?

- Não, valeu, mas eu não tô a fim de sair.

- Ok. Aconteceu alguma coisa, Seth?

- Não, é só, as coisas aqui não estão legais ainda, e, bom, eu não tô com clima para sair.

- Eu sei que é difícil encarar essas coisas, Seth, eu já passei por isso, o casamento dos meus pais nunca foi grande coisa. Mas o melhor que a gente tem a fazer é relaxar e curtir...

- Quer dizer, relaxar e curtir, tipo, com um comprimido de LSD? – Cal mordeu a língua e riu um pouco.

- Ok, entendi agora; primeiro era Ecstasy e, eu não, não é o que você tá pensando, eu só tava querendo me exibir um pouco, você sabe, como é...

- Eu sei que droga vicia a mata, Caleb, é isso que eu sei. Ok, eu sei que não é da minha conta, mas...

- Seth, eu não sou nenhum viciado, cara, qual é, todo mundo faz isso. Ei, eu agradeço a sua preocupação, mas eu sei me cuidar. – Cal ficou sem jeito, nenhum dos seus amigos de San Francisco teria ficado bolado se o visse consumindo alguma droga, por que normalmente eles lhe ofereciam, mas o que parecia tão natural para ele realmente não era para Seth, e Cal não poderia “culpar” o amigo por ser tão certinho, era o jeito de Seth. – Eu vou indo, então, a gente se vê.

***

Kirsten passou a mão pela cama antes de abrir os olhos, e o lugar onde Trey deveria estar dormindo agora estava vazio, ela não podia acreditar que já fosse de manhã, como tinha passado tão rápido? Abriu os olhos devagar, o sol entrava pelas cortinas abertas; ela se virou e pegou o relógio na mesa, eram sete horas da manhã. Chamou por Trey, mas ele não respondeu, nem havia barulho no chuveiro, “surf” pensou, ele deveria estar na praia, afinal, “as ondas pela manhã são as melhores”, Kirsten chegava a pensar que ele também gostar de surf fosse alguma piada de mau gosto. Ela voltou a dormir e só acordou depois das dez da manhã, encontrou Trey na cozinha preparando o café.

- Bom dia! – disse ele com seu sorriso quase adolescente.

- Eu vou acabar ficando mal acostumada. – Kirsten o beijou e sentou à mesa, serviu-se de suco de laranja e salada de frutas. – Você saiu cedo.

- Fui pegar umas ondas, o mar estava ótimo. Você deveria surfar comigo qualquer dia.

- Péssima ideia.

- Nós podemos fazer alguma coisa juntos, qualquer coisa, quer dizer, além de ficar em casa o tempo todo.

- Eu adoro ficar em casa com você.

- Você sabe do que eu estou falando, Kirsten. – Kirsten encarou Trey, realmente não estava disposta a começar aquele assunto. – Ou você pode continuar me ignorando.

- Por que você me cobra tanto, Trey? Você não entende, eu preciso de tempo para me acostumar com isso, eu preciso pensar nos meus filhos.

- Seus filhos, por que nós não fazemos alguma coisa com eles, a gente precisa se conhecer, o que você acha?

- Acho que eles não estão preparados ainda.

- Ou você não está preparada para assumir definitivamente a nossa relação, Kirsten.

- Ok, quer saber, você tem razão, tudo bem, eu vou convidar os meninos para jantar, aqui em casa. – Trey sorriu, balançado a cabeça, fazendo seus cabelos esvoaçar; ele não queria forçar a barra, mas não queria continuar agindo como se estivessem cometendo um crime, e mesmo tendo se mudado para o apartamento dele, Kirsten ainda não estava agindo como se eles fossem um casal, e ele queria mudar isso, queria levá-la pra jantar, passear, viajar nas férias, enfim, fazer coisas de casal.

***

Seth desligou o telefone, e pensou por alguns segundo em como diria aquilo, por que ainda não sabia se Sandy tinha voltado ao normal, ou se talvez ele ainda usaria aquelas palavras de baixo calão para falar de sua mãe. Eles estavam na cozinha, Sandy, Seth e Ryan, tentado preparar um almoço, ou pelo menos tentando não incendiar a cozinha.

