Pax de Deux.

The Light Swan.

Por: PetitChic

“Era uma vez, um vilarejo comum e nele viviam pessoas comuns. Porém havia um homem que era especial. Aquele homem não aparentava ser diferente de nenhum outro cidadão. Era apenas um escrivão qualquer, exceto pelo fato de suas mãos serem encantadas. Como se fosse magia, seus contos ganhavam vida e encantavam os moradores do vilarejo.

Com o coração cheio de vaidade, o homem resolveu escrever sua obra prima e chamou-a de “O Príncipe e O Corvo”. Sua história seria uma bela, mas trágica seria a jornada, composta por um príncipe amado por seu povo, uma princesa feita de bondade e luz, um cavaleiro fiel e um corvo maligno.

Antes que pudesse terminar o desfecho do Príncipe e do Corvo, suas palavras ganharam vida e o corvo maligno escapou do livro. Sem ninguém para combater em seu mundo, o príncipe sentiu que deveria destruir o perigo que o corvo representava e saiu do livro atrás do corvo. Sem seus dois protagonistas, a história se tornou confusa e criou vida completamente, com seus personagens e sua magia se mesclando ao vilarejo.

Os cidadãos assustados, culparam ao homem por trazer a desgraça a sua cidade e o mataram antes que pudesse escrever o desfecho da história. Com a morte do autor, a história não teria fim e aquele ciclo continuaria eternamente.

O príncipe, numa tentativa desesperada de impedir o corvo, quebrou seu coração em fragmentos e assim, selou o corvo na escuridão. Mas não havia como voltar e sem seu coração, o príncipe perdeu seus sentimentos e sensações, além de perder sua identidade. A história finalmente havia perdido seu rumo e parado de correr com o sacrifício do príncipe.

E assim muitos anos se passaram. O príncipe não envelhecia, eternamente jovem até que a história voltasse a se movimentar e finalmente, chegar ao seu fim. E o corvo planejava sua vingança nas sombras.

A tragédia parecia definida. Até o dia em que a pequena pata se transformou na esquecida princesa de luz. E então, o rumo daquela história havia voltado a se movimentar.”

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Ninguém jamais percebeu a importância de uma confissão amorosa. Ninguém jamais se importou com o fato dela virar um ponto de luz e desaparecer no ar. Ninguém se importou com sua existência.

Mas ao contrário de todos eles, ela se importou e se sacrificou por todos.

Feita de bondade, carinho, gentileza, graça e amor; Tutu era uma princesa amada por todos em seu reino. Até o dia em que fora amaldiçoada por um terrível feiticeiro e teve seu reino destruído.

Triste, a princesa sentiu a alegria lhe preencher o coração no momento em que avistou o príncipe durante sua caça. Apresentou-se e dançou com ele durante toda à noite. Estava apaixonada por Siegfried, mas não poderia lhe dizer palavras de amor, nem se confessar, senão desapareceria. Então, sempre que queria se expressar, dançava com todo seu coração na esperança que pudesse ser feliz com aquilo.

Porém, toda a calma e paz foi rompida, quando o corvo atacou e fugiu do livro. Numa tentativa desesperada de impedir que o príncipe saísse da história e morresse, ela se confessou.

Esquecendo-se de sua maldição, ela se confessou e pode ver e ouvir que o príncipe também a amava antes de desaparecer em um ponto de luz no ar.

Mas o destino de Tutu não terminava ali. Ela havia conseguido uma nova chance de salvar seu príncipe e dessa vez não iria desaparecer.

Ao longo de sua jornada, ela reuniu cada fragmento do coração do príncipe.

Ela só tinha um desejo verdadeiro, guardado através das sete chaves de seu coração.

Ela só queria dançar com o príncipe para sempre. Um pax de deux eterno.

Dois corações eternamente juntos, dançando a valsa dos amantes entre as flores mais belas.

Bateria suas asas numa dança eterna.

Aquele era realmente um sonho lindo, mas não era seu destino. Talvez o de destino de outra, mas não o dela.

Com todas as suas forças e mesmo contra suas vontades, ela desistiu de suas asas.

Aquele era o momento que Tutu deixaria de existir. Mas seria por um motivo nobre. A vida de seu amado príncipe.

Ahiru estaria para sempre presa ao corpo de pata, Tutu sentia muito por ela, mas haviam feito sua parte. Haviam trabalhado juntas e salvado aquele mundo.

Após finalmente confessar seu amor com o maior dos sacrifícios, Tutu finalmente deixou de existir. Mas não como um ponto de luz, mas sim como uma chama de esperança.

Aquele pequeno cisne de luz que apenas com sua bondade salvou o mundo.