Jacky estava andando tristonha pela floresta, sem rumo.

– Mais um ótimo ano. – Ela falou para si mesma, sarcástica.

Continuou a andar, olhando para frente, mas sem parecer realmente ver alguma coisa.

Falar sozinha era uma coisa que gostava de fazer. Dizer coisas que não dizia a ninguém, nem mesmo a Jennete ou a qualquer um de seus amigos. Jenn não entenderia se Jacky dissesse que não gostava de assustar as pessoas. A garota era a representação do Halloween, era isso que ela fazia.

– Pare de lamentar tanto, pirralha. – Uma voz desconhecida falou por entre as árvores.

– Quem está aí? – Jackeline perguntou, levantando um pouco mais a “lanterna” para tentar ver quem estava ali na floresta lhe escutando e também deixando sua varinha a postos.

– Sinto muito, mas não posso me apresentar. – O desconhecido falou. – Me chame de Breu.

Assim que ele terminou de falar, uma onda enorme de areia escura saiu de todos os lugares indo em direção a Jackeline. Ela tentou correr, mas a areia logo cobriu o céu, impedindo-a de sair. Optou por usar a varinha e se transportar, mas não estava funcionando. Completamente cercada com um homem de capa preta, o que deixava impossível saber quem ele era. O homem lhe apontou a varinha.

– Crucio!

Já estava quase amanhecendo e depois de explicar tudo o que estava acontecendo, sobre ele, sobre sua família e sobre as Gêmeas Slytherin, além de fazê-la prometer que não diria nada a ninguém, nem mesmo para Anna, Jack levou Elsa até onde seus pais estavam.

Quando chegaram lá, Jack percebeu que North parecia nervoso e inquieto, Toothiana parecia culpada, Bunny parecia mais irritado do que o normal e Sandy... Bom, Sandman estava dormindo de pé.

– O que foi que vocês fizeram? – Jack perguntou quando chegou perto o suficiente deles.

– Não sei do que você está falando. – North se desvencilhou da pergunta, fazendo Jack semicerrar os olhos.

– Oi, Elsa. – Toothiana cumprimentou, tentando livrar-se daquela situação incômoda.

– Oi, senhora Frost. – Elsa retribuiu o cumprimento.

– Toothiana, Elsa. – A mãe de Jack corrigiu e a loira assentiu.

– Ei! – Ouviram a voz de Jennete, que vinha correndo o mais rápido que podia.

– O que foi Jenn? – Jack se aproximou dela e perguntou usando o apelido da garota.

– Jacky sumiu. – Jennete respondeu assustada.

– Como assim? – Foi Elsa quem perguntou preocupada.

– Ela saiu para caminhar ontem à noite, mas não voltou até agora. – Jennete respondeu. – Vocês – Apontou para Jack e Elsa. – Devem saber que ela não é de fazer isso. Normalmente isso é coisa minha.

– Pode ser que só tenha se atrasado. – Toothiana tentou acalmá-la.

– Jacky nunca se atrasa para nada. – Elsa interveio, afinal conhecia bem a amiga depois dos anos passados em Hogwarts, muito embora depois do que Jack lhe contara, chegasse a duvidar um pouco desse fato.

– Alguma coisa deve ter acontecido com ela. – Jennete concordou com preocupação.

– Ou... – Bunny ia começar a dizer alguma coisa, mas ao ver o desespero de Jennete, Jack e Elsa, calou-se.

– Ou o que? – Jennete perguntou irritada.

– Ou ela pode ter decidido que era hora de começar o planozinho do mal. – O Professor de Animagia respondeu, irritado com o tom de voz que a menina usara.

– Ela não é má! – Jennete, Jack e Elsa gritaram juntos para ele.

Bunny se encolheu um pouco, principalmente com o tom de voz e com a expressão de Jennete. A garota sabia ser assustadora quando queria, embora não fosse tão boa nisso quanto à irmã.

– Jennete, como ela estava na última vez que a viu? – North perguntou, interrompendo a briga que estava prestes a começar.

– Estava triste. – Jennete lembrou-se da noite passada. – Ela sempre fica assim quando o Halloween está chegando.

– É. Em geral ela fica assim. Sabe por quê? Ela não gosta ou algo assim? – Jack perguntou com preocupação misturada à curiosidade.

– Ela gosta, mas isso lhe traz algumas lembranças ruins. – Jennete respondeu cabisbaixa.

