The New Heroes of Olympus — O Filho Solar

Capítulo 18 - Um cupido flerta comigo


Os sátiros são seres mitológicos que possuem a metade do corpo de baixo como se fosse um bode. Já a parte de cima, eles a têm como o corpo de um humano normal, apesar de seus chifres e sua enorme facilidade em criar pelos faciais.

A função dos sátiros que vivem no limite do Acampamento Meio Sangue varia entre fazer buscas atrás do deus da natureza Pã e entre procurar semideuses pelo mundo. Quando um deles volta para casa com um semideus, é recompensado. Imaginava qual seria o prêmio de Dy, levando quatro meio sangues consigo.

Para facilitar seu trabalho, o acampamento cede dinheiro a esses seres, para ser usado em contas de escola, passagens, comida e roupas. Com isso, eu e meus amigos não precisávamos pagar nossa entrada para o parque aquático. Agradecemos por isso, mas Dy nos disse que não deveríamos agradecer a ele, mas sim ao Sr. D.

— Seu nome começa com D. — Marty observou. — Se você não é o "Sr. D."... Quem é?

O sátiro deu uma risadinha fraca.

— Ah, ele gosta de ele mesmo se apresentar. — Piscou para Marty. — Se eu revelasse quem ele é antes de vocês chegarem ao acampamento, estragaria a surpresa dele.

Eu tentei prestar atenção no resto da conversa, mas nesse momento meu braço era puxado por uma menina muito agitada.

— Olha, Hon! — Lynn apontou para um tobogã verde que para subir, teria que subir um conjunto de escadas do tamanho de um prédio de cinco andares. — Olha que escorrega louco. Ele dá uma volta para a esquerda, depois para a direita, em seguida vai reto e...

Ela fazia gestos com os braços e as mãos, para tentar indicar os movimentos que o escorrega fazia. Achei engraçado ela usar a boca para fazer os sons de quando se choca com a água.

Lynn estreitou os olhos para mim, quando percebeu que eu estava rindo de como ela estava sendo fofa falando daquele jeito.

— Bobão, você. — Tirou as mãos que estavam na própria cintura para puxar meu braço novamente, enquanto andava para alguma direção. — Vamos! Eu tenho que colocar o biquíni que comprei. Ajude-me com isso.

— O que? — Fiquei surpreso. — Você quer que eu vista o biquíni em você?

As bochechas dela ficaram um pouco vermelhas.

— Claro que não, idiota! Eu só quero que você tome conta de que ninguém vai entrar no banheiro enquanto estou me trocando.

As peças do quebra-cabeça se juntaram em minha mente.

— Ah, agora faz sentido. — Falo, tentando não demonstrar um pouco da decepção que tive. Acho que ela não percebeu.

Chegamos ao banheiro. Ela pediu que eu ficasse na frente da porta para deixá-la em segurança. Foi o que fiz, até que ela saiu vestindo só o biquíni de bolinha amarelinha que havia comprado a alguns minutos antes, na mesma loja que comprei a sunga verde que já estava usando.

— Que bonita está você. — Falei para ela, dando um sorriso metido.

— Claro, comprei pensando nisso. — Ela respondeu, devolvendo o sorriso.

— Bom isso. — Estendi minha mão e ela a pegou.

— Hon...

— Diga, Lynnda.

Seus lábios se encontraram com os meus logo após eu virar o rosto para ela, me surpreendendo. Sem pensar duas vezes, retribuí o gesto enquanto pensava se o beijo significava alguma coisa.

— Obrigada. — Ela disse, assim que nossas bocas se separaram. Eu apenas sorri. Continuamos de mãos dadas enquanto retornávamos para a entrada.

— Oi, pessoas. — Disse quando cheguei. — Voltamos.

Ruby olhou para as nossas mãos e pareceu por um segundo que ela havia feito uma expressão decepcionada no rosto.

— Aleluia, seus lerdos. — Marty reclamou e Dy o apoiou, confirmando com a cabeça.