- Era a mamãe. Ela convidou a gente, eu e o Ryan para jantar. – ele disse e esperou que as palavras fizessem efeitos, viu Sandy atirar um tomate na parede, mas talvez fosse uma tentativa de cortá-lo, ele apanhou o tomate e falou.

- Vocês deveriam ir.

- Sério? – Seth e Ryan disseram ao mesmo tempo.

- Olha, eu sei que falei muita coisa, ruim, da mãe de vocês, mas... Bem, ela continua sendo sua mãe, e...

- A gente não vai ficar contra você, pai. – disse Ryan.

- Ei, Ryan, isso não é com vocês, ok, é entre sua mãe e eu, e não existem lados, não é nenhuma guerra. É isso, vocês devem ir vê-la, aliás, vocês podem ir vê-la quando quiserem. – Sandy terminou de cortar os tomates e colocou-os na panela, mas não continuou fazendo o almoço, saiu e deixou que os garotos terminassem sozinhos.

- Se ele tá dizendo que tudo bem... Então...

- Então, o que, Seth?

- A gente talvez devesse dar uma chance a mamãe, Ryan.

- Claro, quando ela voltar pra casa, e para o papai.

- Isso não vai acontecer, até o papai já percebeu isso, Ry, ela gosta do... Cara...

- Quer dizer que você vai ficar do lado deles?

- Isso não é uma guerra, Ryan, você ouviu o papai, e eu vou sim jantar com a mamãe, não quero saber com quem ela tá dormindo, ela é a minha mãe, e sua também, ela tá sofrendo com a sua decisão de ficar longe dela, se você quer saber. – Seth acabou tendo que terminar de preparar o almoço sozinho, e foi sozinho também que teve que comer aquilo que ele pensou inicialmente ser macarrão, mas não tinha nem forma, nem gosto de macarrão. – Claro que eu vou jantar com a mamãe.

***

Kirsten bateu na mão de Trey quando ele tentou começar a comer antes que ela terminasse de preparar a salada; adorava que ele ajudasse na cozinha, como adorava fazer qualquer coisa com ele, era divertido, fazia com que ela se sentisse mais jovem.

- Você acha que os seus filhos vão gostar de mim? – perguntou ele.

- Hum, acho que sim. – ela deu um beijo nos lábios dele e ouviram a campanhia. – Devem ser eles. Eu abro. – Kirsten estava esperançosa, mas quase não acreditou que Ryan estava mesmo ali, parado de pé na porta. – Seth, Ryan, entrem. – ela abraçou Seth primeiro, depois esperou um instante, e abraçou Ryan também, que estava ainda um pouco arredio, mas não recusou o abraço. – Que bom que vocês vieram. Entrem, conheçam o Trey.

- Hey, garotos. – Trey estendeu a mão que Seth apertou, mas Ryan não. Ele apenas lançou um olhar frio e sentou no sofá.

- Eu vou dar uma olhada no jantar, por que vocês não sentam, e ficam à vontade.

- Não se preocupe, mãe, faça de conta que você está em casa. – Kirsten saiu, Trey sentou e ofereceu a poltrona para Seth. – Obrigado. Então... Ahm...

- Legal, vocês terem vindo, é muito importante para a Kirsten. – nenhum dos três parecia muito à vontade, mas depois de alguns minutos, Seth conseguiu conversar um pouco com Trey, e quando Kirsten voltou e chamou-os para jantar, pôde perceber que ela estava realmente feliz, na verdade não via sua mãe tão feliz há algum tempo, e se era por causa de Trey, ele não podia ficar contra; Ryan não falou muito, mas ficou observando o apartamento, tão diferente da casa deles, e pensar que sua mãe tinha aberto mão de tudo por causa daquele cara, talvez Seth tivesse razão, e Kirsten merecia uma chance.

