The Last A: O Último Anis

Muito prazer em conhecer? Eva aparece


Floresta de Etofuru | Noite do Kumate

Após o duelo Jay 1 vs Kuon

Estávamos sob o ponto de vista de Kuon. Com dificuldades de se manter de olhos abertos, o Anis tinha sua visão dificultada e embaçada enquanto ouvia passos que se aproximavam. E após um breve momento, uma voz feminina é ouvida:

— Humilhado, meu irmão? Patético...

Era Shizuka, que caminhava em volta de Kuon. E ela continuou:

— Eu detestaria estar no seu lugar nesse exato momento... Mesmo que minhas emoções estejam sob controle, me angustia vê-lo neste estado lastimável e baixo. Colocá-lo-ei em desgosto por tamanha miséria e deplorável situação. Um humano... Um mísero humano te subjulgou e te rebaixou a um nada. Seu poder não foi o suficiente? Patético...

Kuon acompanhava cada movimento que Shizuka fazia, com sua visão ainda nos atrapalhando de vermos melhor a cena. Mas ela não havia acabado:

— Você está morrendo... Como é sentir isso? Sente frio? Calor? Sente dor? Ou isso lhe traz prazer? Alguns seres gostam disso... Meu irmão, você foi derrotado totalmente... e ainda insiste em existir? Porque não se entrega ao fatídico momento e caminhe até Riviera?

E com sua voz totalmente diferente, Kuon diz:

— Shizuka... Eu... Sou... Mais forte... que tudo isso... E eu... Como Anis... irei acabar... com tudo isso...

— Tolo...

— O Conseil... Eles irão receber... a notícia... que irá decretar o fim... de Jason...

— Tolo... E insistente...

— O aperto de mão emissário... Eu irei dá-lo a ele e... Tudo isso vai acabar...

— E depois? Você sabe muito bem onde e como isso vai acabar...

— Todos que fazem parte... da vida... de Jason... cairão... sofrerão... e morrerão... E nesse dia... eu estarei com o corpo futre de Jason... fincado em uma lança... e decorando nossa sala.

— Então decidiu-se... Hm, isso me agrada saber. Morte aos humanos, meu irmão... A todos eles.

— Sim... A todos eles.

Logo a visão que temos saiu da perspectiva de Kuon, mudando para algo muito mais dramático e que mostrava toda a área da floresta. E logo podíamos ver uma cena tensa e nefasta: Kuon estava deitado apoiado a uma árvore, com seus dois braços quebrados, sendo seu direito com fratura exposta na altura de seu ante braço; todo o seu rosto estava coberto de sangue coagulado e com seu nariz fraturado torto para a esquerda. Sua dificuldade de se comunicar era por causa que seu maxilar estava quebrado, com seus dentes faltantes denunciando o duro golpe que recebeu. E o que surpreendia por estar ainda vivo: havia um buraco profundo em seu dorso, onde se podia ver os ossos quebrados de sua costela, assim como seu interior. Seu fígado e pâncreas foram dilacerados e seu coração podia ser visto batendo lentamente.

Os danos de Kuon seriam fatais a um humano, porém um jamais poderia ter causado tamanho estrago. Triste ironia. O Anis influenciador estava gravemente ferido, mas sorria diante sua queda, numa derrota humilhante e traumática. Porém ele já havia planejado algo.

Isso foi constatado com os eventos do último capítulo. Aquele aperto de mão significou muito para Kuon... e seu plano de acabar com Jason. Porém os efeitos poderiam ir além do que imaginávamos.

E uma semana após a proclamação do Sabaibaru...

Casa da Família Hansen | 18:00 PM

No interior da casa de Hakiro havia uma festa. Todos do time estavam lá, até mesmo Iamiko, festejando um acontecimento único. Era o aniversário de 18 anos de Hakiro, fazendo com isso o rito que todo jovem passará em sua vida:

— Aí... “dezoitou”, champs! – Disse Jason, brincando.