— Desculpa, desculpa... — Levantei a mão livre para o alto. — Sabe aquela conversa de antes, né... Mulheres demoram.

— Do que você está falando, cabeça de abóbora? — Ruby me chamou, sacaneando a cor do meu cabelo. — Você nem está de sunga!

— Está por debaixo da minha roupa... — Pensei em um "elogio". — ..., cabelo menstruado.

Eu não acreditei, mas Ruby não ficou magoada. Ela riu, juntamente com os outros, que também riam. Acho que eu não fui feito para sacanear os outros.

A partir desse momento, nós entramos no parque e começamos nossa diversão.

As ideias que o criador do parque teve foram brinquedos loucos entre escorregas pequeninos para bebês, jatos d'água que brotavam do chão, baldes gigantes que se enchiam no alto e eram virados em cima das pessoas de meia em meia hora, tobogãs verdes e amarelos que davam piruetas e abriam em uma espécie de funil, escorregas em que você descia em cima de uma boia ou tapete e outros.

Gastando mais de cinco horas para experimentar todos esses por causa de filas, só nos restava dois deles: O tobogã rosa do amor e o escorrega gigantesco que dava medo em muitas pessoas.

— Eu sei que os dois parecem muito bons. — Dy falou sarcasticamente, como se não gostasse da ideia de nenhum dos dois. — Então eu posso ficar na fila do grandão lá enquanto vocês vão nesse sem graça aí. — Apontou primeiro para o gigantesco, depois para o romântico.

Sabia que ele estava fazendo isso para nos ajudar, mas mesmo com seu sarcasmo, estava estampado em sua face o medo que tinha em descer no escorrega monstruoso.

— Tudo bem, parceiro. — Marty o ajudou em suas desculpas. — A gente vai pra lá assim que terminar de descer esse... — Ele olhou para o extenso tobogã rosa, enquanto Dy saiu correndo para o imenso escorrega. — Esse brinquedo aí. Vamos, Lynn.

— O quê? — Ela se surpreendeu com o chamado. — O que você quer dizer?

— Você entendeu. — Ele continuou, revirando os olhos. — Lembra no que deu eu dividir o lugar com a Ruby hoje lá no céu?

— Ahn? Do que vocês estão falando? — Intervi no meio do assunto. Olhei para Ruby, ela colocou a mão em frente à própria testa, apesar de estar rindo. — O que está acontecendo?

— Fala sério... — Lynn mudou seu pé de apoio, cruzando seus braços na frente da barriga. Ninguém me respondeu até então. — É verdade. Aquilo foi estranho para vocês dois.

Ruby confirmou com a cabeça de um modo muito discreto, como se não quisesse que soubessem que ela concordou com aquilo. Aparentemente só eu percebi seu gesto e ninguém havia me respondido até então novamente.

— Está decidido, então. — Marty olhou para mim enquanto falava. — Eu e Lynn vamos primeiro. Afinal nos conhecemos há mais tempo. Depois... — Ele alternou seu dedo indicador entre Ruby e eu. — Vocês dois, entendido?

Perdi a esperança de conseguir uma resposta, então também não respondi.

— Não se a gente chegar primeiro! — A ruiva pegou em minha mão direita e começou a correr, subindo as escadas do brinquedo. A uma distância considerável de Marty e Lynn, se voltou para trás para gritar: — Bobões!

A minha risada juntava-se à risada dela enquanto eu dava tropeções ao subir os degraus de modo veloz. Houve um momento em que ela tropeçou, mas eu a segurei para não cair, conseguindo, pois ela estava à minha frente na corrida.

Ainda de mãos dadas, chegamos ao topo. Percebemos alguns casais na fila. Havia poucos, mas o suficiente para nossos amigos nos alcançarem antes de descermos.

— Preparado, cheiroso? — E foi só então que percebi que a menina me encarava com seus olhos muito verdes.

— Claro! — Soltei um sorriso para minha acompanhante. — Um pouco cansado de ter subido isso correndo, mas vamos em frente!

