Enquanto isso...

Perto das Estufas, Alice e Mirana acabavam com os poucos bruxos que havia por ali. A maioria dos inimigos ou estava morta ou lutava com outros bruxos ou havia fugido, então não estava mais sendo tão difícil quanto foi no começo.

– Não acha que está sendo fácil demais? – Mirana arqueou uma sobrancelha enquanto abatia o último bruxo ali.

– Fácil?! – Alice repetiu com uma expressão incrédula no rosto. – Olhe para você! – Apontou mais especificamente para o braço que a Rainha Branca matinha rígido junto ao corpo por estar quebrado.

– Já sei. Já sei. – Mirana se defendeu e revirou os olhos. – Mas nós temos que ir. Mais perto do Lago Negro ainda estão ocorrendo muitas batalhas.

– Mirana, você precisa ir ao castelo. Está acabada. – Alice interveio com preocupação. – Por acaso está querendo se matar?

– Ora, ora. Se a morte é o que deseja, irmãzinha, eu terei o maior prazer em ajudar. – Uma voz conhecida e nem um pouco agradável se fez ouvir ali e as duas si viraram, encontrando Iracebeth lhes apontando a varinha.

– O que você está fazendo aqui? – Mirana perguntou em um tom baixo, incrédulo.

– Black soltou os Prisioneiros de Azkaban. – Iracebeth deu de ombros como se fosse algo absolutamente comum. – Por que eu não viria se aqui eu tenho a chance de acabar com você?

– Quero ver você tentar. – Alice apontou a varinha para a Rainha Vermelha, que trazia um sorriso divertido no rosto.

– Loirinha, não pretendo perder meu tempo com você. – Iracebeth manteve o sorriso no rosto, não parecendo se importar com Alice. – Estupefaça! – Pegou sua varinha e lançou o feitiço tão rapidamente que Alice não teve tempo de se defender, sendo jogada para trás.

– Expelliarmus! – Mirana não perdeu tempo em revidar, fazendo uma careta quando sem querer fez um movimento brusco sobre o braço quebrado.

– Protego! – Iracebeth se protegeu rapidamente. – Pietro Fatinsky!

– Protego Maxima! – Mirana se defendeu. – Irace, pelo menos uma vez na sua vida, pense no que está fazendo.

– Acredite, eu já pensei muito bem. – Iracebeth abriu um sorriso falso e tornou a atacar a irmã. – Petrificus Totallus!

– Protego! – Mirana mais uma vez se defendeu.

– Avada Kedavra! – Iracebeth gritou a plenos pulmões.

Sem tempo para pensar em um feitiço para se proteger, Mirana se jogou para o lado, caindo de frente na grama manchada de sangue. Seu corpo ficou por cima de seu braço quebrado na queda, fazendo com que um grito de dor alto e agudo rasgasse por sua garganta e irrompesse pelos lábios entreabertos da Rainha Branca enquanto ela sentia seu braço ser dilacerado de dentro para fora.

– Parece que desta vez eu ganhei, não foi, irmãzinha? – Iracebeth abriu um sorriso vitorioso ao ver Mirana no chão com a face contorcida de dor.

Ainda no chão, Mirana virou-se com dificuldade de modo que pudesse ficar de frente para a irmã mais velha. Para a surpresa e irritação de Iracebeth, a Rainha Branca apenas abriu um sorriso terno e carinhoso.

– Sua vida deve ser um grande vazio, minha irmã, se sua única felicidade vem de destruir a vida dos outros. – Mirana declarou sem sequer um resquício de hostilidade na voz, como se estivesse falando com qualquer pessoa que jamais a tivesse feito qualquer mal. – Eu realmente tenho pena de você, Irace. Só espero que com a minha morte, você finalmente se dê por satisfeita e faça o que é certo daqui para frente.

As palavras de Mirana, por mais ternas e sem maldade que fossem, fizeram Iracebeth ficar ainda mais furiosa do que já estava.

Sem hesitar, a ruiva apontou sua varinha para a irmã mais nova, que apenas fechou os olhos e não fez menção de pegar sua própria varinha, que não estava realmente muito distante dela, para se defender, apenas esperando que a mais velha realizasse o feitiço que acabaria com tudo aquilo que existia entre elas.

– Avad...! – Iracebeth começou a falar, mas foi interrompida por Alice.

– Expelliarmus! – Assim, a varinha da ruiva voou para longe dela, desarmando-a. – Fique longe dela! – A loira gritou com verdadeiro ódio.

– Alice, não se meta! – Para a surpresa das outras duas ali, Mirana gritou com a loira, deixando algumas lágrimas escaparem de seus olhos.

– Mirana... – A raiva de Alice fora substituída por confusão quando ela tentou argumentar com a Rainha Branca.

– Isso é entre mim e a Irace! Fique fora disso! – Apesar do tom alto, Mirana pediu quase em súplica, recusando-se a deixar que qualquer outra pessoa, ainda mais sua melhor amiga, se arriscasse por algo que era entre ela e sua irmã.

Alice ficou completamente paralisada, imóvel, boquiaberta. Jamais esperara algo assim vindo de Mirana, que jamais elevava o tom de voz para ninguém, jamais gritava com qualquer pessoa.

Assim, a Rainha Branca virou-se para a Rainha Vermelha e se levantou com dificuldade, ainda sentindo profundamente a dor em seu braço. Pegou sua varinha caída na grama suja de sangue e caminhou até Iracebeth, que parecia tão atônita quanto Alice, de modo que a ruiva sequer se mexeu.

Mirana andou calmamente até onde Iracebeth estava e, com a mesma mão com a qual segurava sua varinha, pegou a mão de Iracebeth, erguendo a mão da ruiva entre elas e deixando a varinha com ela, de modo que a apontasse para si mesma.

– Estou esperando, Irace. – Mirana abriu o mesmo sorriso terno e carinhoso de antes. O mesmo que costumava dirigir a Iracebeth antes de toda aquela confusão entre elas começar. O mesmo que dirigia a Alice desde que conhecera a loira. Um sorriso a qual uma pessoa só seria capaz de dirigir a um irmão. E a um irmão que realmente amasse, sendo um que estivesse sempre ao seu lado, como Alice, ou um com quem você não se dava bem, como Iracebeth. – Acabe com isso. – Soltou a mão da ruiva, que continuou erguida com a varinha apontada para o coração da Rainha Branca, por mais que a Rainha Vermelha parecesse ainda estar com a mente realmente longe dali, surpresa com a atitude da irmã caçula. – Você quer me matar. Vá em frente. Eu não a culpo por isso e acho que se eu fosse uma boa irmã, nada disso teria acontecido. – Deixou uma lágrima solitária escorrer pelo rosto pálido. – Então eu mereço a morte ou qualquer outro sofrimento que você julgue que eu mereça. - Ergueu a mão e levou-a a bochecha de Irace. – Apesar de tudo, acho que há uma coisa que eu nunca te disse, mas que eu realmente quero que você saiba: Eu te amo. – Outra lágrima escorreu por seu rosto enquanto ela abaixava a mão e fechava os olhos. – Você sabe a Maldição muito bem. Agora a use.