Abriu os olhos e logo os fechou, a luz do sol que entrava pela fresta da janela batia diretamente contra seu rosto. Bocejou e se virou um pouco para o lado, e então se deu conta de que havia outra pessoa ali em sua cama.

Uma expressão confusa se formou em seu rosto, tentou se lembrar do que havia acontecido na noite anterior, mas nada vinha à sua mente, tudo era branco. Puxou lentamente o lençol que cobria o corpo de sua companhia e cabelos negros foram revelados, junto com uma macia pele bronzeada e um ombro recheado de tatuagens, muito familiares aos seus olhos.

Ele abriu a boca surpreso e sentiu seu coração bater acelerado.

- Talinda? – sussurrou emocionado e, para a sua surpresa, a mulher ali ao seu lado esboçou um sorriso gentil, sem abrir os olhos.

Ele queria sacudi-la, girá-la no ar, abraçá-la e beijá-la por completo, mas se controlou.

- Bom dia Chaz... – a voz dela saiu rouca, arrastada e incrivelmente sexy. Estava louco de felicidade.

- Oh meu deus Talinda! – ele a tocou para sentir novamente o calor de sua pele, sim, era real. Não conseguiu mais se conter, beijou seu rosto de forma desesperada e a puxou para si para beijá-la nos lábios, sentir a silhueta dela em seus braços, amá-la mais uma vez.

Ela retribuiu com delicadeza e amor, acariciando levemente os cachos castanhos que começavam a se formar em seus cabelos. Era tão quente, tão bom.

- Eu senti tanto a sua falta! – ele disse com os olhos apertados e o rosto colado na curva de seu pescoço, tinha um cheiro tão agradável.

- Eu também meu amor, estava tentando falar com você há dias, mas você não me dava chance. – Chester abriu os olhos e encarou o rosto dela, Talinda sorriu e acariciou as maçãs do rosto dele. – Oh Chaz, eu sinto tanto pelo que aconteceu com nós dois.

Só então Chester se deu conta, aquilo não era real e mais uma vez se sentiu péssimo, triste, exausto. Seus olhos começaram a arder.

- Isso não é de verdade não é? É um sonho?

Talinda não respondeu a pergunta, permaneceu com seu sorriso doce.

- Você está tão cansado não está? Eu posso sentir. – As lágrimas desceram tímidas pelo rosto dele e rapidamente ele as enxugou com as costas da mão, um tanto irritado até. – Por que está com raiva?

- Por que você deu ouvidos àquela mulher? Por que tomou aqueles remédios?

- Pare de remoer isso Chaz, se continuar, sua ferida nunca se fechará e continuará inflamada.

- Você não entende! Está tudo tão difícil sem você! Aquela puta desgraçada...

- Pare! Pare, por favor. – ela o puxou para si e deixou que ele soluçasse em seu peito. – Eu lamento tanto Chaz, como lamento. – ele se agarrou com força a ela, apertando aquela pele quente com os dedos. – Mas não se preocupe, você está fazendo um bom trabalho meu amor, você está se saindo bem.

Ele agitou negativamente a cabeça. Não, ele não estava se saindo bem, tudo estava tão desordenado.

- Eu não consigo, não consigo.

Ela o estapeou no braço.

- Já disse para parar com isso. Você precisa me deixar ir Chester, você precisa seguir em frente. Precisa ser feliz, meu amor.

- Eu mereço essa dor...

- É claro que não merece, ninguém merece. Olhe para mim Chester. – ela puxou o maxilar dele e o obrigou a fitá-la – Não tenha medo de se divertir meu amor, não tenha medo de buscar pelo que quer, nem de se deixar satisfazer. Se entregue Chaz, deixe seu coração voltar a bater, você não precisa fazer o papel de mártir.

- Eu não posso ficar com a Anita, nosso tempo se esgotou.

Talinda sorriu brandamente, nem era preciso citar Anita, ele mesmo o fazia.

- Você a ama muito não é? Eu compreendo. Também compreendo que as coisas entre vocês nunca foram fáceis, sempre foram dolorosas, mas que apesar disso, o amor sempre foi verdadeiro. E isso não vai acabar nunca Chaz. Independente de estarem juntos ou não, vocês têm o amor de vocês em seus próprios sangues.

- Ela está com o Mike, e eu não vou destruir isso. Eles se amam, eu estou cansado de ser o bandido da história. Ela merece estar com quem ela quer, comigo de um jeito ou de outro ela acabaria infeliz.

- Não diga isso, eu nunca fui infeliz com você Chaz. – Talinda suspirou – Eu sei, você abriu mão dela, e isso foi muito corajoso de sua parte.

- Eu devia ter me dado conta disso antes Tali, eu e você poderíamos estar juntos se isso tivesse acontecido.

- Aconteceu o que tinha que acontecer, não mastigue isso por muito tempo, se perdoe Chaz. – Ela o beijou delicadamente nos lábios – Isso agora é passado, não há nada que possa ser feito. Você precisa virar a página.

- Eu não acho que eu ainda consiga me relacionar com mais alguém, eu já ferrei com a vida tanta gente não quero machucar mais ninguém. Eu sou um fodido.

- Ah, claro que não. E aquela garota, você a beijou, não é?

Chester franziu o cenho.

- Mirielle? – Chester sacudiu a cabeça – Ela merece alguém melhor, e também é muito jovem.

- Ah me poupe Chester, já se olhou no espelho? Você é super sexy meu amor, ainda está na flor da idade. – Chester fez bico, o que fez Talinda sorrir – Mas se não estiver pronto para isso, não o faça. O fato é que, você não pode continuar estagnado, meu bem. – A morena o beijou nos lábios mais uma vez. – Não deixe Tyler ficar tanto no vídeo game okay? E pare de sacudir as meninas quando vai dar a mamadeira para elas, caso contrário vai ficar com todas as roupas sujas de vômito.

Chester sorriu e se aconchegou melhor junto a ela.

- Sim, mestre.

