Eragon acordou na manhã seguinte bem cedo. Tão cedo que ainda se encontrava abraço de Arya. O cabelo longo e negro estava espalhado e ele nunca a achou mais bonita do que desta maneira. Ele relutante saiu da cama e saiu. Saphira estava deitada ali perto. Ele afagou seu focinho.

Estamos bem. ele disse.

Estamos. ela respondeu. Conseguimos.

Sim. Saphira, já pensou no que vai ser depois? Tenho certeza que Ajihad será eleito o novo Rei de Alagaësia e nós, bem, temos um dever á cumprir.

Sim Eragon.

Saphira contou á Eragon sobre o que ela achava, e como tinha certeza de que haviam ovos escondidos em algum lugar. Ele concordou com ela, e depois comunicaram isso á Ajihad. Ficaram alguns dias á ajudar na cidade e acabou encontrando Ângela e Solembum esperando-os na tenda dele. Ela sorriu para o Cavaleiro.

–Veja como você cresceu! Eu ouvi dizer que finalmente conseguiu. Meus parabéns, eu não sabia se iria conseguir.

–Mas eu consegui.

–Sim eu vejo. E se tornou um grande Cavaleiro. Já até contam histórias sobre vocês dois.

–Hã... obrigado. Por que vieram aqui?

–Eu lutei ao seu lado na guerra Eragon, embora não tenha notado. E acho que não notou mais algumas coisas.

Ela entregou uma carta á ele. Era de Roran. Ele tinha lutado bravamente e comandou uma boa parte do exército á vitória. Ele sabia que Eragon estaria ocupado, e contra a gosto foi embora. Ele iria para Carvahall e passaria por algumas cidades antes anunciando a vitória de Ajihad e sua coroação.

–Sabe, ele sempre esteve com o coração lá. Eu me lembro de ele falar de uma garota... acho que era Katherine...

–Katrina. Filha de Sloan. É, eu sempre suspeitei. Agora eles podem viver em paz, espero que eles sejam felizes.

–Ah eles serão sim. – Ângela disse. – E você Eragon? Sabe sobre a minha profecia...

–Eu sei. Talvez ela se realize mais rápido do que pensa.

Ângela o olhou curiosa.

–Antes era mais fácil ler seu rosto e saber o que está pensando.

–Bem, Saphira acha que ainda existem alguns ovos escondidos até mesmo de Galbatorix. Ela quer encontrá-los. E talvez, depois nós partiremos.

–Ovos... – ela fechou os olhos e tirou algo da bolsa. – Ela talvez possa guiá-los para eles se existirem, mas se for preciso, peça ajuda aos mortos. – disse entregando um saquinho para o Cavaleiro.

–Eles já nos ajudaram.

–Isso é uma oferenda, geralmente sempre os agradam, principalmente os dragões.

–Então você parece ter muita experiência com isso.

A mulher sorriu para ele embaraçada.

–Talvez. Mas tente, talvez eles falem com você.

–Obrigado. Agora eu devo ir.

Ângela e Solembum se foram antes de ele perceber. Foi até a tenda e quase trombou com Arya que estava o esperando.

–Ah eu sinto muito. Eu estava distraído com as coisas que Ângela me deu.

–Você falou com ela? Eu não a vi.

–Ela estava de saída para... algum lugar. Nunca se pode saber onde ela vai estar.

–Sim. – ela respondeu. – Minha mãe me chama de volta para nossa terra. Ela quer saber dos seus planos antes de voltarmos.

–Então você vai? – ele perguntou meio triste.

–Creio que sim. Vai depender bastante de você.

–Certo. – ele assentiu.

Ela parecia querer dizer alguma coisa. Talvez sobre ter dormido ontem ali, os elfos não gostavam de demonstrar sentimentos. Ele colocou a mão no ombro dela.

–Está tudo bem.

Ela o olhou aliviada e saiu dali, embora não fosse o que ele quisesse. Ele se arrumou, teria de seguir caminho em pouco tempo. Teria de falar com Islanzadí e tentar de algum modo impedir que Arya fosse embora. Ele de algum modo sabia que Murtagh provavelmente iria ficar ao lado de Nasuada. E sinceramente, Eragon estava ansioso para sair por aí com Saphira.



