No Expresso de Hogwarts, os Dez amigos já se encontravam na última Cabine do trem, que de certa forma, já era sua cabine.

Todos ali perceberam que Elsa parecia mais distante e fechada que o normal e todas as vezes que dirigiam uma pergunta à loira, ela apenas olhava para Elena e a morena respondia. Apesar de já estar acostumada com as mudanças repentinas no comportamento de ambas as irmãs, Anna ficou infeliz ao constatar que as duas irmãs se isolariam de novo, afinal Elena, apesar de ainda conversar e interagir com os outros, parecia estar indo no mesmo caminho que Elsa.

A viagem seguiu num silêncio desconfortável que ninguém se atrevia a quebrar. Nem mesmo Rapunzel e Anna falavam qualquer coisa.

Ao chegarem a Hogwarts, todos imediatamente foram para as carruagens, esperando que o clima incômodo que se instalara entre eles acabasse, mas o caminho até o castelo seguiu do mesmo modo.

Assim que chegaram ao castelo, os dez se espalharam incomodados. Elena e Elsa foram diretamente até o Salão Comunal da Grifinória, Mirana e Alice foram à Biblioteca, Jacky, Soluço, Rapunzel e Merida rumaram normalmente ao Grande Salão, Anna foi dar uma caminhada pelos Campos de Hogwarts e Jack ficou apenas parado ali em frente às portas do Castelo, pensativo.

Os dias que foram se seguindo pareciam ter trazido de volta a amizade daquele grupo. Todos, ou quase todos, estavam novamente juntos e conversando normalmente, como se não tivesse ocorrido nada durante a viagem. Porém, ainda havia uma coisa que incomodava a todos, principalmente Jack e Anna: O afastamento das Gêmeas Gryffindor.

As duas quase não conversavam e evitavam estar perto dos amigos sempre que podiam. Anna sabia bem o que estavam fazendo, apesar de ainda não saber o porquê. Jack parecia estar inconformado e iria tirar satisfações a esse respeito.

Algumas semanas depois de terem retornado a Hogwarts, na hora do jantar, Jack puxou Elsa para o Corredor do Quarto Andar, que estava completamente vazio no momento.

– Por quê? – Ele perguntou.

– ‘Por que’ o que? – Elsa questionou sem entender.

– Por que essa distância? – O albino arqueou uma sobrancelha. – O que aconteceu para você e sua irmã ficarem tão afastadas de todos?

– Nada. – Ela levantou os braços em rendição.

– Elsa, não minta para mim. – Jack esfregou os olhos com a ponta dos dedos. – Eu te conheço, ou pelo menos acho que conheço.

– Jack, a verdade é que eu... – A loira ia falar, mas se interrompeu, ficando calada.

Elsa respirou fundo e viu Jack ficar cada vez mais impaciente e preocupado com o passar dos segundos.

– Eu tenho que te dizer uma coisa. – Ela disse com pesar.

– O que? – Jack se aproximou. – Depois de tudo, agora só me falta você dizer que quer dar um tempo.

– Não estou dizendo que quero dar um tempo. – Elsa suspirou. – Estou dizendo que acabou.

Jack ficou paralisado, com os olhos fixos na namorada que estava prestes a virar ex. Elsa estava segurando as lágrimas, mas sentia que a qualquer momento poderia desabar.

– Como assim? – O albino perguntou, com lágrimas nos olhos, e estendendo a mão para o rosto da loira.

Elsa desviou o rosto do gesto de Jack, o que pareceu deixá-lo ainda mais arrasado.

– Você me ouviu. – Ela olhou para o chão. – Acabou.

Dito isso, a loira logo saiu dali, sabendo que se ficasse mais um segundo que fosse, iria desabar a chorar na frente dele.

– Assim?! – Ouviu ele quase gritar de trás de si, mas não se virou. – Sem explicações?!

– Exatamente. – Elsa respondeu ainda sem se virar para o albino. – É o melhor.

– Melhor para quem? – Jack correu atrás dela e segurou seu braço. – Elsa, o que você não está me contando?

– Nada. – A loira balançou a cabeça, trazendo em seu rosto uma expressão rígida.

– Mentira. – Ele disse. – O que é que você não quer me dizer? – Ele começou a ficar nervoso quando ela não disse nada. – O QUE É?!

– Jack, já chega. – Elsa puxou seu braço e ele a soltou. – Eu não te devo explicações sobre as minhas escolhas.

– Quando elas me afetam, sim você deve. – Jack retrucou com o rosto banhado em lágrimas.

– É o melhor para você. – Ela disse e começou a se afastar novamente.