- Eu te amo Chester... – a voz dela virou um sussurro suave novamente – Chester... CHESTER!

Um grito agudo e uma forte sacudida pelos ombros, fizeram com que ele despertasse sobressaltado. Os olhos se chocaram com a luz branca e se fecharam em reflexo.

- O quê? – disse meio grogue e ergueu a cabeça, havia adormecido no colo de Elle.

- O médico quer falar com você.

A ruiva apontou para um homem alto de cabelos ralos e negros, com aproximadamente a mesma idade de Chester. Ele se colocou de pé em um sobressalto.

- É sobre a Anita?

- Sim, você é da família?

- Sou sim, Chester Bennington. – apertou nervosamente a mão do médico – Onde está o Mike? – se virou rapidamente para Elle.

- Ainda não voltou.

- Pode ir procurá-lo?

Mirielle confirmou com a cabeça, se levantou e saiu. Em seguida ele se virou para o médico. Uma súbita fraqueza o atingiu, aquela situação era tão familiar, e agora parecia pior do que da outra vez. De repente tudo era tão vívido, aquele pequeno lapso de esperança e tudo se desfez diante de seus olhos. A dor lhe atingira como um chute violento no estômago, fazendo com que caísse para nunca mais levantar. Caísse em um abismo escuro e sem volta.

Não podia perder Anita também, não, ela não. Se fechasse os olhos podia vê-la, os fios dourados esvoaçando por baixo do capacete negro, a fina silhueta e o seu ar despejado. Não podia ser privado disso também, ela tinha o seu sangue, se morresse, uma enorme parte dele também se dissiparia. Não podia aguentar mais uma dor daquelas, tinha medo de não sobreviver a uma segunda dose.

Tentou visualizar algum traço de esperança na fisionomia do médico, não havia absolutamente nada. Tinha a expressão dura, os olhos rodeados de olheiras escuras e a barba começando a crescer.

- E então Doutor...?

- Kennedy, Ed Kennedy. – O médico puxou a prancheta debaixo do braço e rolou os olhos tediosamente pelos papéis. – Hmmm... Bennington, sim. Ela está bem.

Um urro grave de alívio escapou pela garganta de Chester, o médico falara de modo tão seco. Era quase um pecado transmitir uma boa notícia sem nem um brilho nos olhos. Sem pensar, Chaz puxou o médico para um abraço apertado e logo em seguida se arrependeu, já que a cara feia do Dr. Kennedy só piorou.

- Desculpe... – Chester disse contendo um sorriso.

- A bala perfurou um pouco abaixo do osso da clavícula e abriu um pequeno buraco, a hemorragia foi muito grande e difícil de conter. – O médico agitou a cabeça – Tivemos que fazer uma transfusão e colocar pinos de titânio para sustentar o osso. Um minuto a mais sem atendimento profissional e suspeito que ela não tivesse sido capaz de resistir. Realmente, acho que a garota sobreviveu por que não era a hora dela.

- Claro que não era a hora dela – Chester riu – Obrigada doutor. Ahm, que horas que poderemos vê-la?

- Talvez depois do meio dia, ela vai acordar com algumas dores e como perdeu muito sangue vai estar bem fraca, sejam breves quando forem vê-la. – Dr. Kennedy recolocou a prancheta embaixo do braço – Okay, agora preciso ir bater meu ponto, estou há quase trinta horas sem dormir. – O doutor Kennedy se afastou resmungando e arrastando os pés, aquilo foi o suficiente para que Chaz tivesse um ataque de risos, de repente tudo parecia melhor.

Respirou aliviado pela primeira vez depois que tudo acontecera, se sentou novamente e olhou no relógio, eram oito da manhã. Estava agradecido por algumas pessoas terem visto o acidente de Anita na pista e ouvido os tiros, isso salvou a vida dela, se tivessem demorado um pouco mais talvez a notícia fosse outra.

Mas agora, onde estava Mike?

**

- MIKE, PARA COM ISSO, FICOU MALUCO CARA? – Luke o puxava pela camisa com força e fazia uma barreira em torno de seu corpo com os próprios braços, mas ele não havia conseguido evitar o que acontecera antes disso.

Anna estava encolhida sobre a cama, abraçando os joelhos e chorando copiosamente até soluçar e quase não ter mais fôlego. A agitação fizera com que o ferimento em sua fronte voltasse a se abrir e a sangrar, mas Mike ainda gritava palavras cruéis e cheias de fúria. Queria pôr as mãos nela, queria sacudi-la, e por deus! Ele queria matá-la! Mike também tinha lágrimas escorrendo lentas pela sua face, mas as dele eram de ódio.

- EU QUERO VOCÊ FORA DA MINHA VIDA ENTENDEU? FORA! SUA PUTA MENTIROSA, SUA SÁDICA MALUCA! VAI SE FODER SUA VACA ORDINÁRIA! TOMARA QUE MORRA NO INFERNO!!

- MIKE! – naquela instante, dois enfermeiros entraram e ajudaram Luke a arrastar o asiático do quarto, mas não sem terem que usar um bocado de suas forças.

Michael nem sequer ouviu a repreenda que a enfermeira chefe lhe deu no lado de fora do quarto, ele só ouvia o próprio pensamento ecoando em elipses infinitas dentro de sua cabeça, só sentia o calor de sua respiração alterada, só sentia raiva, de Anna e de si mesmo, por ter sido tão ingênuo a ponto de pensar que ela ainda era uma boa pessoa.

- Beba um pouco de água man, quem sabe dá uma esfriada nessa sua cabeça.

Mike pegou o copo que o advogado Gordon lhe estendeu e o bebeu a largos goles.

- Como pude ser tão idiota? – disse enquanto apertava os olhos e amassava o copo descartável já vazio entre as mãos.

- Você não tinha como saber. – Luke jogava os cabelos loiros para trás um pouco aborrecido por ter tido que usar da força contra um amigo.

- Por favor, me diz que vai jogá-la no fundo de uma prisão e que ela vai mofar lá pra sempre.