***

Taylor desceu as escadas correndo quando ouviu a campanhia tocar, e antes que sua mãe chegasse a porta, ela estava lá; abriu e deu de cara com Zach.

- Hey, entra. Trouxe?

- Claro, Taylor. Tia Verônica, oi. – o rapaz cumprimentou a mãe de Taylor e a seguiu pela escada até o quarto. Taylor trancou a porta, e Zach sentou na cadeira, e pegou um pen drive no bolso. – Ficaram ótimas, não que você realmente precise de photoshop, não é?

- Valeu, Zach. Vou ficar te devendo essa.

- Vai mesmo. – Taylor pegou o notebook e conectou o pen drive, abriu as fotos que Zach tinha editado no photoshop e estavam realmente perfeitas, essa era uma das vantagens de ter um primo que entendia tudo de fotografia – Se a tia Verônica descobrir, você já sabe, eu não tenho nada a ver com isso.

- Não se preocupe, ela não vai descobrir.

- Se você quer saber a minha opinião...

- Eu não quero.

- Eu não colocaria essas fotos na internet se fosse você, Taylor, você esta se expondo demais, olha, não é só por que a sua mãe pode descobrir, é que, isso parece... Parece... Prostituição.

- Zach!

- Desculpa...

- Olha, não tem nada demais, todo mundo coloca fotos no Facebook.

- Certo, é você que sabe, agora me dá a minha grana.

- Que você vai usar para comprar drogas?

- Qual é, Taylor, eu não compro drogas. – Taylor deu de ombros. – Foi só daquela vez. – a garota pegou o dinheiro na gaveta e deu a Zach, normalmente ele não pegaria dinheiro de Taylor para fazer as fotos, mas como estava de castigo e sem mesada era o único jeito de conseguir alguma grana. – Valeu. E que tal um conselho?

- Pra isso é melhor procurar um padre, Zach.

- É sério. Eu estou com uma dúvida. – Taylor continuou mexendo no computador, mas não fez objeção quanto a ouvir Zach, então ele continuou. – Eu vi o Luke ficar com a Lindsay numa festa.

- Luke e Lindsay? Mas ela não estava saindo com o Ryan?

- Exatamente; eu não sei se devo contar para ele. O que você acha? O Ryan é meu amigo, só que o Luke também é.

- O que você acha que deve fazer?

- Eu não sei, Taylor, por isso estou te pedindo um conselho.

- Eu falei que era melhor procurar um padre, não falei?

- Eu não sou o único a precisar de um padre aqui, Taylor, vamos combinar! Ok, não precisa me dar atenção, pode continuar aí, olhando para o seu precioso Facebook, um dia você vai se arrepender disso, escuta o que eu estou te dizendo.

- Tchau, Zach.

Zach saiu da casa de Taylor e foi encontrar os amigos na lanchonete, ainda não tinha chegado a nenhuma conclusão sobre contar ou não a Ryan sobre Lindsay e Luke, de qualquer forma estaria traindo um amigo, como escolheria “qual dos dois trair?” Ryan estava sentado sozinho à mesa com o notebook e isso sempre deixava Zach apreensivo; se alguém que ele conhece descobrisse as fotos de Taylor, os pais dela e seus pais iam descobrir que foi ele quem fez as fotos e isso daria uma grande confusão.

- Hey, Ryan. E aí?

- Zach, hey. Eu estava conversando com a Marissa.

- Marissa? Quer dizer que vocês voltaram?

- Não, ainda não. Bom, nós somos amigos agora, mas quando ela voltar de Paris... ahm, a propósito, você ainda tá ficando com a Holly?

- Não, definitivamente não, a Holly é encrenca.

- Então você sabe que ela e o Luke ficaram?

- A Holly e o Luke? Quando?

- Na festa da Alex Mckuin.

- Você não estava lá.

- É, eu sei, Zach. Mas, o Oliver me contou, ele estava na dúvida se te contava ou não.

- Hum, e você me contou.

