P.O.V Nick

Uma grande e cansativa viagem. Como sempre certo? Enfim, não quero falar sobre a viagem chata que tive.

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Cheguei ao acampamento eram umas 14h00min. Eu estava roxo de fome, porque por pura burrice minha, decidimos não parar para almoçar. Só iria atrasar a viagem. “Ainda bem que aqui tem máquina de lanches.” Pensei comigo, quando estava parado no portão principal do Fresh Air Camp. Apanhei minhas malas e caminhei até a portaria.

- Bom dia senhor King. – O porteiro que já me conhecia falou.

- Bom dia Marco. – Respondi gentilmente. Ele era uma boa pessoa e não merecia ser vítima do meu cansaço e irritabilidade. Sorri de leve e me apressei em entrar, afinal, minha mala também estava bem pesada.

Entrei no lugar e me admirei mais uma vez com a bela paisagem que eles cultivavam lá dentro. Os jardins eram enormes e muito verdes. O sol os deixava ainda mais vívidos. Havia flores por todos os lugares e doze chalés enormes em formato de U estavam à espera dos “candidatos” desse ano. Sorri realmente feliz por estar lá, e segui para a casa da recepção.

.......

Cheguei à casa que ficava no centro do Camp, deixei minhas malas no canto da sala branca e fui até um balcão simpático no centro da sala.

- Boa tarde jovem Nick. Como vamos esse ano? – A conhecida senhora Liyn falou.

- Estou ótimo Senhora Liyn. E como vai o seu filho, o Chuck? – Eu não tinha mais nada a perguntar, então, para ser educado resolvi perguntar pelo pestinha filho dela. Ele era dois anos mais novo que eu. Ah, claro. Eu não falei a minha idade pra vocês falei? Bem, eu tenho 16 anos.

- Ele está bem. Obrigada por perguntar. Aqui está sua ficha, você vai ficar no chalé número 5. Boa sorte! – Ela disse sorrindo e voltando ao trabalho. Ótimo. Tenho que guardar minhas coisas e comer. Sim, porque como as pessoas ainda estão para chegar eles só servem um lanche na cozinha. O almoço mesmo é no segundo dia, digamos assim.

Depois de deixar minhas malas na sala principal do chalé número 5, fui até a mini lanchonete que ficava do lado leste do lugar. Eu havia esquecido como tudo lá era enorme, então me estressei um pouco com a pequena caminhada que tive que fazer. Cheguei lá e logo enchi meu prato e me sentei numa mesa para comer. Só havia mais três pessoas em todo o refeitório, o que era estranho, pois já eram quase 15h00min da tarde. Dei de ombros e comecei a comer. Afinal, daqui pra de noite esse lugar iria lotar.

......

Estou no caminho do chalé número 5. Eu ando em marcha lenta, claro. Eu comi tanto que estou estufado e pesado. Mas, em compensação, eu não ficaria com fome tão cedo. Cheguei, finalmente, no chalé número 5, peguei minhas malas que ainda estavam no mesmo lugar onde eu as havia deixado e entrei no 3º quarto à direita. Eu sempre ficava no 3º quarto á direita, não importava em que chalé fosse, acho que é algum tipo de superstição ou sei lá. Bem, isso não importa. Abri a porta e entrei. Para minha surpresa havia pessoas no quarto, garotos claro. Os números ímpares eram os chalés dos meninos e os pares os das meninas.

Havia três garotos no quarto, dois deles eu já conhecia. Eram Paul e Clarck, o outro eu não conhecia. Ele era franzino, mas de um jeito estranho era forte. Loiro de olhos pretos. Eles olharam pra mim e sorriram.

- Hey Nick! – Paul se levantou e se aproximou de mim, com Clarck no encalço. – Quanto tempo brow. Como você tá?

- Ahn. Tô bem cara. E vocês? Como passaram o ano. Estudando ou matando aulas. – Dei um soco de brincadeira no ombro dos dois. Eles riam.