Strauss mordeu o lábio.

- Bom Mike, isso era antes...

- Antes do que? Ela ainda é a mesma vadia desgraçada que matou a Talinda! Meu deus, como eu pude dar crédito a uma assassina? E ela nem estava grávida a desgraçada, me fez de idiotas tantas vezes que eu mereço um Guinness!

Gordon riu pelo nariz.

- Credo man, achei que você não falava tanto palavrão assim. – Michael lançou lhe um olhar cortante e logo Gordon abafou o riso.

- Olha Mike, as condições mudaram. Antes a gente achava que ela era apenas mais uma assassina, mas vendo tudo isso aqui, a gente acaba sendo obrigado a desconfiar da sanidade dela. Eu estou de guarda na porta do quarto cuidando para que ela não fuja. Agora alguns exames vão ter que ser feitos.

Mike não disse mais nada, apoiou os cotovelos sobre os joelhos e abaixou a cabeça, soltando um enorme e pesado suspiro. Sua mente estava um caos, não suportava nem a ideia de que Anita talvez não sobrevivesse a isso, ele jamais se perdoaria.

O moreno se levantou, passou as mãos pelos cabelos negros e tentou desamassar um pouco a camisa a puxando e a alisando com as mãos.

- Eu vou voltar para perto da Ann. – disse.

Luke e Gordon acenaram com a cabeça, e naquele instante, a jovem ruiva que Chester havia atropelado irrompeu pela sala, os olhos verdes bem arregalados e tez pálida feito papel.

- Michael – ela pronunciou o nome dele com um sotaque francês carregado – O médico apareceu.

- Oh – Mike também sentiu o sangue sumindo de seu rosto – E o que ele disse?

Ela agitou negativamente a cabeça e por um instante ele achou que era uma notícia ruim.

- Não sei, não fiquei para ouvir o que ele foi dizer. Chaz pediu para que eu te chamasse.

Em seguida os dois seguiram a passos largos de volta para a outra sala de espera, Chester estava escorado na parede com o rosto escondido, chorando. Mais uma vez Mike sentiu um tremor ruim.

- Chaz? – ele o chamou timidamente.

Mas para seu alívio, Chester desenterrou o rosto com um sorriso enorme, apesar das lágrimas.

- Ela está bem!

Os dois amigos se abraçaram aliviados e derramaram algumas lágrimas juntos.

- Ah graças a deus! – Mike o abraçou com força.

- Me desculpe Mike, eu fui um cuzão, pra variar.

Os dois riram.

- Acho que já me acostumei com isso. – Mike brincou e os dois riram novamente.

**

A dor em seu corpo ainda era relevantemente presente, até puxar o ar para respirar doía. Acordou com a boca seca, virou o rosto para o lado, o quarto estava escuro, mas era possível vê-lo na penumbra, tentando se vestir sem fazer barulho para acordá-la, mas totalmente desengonçado a ponto de derrubar alguns cabides no chão.

- Merda – ele sussurrou um palavrão enquanto se abaixava para pegar o que havia derrubado e soltava as calças, deixando sua pele clara das costas à mostra.

Ela não conseguiu conter uma risada suave, mas ouch! Até rir doía.

- Você seria mais silencioso se não tentasse ser silencioso, Spike.

Ele se virou para ela e puxou as calças para a cintura novamente.

- Ah, não acredito que acordou, me desculpe.

- Não se preocupe com isso.

Mike atou o cinto ao cós da calça e depositou um beijo na testa da loira.

- É melhor voltar a dormir, ainda está muito cedo.

Anita apontou para a garrafa plástica de água no criado mudo, Mike depositou uma parte do conteúdo de seu conteúdo em um copo de vidro e levou à boca de Anita, erguendo cuidadosamente a cabeça dela para que engolisse melhor.

- Para onde vai tão cedo?

- Hoje é a première do The Raid, tenho um dia cheio de trabalho hoje. – Mike fez uma careta brincando – Kady vem lá pelas dez horas para ficar com você. Como se sente?

- Mmmm – Anita fechou os olhos e puxou as cobertas até o pescoço – Ainda dói bastante.

Mike olhou no relógio.

- Hum, tome alguns antibióticos depois de tomar café, deve diminuir a dor. – ele se sentou na cama e a descobriu até a cintura, ignorando a cara feia que ela fez. Olhou para o ferimento, parecia estar se curando bem. Mike esboçou um sorriso doce e acariciou a pele macia do colo dela, subindo pelos braços até a face e enrolando uma mecha dourada dos cabelos dela entre os dedos. – Você ser a coisa mais linda que eu já vi em toda a minha vida.

- Ah é? Você nunca se olhou no espelho não?

Mike riu pelo nariz e a beijou nos lábios.

- O seu advogado Gordon vem te ver hoje à tarde, precisa estar preparada para o julgamento amanhã. Tem certeza que está forte o suficiente?

Ela confirmou suavemente com a cabeça, estava preparada sim, na verdade estava esperando ansiosamente por este julgamento. Tinha a impressão de que apenas depois dele conseguiria respirar fundo outra vez e ficaria livre de todo aquele pesadelo.

- Eu quero ver aqueles dois se fodendo, ao menos uma vez na vida.

- Ótimo – Mike se esticou e lhe deu outro beijo rápido nos lábios, em seguida se levantou para vestir uma camisa – Amanhã, depois do julgamento, eu dois vamos comemorar okay? Eu tenho uma surpresa.

- Surpresa? Que surpresa?

- Volte a dormir Bennington! – ele riu e saiu do quarto.

- Michael! Volte aqui! – ela gritou, mas sem muito sucesso, e acabou ganhando uma pontada de dor no ombro, fazendo com que praguejasse em voz baixa, ah esse Shinoda.