- Se fosse o Luke contaria, e você não está mais com ela, não é? Então...

- É, sem problemas. Não, mas o Luke estava com a Lindsay...

- O Luke e a Lindsay? Quando?

- Na mesma festa. Mas, vocês terminaram, não é? Você e a Lindsay?

- É, terminamos. Mas, como é que o Luke consegue?

- Sei lá, cara, deve ser o cabelo, a minha prima disse que ele tem um cabelo sexy, eu não sei o que isso significa.

- Aquela sua prima esquisitona?

- Esquisitona, ahm, a Taylor não é esqui... bom, é, ela mesma, ela é um pouco mais que esquisita. Então, vamos fazer alguma coisa hoje à noite? – nesse instante Luke e Oliver entraram juntos na lanchonete.

- Você não vai pra igreja hoje, Zach? – disse Luke e sentou, dando um tapa nas costas do amigo.

- Engraçadinho. Eu posso fazer uma oração pra você, mas eu acho difícil Deus perdoar seus pecados

- Ah, não, você sabe da Holly! Você contou pra ele, Oliver?

- Não, eu não.

- Eu contei.

- Qual é, eu não ligo, Luke. Sério, não rola nada entre eu e a Holly, sinceramente, eu não sei como você consegue ficar com ela. Você não tem medo?

- De ir pro inferno?

- De pegar uma doença. Qual é, a Holly já transou com todos os caras de Newport. – Oliver, Luke e Ryan trocaram um olhar engraçado e começaram a rir. – Ok, menos comigo, se vocês acham isso engraçado, mas ela é encrenca.

- O Zach tem um pouco de razão. – disse Oliver. – A Holly não é mais novidade. Nem a Lindsay.

- O que, você ficou com a Lindsay? – perguntou Ryan, mas não zangado; Oliver pensou um pouco antes de responder.

- Não... nos últimos meses. – os amigos voltaram a rir debochadamente, só Zach estava um pouco sem graça.

- O problema, cara, - continuou Luke. – é que acabaram as virgens. Quer dizer, deve ter umas duas no colégio inteiro, tipo a Taylor Towsend e a Summer Roberts.

- Ei, Summer Roberts é a namorada do meu irmão.

- Bom, então com certeza ela é virgem.

- E a Marissa, não é? A não ser que...

- Zach, não. – Oliver colocou a mão quase na cara de Zach, ele estava violando uma regra importante, ninguém fala da namorada do amigo, eles podiam até pensar que Marissa Cooper tivesse transado com Caleb Nichol Junior na noite do baile, mas não podiam dizer em voz alta, muito menos na frente de Ryan.

- Ah, desculpe, Ryan, foi mal, vocês estavam brincando, então...

- Ok, Zach. – Ryan não ficou chateado com Zach, ele não fazia de propósito, era naturalmente meio lerdo, mas era um amigo fiel; se Ryan não duvidava que Luke e Oliver fossem capazes de ficar com Marissa se tivessem chance, colocaria a mão no fogo por Zach, não por ele ser o virgem do grupo, mas por confiar nele. Também não se importava que eles qualquer coisa sobre Marissa e Caleb, ele tinha certeza que nada tinha acontecido. – Mas, então, qual é a boa pra hoje à noite?

- Bait Shop? – Luke sugeriu.

- De novo não. – Oliver fez uma careta, eles iam praticamente todo dia.

- Eu sei de uma festa, mas é com uma galera barra pesada. – Zach disse, mas os amigos não acreditaram que ele conhecesse alguém barra pesada, a não ser que chamassem o coral da igreja de barra pesada. – Eu não estou mais no coral, Luke, só pra constar, ok?

- É, eu tinha esquecido que você voltou a ser coroinha.

- Eu estava começando a achar que você tinha cérebro.

- Você pediu pra ouvir isso, Luke.

