Depois de alguns poucos minutos, Flynn chegou a uma parte mais vazia dos terrenos do castelo, onde havia uma torre onde o Diretor Mouse colocara o quarto de Gothel, onde Rapunzel provavelmente estaria.

– Rapunzel! – Flynn desceu de Max e chamou. – Rapunzel, jogue os seus cabelos!

Sem resposta, ele começou a tentar escalar a parede do castelo para chegar até a janela da torre, mas logo um monte de cabelos loiros caiu e ele subiu por eles.

– Rapunzel, eu pensei que não te veria outra vez. – Eugene disse quando já estava na janela da torre.

Foi aí que ele viu a loira amarrada e amordaçada num canto, presa por correntes. Distraiu-se e Gothel apareceu atrás dele, apontando-lhe a varinha.

– Sectumsempra. – A mulher disse e o rapaz caiu no chão, sangrando e cheio de ferimentos. – Olhe o que você fez, Rapunzel. – Gothel sorriu. – Mas não se preocupe. Nosso segredo morre junto com ele. E caso ele tenha contado algo, talvez eu deva fazer uma visitinha àqueles seus amiguinhos, não acha?

Gothel foi até à parede onde as correntes que seguravam Rapunzel estavam presas e as segurou.

– E quanto a nós... – Começou a puxar a loira para uma passagem secreta. – Nós vamos voltar para a torre, onde ninguém encontrará você. – Ela estava tendo dificuldade em puxá-la, uma vez que a menina resistia. – Rapunzel, francamente. Pare de lutar!

– Não. – Rapunzel caiu no chão e o pano que cobria sua boca afrouxou, permitindo-a falar. – Eu não vou parar. A cada minuto pelo resto da minha vida eu vou lutar. Eu nunca vou desistir de tentar fugir de você. – Suspirou. – Mas eu vou com você sem reclamar se você me deixar curá-lo – Apontou para Flynn. – E se você nunca chegar perto dos meus amigos. Eu nunca vou fugir. Nunca vou tentar escapar. Só me deixe curá-lo e se afaste dos meus amigos e nós vamos ficar juntas como você quer. Tudo vai voltar a ser como antes. É uma promessa. Como você quiser.

Gothel pareceu avaliar as palavras da menina por alguns segundos antes de ir até Eugene e acorrentá-lo a uma parede.

– Para o caso de você querer nos seguir. – Avisou.

Já liberta, Rapunzel correu até ele assim que a “mãe” se afastou.

– Eugene. – Chamou, ajoelhando-se ao lado do rapaz. Começou a analisar os ferimentos sangrentos pelas vestes. – Sinto muito. Mas tudo vai ficar bem. – Pegou seu cabelo.

– Não, Rapunzel. – Eugene negou.

– Vai ficar tudo bem, eu prometo. Você tem que confiar em mim. – Rapunzel disse enquanto tentava colocar seus cabelos encantados por cima dos ferimentos do rapaz, que procurava afastá-los.

– Eu não posso te deixar fazer isso. – Flynn disse com a voz rouca por causa da fraqueza.

– E eu não posso deixar você morrer. – A loira respondeu.

– Mas se fizer isso, então você vai morrer. – Eugene argumentou.

– Escute. – Rapunzel pediu, colocando a mão no rosto de Flynn. – Vai ficar tudo bem.

– Rapunzel, espere. – Eugene disse, passando a mão no rosto da loira até os cabelos.

Assim que tocou os cabelos dela, Flynn pegou uma varinha no bolso de trás. A varinha de Rapunzel.

– Diffindo! – Apontou para os cabelos loiros dela, que se partiram e começaram a ficar castanhos.

A varinha se partiu quando o feitiço atingiu os cabelos de Rapunzel e Flynn deixou a mão que a segurava cair inerte no chão.

– Não! – Gothel gritou. – Não! O que é que você fez?! O que você fez?! – Ela correu até um espelho que havia ali e viu a face velha e enrugada.

Gothel escondeu o rosto na cama e começou a cambalear pelo quarto. Pascal puxou um monte de cabelos agora castanhos e a mulher tropeçou neles, caindo pela janela da torre. Porém, antes de atingir o chão, aparatou para longe dali.

Rapunzel virou-se para Eugene, que agora jazia completamente parado à frente dela. Rapunzel pegou-o nos braços e puxou-o para junto de si.

– Não. Não. Eugene. – Chamou. Ele tossiu fracamente. – Olhe para mim. – A ex-loira pediu. – Eu estou aqui. Não vá. Fique comigo. – Já chorando, ela colocou a mão dele nos cabelos castanhos dela. – Brilha linda flor. Teu poder venceu. Traz de volta já o que uma vez foi meu...

– Rapunzel. – Flynn chamou, interrompendo-a. – Você é o meu sonho. – Disse quando ela o olhou.

– E você é o meu. – Rapunzel respondeu.

Logo depois, Eugene fechou os olhos e Rapunzel deixou as lágrimas escorrerem livremente por seu rosto.

Brilha linda flor. Teu poder venceu. Traz de volta já o que uma vez foi meu. – Cantou sem nenhuma esperança. – Uma vez foi meu.

Uma lágrima solitária escorreu pelo rosto dela até o rosto de Eugene. Onde a lágrima tocou surgiu uma pequena luz dourada. Logo depois, dos ferimentos do rapaz, saíram luzes douradas que percorreram o quarto, formando a imagem de uma flor. A Flor Dourada Mágica de onde os poderes de Rapunzel vieram.