**

O Kevin que entrou na sala da corte era alguém quase irreconhecível. Os cabelos negros, antes curtos e bem aparados, agora quase lhe tocavam os ombros, a barba estava por fazer e tinha os pulsos atados por um par prateado de algemas. A primeira coisa que ele fez ao entrar na sala foi procurá-la com os olhos. Expressou um olhar surpreso ao vê-la cheio de ataduras na região do ombro e do pescoço, mas ainda assim, pareceu contente em vê-la. Esboçou um tímido sorriso, mas Anita não o retribuiu.

Gordon se sentou ao seu lado com um copo de Latte morno.

- Trouxe para você, caso sinta sede.

- Obrigada. – Ela pegou o Latte e tomou um gole tímido, estava um pouco doce demais para o seu gosto, mas não disse nada.

Gordon abriu a maleta, tirou de dentro dela uma pilha de papéis, deu um gole em seu próprio café e lançou uma piscadela para Anita. A confiança dele parecia amenizar um pouco a tensão daquele julgamento. Mike e Chester estavam do lado de fora, ambos eram testemunhas do julgamento, assim como Anna.

Trinta minutos depois, o julgamento teve início. O juiz falou um pouco e em seguida deu espaço para os advogados, Gordon foi primeiro. Anita duvidou por muitas vezes da capacidade dele de advogar, parecia imprudente e atirado demais para um homem com um trabalho sério, mas aquilo tinha sido apenas a primeira impressão. Gordon Stuart, apesar de mulherengo, era competente e ávido pela verdade e pela vitória. Ele expôs toda a situação de forma simples e um tanto exasperada, para toda a corte. Mais tarde, a primeira testemunha foi chamada.

- Por favor, Senhor Michael Kenji Shinoda. – O promotor chamou e ele adentrou em seguida. Vestia um terno de linho cinza escuro, o cabelo estava penteado para o lado com gel e a barba bem aparada.

Mike fez o juramento e então contou da noite em que Kevin entrara armado no apartamento de Anita e da forma em que ele teve que tirá-la de lá antes que alguma tragédia acontecesse. Ele falou tudo tranquilamente e se esforçou ao máximo para se lembrar dos detalhes. O advogado de Kevin lhe fez algumas perguntas e Mike as respondeu com calma, Gordon também lhe perguntou e depois ele se retirou, antes de sair, esboçou um suave sorriso para ela.

Chester veio em seguida, também usava um terno, preto com uma gravata azul marinho lisa, também aparentava tranquilidade, apesar de ter feito uma leve careta ao avistar Kevin. Anita também depôs e quando chegou a vez de Kevin, muita coisa foi revelada.

- Um momento Sr. Finnegan, o senhor está dizendo que a testemunha Anna Hillinger o ajudou no sequestro? – O juiz perguntou curioso.

Anita olhou quase desesperada para ele, mas não havia muita expressão em seu rosto.

- Sim, excelência.

- Como?

O olhar de Kevin caiu pesaroso sobre Anita, carregado de um pedido silencioso de perdão.

- Ela me disse por onde entrar e quando entrar, quando Chester não estivesse por perto.

- Como a conheceu?

Kevin contou uma breve história da forma em que ela se apresentara a ele e a Drew após ter ouvido uma conversa entre os dois. Ela queria Mike de volta e não pensou duas vezes antes de fazer o que fosse possível.

- Mas você assume que foi responsável por ambos os sequestros e pelo tiroteio? – Kevin acenou positivamente com a cabeça uma única vez – E por que fez isso?

- Por que eu a amo, e achei que era certo.

Kevin foi condenado, mas houve uma razoável diminuição de sua pena por ter confessado os crimes, mas mesmo assim seu advogado afirmou recorrer contra a decisão da pena. Anna foi diagnosticada com problemas psicológicos e não foi depor. Ela receberá tratamento em uma clínica voltada especialmente para mulheres com histórico criminoso.

No fim do dia, assim como esperava, uma tonelada havia saído das costas de Anita. Como comemoração, até engoliu o restante do Latte que ainda tinha no copo todo uma vez. Do lado de fora, Mike, Chester, Cláudia e Lee a aguardavam.

- YAY VITÓRIA! – Kady bateu palminhas no ar e a abraçou com força, e só a largou depois que Anita gemeu de dor. – Oh, desculpa.

- Oh querida Ann, fico tão feliz que isso tenha acabado. – Lee também a abraçou e depositou um beijinho na bochecha dela – A sua chefa em Ohio te demitiu. – Lee disse com um enorme sorriso.

- O QUÊ? NINGUÉM FALOU PRA ELA QUE EU LEVEI A PORRA DE UM TIRO?

Todos riram.

- Ela não está nem ai pra você, sem falar que ela te acha meio burra. – Chester e Mike estavam se acabando.

- Ótimo, agora além de uma lascada, também estou desempregada!

- Oh, quer dizer que está sem emprego? Acho que tenho uma vaga na minha fábrica sabe, só que ela fica aqui em Los Angeles...

- Palhaço, se ia me dar o emprego por que não falou logo?

- Eu queria um pouco de drama.

Ele a abraçou mais uma vez e depois a soltou. Anita ficou parada diante de Chester e Mike, os três trocaram olhares por um longo instante.

- Acabou! – disse com um enorme sorriso no rosto, e então os dois chegaram para frente a envolveram em um abraço triplo.

**

Mike abriu a porta e ofereceu o braço de apoio para Anita. Entraram juntos e ela logo se sentou no sofá. Chutou as sapatilhas para longe dos pés resmungando e esfregando os dedos uns nos outros.

- Oh estou livre dessa maldita sapatilha enfim.

Mike colocou as chaves do carro sobre a mesinha e foi até a cozinha, voltou de lá com uma garrava de vinho branco e duas taças. Estendeu uma para a loira e em seguida serviu o vinho para os dois. O asiático tirou os tênis e se sentou esparramado ao lado dela no sofá.

- Ufa! – ele disse se copiando os movimentos dela e esfregando os dedos dos pés. – liberdade enfim!

- Cheers! – ela disse tocando a taça na dele e tomando um pouco.

- Ligue a TV, hoje vai passar um jogo dos Lakers!

Anita fez bico.

