P.O.V Mel

Ele deu tchau e virou as costas. Saiu andando normalmente pro seu chalé. Assim que o perdi de vista (por causa da escuridão) Toda aquela sensação de paz foi embora. Porque? Porque eu me sentia assim com ele? Eu não entendo. Ou melhor, não quero entender. Talvez eu esteja... Não! É cedo pra dizer isso. Afinal, somos apenas amigos...

Flash back on

- V-você é como uma amiga pra mim caramba! – Ele falou. – Eu me preocupo com os meus amigos Melanie. – Sentia que ele falava a verdade, mas simplesmente não queria acreditar... Não sei porque. – E se aquele canalha mexe com algum dos meus amigos, – Porque mesmo eu me sentia incomodada com essa palavra? – eu fico louco! Você mesma viu. – Ele estava visivelmente irritado. Eu apenas concordei ressentida. Então ele falou:

- Desculpa por ter pirado. – Falou sinceramente.

- Tudo bem. Eu fui grossa. – Eu ri, tentando não transparecer minha dúvida. – Amigos desequilibrados né? – Droga! É como uma navalha. Porque? Porque?

- É. – Ele sorriu. – Amigos desequilibrados. – Ele meio que fez uma careta, mas não entendi o que podia significar. Bem, já estamos assim... Mas que droga de estamos? Você acabou de conhecê-lo! Foco Melanie. Ele é um amigo. É com pesar que admito isso, mas é a verdade.

Flash back off

É. Com certeza seríamos apenas amigos. Quer dizer... Deve estar cheio de meninas correndo e se jogando aos pés dele (vejo que elas têm um motivo óbvio), porque ele daria atenção digna de uma pessoa mais-que-amiga pra mim... Mas que merda é essa que eu to pensando?

Então olhei realmente onde eu estava e percebi que eu estava de frente para a porta do meu quarto, parada que nem uma otária encarando a porta e reclamando baixo. Olhei para os lados me certificando que ninguém vira (ou ouvira) esse episódio ridículo da minha cabeça. Entrei abrindo a porta devagar pra não acordar ninguém, mas logo percebi que não seria necessário...

- Mel! Que demora!

- Onde você estava?

- Conte tuuuuuuuuuuudo pra gente!

- Vocês se beijaram?

Elas me enchiam com perguntas desse tipo. De início eu corei, pensando que elas se referiam a Nick, mas logo entendi de quem elas estavam falando. Resolvi ser bem direta e bem clara. Não queria que nenhuma das quatro (ou pra melhor dizer, das duas, já que Macy e Kia já tinham seus parceiros) se magoassem com aquele idiota loiro.

- Escutem meninas. Não aconteceu nada ok? – Elas fizeram biquinho. – Ou melhor, aconteceu... – Incríveis olhares brilhantes me inundaram. – Ele foi um grosso estúpido comigo. Fiquem sabendo que Aston James – Eu queria cuspir ao pronunciar aquele nome. - é um tremendo canalha.

- Mas como assim Mel? Não entendemos nada. – Ela olhou para as outras que concordaram. Respirei fundo. Parece que ia ter que contar tudo. Então... Se é assim.

........

Eu havia contado tudo pra elas. Tudo mesmo. O que aquele estúpido tinha feito, o soco, a trombada, a ameaça, o ataque de Nick e nossa conversa. Elas ficaram estupefatas com a primeira parte da história. Era de se esperar que elas não conhecessem aquele lado do garoto. Mas depois, quando cheguei à parte sobre Nick, elas começaram a me olhar engraçado. O que percebi logo depois que não era tão engraçado assim...

- Sério? Ele te defendeu assim? – Annie perguntou admirada.

- Ah... Claro. Ele se preocupa com os amigos e...

- Ora! Que amigos nada. Vocês tão afim um do outro. – Kia falou. Como eu queria que isso fosse verdade...

- Ahn... Não, não Kia. Nós somos amigos. – Eu falei segurando uma careta pra essa palavra.

- Ah qual é Mel. Que o Nick é gente boa e protetor dos amigos a gente sabe... Mas ele nunca pirou assim com ninguém... Especialmente com garotas... – Macy falava.

- E ainda mais porque nós nunca o vimos interessado por qualquer garota se quer. – Haiden completou. Ah nossa... Eu teria uma longa, e cheia de perguntas, noite. Deitei no meu beliche, com a roupa que tava mesmo, botei o travesseiro em cima dos ouvidos e apaguei.

........

Tive um sonho muito estranho. Eu estava tocando piano, usava um vestido longo branco. Estava no meio de um jardim enorme, o céu estava escuro. Eu tocava uma de minhas músicas prediletas... Eu não estava entendendo. Olhei para o lado e vi que alguém me observava. Não consegui ver o rosto, pois estava no escuro. Eu tinha a impressão de que sabia quem era. A pessoa começou a andar em direção a mim no piano. Eu ia ver o rosto dela logo, logo...