– Lembranças ruins? – Jack perguntou curioso e preocupado.

– Isso ela nunca contou. – Elsa respondeu, franzindo o cenho com preocupação.

– Prefiro não falar sobre isso. – Jennete declarou.

– Continue o que estava dizendo antes de meu filho interrompê-la, Jennete. – Toothiana pediu.

– Ela estava meio triste e disse que ia caminhar um pouco. – Jennete continuou. – Saiu andando pela floresta usando a abóbora para iluminar o caminho e disse que não sabia para onde ia.

Sandman acordou de súbito e ficou confuso com a declaração e fez um ponto de interrogação na cabeça.

– Ela faz isso quando quer ficar sozinha. – Jennete respondeu a Sandman.

– Ela gosta de ficar sozinha com frequência. – Jack concordou, lembrando-se do comportamento da melhor amiga durante os anos em Hogwarts.

– Sim. – Jennete falou com a voz tristonha.

– Fique calma Jennete, nós vamos encontrar a Jacky. – Elsa pediu, colocando a mão no ombro da garota.

– Vamos? – Bunny perguntou incrédulo.

– Claro que sim. – North respondeu por Jack e Elsa. – É melhor nos apressarmos. E temos que estar preparados para qualquer uma das possibilidades. – Norte alertou.

Breu andava de um lado para o outro demonstrando impaciência em seu andar e gestos, uma vez que não era possível ver-lhe o rosto por causa do capuz negro. Já fazia algum tempo que Jacky estava desmaiada e a demora em acordar o incomodava. A garota estava com as mãos e pés amarrados à parede por uma estranha areia negra, o que iria impedir que ela fugisse ou sequer tentasse.

– Interessante como ela continua segurando essa coisa. – A figura encapuzada pareceu observar a mão fechada em torno da alça de ferro presa à abóbora.

Depois de alguns minutos, a garota começou a abrir os olhos lentamente, observando o lugar escuro e sem vida na qual se encontrava.

– Finalmente acordou. – Breu falou com um tom zangado.

– Você. – Jacky o fuzilou com os olhos, ainda guardando as lembranças de quando o vira na noite em que recebera a Maldição Imperius, mesmo que tivesse visualizado apenas o capuz negro, não tinha dúvidas de que era o mesmo que estava a sua frente.

– Então você se lembra de mim. – Ele pareceu sorrir, mas não era possível ver.

– Parece surpreso. – Jacky bufou, demonstrando sarcasmo e desgosto.

Breu se aproximou da bruxa acorrentada e segurou com força seu pescoço, machucando-a.

– Vamos direto ao assunto, está bem? – Breu propôs, ainda segurando o pescoço dela com força.

– O que você quer? – A Herdeira de Salazar Slytherin perguntou.

– Uma coisa muito simples. – Jacky viu a mão esguia e ligeiramente esquelética por baixo da capa apontar para sua abóbora.

– Isso? – Jacky olhou para abóbora em sua mão e sorriu. – Por que apenas não pegou?

– Pelo simples fato de que há mais de cem tipos de feitiços protetores impedindo que eu tire isso de você. – Breu explicou. – E mesmo que eu consiga pegá-la, não iria funcionar comigo se não fosse sua vontade.

– É verdade. Até que você é esperto. – Ela elogiou. – Mas por que você ia querer essa velharia?

– Não creio que te deva satisfações dos meus atos. – Ele respondeu com frieza. – Apenas quero. Não lhe interessam meus motivos.

– Só perguntei por curiosidade. – Jacky lhe lançou um sorriso irônico. – Não vou te dar isso, não importa quais são seus motivos.

– Você vai sim. – Breu pareceu lhe lançar o mesmo sorriso que ela trazia no rosto por debaixo do capuz. – Não acho que tenha achado agradável o tempo que passou sob a Maldição Cruciatus.

A cor sumiu das bochechas da menina ao lembrar-se da dor insuportável que sentira pouco antes de desmaiar.

– Há mais de um modo de conseguir o que eu quero e, acredite, eu irei conseguir. – Breu continuou. – Eu estou me sentindo bondoso hoje, então vou lhe dar o direito de escolher entre o método fácil e o método difícil. Só achei que você iria optar pelo modo menos doloroso.

– Vai sonhando. – Jacky respondeu.

– Se é assim... – Ele pegou a varinha por entre a capa preta e a apontou para ela, que engoliu em seco. – Crucio!