- Como assim vai passar nossa primeira noite de liberdade vendo o caralho dos Lakers?

- Ah, você supera. Anda, o controle está aí perto de você. – ele se esticou e passou o braço por cima do ombro dela.

Anita então pegou o controle da TV e a ligou, mas não era o jogo dos Lakers que estava passando. O DVD estava ligado e algo na Tela pedia que apertasse o play.

- O que é isso? – ela olhou desconfiada para ele.

- Não sei, pegue o controle do DVD e vamos descobrir.

- Caralho, mas que folgado você hein?

Mike sorriu e deu um gole em seu vinho. Anita então se esticou mais um pouco e pegou o controle do DVD, dando play em seguida. O próprio Mike apareceu na tela, sentado em seu estúdio pessoal, com um papel em mãos e sorrindo para a câmera. Imediatamente e começou a declamar com sua voz rouca o que havia no papel.

Não chore pelas estradas em que não andou, não chore pelos caminhos deixados de lado, porque atrás de cada curva há um longo final ofuscante. Esse é o pior tipo de dor que eu conheço.

Desista do seu coração partido e deixe os erros passarem, porque o amor que você perdeu não valeu o que custou. E na hora certa, você será grato por isso ter passado.

Não chore pelas estradas em que não andou, não chore pelos sinais que não viu. Talvez seu amor nunca acabe e se você precisar de um amigo há um lugar aqui, junto de mim.”

- O que é isso Mike? – Anita sentiu o rosto quente de lágrimas e o Mike na tela voltou a ficar pausado novamente, ela se virou para o Mike sentado ao seu lado e ele segurava algo em suas mãos, estava tremendo.

- Ann, nós dois passamos por tanta coisa juntos. Eu demorei a entender e aceitar que a sua relação com o Chester era diferente da que eu imaginava. Eu achei que você nunca ia ser minha de verdade, enquanto ele estivesse ali, você nunca seria completamente minha, nem completamente dele. Mas as coisas mudaram, você mudou, ele mudou, eu mudei. O seu amor não se alterou em nada, por nenhum de nós dois, você ainda nos ama da mesma forma não é? – Anita confirmou timidamente com a cabeça – Mas...

- ...mas eu escolhi você. – Anita completou com a voz um pouco vacilante.

- Escolheu? – um sorriso infantil se abriu no rosto de Michael e Anita confirmou com a cabeça – Eu te amo Anita Bennington e... Você quer casar comigo?

Os olhos de Anita se arregalaram e sua boca se abriu sem produzir nenhum som. E depois se abriu e fechou mais uma vez, e mais outra, e outra...

- Oh meu deus! – exclamou por fim!

- Isso é um “sim”? – perguntou nervoso

- Não!

- Não? – Mike franziu o cenho, mas logo foi surpreendido com os lábios dela se chocando com os dele, pedindo passagem e os devorando com deliciosa ternura. Quando se separam do beijo, Anita permaneceu com os olhos fechados e falou rente ao rosto dele.

- ISSO agora foi um “sim”.

**

- Você está linda Ann! – A loira respirava difícil dentro do vestido branco e justo, caía até os pés e arrastava um pouco no chão. O cabelo dourado estava preso em um coque simples com a grinalda presa a ele. Brad estava na porta do quarto. – Acho que está na hora de irmos, está pronta?

Anita se colocou de pé, as botas de couro preto apareciam muito pouco por baixo do vestido, havia se recusado a usar outra sandália, tinha medo de cair com qualquer calçado com que não estivesse familiarizada e cair no dia do casamento seria horrível. Sentia o corpo inteiro tremendo, o coração estava entalado na garganta e a respiração afetada.

- Onde está o Chester? – Brad acenou negativamente com a cabeça. – Oh... tudo bem, vamos então.

Brad lhe ofereceu o braço.

- Ele só deve estar atrasado Anita...

- Ele não vem Brad. – a voz dela tinha um tom nítido de mágoa – ele me evita há dias, duvido que ele venha.

- O Chaz deve ter algum motivo, não se preocupe, ele deve aparecer.

Anita duvidava muito que aquilo realmente acontecesse. Chester havia estabelecido um enorme limite de distância entre eles dois. A princípio ela achou que fosse por estarem ocupados com o novo álbum, mas depois ela teve certeza que a frieza dele era apenas com ela. Ele não ia aparecer no casamento.

Tentou tirá-lo da cabeça, respirou fundo e esboçou um sorriso, era um dia feliz afinal. Mike provavelmente devia estar a coisa mais linda e agarrável do universo em cima daquele altar, Kady também devia estar lá, resmungando no canto por não poder ficar esperando tanto tempo de pé, considerando seu estado. A gravidez que nem sequer havia feito lhe aparecer uma barriga já a tinha deixado muito mais resmungona do que já era naturalmente.

Desceram pelo elevador do hotel reservado para a cerimônia e Anita apertou com um pouco mais de força o braço de Brad.

- Mantenha a calma okay?

- Oh meu deus e se ele tiver desistido?

- Pare de ser idiota Anita.

Os convidados estavam todos sentados e se levantaram para que ela entrasse, a música que tocou, não era a marcha nupcial que esperava tocar, e sim Stairway to Heaven, do Led Zeppelin. Sentiu o rosto corar, como imaginara, Mike estava a coisinha mais linda do universo.

O cabelo negro estava penteado com gel para o lado, fazendo um pequeno topete, o fraque era preto com um lenço branco no bolso, mas assim como ela havia optado pelas botas, Mike não resistiu a um de seus pares de tênis. O sorriso dele era tão grande que fazia com que seus olhos puxados virassem duas linhas negras. Anita quase correu e o agarrou ali, mas tinha que parecer comportada.

Os votos foram trocados, assim como as alianças, nada fora do normal aconteceu e no fim, estavam casados. Um beijo casto foi trocado entre os dois e logo Mike flexionou os joelhos e ofereceu as costas para que Anita montasse, ela pulou sobre as costas dele e Mike fez o máximo que pode para correr com ela nas costas (não exatamente com o sucesso que ele gostaria). A festa teve seu início logo em seguida.