- Mel. MEL! – Eu acordei com um susto. Sentei na cama de repente e bati a testa em alguma coisa.

- AI! – Eu massageei a testa e abri os olhos. Eu havia batido a cabeça na escada do beliche, como eu não sei. Escutei as meninas gargalhando. “Ótimo!” – Tá, tá. Chega! O espetáculo acabou. – Olhei para Haiden [que havia me acordado]. – O que foi? – Ela riu ainda mais. Minha cara devia estar muito linda. Afinal, eu sempre acordo uma raridade. Acredite... Você não gostaria de me ver pela manhã.

- As atividades já irão começar. Você precisa se arrumar. – Olhei para todas, agora notando-as. Elas já estavam todas prontas.

- Tá bom. – Reclamei em um muxoxo e fui ao banheiro tomar banho e me arrumar.

.......

Saí do banheiro e não havia mais ninguém no quarto, exceto por um bilhete num papelzinho rosa perfumado que dizia:

Não aguentamos te esperar. Se arrume logo. Estaremos te esperando na mesma mesa de ontem! Beijos: Kia, Macy, Ann e Hay.

Ok então. Joguei o bilhete em cima da cama e virei a mala procurando uma roupa, me lembrando do que elas estavam vestindo. Até que achei algo descente. Coloquei e saí em disparada do chalé, percebendo que eu era uma das ultimas a sair.

[Roupa: http://www.polyvore.com/roupa_mel_2%C2%BA_dia/set?id=23963368]

........

Cheguei ao mesmo salão de ontem e me dirigi à mesma mesa de ontem. Para minha sorte... ou azar, estavam todos os meus novos amigos lá. E todos olhavam fixamente para mim. Acho que eu fiquei vermelha. “Que droga!” Sentei à mesa junto do Jake bem na hora que o mesmo homem de ontem começou a falar sobre a divisão das atividades.

Seria bem intenso. Seria uma competição entre chalés. Como eram doze, deveriam haver alianças entre chalés [dois em dois]. Claro... Nós fizemos uma aliança com o chalé 5, e, é claro, eu conheci mais um zilhão de pessoas... Não vou falar o nome de todos claro... Mas saibam que, em média, juntando ambos os chalés [meninos e meninas] eram cerca de 80 pessoas ou mais. A maioria era gente boa, no entanto, tinha aqueles chatinhos que só se importavam com o próprio umbigo. Mas, enfim, daríamos uma boa equipe. Depois de divididos os chalés, foram anunciadas as alianças. A divisão teve de ser toda misturada, por exemplo. Chalés ímpares (meninos) com chalés pares (meninas). No fundo, no fundo eu sabia que ia dar confusão... Se é que você me entende... Mas eles têm experiência nesse ramo, então... Ah. Outra coisa: era o primeiro ano que eles (a organização do Fresh Air) decidiam fazer isso. HAHA! Como ia dizendo... Boa sorte!

Depois disso, tivemos a tarde livre para, de acordo com a organização do Fresh, descansarmos porque seria um longo mês. Todos nós, ou melhor dizendo, nosso grupo de onze pessoas: Kia, Macy, eu, Haiden, Anna, Locke, Pete [que era um cara super legal e engraçado], Nick, Clarck, Paul e Brian [que eram colegas de quarto dos meninos], decidimos ir caminhar pelos jardins do lugar. Depois de um tempo caminhando, conversando e rindo bastante, Paul, Clarck e Brian decidiram ir embora. Jake disse que Paul e Clarck iriam "caçar", todos nós rimos. E Nick falou que Brian era assim, sempre pra baixo, e todos já estavam irritados com ele.

- Nossa. Deve ser uma barra ter um colega de quarto assim... – Kia disse.

- Você nem faz ideia. – Jake respondeu pegando a mão dela. Eles ficavam tão fofos juntos. Eu sorri de canto de boca enquanto olhava pra eles.

- É... Mas porque ele é assim hein? – Macy perguntou.

- Não sei florzinha – Eu me contive pra não gargalhar com o apelido que Locke havia dado à Macy. – os caras disseram que tem algo a ver com os pais dele, ou alguma coisa do tipo...