Assim que se apagou, a ex-loira olhou para o rapaz no chão, que abriu os olhos lentamente.

– Rapunzel? – Eugene chamou.

– Eugene? – Rapunzel perguntou quase sem acreditar.

– Eu já lhe falei que tenho uma queda por morenas? – Flynn sorriu.

– Eugene! – Rapunzel sorriu e abraçou o rapaz, que retribuiu o abraço.

Logo depois, a garota o beijou. Ambos sorriram um para o outro a se separarem.

Alguns minutos depois, os dois saíram daquele lugar e foram procurar os amigos da garota. Acharam-nos no Grande Salão.

– Oi. – Rapunzel cumprimentou ao se aproximar deles.

Todos ali a olharam com incredulidade. Anna, Merida e Jack ficaram de bocas escancaradas.

– Essa é nova. – Elena sorriu.

– Alguma coisa para nos contar? – Elsa arqueou uma sobrancelha.

Rapunzel sorriu e começou a lhes contar tudo o que acontecera, além de dizer também sobre os poderes que seus cabelos um dia tiveram. Devido ao mundo onde viviam, nenhum deles era cético o suficiente para não acreditar.

– Tudo bem para vocês? – Rapunzel perguntou sem graça.

– Você mentiu para a gente. – Jack respondeu. – Isso é algo que eu não tolero. – Este último comentário deixou Elsa inquieta.

– Mas... – A garota ia falar, mas o albino a interrompeu.

– Mas você nos contou agora. – Jack sorriu. – Antes tarde do que nunca.

Rapunzel sorriu e abraçou o amigo, o que gerou olhares incomodados de Elsa e também de Flynn.

– O que foi? – A ex-loira perguntou. Até entendia o ciúme de Eugene, mas não o de Elsa.

– Elsa é uma namorada ciumenta. – Jack riu.

Rapunzel praticamente pulou em cima da loira, dando-lhe um abraço. O momento só foi interrompido pela aproximação do Diretor Mouse.

– Posso falar com vocês dez? – Apontou para Jack, Elsa, Rapunzel, Elena, Mirana, Alice, Soluço, Anna, Jacky e Merida.

Os dez se entreolharam e seguiram o Diretor até sua sala. Ao chegarem lá, Mickey sentou-se em sua cadeira e fitou os dez amigos por alguns minutos num silêncio incomodo.

– Vocês ajudaram na fuga de um prisioneiro de Azkaban, duelaram contra a guarda do Reino de Corona, com isso violando inúmeras leis do mundo mágico. Têm noção do que isso significa?

Todos ali permaneceram calados, olhando para o homem sentado à sua frente com receio.

– Significa que são habilidosos o suficiente até mesmo para duelar com grandes aurores que fazem parte do exército de Corona. – Mickey sorriu. – Estou muito orgulhoso.

Todos ali deixaram as bocas se escancararem com a surpresa. Jacky foi a primeira a quebrar o silêncio.

– Pensei que iria nos expulsar ou coisa do tipo.

– É claro que não. – Mickey se levantou. – Tenho muito orgulho em ser diretor de uma escola com bruxos tão promissores quanto vocês. Vocês dez tem um grande futuro pela frente.

– Mas e agora? – Rapunzel questionou. – O que vão fazer com o Eugene?

– Eugene? – Os outros nove olharam para ela com confusão.

– O Senhor Ryder não será mandado para Azkaban. – Mickey tranquilizou. – Conversei com o Rei e a Rainha de Corona e eles concordaram que não é necessário contanto que ele devolva a tiara, algo que já foi feito. Além do mais... – Apontou para a porta da sala.

Os dez se viraram para lá a tempo de ver a porta se abrindo e de lá entrando o Rei e a Rainha de Corona. A Rainha olhou para Rapunzel por alguns poucos segundos antes de correr até ela e lhe abraçar. O Rei repetiu o gesto.

– Mais alguma coisa para nos explicar? – Mirana sorriu.

– Quero que conheçam meus pais. – A ex-loira também sorriu. – Os de verdade.

Os nove se curvaram aos governantes de Corona, que com um gesto das mãos, mandaram-nos se levantarem.

– Então, senhorita Corona? – Mickey arqueou uma sobrancelha, aproximando-se. – Acredito que queira um tempo a sós com seus pais. – Disse isso e saiu com os amigos da agora morena da sala.

– Você está horrível. – Pitch sorriu ao se aproximar de uma velha Gothel.

– Cale-se. – A mulher disse hostil.

– Fique calma. – Ele pediu e com um movimento de sua varinha, ela estava novamente em sua aparência mais jovem. – Acredito que uma idosa não vá nos ser muito útil.

– Veio aqui para zombar de mim? – Gothel perguntou, embora estivesse satisfeita em ser jovem novamente.

– Vim ver se conseguiu o que precisamos. – Ele respondeu.

Ela suspirou e lhe entregou um gigantesco fio de cabelo castanho.

– Excelente. – Pitch sorriu. – Não é sangue, mas vai servir.

– Afinal para que precisa disso? – Ela arqueou uma sobrancelha.

– Em breve você irá descobrir. – Ele respondeu, sorrindo. – Dois já foram, faltam oito.