- E então Sra. Bennington, o que está achando de sua festa? – Ele disse de seu modo mais cortês, mas com um delicioso tom bem humorado.

- Está linda, não vejo a hora de acabar, toda essa cambada ir embora e eu poder tirar esse vestido que esmaga até minhas tripas.

Mike soltou uma gargalhada e inclinou a cabeça para trás.

- Por favor, quando o momento chegar, me deixe ajudá-la a se livrar dessa prisão horrorosa. – e a rodopiou e a puxou para si, depositando-lhe um beijo enérgico nos lábios.

- Eu te amo Mike.

- Eu sei.

Joe interrompeu a dança do casal e pediu licença para dançar com a noiva.

- Olá Bennington.

- Bom, acho que agora vai ter que trocar o sobrenome...

- Ah é, verdade, mas agora você é o verdadeiro Bennoda encarnado, sabe? A coisa física.

- O que é Bennoda?

- Hum... Você não precisa saber o que é, não queremos que você se corrompa. – os dois sorriram. – Bom, não posso rodar demais, comi demais daqueles canapés, aquilo são o próprio demônio sabia?

- Oh Joe, você é uma figura.

- Só te puxei do Sr. Spike Minoda por que tem um presente para você lá fora e me pediram para que eu te chamasse.

- Ah é?

- Sim, corra até lá. – Joe beijou a mão dela com sutileza e deixou que ela corresse até o saguão do hotel.

Anita puxou as trocentas saias do vestido e saiu correndo, chegando lá, não havia nenhum embrulho, caixa, ou qualquer outra coisa que se parecesse com um presente, exceto...

- Sra. Shinoda. – Ele aparecera do seu lado a passos tão leves que ela nem sequer notou que estava ali, mas se virou cheia de felicidade e o abraçou com força.

- Oh meu deus, oh meu deus, você veio!

- Claro que eu vim! Desculpe-me pelo atraso! – ela não se importou, o abraçou com força e sentiu ele retribuindo com o mesmo fervor.

- Achei que estivesse com raiva de mim.

- Raiva? Por que diabos eu estaria com raiva? – Anita corou e ele compreendeu – Porque está se casando com o Mike? Oh por favor, Ann, acho que já superamos isso, não é?

- Eu fui uma idiota, me desculpe.

- Pare com isso okay? Como foi a cerimônia?

- Foi ótima, você devia ter vindo mais cedo – fez bico. – Onde estava? Por que não estava falando comigo.

- Oh você está tão linda – Chaz se afastou para admirá-la.

- Não mude de assunto!

Chester revirou os olhos e suspirou se dando por você.

- Eu estava bem ocupado e no meu tempo livre estava me certificando que sua surpresa ficasse perfeita, se eu falasse com você, eu acabaria entregando tudo. Venha comigo, por favor.

Estendeu a mão para a prima e a conduziu para o... estacionamento?

- Ta daaa! – Os olhos de Anita se arregalaram e seu queixo caiu, em seguida soltou da mão de Chester e correu até seu presente.

- Oh meu deus como... PUTA QUE PARIU! CHARLOTTE! – Não perdeu tempo e passou uma das pernas (de forma ultra desengonçada por causa das mil saias do vestido) para o outro lado da motocicleta. Sentiu o guidom dela em suas mãos e logo seus olhos estavam ardendo de lágrimas. – Você não existe Chaz...

- Bom, acho que depois de ser atropelada por um caminhão, ficar em coma, ser sequestrada duas vezes e levar um tiro de uma psicopata você estava merecendo um agrado vai.

Anita saltou da moto (desengonçadamente mais uma vez, arg, as saias!) e pulou nos braços dele, depositando-lhe um beijo apertado na bochecha.

- Muito muito muito muito obrigada Chaz! Você é o melhor primo do mundo.

- Tenho sérias dúvidas quanto a esse “melhor do mundo”, mas eu acho que é um bom presente de casamento... Além de ser bom para o nosso “adeus” formal, huh?

- Adeus? – De repente Anita se viu confusa.

- Não é um “adeus adeus”, quer dizer... Bom, é hora de colocarmos um fim nisso. – Chester acariciou a maçã do rosto dela e levou um fino fio dourado que havia se rebelado para trás de sua orelha. – Acho que ficou claro que nossa relação só dar certo se for o mais fraternal que nossa capacidade admite, algo além disso acaba levando a gente pro hospital. – Chester pegou ambas as mãos dela e abriu um sorriso brando – eu te amo Ann, acho que nunca vou deixar de te amar, mas acho que isso põe um ponto final na nossa história. Acho que esse ponto final devia ter sido colocado desde o dia que chegou aqui em L.A., mas eu me empolguei tanto com a ideia de te ter perto de mim outra vez que não enxerguei o que estava diante dos meus olhos.

- Oh Chaz – Anita o abraçou com força, sentindo os braços fortes dele envolverem-na de forma carinhosa – Eu também vou amar você sempre.

- Me concede uma última dança?

- Não vai ser a última.

A música que tocava dentro do hotel, era um longe ruído ali onde estavam, mas Chester não precisava de música alguma, ele era a música.

Ajeitou a postura e ofereceu a mão para que ela pegasse, Anita aceitou e logo ele enlaçou gentilmente sua cintura. Anita estava linda, o vestido se ajustava bem à cintura, o busto se elevava e lhe dava um ar incrivelmente sexy. Puxou-a para si e começou a cantar em um sussurro doce em seu ouvido.

- When I look into your eyes there's nothing there to see, nothing but my own mistake staring back at me.

Quando eu olho em teus olhos não há nada para ver, nada além do meu próprio erro olhando de volta para mim.

Anita sentiu as lágrimas arderem em seus olhos, todas as palavras ditas por Chester era verdadeiras, aquilo era o fim do que havia entre os dois, talvez isso já estivesse acabado há muito tempo, mas nenhum deles queria admitir isso.

