Depois de alguns lamentos, Merida acabou por arrancar a tapeçaria da parede. Logo, aproximou-se da porta.

– Cozinheira! – Chamou, mas a mulher manteve-se encolhida em seu lugar. – Eu preciso de você! AGORA!

Merida se interrompeu ao notar Jack e Elsa se aproximando com três figuras pequenas e escuras. Os trigêmeos também haviam virado ursos.

A cozinheira já estava subindo quando notou os três pequenos ursos negros. A mulher se encolheu contra a parede e agarrou a chave com mais força. Merida sorriu e virou o olhar para os trigêmeos.

– Peguem a chave. – Disse.

Os três ursinhos viraram-se para a cozinheira, que recuou e colocou a chave dentro das roupas. Os três começaram a fazer caretas e perseguir a pobre mulher, que saiu correndo pelo castelo.

Jack e Elsa apenas riam enquanto seguiam os trigêmeos por Hogwarts, que estava vazia naquele momento, uma vez que todos haviam ido à caça do urso Elinor.

Na floresta, Elinor corria com sete dos amigos de Merida acompanhando-a. Os perseguidores não demorariam muito para alcançá-la naquele ritmo.

Percebendo isso, Elena parou abruptamente, ficando para trás. Anna, ao notar isso, voltou até a irmã mais velha.

– Qual é o problema? – A ruiva perguntou.

– Eu vou atrasá-los. – Elena assegurou.

– Como? – Anna arqueou uma sobrancelha.

– Só te peço que confie em mim. – Elena sorriu. – Vá.

Anna assentiu com a cabeça e voltou a seguir Elinor. Elena ainda sorriu mais uma vez antes de descer de sua vassoura e se abaixar.

– Vai doer mais em vocês do que em mim. – A morena murmurou.

Bateu as duas mãos no chão e um pouco mais à frente dela, ergueu-se uma gigantesca parede de fogo, cortando a floresta. Todos os que estavam perseguindo Elinor pararam e começaram a tentar apagar o fogo, mas este não se extinguia por nada.

Depois de alguns minutos, Elena começou a fraquejar um pouco por causa da enorme quantidade de energia gasta na parede de fogo. Assim que a parede se desfez, ela montou em sua vassoura e retomou seu caminho, seguindo os outros.

Em Hogwarts, a cozinheira continuava a gritar correr dos trigêmeos, que por sua vez eram seguidos por Jack e Elsa.

No quarto em que fora trancada, Merida começou a procurar os objetos que precisava para remendar a tapeçaria.

– Agulha e linha. Agulha e linha. Agulha e linha. – Repetia sem parar enquanto vasculhava o quarto.

Com sua Firebolt, Elena conseguiu alcançar os outros. Todos logo notaram que ela parecia completamente exausta.

– O que foi que você fez? – Anna perguntou, voando perto dela caso fosse necessário apará-la se caísse da vassoura.

Elena apenas balançou a cabeça e continuou o caminho com o urso e os amigos. Alguns dos perseguidores já estavam recomeçando a se aproximar.

Depois de tanto procurar, Merida acabou por encontrar o que procurava em um baú.

– Achei! – Ela exclamou ao pegar a agulha.

Enquanto isso, em outro lugar no castelo, a pobre cozinheira continuava a correr e gritar como uma desesperada, afinal tinha três “ursos” lhe perseguindo. No desespero, a mulher acabou por se trancar na cozinha.

Ela fica paralisada ao notar Jack e Elsa olhando para ela com um sorriso divertido com dois ursos pretos entre eles. Ela logo pega uma frigideira e aponta para os ursos. Só então ela se dá conta.

– Um. Dois... – Contou, notando a falta do terceiro.

– Isso mesmo. – Jack riu e Elsa o acompanhou.

O terceiro urso, que estava escondido, pulou dentro das roupas da pobre cozinheira, procurando a chave. Jack tapou os olhos de Elsa com a mão e ela fez o mesmo com ele.

Depois de conseguirem a chave, os cinco correram até o quarto onde Merida estava presa. Elsa destrancou a porta e a abre. Merida logo saiu, trazendo a tapeçaria consigo.

– Merida, esse corte... – Elsa notou o braço machucado de Merida.

– Eu estou bem. – A ruiva assegurou.

– Mas está perdendo muito sangue. – Jack argumentou.

– Temos que ir! – Merida lembrou.

Todos assentiram e correram para fora do castelo. Jack e Elsa pegaram suas vassouras, mas Merida preferiu seu cavalo Angus, na qual os irmãos também foram.