- Ah. Tudo bem então. – Ela disse e sorriu pro grandão que também segurava sua mão. Eles eram um casal realmente estranho. Ela era tão pequena e frágil, e ele era tão... Urso. Ele era enorme. A mão da Macy ficava perdida dentro da dele. Eu sorri mais um pouco pensando nos casais que estavam na minha frente e de repente me senti estranha... Com a necessidade de sentir esse carinho também... “Oh! Ótimo. Lá vai você de novo Mel...” Tudo bem... Tudo bem... Eu já disse que estava apaixonada pelo garoto que conheci ontem? Acho que sim. Bem, só pra constar... Ele é lindo. Seus olhos são topázio líquido, como ouro derretido se você me entende. É uma cor bem estranha pra se ter nos olhos não é mesmo? Enfim, tudo nele é lindo. O jeito como o cabelo ondulado molda pequenas ondas. A pele branca em contraste com o cabelo castanho escuro... “Ah que ótimo. Eu já estou olhando que nem uma besta pra ele...” Olhei para frente e percebi que os pombinhos estavam muito lá na frente. Diminuí o passo ao máximo que pude. Eles mereciam alguma privacidade. Se bem que eu também queria ficar um pouco a sós com ele... Com meu amigo! É. Eu quis dizer meu amigo. “Quem eu estou querendo enganar?” Acho que sei a quem... A mim mesma.

- Isso é tão estranho. – Eu prendi a respiração. Do que ele estava falando? Ele pareceu perceber que eu estava tensa. – Digo aqueles quatro ali. Frequentamos esse lugar há três anos e só agora eles se... Resolvem. Parece que foi só você chegar pra tudo mudar... – Ele se calou rápido como se tivesse falado demais. Eu sorri.

- Não. É só coincidência. Mais cedo ou mais tarde teria que acontecer.

- É. Tem razão. – Ele me olhou pensativo como se fosse falar algo importante. Mas besta como eu sou, eu o interrompi.

- Então... Que tipo de provas vocês tem por aqui? – Olha. Realmente eu estava curiosa sobre isso. Mas não podia deixar isso pra depois? Que porcaria!

- Ah... Nossa. Tanta coisa. Tem arco e flecha, provas de natação, gincanas de vários tipos... Eu... – Ele olhou pra mim e fez uma careta. – acho melhor você mesma ver. – Ele sorriu e eu acompanhei.

- Ok. – Eu olhei pro lado e lá tinha uma enorme casa azul marinho. Será que esse lugar nunca parava de me surpreender? – O que é aquilo Nick? – Ele olhou na mesma direção em que eu e seus olhos pareceram brilhar.

- É a sala de instrumentos. Quer dar uma olhada? – Mas antes mesmo de eu poder responder ele pegou minha mão e me puxou pra sala... Sala não... Estúdio, melhor assim. O lugar era enorme. Tinha todo tipo de instrumentos que você pudesse imaginar. Piano, violões, guitarras, bateria... Tantas coisas... Eu nem consigo dizer todas. Meus olhos foram direto pro piano. Era lindo. Todo preto, com os pés prata. A sua tampa era aberta... [Piano: http://4.bp.blogspot.com/_XkPqDK8gQyY/SwEohErAEII/AAAAAAAAABg/P5fOv7Spbzc/s1600/piano.jpg] Fiquei completamente atônita. Corri e me sentei no banco. Passei meus dedos pela tecla sentido. Quanto tempo fazia que eu não tocava? Oh minha nossa. Será que desaprendi? Alonguei os dedos e comecei a tocar minha música preferida [no piano], a mesma do sonho.

[Música: http://www.youtube.com/watch?v=t6cZZgwFBX4]

Enquanto eu tocava e cantava. Ele sentou do meu lado perplexo, mas não falou nada. Apenas escutou.

A música fluía por meus dedos, minha boca. Eu não estava apenas tocando. Eu estava sentido a música. Ela adentrava em toda parte do meu corpo, meu ser. A música era linda. Uma lágrima desceu, serpenteando pela minha bochecha. Mais lágrimas começaram a sair. Eu não me importava.

.........

Quando acabei a música, fiquei imóvel olhando para frente e senti dedos quentes limpando o fio de lágrima que ainda teimava em escorrer pelo meu rosto. No momento em que ele tocou minha pele, correntes elétricas atravessaram meu rosto. Eu olhei pra ele assustada. Parece que ele não sentiu. “Coisa da sua cabeça Mel.”

Ele me olhava nos olhos. Com... Ternura? O que era aquilo nos olhos dele?

- Foi lindo Mel. Eu... Eu não sabia que você tocava. – Eu ainda estava assustada com aquela sensação, mas consegui sorrir.

- Você não perguntou. – Eu sorri, ou tentei sorrir, de canto de boca.

- Verdade. Mas... Você toca! Divinamente bem. – Ele sorriu e colocou uma mecha do meu cabelo que estava no rosto, atrás da minha orelha.

- Ahn... - Eu não conseguia pensar em nada pra dizer agora então...

- Vamos? – Ufa! Ainda bem. Ah... Qual é. Você tá numa sala, sozinha, com o garoto que você gosta... Aposto que você ia ficar confusa assim. Embora eu não quisesse sair... “Ora, vamos!” Então eu me levantei e o acompanhei para fora do lugar.