— Hehe... Agora eu selecionei a dificuldade hardest do jogo – Disse Hakiro, levando na esportiva.

— Esse é no espírito!

Jason, após chamar Hakiro, o levou até a cozinha, onde logo disse:

— Cara, quero que fique longe de mim nos próximos dias.

— Hã? Porque?

— As coisas pioraram, Hakiro.

— Como assim?

— Eu caí numa tramóia do Kuon... Aquele filho da p*ta...

— O que ele fez dessa vez?

— Hakiro, eu estou em um tipo de disputa chamado Saibabaru.

— Hã? O que é isso?

— Eu não sei. Um tal de Wing quase me matou!

— HEIN?! JASON, MAS O...

— Fala baixo!

— Mas cara... O que está acontecendo?!

— Só vou te pedir isso: fica longe de mim durante um bom tempo. E mantenha os outros longe de mim também! Coisa muito ruim vai acontecer, eu tenho certeza!

— Mas Jason... Cara, eu não posso te deixar enfrentar tudo isso sozinho!

— Você deve! Tudo isso foi culpa minha e... Na verdade tudo isso foi por causa do arr*mbado do Kuon! Mas mesmo assim, eu me vejo responsável... Então, fica longe de mim... Eu e Piece 1 iremos nos preparar...

Jason mal sabia o que estava por vir.

A festa transcorreu normalmente, com todos brincando e comemorando a maioridade de Hakiro. Logo após os festejos, Sumo seguiu para o templo de sua mãe e Paladino para o dojoh de seu pai, com Kenta dizendo que precisaria ajudar no jardim da praça e Motoi ter de ir até sua casa para treinar com seu irmão.

E reunidos na sala de estar, lá estavam Hakiro, Iamiko e Jason, que conversavam enquanto comiam mais um pedaço de bolo. A prima de Jason, curiosa como sempre foi, fiz:

— E então, Hakiro... Como foi voltar a si? Eu queria ter feito parte da festa de vocês...

— Ah... Bem... É uma longa história...

— Iamiko, deixa o cara. Só porque vocês já tiveram um lance não quer dizer que o Hakiro tem que ter dar satisfação... – Disse Jason, provocando sua prima.

— Nah... Tudo bem, Jason. Eu vou responder... – Disse Hakiro, tomando ar – Na verdade Kuon tirou minha memória e o gato do Jason me trouxe de volta. E então estou eu aqui, firme e forte, graças ao poder Anis.

Os olhos arregalados de Jason deixaram bem claro como o jovem ficou após seu amigo contar a história verdadeira a Iamiko, mas...

— Hahahahaha! Sério?! Hahaha! – Gargalhou Iamiko, chorando de rir – Hahahahaha! Então o Jason tem um gato mágico que te trouxe de volta? Hahahaha! Ótimo! Perfeito! Que história!

— Hehe... É isso. Mas você pode acreditar em outras coisas também...

— Hahahaha! Tipo, posso acreditar que você se recuperou depois de ter meu primo por perto... Hahaha! É mais plausível!

Enfim, Jason entendeu que nem mesmo Iamiko acreditaria na história verdadeira, já que era absurdo demais a jovem imaginar que haveria mesmo animais com poderes... e era isso que os dois, Jason e Hakiro, quiseram que continuasse. E Jason, se levantando, diz:

— Hakiro, vou até o banheiro. Já estou quase indo embora...

— Ah beleza. Vai lá...

E com a saída do jovem, ali ficaram Hakiro e Iamiko, onde a jovem logo se levantou e se sentou próximo ao rapaz. E ela, o olhando nos olhos, diz:

— Eu estou muito feliz por você ter voltado, Hakiro.

— Agradeço, Iamiko. Sabe, senti sua falta.

— Sentiu, foi? – Disse, apoiando seu rosto ao ombro de Hakiro – Nessas horas que a gente se sente importante...

— Hehe... Você sempre foi assim... Durona e meiga ao mesmo tempo. Por isso eu gostava de ficar com você...