— Eles foram espertos. — Ela virou seu olhar para o espaço gigante atrás de nós. — Vendo que iriam perder para a gente, nem tentaram subir depressa. Aposto que estão cheio de energia ainda. — Ela bufou de propósito, para demonstrar que estava tão cansada quanto eu.

— Tenho que concordar com você.

— É claro! — Um casal desceu. Restavam dois. Seus gritos foram ouvidos da fila. Comecei a pensar se era realmente um passeio totalmente romântico. — Eu tenho certeza disso.

— Como? — Passei a mão em sua cintura e a empurrei de leve para a frente para seguir na fila junto comigo.

— De algum jeito. Só sei que nada sei. — Ela também pôs o braço em volta da minha cintura, o que me fez pensar que não era para eu tirar o meu.

— E eu só sei que foi assim. — Dei uma piscadela com o olho direito enquanto via outro casal descendo. Restava um.

— Cheio de referências, hein? — Ela falou baixinho enquanto apoiava sua cabeça no meu ombro.

— Sério? Nem percebi. — Falei verdadeiramente.

Ela olhou para mim de novo e sorriu.

— Deixa pra lá, então, senhor. — Os próximos a descerem eram a gente.

A mulher com o uniforme do parque nos olhava com tédio e pediu para que a gente se posicionasse na boia dupla do tobogã. Sentei junto com Ruby enquanto olhava para a escada. Alguns casais haviam chegado depois da gente, mas nada de Lynn ou Marty.

Estava preocupado se alguma coisa ocorreu com eles quando a nossa boia foi empurrada água abaixo, tirando toda a minha atenção desse pensamento.

Ruby deu um grito de felicidade curto, até que na primeira curva a boia dupla voou parede acima, fingindo que sairia do escorrega. Ela se agarrou em minha barriga, me abraçando e continuamos assim não até a parte "radical" acabar, mas logo em seguida na parte calma também.

A nossa boia, deslizando pela corrente, nos fazia passar por baixo de vários arcos com dizeres amorosos, que eu não dei atenção. Olhava a vista que tinha do parque, como tinha feito em todas as outras atrações.

Logo em seguida, passamos por cupidos feitos de madeira que voavam de um lado para o outro atravessando por cima da boia. Era algo legal de se ver, mas achei estranho o último dos doze ter um mecanismo que o fazia piscar um dos olhos.

Depois da parte dos cupidos, a descida ficou consideravelmente menos íngreme e pétalas de rosas eram jogadas para o alto, caindo sobre nós dois. Um dizer em nossa frente dizia: "Este é o momento em que vocês se beijam".

Virei-me para Ruby, rindo do que li, mas em resposta ela chegou com seus lábios em minha boca e me beijou. Surpreso, abri mais os olhos, mas depois me deixei levar e beijei com a mesma vontade.

Ela se afastou e deu um sorriso com o canto do lábio e suas bochechas ficaram mais vermelhas que o normal.

— Olha só! Você enRUBesceu! — Soltei uma piada para humorizar o clima.

— Cala a boca. Só fiz o que o brinquedo mandou. — Ela pôs os dedos em meus lábios e eu soube que era mentira. Então ela me beijou de novo. — Agora eu quis.

— Muito engraçada, você. — A boia parou e percebemos que era hora de sair dela.

Do lado da saída, esperamos por alguns minutos os outros enquanto tentávamos não olhar um para o rosto do outro. Ela porque tinha vergonha e eu porque queria saber o que aconteceu com Marty e Lynn.

— Eles não estão vindo! — Falei, me virando para Ruby.

— Tudo bem. A gente espera eles naquele grandão. — Apontou para o escorrega gigantesco.

Ao me virar para olhar para onde estava apontando, vi com o canto do olho um amigo sendo arrastado por guardas que não pareciam pertencer ao parque.

Dois homens enormes, fortes e altos estavam segurando as pernas e braços de Dy com todas as suas forças.