- Revert psychology is failing miserable, it's so hard to be left all alone. Telling you is the only chance for me, there's nothing left, but to turn and face you.

Psicologia reversa está falhando miseravelmente, é tão duro ser deixado sozinho. Dizer pra você que é a única chance para mim, não sobrou nada além de virar e encarar você.

Chester então beijou a testa da prima e concluiu cantando a música em sua versão original.

- Why I never walked away? Why I played myself this way? Now I see you're testing me, it pushes me away.

Por que eu nunca fui embora? Por que eu me enganei deste jeito? Agora eu vejo que você está me testando, isso está me repelindo.

Anita deixou que seus lábios tocassem os dele uma última vez, mas um beijo casto, sem malícia, que não foi aprofundado por nenhuma das partes, apenas um par de lábios cheios de saudade, mas contentes com a liberdade de descobrir o futuro. Quando se separam, Chester falou normalmente um último trecho da música.

- Nós estamos todos sem tempo, isto é como nós achamos que tudo se desenrola. O sacrifício é nunca saber.

**

Jogou o terno sobre uma cadeira e atirou a gravata para fora do pescoço e caiu sobre o sofá, não estava tão cansado fisicamente, mas fazer o que tinha feito havia lhe tomado muito. Não quis participar da festa, não saberia como agir lá, mas no fim das contas, sentia-se aliviado. Não sabia bem explicar por que, mas agora as coisas teriam que ficar melhores, tinham que ficar.

Respirou fundo algumas vezes e fitou o teto distante, a casa inteira estava em um raro silêncio. Sam tinha ficado com as crianças mais uma vez. Tinha que se lembrar de um dia recompensar todo o esforço de Sam para cuidar dele e das crianças, ela era de grande ajuda.

- Chester? Já voltou? – Mirielle apareceu no topo da escada. – Está tudo bem?

- Sim, está tudo bem sim – ergueu o tronco e exibiu um sorriso brando. Mirielle parou no pé da escada, só então notou que havia tirado o gesso e também que havia uma mochila em suas costas. – Ta indo pra onde?

- Oh cherie, eu já fiquei tempo demais aqui. Eu nem sei como te agradecer por tudo que fez, mas acho que não faz muito sentido que eu fique aqui, ainda mais por que já estou bem.

Chester se levantou e caminhou lentamente até ela, achou engraçado o fato dela desviar discretamente os olhos e prender o ar.

- Você sabe que não precisa ir Elle, aliás, do que pretende viver?

- Eu dou um jeito.

- Aliás, acho que nunca perguntei, do que vivia antes de eu te atropelar?

Elle arregalou os olhos verdes, abriu e fechou a boca.

- E-eu... eu...

Chester deu mais um passo a frente e se divertiu com a reação dela, desde que ele a beijara, Mirielle passou a ter muita vergonha dele.

- Acho que isso não importa não é? – se aproximou mais.

- Você conversou com sua prima? – e então ele parou.

O tom de Chester mudou levemente.

- Sim.

- E como foi?

- Foi necessário, acho que agora as coisas vão tomar rumo por conta própria.

- E quanto ao sentimento que sente por ela? Acha que é fácil para que ele siga assim “por conta própria”?

- Não, o sentimento não vai a lugar algum, mas as coisas mudaram Elle, você chegou no meio da história, não sabe o que eu fiz para ela. Além disso, ela escolheu o Mike. O que eu posso fazer é esperar que eles dois sejam felizes e tentar ser feliz também. – Mirielle não perguntou mais nada, apenas abaixou a cabeça, mas Chester prosseguiu. – Por que não fica aqui mais alguns dias, um pouco de companhia não faz mal pra ninguém.

Mirielle corou ligeiramente e então confirmou com a cabeça. Havia uma diferença de pelo menos dez anos entre ela e Chester, mas de alguma forma, Chester não se importava, ele gostava dela. Ele se inclinou um pouco para frente e deixou que ela viesse de encontro aos seus lábios. Quando ela pediu passagem ele não apenas cedeu, como também a empurrou contra a parede, prendendo seu corpo contra o seu. Ela arfou com o contato do corpo dele com o dela e Chester desceu os beijos pelo pescoço alvo da garota, deixando um rastro avermelhado onde sua boca a atacara.

Puxou com avidez para baixo, blusa e sutiã juntos, liberando os seios rosados da garota e fazendo com que ela liberasse uma enorme exclamação de surpresa. Chester adorava olhar para o rosto de Mirielle e ver o efeito que tinha sobre ela. Levou as mãos àquele par de seios e os apertou com ambas as mãos, puxando as pontas dos mamilos e rapidamente deixando-os durinhos. O corpo dela também respondia a ele.

As mãos de Elle deslizaram pelo corpo de Chester quase sem crer que era mesmo ele ali junto a ela, contornou os ombros, o tórax e chegou à cintura dele, já sentia o próprio corpo tremer de desejo apenas com o toque dele, imagina se ela tivesse mais daquilo? Puxou o fecho do cinto e ele não protestou, e então ela puxou a calça para baixo, deixando a ereção dele escondida apenas pelo fino tecido da cueca. Colocou a mão sobre o membro quente dele e o ouviu gemer levemente enquanto mordiscava seu seio.

Não aguentava mais aquilo, puxou a cueca para baixo também e o membro dele saltou livre para frente, Chester chocou os quadris contra os dela e levantou a saia de Elle até a barriga, em seguida levou as mãos à fina calcinha e a puxou dos dois lados, rasgando-a e deixando que caísse no chão.

- Oh meu deus – Mirielle sussurrou já quase enlouquecida de tesão. E Chester se deliciou mais uma vez.

A ergueu pelas coxas e então levou o pênis em direção à entrada dela. A penetrou lentamente, ouvindo-a gemer com a voz rouca várias vezes.

- Oh cherie!