— Ah gostava? Não gosta mais?

— Claro que gosto... Hehe. E eu soube que você ficou mais forte...

— Foi o Jason, não? Ele te disse...

— Disse sim... E sinto muito pelo resultado das olimpíadas.

— Ah não esquenta. Um dia desses eu terei minha revanche contra a Shizuka. Uma novata como ela só teve sorte...

Ao ouvir o que Iamiko disse, Hakiro logo se colocou em pensamentos, pois ele teve certeza naquele momento que:

*Ela não desconfia de absolutamente nada...*

— Hm? O que foi? Porque está aí calado do nada?

— Ah?! Não... Nada. É que essa rivalidade de vocês duas deveria ser evitada.

— Evitada? Está louco? Ela vai querer mais do que eu essa revanche, você vai ver! Eu não vou deixar que aquela esquisitona me faça passar vergonha outra vez! Hunf! – Disse, ficando irritada em seguida.

— Não é isso... Olha, as coisas aconteceram muito rápido e...

— Não se preocupe com isso! Eu sei me cuidar! Eu não sou daquelas garotas clichês de querer ficar mostrando irritação por me sentir indefesa!

— Ei, calma... – Disse, a abraçando – Eu não seria seu adversário, tá?

— É bom mesmo! Hunf!

— Eu não teria chances contra você até... Relaxa! Hehe...

— Não teria mesmo...

— Na verdade eu nunca levantaria meu punho pra você, Iamiko...

— Ah então você quer dar uma de cavaleiro comigo? Bobo, vai levar porrada do mesmo jeito! E você já sabe o resultado...

— Bem, o resultado você pode ver aí. Estou de volta.

— Por isso mesmo, bobo... – Disse Iamiko, aproximando seu rosto ao de Hakiro.

— Iamiko... – Disse, fazendo o mesmo.

Logo os dois uniram seus lábios, num beijo bastante acalorado de boas vindas. Porém precisavam interromper pois Jason estava voltando... mas ele mesmo não pode evitar de olhar para o rosto dos dois e não reparar:

— Ah... Se quiserem eu volto a ir ao banheiro. Seria bom pra vocês? – Disse, num tom sarcástico.

— Jason, você não existe... – Disse Hakiro, sorrindo.

— Hã?! Mas do que você está falando? – Disse Iamiko, tentando disfarçar.

— Tá, Iamiko... Vamos nessa. Já está ficando tarde... – Disse Jason, a puxando pelo braço – Na próxima vez você coloca menos batom na boca.

— Ah... Vo-você... – Disse, ficando envergonhada – Eu vou te matar!

Nem mesmo Hakiro pôde segurar as gargalhadas, deixando a jovem ainda mais envergonhada. Por sorte já estava de saída, acompanhando seu primo, seguindo para o ponto de ônibus. Mas justamente no lugar os dois conversavam durante a espera:

— Então vocês voltaram mesmo... Hm... – Comentou Jason, em tom de brincadeira.

— Não começa, peste!

— Eu? Foi você que deu a conferida...

— Para! Para de me deixar sem jeito!

— Haha... Tá, Iamiko. Eu estou feliz com isso. O cara merece ser feliz...

— Vindo de você soa estranho...

— É, né? Hakiro tem força de vontade pra viver.

— E porque você diz... – Se interrompeu, olhando para Jason – Tá, eu já sei o que vai dizer... e se disser eu vou te meter a porrada!

— Hahahaha! Gostei de sua visão do futuro!

— Seu babaca!

Mas amenizando o clima de provocações, Jason abraçou sua prima, que ficou mais calma com a demonstração de carinho que recebia do jovem. E ele, mostrando tranquilidade, diz:

— Obrigado...

— Hm? Pelo o que?

— Trazer felicidade ao Hakiro. Ele estava precisando.

— Ah isso? Bem, acho que eu que sou a agradecida.

— E eu sei o porquê...

