O urso Elinor começou a remexer numas gavetas até que encontrou um espelho. Ao olhar sua imagem, deixou o objeto cair no chão e se afastou de Merida.

– Aquela bruxa me enganou! – A ruiva exclamou, levantando-se.

O urso Elinor olhou para ela de maneira confusa e acusatória.

– Não olhe assim para mim. – Merida falou. – Eu só queria que ela mudasse... Você.

O urso começou a “resmungar”. Merida sentou-se na cama, ouvindo a “bronca” da mãe, que andava de um lado para o outro, como fazia quando ainda era humana.

– Não fale assim. – Merida retrucou como se entendesse o que o urso dizia. – Não foi culpa minha. Eu não sabia que aquele doce ia te transformar em urso.

O urso Elinor continuou a “resmungar” para Merida, até que a ruiva se lembrou de um pequeno detalhe.

– Nós temos que te tirar daqui. – A ruiva se levantou abruptamente. – Os clãs estão lá embaixo. E odeiam ursos!

O urso Elinor se alarmou e saiu do quarto. Merida correu atrás dela.

– Mãe! – Chamou e o urso Elinor, que havia posto sua coroa, olhou para ela. – Você não pode sair assim. Isso é uma escola!

O urso Elinor pareceu “perguntar” alguma coisa.

– Precisamos de ajuda! – Merida concluiu. – Volte para o quarto, eu sei quem pode nos ajudar.

O urso Elinor relutantemente voltou para o quarto e Merida correu até o Grande Salão. Da porta, ela fez sinal para os outros nove, que ao perceberem, foram até ela.

– O que aconteceu? – Jack arqueou uma sobrancelha ao seguir Merida até o corredor onde eram os quartos dos pais.

– Urso. – Foi tudo que Merida respondeu.

– O que? – Todos perguntaram sem entender.

Merida abriu a porta do quarto em que sua família ficaria e gesticulou para o enorme urso negro que estava lá dentro.

– Eu não acredito. – Elena ficou boquiaberta, mas logo se recompôs e se virou para Merida. – Merida, o que foi que você fez?!

– Por que você acha que eu fiz alguma coisa? – A ruiva respondeu inocentemente.

Os outros nove arquearam uma sobrancelha e olharam para ela como se fosse óbvio. Merida suspirou e levantou os braços em rendição.

– A culpa não foi minha. – Defendeu-se. – Eu não sabia que minha mãe se transformaria num urso.

– Nos diga exatamente o que você fez. – Mirana pediu.

– Não temos tempo. – Merida respondeu. – Os clãs do meu reino detestam ursos. Precisamos tirar minha mãe daqui.

Todos se entreolharam, mas logo se viraram novamente para a ruiva desesperada.

– O que quer que a gente faça? – Elsa perguntou, suspirando e esfregando os olhos com a ponta dos dedos.

– Que me ajudem. Quero que distraiam todos que estão no Grande Salão enquanto eu tiro a minha mãe daqui. – Merida disse.

– Tudo bem. – Jack concordou e voltou com os outros nove para o Grande Salão.

Merida lançou um sorriso na direção por onde seus amigos saíram e virou-se para o quarto, pronta para tirar sua mãe dali. Ficou aterrorizada ao notar que o quarto estava vazio.

Ao olhar em volta, viu a sombra de um urso no corredor e correu atrás da mãe. Acabou por achá-la numa sala, dando uma “bronca” em Hamish, Hubert e Harris, que estavam desarrumando a sala de aula de Jafar Snape. Merida até aprovaria e diria para eles continuarem se a mãe não estivesse ali, mesmo que em forma de urso.

Quando o urso Elinor percebeu a presença da filha ali, virou-se para ela com uma cara de “dá para acreditar?” enquanto apontava para os meninos.

– Como vamos fazer isso? – Alice perguntou enquanto corriam para as portas.

– Em primeiro lugar, trancamos as portas. – Jack respondeu. – Que feitiço?

– Eu sei. – Jacky se pronunciou e se aproximou da porta, apontando a varinha para ela. – Colloportus!