- Que cê acha? – Ele riu e fez uma falsa [e terrível devo dizer] cara de anjo. – Assistindo como bons meninos as aulas. – Ele riu alto dessa vez. – Cara, até dei uma melhorada. Mas escola não é meu forte.

- Acho que ele tem déficit de atenção. – Falou o outro garoto.

- Ah cara. Foi mal. Aquele ali é o Bryan, ele estuda com a gente. Bryan, Nick.

- E aí beleza? - Eu disse.

- Beleza. – Ele disse e se deitou.

- Ele não é muito de conversar. – Disse Paul baixinho.

- Mas é uma coisa que a gente pode mudar. – Completou Clarck no mesmo tom.

- Hum, claro! E aí, já chegou mais alguém que a gente conhece?

- Não cara. Tá muito estranho isso aqui. Ainda não vi muita gente. Nem as garotas que chegam aos montes eu vi. – Paul disse.

- É cara. Tá sério. – Clarck, como sempre, completou.

- É, eu percebi isso. Tá muito vazio isso. – Só que na hora que eu falei isso escutamos uma grande barulheira lá fora. Como era de se esperar fomos correndo olhar e nos surpreendemos por cerca de quinze marmanjos saírem correndo dos quartos pra olhar também. Lá fora, o que fazia tanto barulho, na verdade não era O QUE, e sim QUEM ou QUANTOS. Na entrada do lugar estavam três ônibus enormes, branco e verde claro com o nome FRESH AIR CAMPING escrito. Não sabia que o Camp tinha ônibus, mas... Cerca de sessenta ou mais jovens aparentemente entre 12 e 18 anos desciam dos ônibus, alguns grupinhos soltavam fogos, apitavam ou comemoravam com gritos a chegada no Fresh Air. Então era por isso que não havia muita gente, eles resolveram fazer os próprios transportes para os campistas.

Pela primeira impressão que tive, não conhecia ninguém que estava na aglomeração. Alguns eu já tinha visto ou trocado alguns monossílabos, mas não tinha feito amizade. Mas os meus amigos não podiam estar ali certo?

Errado! Quando eu menos esperava senti um murro nas costas, não foi muito forte, mas foi o bastante pra que eu levasse um baita susto. Virei já meio zangado quando vi meus melhores amigos do camp: Pete e Locke.

- E aí cara? Quanto tempo. Já tava com saudades. – Pete falou.

- Ah qual é Peter, não seja tão meloso. – Locke desdenhou.

- HAHA, eu também já sentia falta de vocês caras. – Dei um murro de brincadeira do estômago de Locke. – E aí grandão, não venha me dizer que não sentiu minha falta... Da minha extrema habilidade nas provas do camp e tal.

- É Nick, pode até ser né. O que você acha Pete? – Perguntou.

- Ah cara. Com certeza. Não via a hora de chegar aqui. Mas e aí, já conheceu alguém... Alguma gatinha? – Ele sorriu maldoso pra mim, eu ri junto.

- Não cara. Acho que todas as meninas chegaram agora. – Eu olhei em direção a um grupo de garotas, por sinal muito bonitas, que conversavam alegremente.

- É cara. E que meninas... – Locke fez uma cara estranha. Parecia que ele estava...

- O Locke ta apaixonado pela Macy, Nick. Aquela ruivinha ali. – Ele então apontou para uma garota de cabelos vermelhos que pareciam ser naturais. Ela usava uma saia verde, bem comportada, diferente da maioria que estavam junto dela, e uma blusa branca de alçinha. Ela era muito bonita, de verdade. Eu olhei para o grandão que parecia que ia babar litros a qualquer instante.

- Hey cara. Ela é linda. Você já falou com ela?

- Ela é sim. – Ele falou com a enorme cara de besta que antes eu achei que fosse impossível ficar mais acentuada.

- Ele veio o caminho todo conversando com ela mano. Só que aqueles papinhos caretas e idiotas.

- Qual é Pete. Eu gosto mesmo dela, e você sabe disso. Não quero assustá-la. – Ele falou sério.