— Desde o incidente, Jason... Desde que ele ficou daquele jeito eu nunca aceitei isso... Mas agora com tudo voltando ao normal, eu estou mesmo feliz. Que se dane as olimpíadas, a Shizuka, tudo isso... Tudo está bem... e que continue assim.

O tom de alívio nas palavras de Iamiko deixaram Jason realmente preocupado com o seu futuro. Embora as coisas estivessem mesmo calmas e tudo parecia normal e tranquilo, era certo de que isso seria passageiro e, com isso, ele logo se colocou em pensamentos:

*Está tudo bem... As mil maravilhas... mas eu sei que algo vai acontecer cedo ou tarde. Piece 1 não conseguiu recuperar seus poderes, Spark não sentiu a presença de nenhum Anis... Eu sei que vai acontecer... e isso me incomoda. Essa aflição, o medo de algo de ruim acontecer... Quando finalmente irão me desafiar outra vez? Será que Piece 1 estará melhor nesse dia? Essas coisas do me deixam tenso...*

Porém Iamiko não deixou de perceber sua mudança de comportamento:

— Ei, Jason! Porque está assim calado e sério?

— Ah... Nada, Iamiko. Só estava aqui pensando... Vocês dois irão no evento de anime daqui cinco dias, não?

— Sim. Depois da escola marcamos de ir até lá e dar uma fuçada... Quero mesmo comprar alguns mangás e camisas...

— Você sempre gostou disso... Só não exagere.

— Ih larga do meu pé!

— Hehehe...

Com o aproximar do ônibus, Jason o observava estacionar e, já em seu interior junto a sua prima, seus pensamentos ainda eram sobre o que estava prestes a ocorrer.

E ele estava certo.

E voltando ao presente...

Cinco dias depois.

Departamento de polícia de Etofuru | 18:00 PM

— Quero ver novamente as fotos, Sr Hansen!

Misato Yamauchi, a agente destacada do governo japonês que foi enviada a cidade para ajudar nas investigações, estava mesmo levando a sério sério trabalho. Ela podia aparentar ser bem jovem, mas sua ambição e determinação de investigar a fundo o que estava acontecendo na cidade era bastante elogiado pelo Sr Hansen. As fotos que ela se referiu eram de acontecimentos da floresta. Embora não houvessem câmeras de movimentação pelo lugar, o comércio próximo a entrada conseguiu capturar algumas imagens, onde era possível ver alguns indivíduos que passavam pelo local nos dias onde ocorreram os surtos da Mute Plague, o primeiro incidente onde Hakiro foi vítima (causado por Kuon e Shizuka, como você leitor deve saber) e os da segunda onda, a Blood Plague, com imagens do colégio de Etofuru. E sob observações minuciosas pela agente, Sr Hansen diz:

— Creio que tenha reparado nas mesmas coisas que eu.

— Jovens estudantes.

— Exatamente.

— E um deles é seu filho. Me pergunto como o senhor conseguiu viver com essa sensação...

— Hakiro se recuperou.

— Eu sei disso. Me referia antes... Desde durante a crise.

— E porque quer saber disso?

— Por onde ele passou e com quem conversava... É disso que eu tenho curiosidade

— E com a saúde dele, não se importa?

— Ele está bem, como o senhor mesmo disse... Então não preciso de... – Disse, sendo interrompida.

— Não ouse, senhorita.

— Hm? Sr Hansen?

— A saúde do meu filho antes e depois do surto IMPORTAM! Então trate de refazer sua sentença antes que eu responda na mesma medida.

— O senhor deve estar levando para o lado pessoal... Só estou fazendo o meu trabalho, policial. Dentre os males, do mais suportável estamos...

— É do meu filho que você está falando! E sabe-se lá o milagre que você fez para chegar onde está sendo tão jovem, Hakiro tem quase sua idade pelo visto! Então tenha um pouco de respeito pelo meu filho, entendeu?

— Hm... Isso é inapropriado...

