Elena colocou Elsa com cuidado na grama nem mais tão verde de Hogwarts, uma vez que o vermelho era mais presente do que o verde em si. A loira havia engolido bastante água e não estava respirando.

– Anapneo! – Elena lançou o feitiço na loira, mas nada aconteceu.

A morena já estava começando a perder as esperanças quando finalmente Elsa acordou, cuspindo uma gigantesca quantidade de água. Ainda confusa e zonza, a loira sentiu-se ser abraçada pela morena.

– Nunca mais faça isso comigo! – Elena exclamou, deixando que as lágrimas molhassem seu rosto ensanguentado.

– Agora você me entende. – Elsa respondeu em voz baixa e num tom divertido, lembrando-se das vezes em que Elena quase morrera e deixara a loira desesperada.

– É diferente. – A morena limpou as lágrimas de seu rosto com as costas da mão.

– Não é não. – Elsa sorriu de leve e então olhou em volta, finalmente notando a falta de uma pessoa ali. – Onde está Anna?

Elena ficou absolutamente calada, virando-se abruptamente para o Lago Negro, como se esperasse que de repente e a ruiva saísse dali.

Anna havia feito um feitiço cabeça de bolha e não estava tendo problemas por falta de ar, porém os tentáculos de Úrsula não estavam sendo fáceis de combater.

O tentáculo que Elena havia explodido encontrava-se inutilizado, flutuando pela água avermelhada pelo sangue que ainda saía dali. A ruiva até tentara alguns feitiços, mas a água deixava sua inimiga quase imbatível.

Ela precisava pensar rapidamente, uma vez que se não o fizesse, acabaria no fundo do Lago fazendo companhia a Dolores Umbridge. Engoliu em seco com o pensamento. Não era do feitio dela ser pessimista, mas naquela situação, quem não seria?

Úrsula agarrou o pé da ruiva e começou a puxá-la para perto de si. Mesmo sob a água, a Chefe do Departamento de Mistérios parecia conseguir falar muito bem, dizendo:

– Então você deveria me matar? – A água não impedia nem um pouco o tom de deboche se fazer ouvir pelo silêncio ali, uma vez que de onde estavam, nenhuma das duas conseguia ouvir o caos que se instalava nos Campos. – Que piada. Como se eu fosse ser derrotada por uma criança fraca como você.

Aquilo irritou profundamente a ruiva. Ninguém a chamava de fraca. Ela então apontou a varinha para o tentáculo que a segurava, explodindo-o com um feitiço Confringo não verbal.

Liberta, apontou a varinha para o fundo do lago, forçando sua voz a sair enquanto a bolha de ar estourava:

– Ascendio!

O feitiço a jogou para cima, tirando-a do lago e arremessando-a nos Campos, próxima a suas irmãs, que correram até ela. Anna sentiu ouviu um estalo e uma dor insuportável tomou lugar em seu corpo quando bateu no chão. Ao que parecia, na queda, havia acabado por quebrar uma costela.

– Anna! – Elsa e Elena correram até ela enquanto a ruiva se encolhia no chão, segurando o lugar onde possivelmente havia quebrado a costela e contendo um grito de dor que se formava em sua garganta.

– Eu estou bem. – A ruiva declarou, embora o tom falho e dolorido de sua voz denunciasse que ela estava mentindo.

Elsa e Elena se postaram cada uma de um lado da ruiva, colocando os braços dela sobre seus ombros e levantando-a cuidadosamente, mas ainda arrancando uma careta de dor de Anna.

Antes que conseguissem sequer cogitar se virar para tirar a ruiva dali, Úrsula saiu da água e seus tentáculos espalharam-se pelo Lago Negro. Ela estava simplesmente gigante, como se alguém a tivesse enfeitiçado com um feitiço Engorgio realmente muito potente.

– Você não vai escapar! – A Chefe do Departamento de Mistérios gritou, apontando com a mão estranhamente roxa para Anna, que estava apoiada em ambas as irmãs mais velhas e trazendo uma expressão de dor no rosto.