- Wow. Essa é a primeira vez que vejo Jimmy Locke, gostando de verdade de alguém. – Eu realmente estava perplexo. – Calma cara. A gente vai te ajudar. Né Pete?

- Claro, claro. Deixa com a gente. - Ele confortou o grandão colocando uma mão em seu obro, eu fiz o mesmo. Locke sorriu. – Mas e você Nick, ninguém?

- Ah. – Pensei em mentir. Eu realmente não estava interessado em ninguém, na verdade, eu nunca ficava, mas decidi que não mentiria para os caras. – Não.

- Nick, você tem um coração de gelo. Sério rapaz, já pensou em fazer tratamento? – Locke disse e eu gargalhei.

- Não sei Locke, nunca me interessei por ninguém. Acho que quando for a hora vai acontecer. Quem sabe não seja aqui no Fresh...

- Estamos torcendo pra isso! – Pete colocou.

- Beleza. Vamos pro quarto. Estou cansado. – Locke disse. Pegamos as malas, sim eu ajudei, e fomos para o quarto 3. Claro que eles ficariam no mesmo quarto que eu, e daria certo, havia quatro beliches no quarto.

.......

Depois de colocarmos as malas no quarto fomos para o jardim leste do Camp. Na verdade só eu e Pete, Locke havia ficado no quarto descansando. Já havia anoitecido e a barulheira lá fora já havia parado. Todos tinham ido pros seus quartos, tomar banho ou descansar como o Locke. Pete e eu estávamos sentados na grama. Ele estava me contando sobre o fim do namoro dele, pelo que pareceu ele não estava mal com isso. Ele até parecia mais feliz com aquilo tudo. Conversamos sobre várias coisas, até que vimos uma figura familiar entrando com várias malas e uma garota do lado. TJ. Corremos pro portão principal para falar com ele.

- Tyler! – Gritamos juntos. Ele se virou nos procurando e abriu um enorme sorriso. Esse era o TJ que conhecíamos.

- E aí galera! Já estão por aqui, pensei que ia chegar mais cedo que vocês. – Finalmente alcançamos eles e paramos esbaforidos junto deles.

- Claro que não cara. Eu cheguei umas 14h00min da tarde e o Pete e o Locke chegaram quase agora.

- Droga! Queria chegar primeiro.

- Cala a boca TJ. Porque demorou pra chegar dessa vez? – Pete perguntou.

- Ah mano. Foi mal, é que tive que esperar a Mel aqui. É o primeiro ano dela no Camp. A propósito caras, essa é Melanie Turner. Mel, esses são Pete e Nick. A Mel é minha amiga desde que me entendo por gente. – Ele olhou pra ela com carinho, parecia que fossem irmãos na verdade. A garota se pronunciou pela primeira vez.

- Oi. – Ela parecia envergonhada, eu não pude notar, estava muito escuro e ela estava contra a luz.

- Que bom. Seu primeiro ano. Seja bem vinda então. – Pete falou e pegou a mão dela para apertar, mas em vez disso ele beijou sua mão. Sempre galante esse cara. Ela deu uma risada baixa.

- Obrigada. Então vocês são os dois que o Jake tanto fala. Bom, não são tão metidos como eu pensei. Onde está o terceiro?

- Locke? Ah, ele tá descansando no quarto. Mais tarde você conhece ele. – Eu disse por fim.

- Pronto Mel. Vamos eu vou te mostrar a recepção e te dizer como faz aqui tá? – Ele perguntou e ela fez que sim com a cabeça. – Vocês podem levar minhas malas?

- Claro.

- Fico devendo uma gente. Tchau. Vem Mel. – Ele a tratava com tanto mimo que parecia que ela tinha 12 anos. Afinal, quantos anos ela tinha mesmo? Ah, esquece. Amigos desde criança. É, até que não é tão difícil fazer amizade com o TJ. Eu fiquei olhando enquanto eles se distanciavam... Peguei uma das malas do TJ e levei com o Pete até o quarto.