A semana passava rapidamente e Corine tinha dificuldade em conciliar seus deveres de Poções, Defesa Contra as Artes das Trevas, Transfiguração e Feitiços. Estava perdida em seus pergaminhos da mesma forma em que estava em seus pensamentos.

Começara a se esgueirar ainda mais pelos corredores, temendo que Draco a pedisse novamente para colocar o líquido venenoso no hidromel de um professor. Ela não era uma assassina.

Naquela manhã, observou o frasco por alguns minutos após todas as alunas terem decido do dormitório. Voltou a o envolver em suas roupas normais e trancou seu malão. Fazer isso agora era um habito bastante insistente.

Quando entrou no Salão Principal sentiu o cheiro de suco de abóbora, chá e café no ar. Também identificou tortinhas de limão e pães doces. Seu estomago revirou de fome, já que não comia direito há alguns dias por conta de seus deveres atrasadíssimos.

– Corine! – gritou uma voz feminina de longe. Ela a conhecia e revirou os olhos ao virar-se, assumindo uma expressão neutra.

– Violet – respondeu sem emoção alguma – Há muito tempo não te vejo.

– Ando ocupada o bastante com meus deveres, você também pelo que posso ver. Mas não só com os deveres – os olhos delas faiscaram de curiosidade – Tem sido vista com Draco pelos cantos da escola.

– Mais você com essa história? – ela revirou os olhos. Não iria conseguir esconder sua antipatia por mais tempo – Quem está dizendo isso?

– Não é preciso dizer – ela riu – Aposto 10 galeões que Malfoy está olhando pra cá agora, curiosíssimo para saber da nossa conversinha.

– Ok. Se eu estiver mesmo saindo com Draco Malfoy, qual o problema? Porque todos estão tão preocupados com esses assuntos.

– As más línguas andam especulando pelas masmorras que nosso querido... Companheiro – ela piscou, com um sorriso torto e petulante nos lábios – Tornou-se um comensal da morte e está ajudando Você-Sabe-Quem a encontrar uma forma de se infiltrar em Hogwarts.

Corine congelou e ficou sem ter o que responder. Um vacilo, um gaguejo e ela entregaria Draco Malfoy de bandeja para aquela que ela julgava inimiga.

– Vocês estão completamente loucos – ela riu distraidamente. Precisava aparentar achar aquela ideia a mais ridícula possível – Já parou pra pensar o quão absurdo isso soa?

– Ridículo? Não minha querida – Violet a olhava de cima. Seus olhos falavam por ela e nesse momento expressavam desprezo – Draco Malfoy é o candidato mais provável de toda a escola para ser um dos capachos de Lorde Voldemort. Mediante a vergonha de sua família... Isso seria um meio de se redimir.

– Aonde quer chegar com toda essa conversa, Violet? – Corine estava aparentemente irritada, podia até sentir suas orelhas ficando quentes e sua voz iria começar a tomar um tom alto.

– Lugar nenhum – ela levantou as duas sobrancelhas, olhando em volta – É só uma daquelas conversas amigáveis, sem nenhum tipo de propósito.

Corine preparava-se para pedir licença e ir se sentar com Neville ou Simas, talvez procurar Grace e reclamar para ela de todos os problemas do mundo que a envolviam, mas uma mão macia e quente tocou sua nuca.

– Não quero atrapalhar Violet – disse o garoto rispidamente – Mas preciso conversar com Corine sem você agora.

Violet sorriu com humor e continuou a olhar para Corine, sem prestar atenção na voz que lhe falava.

– Nos vemos mais tarde, Corine. Tente mentir menos.

Enquanto a garota se distanciava batendo os cabelos loiros no ar, Corine girou em seus calcanhares e olhou diretamente para os olhos azuis e frios que a observavam.

– Está ficando louco? – perguntou confusa. O que levara Draco Malfoy a aproximar-se assim dela, em pleno Salão Comunal enquanto ele estava cheio? A última coisa que ele desejava era que eles fossem vistos juntos.

– Não – respondeu. Não havia tanta rispidez em sua voz dessa vez – Violet está envenenando pessoas, tentando espalhar rumores por toda a escola. Não que ela seja uma ameaça – ele colocou as mãos para dentro do terno preto que utilizava com freqüência agora. Corine sabia que ele se referia a eliminá-la com facilidade. Estremeceu.

– Você está louco – ela concluiu.

– Não podemos nos falar aqui – ele voltara a falar rapidamente, sem dar muita atenção as palavras da menina – Me encontre no terceiro andar depois da aula de Poções. Você sai antes, eu saio depois, não quero ninguém nos seguindo.

Ela assentiu, ainda o olhando. Seu estomago a alertava de quanta fome estava sentindo.

– Posso ir comer ou você quer me ameaçar, dizer sobre os perigos existentes se eu eventualmente abrir minha grande boca? – ela sentia-se mais livre para dizer isso na frente de toda a escola. Ele não a mataria ali, no meio do Salão Principal.

– Não me preocupo mais com isso – ele a olhara com severidade – Se tivesse de dizer algo, seria agora, com Violet.

– Vou comer – respondeu. Não possuía tanto interesse em prolongar aquela sua conversa com ele. Sentia que alguns alunos que se sentavam mais próximos de onde estavam observá-la sem parar. Suas orelhas estavam queimando.

Sem mais nenhuma palavra virou-se de costas para Draco Malfoy e andou até a mesa da Grifinória, sentando-se ao lado de seus velhos amigos e saboreando pães doces recheados com creme.

**

Estava caminhando até a sala de Transfiguração com Grace ao seu lado. Conversaram sobre o encontro da amiga com Simas Finnigan no Três Vassouras, mas ambos insistiam em dizer que foi apenas uma saída de amigos. A amiga de Corine estava relutante em falar sobre esse assunto e corava sempre que tocavam no nome de Simas.

– Não houve nada – concluiu – Apenas cerveja amanteigada e alguns bolinhos.

– E alguns beijinhos – ela riu, esgueirando-se do tapa que Grace a dirigiu enquanto corava.

– Não preciso te contar todos os detalhes.

– Então você admite? – ela riu tão alto que alguns alunos da Lufa-Lufa pararam para olhá-la.

– Não admito nada, você está tirando suas próprias conclusões, Gouldfye. Assim como tirei as minhas em relação à Draco Malfoy.

– O que tem Draco? – aos poucos o humor de Corine desapareceu, fazendo com que seu rosto se tornasse sério.

– Você sabe... Vocês dois estão mesmo saindo? – ela estava curiosa – Corine, nunca mais me contou nada sobre isso, nem comentou seu nome... Não costumava esconder essas coisas de mim.

Grace estava chateada. Isso não é da sua conta, pensou Corine.

– Não estou escondendo nada – afirmou, olhando-a firmemente querendo passar confiança o bastante para acabar com o assunto – Nos falamos eventualmente.

– Todos viram você com ele no Salão Principal hoje, no café da manhã.

– Só trocamos algumas palavras, como... Não importa, vamos nos atrasar.

Grace fez uma careta e resmungou muito ao longo do caminho apressado até a sala de aula, mas ela apenas ignorou. A aula demorava em passar e Corine pensava em o que Draco queria com ela. Seria algo tão importante ao ponto de aumentar ainda mais as fofocas ao falar com ela em pleno Salão Principal?

Abaixou a cabeça e fechou seus olhos, caindo no sono rapidamente.