– Protego Horribillis!

Com aquele feitiço, a Maldição da Morte que Iracebeth lançara foi impedida. Mirana olhou para trás, visando saber quem lançara o feitiço, uma vez que não havia sido ela, e viu uma Elena suja e machucada, parecendo cansada, mas sorrindo levemente.

– Tome mais cuidado! – A morena advertiu antes de correr para longe dali, sendo seguida por mais de dez guardas-cartas.

Mirana revirou os olhos antes de se virar para a irmã com uma expressão de desagrado.

– Mesmo com tudo, essa era uma coisa que eu jamais esperei que você fosse fazer. – Disse com uma pontada de ressentimento.

– Por que eu não faria? – Iracebeth arqueou uma sobrancelha e sustentou um sorriso convencido.

– Porque, quer você queira quer não, nós ainda somos irmãs. Somos uma família. – Mirana respondeu como se parecesse óbvio.

– Deixamos de ser no momento em que eu li aquele testamento. – Iracebeth retrucou.

– Tudo isso por uma coroa. – Mirana suspirou e apontou a varinha. – Confringo!

O Jaguadarte começou a atacar Alice, que desviava de suas investidas com dificuldade, além de ter que tomar cuidado para não escorregar e cair dali, o que seria uma queda fatal.

Num de seus movimentos, o dragão baixou a guarda e Alice subiu em seu pescoço. O Jaguadarte começou a se debater incansavelmente, tentando se libertar da loira, e acabou jogando-a para cima.

Alice levantou a espada e gritou:

– Cortem a cabeça! – Então cortou a cabeça do Jaguadarte, que rolou escada abaixo.

Todos no campo de batalha pararam de lutar, alguns olhando para a loira e outros para a cabeça do Jaguadarte, que caíra ao pé da escada.

Mirana e Iracebeth pararam seu confronto, também tendo visto a cena e ambas correram de volta para lá, cada uma indo em direção ao seu exército. Hatter também se afastou de Stayne, pois estava em um de seus momentos de loucura violenta e prestes a lançar uma Maldição da Morte no Valete.

Alice desceu um pouco as escadas, até metade do caminho até o chão quando ouviu Iracebeth gritar:

– Matem-na! – Apontou para a loira.

– Não obedecemos. – Um de seus soldados respondeu. – Não servimos mais a você, cabeçuda.

– Como se atreve? – Iracebeth o olhou com desprezo, escondendo sua preocupação. – Cortem a cabeça! – Apontou para o soldado.

Porém, os outros soldados-cartas apenas balançaram as cabeças e largaram suas armas. Hatter pegou seu chapéu com Mactwisp, colocando-o novamente na cabeça. Jack, Anna, Jacky, Elsa, Soluço e Merida começaram a comemorar entre si, todos sorrindo e absolutamente felizes.

A coroa dourada que estava na cabeça de Iracebeth começou a flutuar no ar e girar, transformando-se numa coroa prateada com detalhes brancos cravejada com pedras azuis, que foi colocada na cabeça de Mirana por Cheshire.

Já cansada de ser tolerante com a ruiva, a face de Mirana assumiu uma expressão rígida.

– Iracebeth Red Wonderland. – Mirana falou com a voz dura. – Seus crimes contra este reino são punidos com a morte. – Iracebeth olhou aterrorizada para a irmã mais nova, que suspirou com rigidez. – Porém... – Deu uma pausa antes de continuar. – Isso vai contra meus modos. – Deu mais uma pausa. – Sendo assim, como Rainha, eu dou permissão ao Ministério da Magia para que você seja levada a Azkaban. – Os olhos de Iracebeth se esbugalharam quando ouviu a Rainha Branca falar aquilo. – Dementadores não mostram gentileza e nenhum dos prisioneiros dirá uma palavra a você. Não terá nenhum amigo neste mundo.

– Majestade... – Stayne se aproximou. – Espero que não me puna tão severamente.

– Irace não ficará sozinha, Stayne. – Mirana respondeu, ainda dura. – Você se juntará a ela na prisão e farei questão para que dividam até a mesma cela. – Sorriu com um divertimento sombrio. – De hoje até o fim de Wonderland.