Fugindo dos perseguidores pela floresta proibida, Elinor acabou por parar no mesmo conjunto circular de rochas de antes. Os sete desceram de suas vassouras e se posicionaram entre o urso e os bruxos que estavam chegando.

– Saiam da frente, crianças. – Fergus pediu, aproximando-se com sua varinha.

– Estupefaça! – Jacky lançou o feitiço.

– Protego! – Fergus se protegeu. – Não nos deixam outra escolha.

Ali mesmo, iniciou-se uma batalha. Feitiços voavam para todos os lados. Apesar de conseguirem derrotar uma boa parte dos inimigos, os sete acabaram por ser capturados. Alguns dos homens do Rei Fergus os pegaram por trás e seguraram, afastando-os do urso.

Quanto a Elinor, ela foi cercada e amarrada, caindo no chão.

– Terminei! – Merida gritou.

– Mas nós temos que nos apressar! – Jack gritou, seguindo mais à frente do cavalo de Merida juntamente com Elsa.

Os três pararam abruptamente quando uma Luz Mágica apareceu diante deles. Logo então, várias outras apareceram e formaram uma trilha. Jack e Elsa olharam para Merida.

– Vamos! – A ruiva gritou e os três começaram a seguir a trilha de luzes.

Fergus pegou sua varinha e apontou para o urso, pronto para dar o golpe final.

– Expelliarmus! – Ouviram uma voz e a varinha de Fergus voou de sua mão.

Merida andou até seus pais, apontando a varinha para seu pai. Jack e Elsa mantiveram-se atrás dela, mas fixaram o olhar nos outros sete, que estavam sendo segurados pelos homens do rei.

– Para trás. – Merida ficou entre Fergus e Elinor, apontando a varinha para o pai. – Essa é minha mãe.

– Você ficou maluca, menina? – Fergus questionou incrédulo.

– Mãe, está ferida? – Merida olhou para trás pelo canto do olho.

Elinor fez um gesto mínimo com a cabeça, indicando que não. Nesse momento, Fergus a empurrou e Lorde Macintosh a segurou. Fergus tomou a varinha de Lorde Dingwall e apontou a varinha para a esposa novamente.

Merida ficou nervosa e se soltou do Lorde e ficou novamente entre o pai e a mãe, apontando a varinha para Fergus.

– Merida? – Fergus surpreendeu-se com a atitude dela.

– Não vou deixar ninguém machucar minha mãe. – A ruiva respondeu. – Impedimenta!

Fergus foi jogado alguns metros para trás, mas logo se levantou.

– Sinto muito, querida. – O homem disse. – Expelliarmus!

– Protego! Bombarda! – Apontou para a perna de pau de Fergus, que se desfez em milhares de lascas de madeira, fazendo-o cair.

Nesse mesmo momento, Harris, Hamish e Hubert apareceram e se jogaram no pai.

– Meninos. – Merida chamou e eles saíram de cima de Fergus.

– Meninos?! – Fergus exclamou.

Tudo foi interrompido por um barulho estrondoso. Quando olharam para trás, viram Mor’du se erguendo sobre duas patas.

– MATEM! – Ainda no chão, Fergus gritou.

Todos ali avançaram no enorme urso negro, que não era afetado por feitiço nenhum e atacava incansavelmente seus inimigos. O urso estava prestes a atacar Fergus, quando Merida lhe apontou a varinha.

– Bombarda! – O urso foi jogado alguns poucos centímetros para trás por causa do impacto, mas logo se virou novamente para sua atacante e partiu para cima dela.

Jack e Elsa, que até agora haviam conseguido libertar Elena, Anna e Soluço, correram ao auxílio de Merida, assim como os outros três.

– Confringo! – Elsa apontou a varinha para o chão abaixo de Mor’du, que cedeu, fazendo-o cair no buraco recém-aberto.

– Draconifors! – Elena apontou a varinha para algumas pedras no chão, que instantaneamente se transformaram em dragões de tamanho médio. – Oppugno!

Mor’du atacou os dragões com suas longas garras e os jogou longe, saiu do buraco e continuou a avançar.

– Aequora Teggo! – Anna gritou.

Uma enorme e densa parede de água se ergueu entre eles, mas Mor’du conseguiu passar por ela sem dificuldade.

– Glacius! – Jack jogou um feitiço.

As patas traseiras do urso foram instantaneamente congeladas, mas logo ele usou sua força e quebrou o gelo, recomeçando a se aproximar.

– Incarcerous! – Soluço falou.