Thorn estava descansando em algum campo da cidade, enquanto seu Cavaleiro estava sentado perto de uma árvore sobre a vida. Ou o futuro dela. Sabia que Eragon e Saphira iriam atrás dos supostos ovos que ainda estariam escondidos de Galbatorix. Arya e Fírnen provavelmente voltaria para Du Weldenvarden com os elfos. Mas e ele e seu dragão? Isso martelava em sua mente. Ele pensou em seguir Eragon, mas isso não parecia correto, nem ir para a terra dos elfos, nem ir embora. Claro que ele tinha pensado... quando estava preso e machucado tudo o que ele queria era o bem da única pessoa que importava para ele. Ela havia passado por tudo aquilo por culpa dele, e ele jurou que não deixaria mais nada machucá-la. Uma parte de si sabia que o melhor era ir embora, mas uma pequena parte queria ficar ali do lado dela. Ele suspirou. Duvidava que conseguisse levar uma vida normal. Não sendo um Cavaleiro. Ele sentiu alguém se aproximar. Era ela. Quando ergueu o olhar ela estava deslumbrante. Usava um vestido longo todo dourado e os cabelos estavam trançados com raízes de árvores provavelmente com magia também. Muito bonita. Ele desviou o olhar sentindo o rosto corar. Ah claro, ótimo momento para ficar vermelho. Ele levantou meio desajeitado e viu Thorn se divertir com a situação, o que o fazia ficar ainda mais vermelho.

–Vieste em nome de teu pai ou de outra pessoa? Em que eu e Thorn somos úteis?

A garota apenas levantou uma sobrancelha com um sorriso de canto.

–É que... bem... – se fosse possível ele estava ficando ainda mais vermelho. – Eu devo acreditar que para que tu venhas aqui seja por terem mandado-a para me pedir um favor ou algo assim.

Ela revirou os olhos e se aproximou dele. Quando ele não esperava ela segurou a cabeça dele e o puxou para um beijo cheio de vontade. Ele ficou estático mas depois correspondeu.

–Você não entendeu que eu amo você? – ela perguntou depois de se afastar.

–Você o que?! – ele perguntou atordoado.

–O que ouviu. – ela disse simplesmente.

–Mas eu... eu pensei que depois de tudo o que você sofreu por minha culpa não quisesse nem mais me ver na vida.

–Mas que idiota você. – ela disse docemente. – Quando eu era criança, meu pai me contava muitas histórias sobre os deuses do nosso povo. A deusa do amor disse que encontraremos o amor verdadeiro em meio ao caos. Acho que depois de tudo aquilo, e você continuar do meu lado, tenho certeza que nossos destinos estão cruzados.

Ele sorriu como um idiota para ela. Ele a abraçou bem forte.

–Eu te amo muito também. – ele respondeu feliz.

Eu vou precisar aguentar isso o resto da minha vida? Thorn perguntou.

Vai sim.

O dragão resmungou.

–Ele está chateado comigo? – ela perguntou.

–Não, claro que não está. E ele vai ter que aprender a me dividir contigo, só está com ciúmes.

Thorn rosnou embora não fosse totalmente mentira o que seu Cavaleiro falara. Murtagh e Nasuada passaram o dia inteiro juntos fazendo basicamente nada, só aproveitando um ao outro. Ele lhe contava histórias e depois ela, nada muito complicado. De tarde Eragon apareceu para falar com o Cavaleiro, e ficou culpado ao ter que contar sobre seu plano, afinal, estava vendo o quanto os dois estavam felizes. Eragon havia conseguido a possível localização dos ovos na antiga ilha da Ordem dos Cavaleiros e era para lá que ele iria. Arya e Fírnen iriam voltar com os elfos para a terra deles, e Murtagh aceitou de bom grado se juntar ao Cavaleiro azul. Partiriam no dia seguinte, embora Nasuada tivesse relutado em concordar. Ele foi visitá-la de noite, e foi falar com Ajihad também sem que ela soubesse. Não conversou como ele sendo o Rei, conversou como se fosse seu sogro, e sim, Murtagh disse que gostaria muito de ficar com Nasuada e lhe pediu a mão da filha. Era esse o costume entre seu povo, e assim o Cavaleiro o fez. Ele, ao contrário do que o Cavaleiro achou, cedeu a mão dela. Parecia achar Murtagh a melhor opção para a filha. Isso fez o Cavaleiro feliz. No dia seguinte, antes de irem embora ele se despediu de todos, mas viu que ela estava um pouco triste.

–Escute, eu vou voltar. Eu juro. – ele disse na língua antiga. Ela o abraçou.

–Eu sei, mas não quer dizer que eu não vá ficar com saudade.

–Eu volto o mais rápido que Thorn conseguir. – o Cavaleiro afirmou.

A beijou uma última vez e subiu no dorso de Thorn. Então os dois dragões levantaram voo e foram em direção á Vroengard.