As portas imediatamente se fecharam, assim como as da biblioteca no ano anterior. Todos se entreolharam, preocupados.

– E agora? – Anna questionou, alternando olhares entre todos ali.

– Precisamos ter certeza de que não tem mais ninguém vagando pelo castelo. – Foi Elena quem respondeu.

– Tem sim. – Soluço falou, apontando para as escadarias.

Lá, havia uma mulher baixa e gordinha, vestida com um vestido branco e um avental por cima.

– Quem é ela? – Rapunzel murmurou.

– Ouvi umas pessoas do Reino da Merida falando sobre ela. – Alice respondeu. – Se não me engano, é a cozinheira do Castelo de Highland.

– Precisamos nos livrar dela. – Jacky declarou.

Todos olharam para ela com os olhos arregalados.

– O que? – A garota levantou as mãos em rendição. – Eu não quis dizer matá-la, mas se vocês acharem que sim...

– Não. – Elsa a interrompeu. – Vamos só trancá-la em algum lugar. Pelo menos até Merida conseguir tirar a mãe do castelo.

Os demais concordaram e se viraram para as escadarias, mas não havia mais ninguém ali.

– Onde ela foi? – Mirana assustou-se.

– Vamos procurá-la. – Elena falou, mas quando viu que ninguém se mexeu, falou: – Rápido!

Todos se espalharam pelo castelo, procurando pela cozinheira que poderia, sem querer, acabar com a vida de Elinor Dunbrooch.

– Vamos, mãe! – Merida começou a arrastar o urso Elinor pelo castelo, querendo tirá-la dali.

Foi levando a mãe pelos corredores de Hogwarts até que se deparou com a sombra de alguém que estava vagando pelos corredores. A ruiva empurrou a mãe para a direção contrária e encontrou os trigêmeos novamente.

– Me ajudem. – Pediu aos irmãos mais novos.

Os três se aproximaram curiosos e estendendo as mãos, querendo algo em troca.

– Dou a vocês minha sobremesa por três semanas. – Merida propôs.

Hamish balançou a cabeça em negação e, assim como os outros, sequer se mexeu.

– Um ano. – Merida suspirou.

Os trigêmeos sorriram e começaram a correr na direção de onde a mulher estava vindo. Merida sabia que eles sabiam ser ruins quando queriam, então quase tinha pena de quem quer que eles fossem assustar. Quase, uma vez que ainda precisava tirar sua mãe dali.

Enquanto empurrava a mãe-urso pelos corredores, a ruiva conseguiu ouvir uma pessoa começando a gritar. Sabia muito bem de quem era o grito. Era da Cozinheira do Castelo.

– Mas o que?! – Elena exclamou e correu na direção do som.

Acabou se deparando com o restante dos amigos, mas também com uma visão engraçada. A Cozinheira estava correndo, fugindo da sombra de um “urso”. Olhando de onde estava, era possível ver os irmãos trigêmeos de Merida fazendo aquela sombra usando um... Peru?

– Sério? – Jack riu.

– Adorei esses garotos. – Jacky caiu na risada.

Os demais riram também e continuaram a assistir os trigêmeos aterrorizarem a pobre cozinheira.

Com dificuldade, Merida conseguiu guiar a mãe até a cozinha, onde havia uma porta que levava para fora do castelo em um caminho em que ninguém as veria.

As duas pararam à porta ao notar a Cozinheira de Highland sendo aterrorizada pelos trigêmeos. A pobre mulher ficou aterrorizada quando Hamish apareceu com um peru na cabeça e correu para a outra porta, gritando e saindo da cozinha.

Merida guiou a mãe para a porta que levaria para fora do castelo e colocou o urso Elinor para fora. Antes de também sair, virou-se para os meninos.

– Comam o que quiserem. – A ruiva sorriu. – Uma recompensa.

Os trigêmeos sorriram e Merida saiu dali. Mal sabia ela que o doce pela qual os garotos iriam se interessar era o mesmo que ela dera para sua mãe.