Várias cordas saíram de sua varinha e amarraram Mo’du, mas o urso usou sua força e se libertou delas, seguindo seu avanço. Já perto o suficiente, ele jogou Elsa, Elena, Anna, Jack e Soluço para longe com uma única pata e ficou por cima de Merida. Quando estava prestes a matar a ruiva, Elinor se libertou e o atacou, defendendo a filha.

Os dois ursos começaram a lutar incansavelmente. Mor’du parecia estar levando vantagem por ser maior. Sendo mais inteligente, Elinor o jogou em uma das pedras, que quebrou e caiu por cima do enorme urso, mas a mãe de Merida conseguiu escapar.

Logo Merida percebeu o sol começando a nascer e correu até Angus, pegando a tapeçaria e colocando-a por cima de sua mãe. Porém nada aconteceu.

Com a luz do sol se aproximando cada vez mais de Elinor, os olhos do urso ficaram mais escuros e vazios.

– Não. – Merida sussurrou.

A ruiva se atirou na mãe e a abraçou com força, chorando.

– Me desculpe. – A ruiva falou entre lágrimas. – Eu fiz isso com você. A culpa é toda minha.

Os guardas que estavam segurando os amigos da ruiva os soltaram, mas nenhum deles se aproximou. Apenas se reuniram e abaixaram a cabeça, sem conseguir olhar para Merida.

– Você sempre esteve ao meu lado. – A ruiva continuou a falar enquanto chorava e abraçava a mãe. – Você nunca desistiu de mim. Eu quero você de volta. Eu te quero de volta, mamãe.

A luz do sol já estava quase chegando ao urso e à ruiva, quando Merida sussurrou:

– Eu te amo.

A luz do sol finalmente alcançou as duas, iluminando-as e também a tapeçaria. Merida chorou ainda mais e cerrou os olhos com força. Só os abriu novamente quando sentiu alguém abraçá-la. Moveu-se um pouco para trás, o suficiente para ver que não era mais um urso ali. Era sua mãe.

– Mãe. Você voltou. – Merida sorriu.

Elinor também sorriu e começou a beijar o rosto da filha. Assim que ela parou, Merida disse:

– Você mudou.

– Acho que nós duas mudamos. – A ruiva ouviu a voz da qual tanto sentira falta.

– ELINOR! – Fergus gritou e correu até as duas, esmagando-as num abraço.

Logo, Fergus segurou Elinor e a beijou. Merida riu quando os pais se separaram. Ao olhar a mãe novamente, houve uma coisa que Merida percebeu.

– Mãe, suas roupas. – A ruiva lembrou, uma vez que a mãe estava enrolada na tapeçaria.

– Fergus. – Elinor murmurou no ouvido do marido. – Minhas roupas. – Disse e Fergus olhou para ela. – Não fique me olhando, faça alguma coisa.

– Senhores, virem-se para o lado. Mostrem um pouco de respeito! – O Rei de Highland falou.

Os Lordes fizeram com ele ordenou. Elsa cobriu os olhos de Jack com a mão e as outras meninas fizeram o mesmo com Soluço.

Os trigêmeos, não mais sendo ursos e também sem suas roupas, correram até a família, que os abraçou.

– Estou vendo que mais alguém precisa de roupa. – Fergus riu.

Depois de um tempo, tudo estava normal na família Dunbrooch. Elinor, Fergus, Hamish, Hubert e Harris continuariam no castelo por mais algum tempo, assim como os Lordes e seus clãs. Parecia que as coisas não podiam estar melhores.

Merida apresentou todos os seus amigos à sua família. Todos se deram muito bem. Jack passou até mesmo a ajudar os trigêmeos com suas usuais travessuras. Mas o mais importante, Elinor e Merida estavam unidas novamente.

Naquela clareira onde havia pedras arrumadas em um círculo, um homem de capa preta se aproximou da única pedra caída ali. Retirou uma varinha das vestes e com um movimento, a pedra desapareceu.

– Sorte sua que seu corpo de urso é resistente, Mor’du. – Pitch Black declarou enquanto um homem se levantava.

– Não ligo para a sua opinião, Black. – Mor’du, em sua forma humana, resmungou.

– Não importa. – Pitch deu de ombros. – Temos que ir. Todos estão esperando. Conseguiu o que nós precisamos, no final das contas?

– Não tenha dúvidas. – Mor’du sorriu e mostrou a mãe ensanguentada. – O sangue da Princesa de Highland, como você pediu.

– Excelente. – Pitch também sorriu. – Um já foi, faltam nove.

Os dois riram e logo se retiraram dali.