- Tá bom, eu mereço, eu mereço mesmo. Zach, me perdoa, por favor, eu tenho muito medo de ir para o inferno. – Às vezes era inacreditável que eles eram amigos, mas Ryan agradecia por tê-los por perto, com toda a bagunça que estava acontecendo na sua família, ter os três patetas para conversar era bom; quando eles não estavam ajudando a bater em alguém, ou transando com a garota de um deles, eram ótimos ouvintes; Ryan se sentia mais à vontade com eles do que com o próprio irmão e só pra eles podia dizer realmente como se sentia em relação a separação dos pais, arrasado, frustrado, decepcionado, perdido, sem saber o que fazer.

- Você precisa de uma festa, Ry.

- Seu padrasto tem 25 anos, a gente pode dar uma surra nele.

- Grande ideia, Oliver. – Ryan até gostou da ideia, com certeza adoraria dar uns socos na cara de Trey, mas acabou abandonando porque, apesar de tudo tinha que reconhecer que sua mãe estava feliz, muito mais feliz do que quando era casada com seu pai.

***

Marissa fez o possível para se divertir em Paris, afinal, era Paris e ela tinha um cartão de crédito para usar nas lojas mais caras do mundo. Mas acabou mesmo passando muito tempo no quarto do Ritz. Summer com certeza teria umas coisinhas para lhe dizer quando soubesse disso; “Onde já se viu, Coop, ficar trancada no quarto com todos aqueles gatinhos franceses lá fora?”, podia até imaginar ela dizendo. Estava sentindo saudades dos amigos e principalmente, estava se sentindo confusa por causa de Jimmy, ela com certeza tinha sido dura demais com o pai e tinha dado a ele motivos para não ter contado o que estava acontecendo. A verdade é que Marissa não sabia como agir, não queria fazer nenhum drama, mas não sabia se ia conseguir agir naturalmente e simplesmente aceitar a ideia de ter outro padrasto, “Com certeza, ele não pode ser pior que o Caleb”, pensou. Mas ela sabia que só resolveria isso quando estivesse de volta a Newport. Por isso, ficou feliz quando Julie resolveu voltar e foi direto para o apartamento de Jimmy, em parte também porque queria adiar o encontro com Cal, a relação entre eles estava parada desde o surto de sua mãe e Marissa não estava certa se queria fazê-la ir adiante, e por hora preferiu resolver essa parte da sua vida depois; isso lhe dava a estranha sensação de estar no controle total da situação, que era muito mais cômodo do que ser sempre dominada pelo momento.

O apartamento estava arrumado demais, pelo visto Jimmy tinha passado pouco tempo em casa nos últimos dias; Marissa telefonou para Summer para saber se ela já tinha voltado, mas a amiga só voltaria depois; então ela foi arrumar as roupas novas no armário enquanto esperava Jimmy chegar. Ele voltou tarde do trabalho e com uma aparência cansada.

- Eu tenho trabalhado muito, sabe como é, nessa época do ano, verão, férias, enfim. Mas, me conta, como foi em Paris?

- Ótimo, quer dizer, Paris é sempre ótimo, mas eu preferia ter ficado com alguns amigos. Eu trouxe um presente pra você. – Marissa deu a sacola a Jimmy e ele desembrulhou a gravata. – É Armani.

- Ahm, obrigado, Marissa, ahm, é linda, hum, é, Armani. Obrigado. Marissa, sobre o que aconteceu antes de você ir pra Paris... – Jimmy começou a falar e Marissa imaginou que ele tinha pensado nisso o verão inteiro, então estavam empatados. – Eu queria...

- Eu queria me desculpar, pai, eu fui dura demais com você, acho.

- Não, eu deveria ter te contado, eu estava esperando o melhor momento, bem, eu queria ter certeza antes de... bagunçar a sua cabeça.

- Vocês estão juntos há muito tempo?

- Alguns meses.

- Pai, eu não posso dizer que é simples, porque não é, e...

- É complicado, eu sei, Marissa, mas...

- Mas, se você está feliz, eu vou me esforçar pra entender, só não mente mais pra mim, quer dizer, você é a pessoa em quem eu mais confio, eu não queria perder isso.