Quando a penetrou por completo começou a estocá-la, ela era muito apertada e por algumas vezes quase gozou antes da hora. Subiu para o quarto com ela encaixada a ele e mordendo seu ombro numa tentativa de se conter. Jogou-se sobre ela na cama e arrancou a camiseta fora, puxou as pernas dela para o alto e disse.

- Ok cherie, onde nos estávamos? – disse com um sorriso malicioso nos lábios.

**

- Vire essa bundinha branca para mim, anda vira!

- Isso é cruel sabia?

- Estamos casados meu amor, agora eu faço de você o que eu quiser.

- Droga! Maldita hora que eu assinei aquela certidão sem ler as letras pequenas!

Anita gargalhou, mas não hesitou em continuar.

- Vamos Mike, você consegue meu bem.

- Não acredito que você mal casou e já quer se livrar de mim desse jeito. – fez cara de triste.

- Pare de ser dramático!

- O desgraçado do Chester ainda pendurou latinhas nessa defunta! Se ele tivesse me perguntado eu teria sugerido algo mais seguro, tipo um espremedor de laranjas ou filtro de água, mas não isso!

- Coloque o capacete Michael – disse em tom autoritário. – Mike soltou um longo suspiro e depois exibiu seu melhor sorriso. Afrouxou o nó da gravata, tirou o fraque e por fim, colocou o capacete sobre a cabeça. Anita ajustou o capacete dele para que não ficasse folgado demais e em seguida passou a perna sobre a moto, agora com mais facilidade, já que trocara de roupa. – Vamos lá Mike, suba.

- Okay, eu vou subir, mas antes eu vou dizer o que eu acho disso. – Anita revirou os olhos – Isso é uma vingança sabia?

- Vingança?

- Sim! O Chester está com ódio mortal de mim por ter me casado com a prima gostosa dele e agora ele se finge de bonzinho te dando esse presente, mas que no fundo é uma armadilha diabólica pra me matar!

- Eu não estou nem aí, agora sobe na porra da moto Mike!

O moreno montou hesitante sobre a moto e levou um instante para se acomodar, em seguida enrolou ambos os antebraços na cintura dela, deixando o próprio tronco apoiado a ela e a pele nua dos ombros de Anita se encostando à do seu pescoço.

- Hum, acho que se for pra andar assim eu gosto.

Anita soltou uma gargalhada e em seguida colocou a moto para funcionar.

- Pronto?

- Se eu ainda não disse isso, queria dizer que eu te amo Anita.

- Sim, você já disse, eu também te amo Mike, mas nós não vamos morrer okay?

Em seguida Anita acelerou a moto, fazendo as latinhas presas atrás batessem e tilintassem no asfalto. Quando saíram do estacionamento, muitos dos convidados os esperavam do lado de fora, gritando bons presságios e os enchendo com grãos de arroz.

O que veio depois disso foi apenas o ar, o vento fresco lhe arrepiando a pele e o sol delicioso do fim da tarde. Mike se segurava a ela apreensivo, mas pelo retrovisor podia ver uma doce piada eterna dançando em seus olhos. Ele estava feliz, assim como ela também estava, assim como também pretendia estar por todo o resto de sua vida. A felicidade nunca havia lhe parecido tão palpável como era agora.

As mãos de Mike se afrouxaram sobre seu abdome e deslizaram discretamente para cima, ele queria tocá-la. Anita enrijeceu sobre o assento, ali no meio do trânsito? Ele queria mata-los?

- Mike, pare! Vai nos derrubar! – ela gritou, mas temeu que a velocidade tivesse atrapalhado a compreensão dele.

Ele não respondeu, mas parou de movimentar as mãos, quando chegaram ao aeroporto, Anita reclamou.

- Mike não pode ficar fazendo isso quando estou dirigindo, é perigoso. Além do mais essa droga de vestido está apertada demais pra ficar fazendo isso.

A piada eterna e doce estava nos olhos castanhos dele outra vez.

- Me desculpe Ann, eu só estava checando uma coisa. Seu vestido de festa também está apertado?

- Acho que a mulher errou a medida.

- Amor, não sei um modo delicado de dizer isso, mas você está gorda. – Anita fez uma careta ofendidíssima, mas antes que o palavrão na ponta de sua língua o metralhasse, ele continuou – E provavelmente grávida.

O queixo da loira caiu.

- Não acho que seja verdade.

- Eu acabei de tocar em você Ann, seu corpo mudou.

- Provavelmente foram os canapés, bem que o Joe avisou. – Mike agitou negativamente a cabeça com um sorriso no rosto e Anita suspirou. Aquilo era uma ideia totalmente sem sentido, ela saberia se estivesse grávida. Mas não pode deixar de sentir um frio no estômago com o susto daquela ideia. – Não crie expectativas antes da hora okay? Isso é totalmente sem fundamento – virou as costas rapidamente e seguiu andando apressada, aquela ideia a tinha deixado meio assustada.

Mike apressou o passo para acompanha-la e passou as mãos pelos cabelos, despenteando-os.

- Okay, juro que não vou criar expectativa nenhuma, se não tiver nenhum bebê podemos fazer um no banheiro do avião. Hum... O que acha?

Anita achou graça. Tudo bem Shinoda, mas sem banheiros de aviões, por favor, espere até chegar ao hotel.

Mike então a puxou para o canto com força, fazendo com que ela esbarrasse em alguns carrinhos de bagagem. Mike sorriu e então a beijou com ferocidade, descendo as mãos pela silhueta dela e as colocando por baixo do vestido.

- Oh meu deus Mike, alguém vai ver!

Ele puxou a calcinha dela para o lado e penetrou dois de seus enormes e ossudos dedos dentro dela, fazendo com que Anita mordesse os lábios dele com violência e soltasse um gemido baixo. Ele a estocou com a mão e massageou o clitóris dela com o polegar, fazendo-a se retorcer. Mike separou o beijo e olhou de relance para aquela parte do aeroporto, ninguém estava por ali, abriu um sorriso malicioso para ela e falou em seu ouvido:

- Hum... O que acha do nome Otis?

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.