Úrsula jogou um de seus tentáculos nas meninas, arremessando-as para o lado. No ato, Elena bateu a cabeça na árvore que havia na beira do Lago, ficando inconsciente enquanto o sangue escorria de sua cabeça por causa da pancada. Anna sentiu outra costela se partir e a que já estava quebrada lhe cutucar o pulmão esquerdo quando bateu no chão violentamente, mordendo o lábio para evitar gritar. O tentáculo de Úrsula praticamente esmagou a perna de Elsa, fazendo a loira gritar com a dor insuportável que sentia enquanto o sangue escorria pela perna esfolada.

– Parece que vou matar a ruivinha e ainda vou matar a loira e a morena como brinde. – Úrsula gargalhou audivelmente, aparentando completa satisfação com a dor que causara.

Elsa se arrastou até onde Elena estava inconsciente e Anna tentava em vão acordá-la, deixando uma trilha de sangue fresco pela grama já vermelha.

Percebendo que se não fizesse alguma coisa, nenhuma das três conseguiria sair viva dali, Anna se forçou a levantar, colocando a mão no lugar onde sabia estarem as costelas quebradas como se aquilo fosse lhe aliviar a dor e com a outra segurando a varinha que apontava para Úrsula.

– Anna... – Elsa falou em um tom baixo que a ruiva quase não ouviu, não conseguindo forçar sua voz a sair mais alta.

Com as pernas trêmulas, Anna se forçou a andar alguns passos, aproximando-se do Lago em que sua inimiga estava.

– Pronta para a próxima rodada, ruivinha? – Úrsula provocou com um sorriso debochado e divertido.

– Bombarda Maxima! – Anna forçou sua voz a sair em meio a toda dor que sentia, conseguindo explodir mais um tentáculo de Úrsula, fazendo o sangue jorrar para todos os lugares, sujando tanto ela quanto quem quer que estivesse próximo.

– SUA PIRRALHA INSOLENTE! – Úrsula gritou a plenos pulmões, alterada, embora trouxesse também um toque de dor na voz ao ter perdido seu terceiro tentáculo.

A Chefe do Departamento de Mistérios levantou um de seus gigantescos tentáculos, deixando-o cair por cima de Anna, que se jogou para o lado, soltando um guincho de dor ao sentir suas costelas quebradas baterem contra o chão.

Ainda no chão, Anna apontou a varinha para o tentáculo com que Úrsula tentara atacá-la, que ainda se encontrara no mesmo lugar onde caíra.

– Confringo! – A ruiva explodiu mais um tentáculo e mais sangue jorrou, preenchendo tudo a sua volta de um vermelho vivo que ficou por cima do sangue seco que já estava ali.

– MALDITA! – Úrsula berrou, trazendo para si a parte restante do tentáculo e atacando a ruiva com outro, que ela não conseguiu desviar completamente.

Anna sentiu o tentáculo pesado vir de encontro com sua perna e esmagá-la, do mesmo jeito que acontecera com a de Elsa. O barulho do osso se destroçando atingiu Anna ao mesmo tempo em que a dor excruciante enquanto os ossos partidos perfuravam seus músculos e lhe dilaceravam de dentro para fora.

Mesmo assim, Anna conseguiu conter o grito mordendo o lábio com tanta força que este sangrou, forçando um sorriso ainda com os dentes perfurando sua própria pele.

– Você perdeu. – Anna declarou em um tom falho e torturado, apontando a varinha com a mão trêmula para o tentáculo que jazia sobre sua perna, forçando o feitiço a sair enquanto se sentia cada vez mais fraca. - Pietro Fatinsky!

A partir de onde o feitiço a atingira, Úrsula começou a se transformar lentamente em pedra.

– O QUE VOCÊ FEZ?! – Úrsula tentou avançar novamente em Anna, mas petrificou totalmente antes de conseguir fazê-lo.

Anna se deixou cair no chão, não mais se importando com a dor quando seus ossos fraturados foram de encontro a terra. Ainda apontou mais uma vez a varinha para a inimiga petrificada.

– Bombarda... – Disse em um tom baixo e fraco, mas o feitiço saiu forte o suficiente para explodir completamente Úrsula, jogando pedaços da pedra que ela se tornara momentos antes para todos os lados e até atingindo alguns, inclusive Anna, que foi acertada na cabeça. A vista escurecia e ela se sentia afundando na inconsciência, mas antes de apagar completamente, ainda sussurrou fracamente com um sorriso apagado, mas vitorioso no rosto. – Consegui... – E então fechou os olhos, deixando-se levar pela escuridão da inconsciência.