– Elsa, espere! – Jack correu novamente atrás dela e a segurou pelo braço mais uma vez. – Por favor, não faça isso.

– Eu já fiz. – Ela balançou a cabeça numa tentativa de se livrar das lágrimas que estavam se formando. – Sinto muito, Jack.

Dito isso, ela saiu dali, dessa vez sem nenhum impedimento por parte dele. Tão abalado estava, Jack não percebeu a fina e quase invisível camada de gelo que se formava por onde ela passava. O albino apenas ficou ali, parado, como que absorvendo os últimos acontecimentos e ainda sem querer acreditar.

Elsa, já com as lágrimas fluindo livremente, correu o mais rápido que podia até a Torre de Astronomia. Lá, ela acabou por encontrar Elena, que parecia distraída olhando as estrelas.

– Parece que você fez o que disse que ia. – A morena declarou sem olhar para a loira em prantos atrás de si.

Elsa sorriu fracamente com a resposta da irmã e se afastou dela. As duas sentaram-se no chão e se encostaram à parede atrás de si.

– E então? – Elena arqueou uma sobrancelha.

– Vou ter que me afastar de novo. – Elsa respondeu sem olhar para ela.

– Não há necessidade disso... – A morena tentou argumentar, mas a loira a interrompeu.

– Não tente amenizar as coisas. – Elsa falou quase num sussurro. – Você sabe que é verdade.

Elena abaixou a cabeça, parecendo pensar por alguns segundos, antes de dizer:

– E o que vai dizer a eles? – Perguntou. – Nós não estamos na mesma situação de antes quando tínhamos papai e mamãe para nos acobertar da Anna. Sem eles, Anna não vai cair nas nossas mentiras tão facilmente. Sem falar nos nossos amigos e no seu namorado...

– Eu vou terminar com o Jack. – Elsa a interrompeu novamente.

– O que? – Elena quase não acreditou no que ouviu.

– Isso mesmo que você escutou. – A loira disse com um sorriso infeliz. – Eu vou terminar com ele. Vai ser melhor.

– Isso é o que você diz. – Elena balançou a cabeça. – Mas e quanto a ele? Ele pode não achar a mesma coisa. Isso realmente é mais fácil do que contar para ele sobre isso? – Gesticulou para o quarto congelado.

– Muito mais fácil. – Elsa ainda não olhava para a irmã. – Eu não quero que ele ou qualquer outra pessoa descubra que eu sou um monstro.

– Você não é um monstro. – A morena respondeu.

– Isso é o que você diz. – Elsa revirou os olhos. – Mas eu sei que sou e nada pode mudar isso. Eu fiz o feitiço e não dá mais para voltar atrás.

– Então isso significa que eu sou um monstro também? – Elena arqueou uma sobrancelha.

– Você é a pessoa mais maravilhosa que eu conheço. – Elsa respondeu, segurando uma das mãos da irmã. – E você nunca machucaria ninguém. Eu já fiz isso e posso acabar fazendo de novo.

– Elsa, não é assim... – Elena tentou falar, mas foi novamente interrompida pela irmã.

– Não tente me convencer de nada. – A loira pediu. – Por favor.

As duas ficaram em silêncio pelo que lhes pareceu um longo tempo até que a morena fosse a primeira a proferir uma palavra.

– Você tem certeza disso? – Elena arqueou uma sobrancelha quando Elsa terminou de falar. – Acha que isso é o certo?

– É o melhor a se fazer. – A loira respondeu, olhando para o chão. – Você não precisa ficar do meu lado nisso. Eu só queria que você soubesse.

– É claro que eu vou ficar do seu lado. – Elena levantou o rosto da irmã, fazendo-a olhá-la. – Sempre.

Elena estava ouvindo o choro da irmã gêmea mais nova, mas não queria se virar para ver. Continuou imóvel como uma estátua e Elsa correu até ela, abraçando-a por trás.

– Você não devia ter feito isso. – A morena disse.

– Foi para protegê-lo. Para proteger a todos. – A loira respondeu, ainda abraçando a irmã por trás.

– Jack Frost realmente vale todo o seu sofrimento? – Elena deu um sorriso infeliz que a irmã não viu.

– Vale muito mais. – Elsa declarou.

Elena virou-se e abraçou a loira, que chorava como nunca.

– Por quê? – A morena questionou, mesmo que já soubesse a resposta, querendo ouvir da boca da própria loira.

– Porque eu o amo. – Elsa respondeu.

Elena até sorriu um pouco, mas o sorriso sumiu com os soluços de Elsa por causa do choro. A morena se sentou no chão juntamente com a loira e as duas se encostaram à parede. Elsa enterrou o rosto no ombro da mais velha e permitiu chorar ainda mais.