Os próprios guardas-cartas algemaram Stayne e Iracebeth juntos, além de tomarem suas varinhas. Iracebeth se virou para o Sonserino.

– Pelo menos estamos juntos. – Sorriu.

Stayne olhou para ela mais uma vez antes de pegar uma faca no bolso e tentar acertar Iracebeth com ela, mas sendo impedido por Hatter, que jogou uma agulha na mão do Valete, fazendo-o soltar a arma.

– Majestade! – Stayne olhou para Mirana. – Por favor! Mate-me! – Implorou enquanto era arrastado pelos guardas-cartas para longe dali.

– Não tenho razões para ser gentil com você. – Mirana murmurou.

– Ele tentou me matar! – Iracebeth também gritava, enquanto era arrastada para outro lugar juntamente com Stayne.

– Que dia Fabuloso. – Todos se viraram para Hatter quando o ruivo falou e o viram começar uma estranha dança, onde parecia até mesmo que ele não tinha limites em suas articulações.

– O que ele está fazendo? – Alice perguntou enquanto olhava o ruivo dançar com um sorriso no rosto.

– Passo Maluco. – Cheshire respondeu.

Assim que Hatter terminou, todos aplaudiram e sorriram para ele. Mirana deu um último sorriso e pegou algumas gotas do sangue do Jaguadarte com um frasco, logo se dirigindo a Alice.

– O Sangue do Jaguadarte. – A Rainha Branca declarou. – Imagino que não preciso dizer que você tem a gratidão eterna deste reino.

– Quanta formalidade... – Alice revirou os olhos. – Para que isso serve? Vai me levar para casa?

– Se essa for a sua escolha. – Mirana respondeu com um semblante meio tristonho.

Alice pareceu pensar por alguns segundos e sentiu que todos olharam para ela. Segurando o pequeno frasco, o abriu com o dedo polegar e Mirana olhou para baixo, evitando fitar o que seria a partida da melhor amiga. Porém, para a surpresa de todos, Alice derramou o líquido roxo no chão, não sobrando uma única gota.

– Não vou a lugar algum. – A loira sorriu e abraçou Mirana, que imediatamente retribuiu o abraço.

Todos ali presentes começaram a comemorar e só foram interrompidos quando viram o Diretor Mouse e a Vice-Diretora Mouse aparatarem ali.

– Olá, crianças. – Mickey sorriu gentil para seus alunos. – Vejo que conseguiram.

– Sim. – Merida concordou, não tirando o sorriso do rosto, assim como os demais.

– Vocês dez certamente... – Minnie começou, mas foi interrompida por um gesto de Mickey, que indicava que ela ficasse em silêncio e assim ela o fez.

– Espere. – O Diretor pediu. – Um. – Apontou para Soluço. – Dois. – Apontou para Rapunzel. – Três. – Apontou para Merida. – Quatro. – Apontou para Alice. – Cinco. – Apontou para Mirana. – Seis. – Apontou para Anna. – Sete. – Apontou para Jacky. – Oito. – Apontou para Jack. – Nove. – Apontou para Elsa. – Onde está Elena?

– Maldita! – Pitch gritou e todos na mesa olharam assustados para ele. – Se não fosse por aquela Gryffindor, a filha dos Wonderland estaria morta agora!

– Então talvez você devesse parar de praguejar e fazer alguma coisa. – Jafar respondeu com irritação.

Pitch fuzilou o homem com os olhos e virou-se de costas, logo aparatando dali.

Elena havia machucado a perna, mas conseguira lidar com todos os guardas, que pareciam apenas cartas queimadas naquele momento.

A morena estava encostada a uma árvore, descansando um pouco depois de tudo. Havia ouvido as comemorações vindas do campo de batalha, o que denunciava que Mirana e Alice haviam vencido. Sorriu consigo mesma.

Sua tranquilidade teve fim ao ver uma figura de capuz preto surgir à sua frente. Pegou sua própria varinha, mas o recém-chegado fez um movimento com as mãos e uma onda de areia negra apareceu atrás dele, logo indo em direção à morena.

Elena fechou os olhos com forças e se encolheu, não sentindo mais nada logo em seguida e sendo levada pela escuridão.