— Senhorita, só temos nós dois nessa sala. Não há necessidade de ficar usando essas regras do governo comigo! Então mantenha sua concentração ao caso mas sem desdenhar e sequer ignorar o que meu filho passou! Estamos entendidos?

De fato, Misato passou um pouco dia limites, mesmo que sua posição fosse acima do oficial da lei da cidade de Etofuru. Ela, reavendo seus conceitos, logo se viu obrigada a se retratar:

— Muito bem... Eu entendi sua posição. Peço desculpas pela forma que tratei seu filho.

— Desculpas aceitas.

— Porém eu quero que saiba que... – Disse, o olhando nos olhos – ... posso parecer jovem, mas acredite: eu passei por muita coisa ruim... E quando digo ruim, é porque talvez esteja além do que você entende de ser “ruim”.

— O que quer dizer com isso?

— Nada. Só quero que também tenha empatia por outras pessoas além de seu filho... Quero mesmo que você use seus critérios de forma justa.

— Devo entender isso como um trato?

— O senhor é mais inteligente que imaginava. Pensa tão rápido quanto eu.

— Muito bem. E novamente peço desculpas pelos “anos a mais e a menos”, hehe...

— Hahaha! – Sorriu a jovem agente – Você sabe ser engraçado quando quer. E já discutimos duas vezes... assim como os pedidos de desculpas.

— Verdade. Hehe, estamos ficando íntimos...

— Oh? Sua esposa vai ficar com ciúmes... Ou você é um perfeito cavaleiro.

— Sou sim, hehe... Bem, voltemos ao caso.

Embora desentendimentos ocorressem com frequência entre os dois, a cada conversa que tinham o entrosamento da dupla aumentava, com ambos se conhecendo matoda a e respeitando os limites que cada um exigia. Uma agente jovem agindo em parceria a um policial investigativo experiente: uma soma de poderes valiosíssima e com grande potencial.

A investigação seguia, entretanto ainda estavam muito longe do entendimento.

Enquanto isso...

Centro da cidade de Etofuru

Pavilhão de Eventos | 18:30 PM.

E fomos dessa vez levados ao complexo de eventos e exposições da cidade. Um complexo sofisticado e bem estruturado no coração da cidade, onde abrigava dos mais variados tipos de apresentações e afins de toda a região. E uma delas em especial, que ocorria semestralmente, era o Etofuru Youth Anime Event, um evento de expositores de mangás, animes, souvenires, vestiário temático e praticamente tudo relacionado a cultura pop do país (Etofuru é uma cidade japonesa, vocês sabem).

O lugar estava cheio, dos meus variados tipos e faixa etária de pessoas, onde jovens faziam cosplay de seus personagens favoritos e pais levavam aos seus filhos nos sortidos estandes do centro, com tudo isso sendo regado a muita música e animação por parte da organizadores do evento.

Adentrando juntos ao espaço, lá estavam Hakiro e Iamiko, que estavam bastante animados. A jovem era conduzida por Hakiro, que segurava sua mão. Não demorou muito e os dois já estavam comprando mangás, como Iamiko já tinha planos, assim como animes e jogos de vídeo game. O novo casal estava tão animado que até esbanjaram habilidades no arcade Pump It Up, com Iamiko se destacando mais por marcar escores altíssimos, o que chamou a atenção de muitos que estavam alí. Hakiro por sinal buscou por um divertimento mais tranquilo, mas nenhum pouco fácil: se colocou a disputar um pequeno torneio de xadrez, onde se saiu vencedor.

Porém, mesmo diante desse divertimento, a carta que Hakiro havia lido mais cedo era um fato que o jovem não conseguia esquecer. Ele mesmo ficou pensativo por alguns instantes durante seu lazer:

*Aquela carta... Saibabaru?! Jason me disse sobre o que aconteceu e o que poderia acontecer futuramente... Mas a ele e não a mim! Porque essa tal de Eva disse que eu sou o Saibabaru dela? E... o que importa? Eu já joguei aquela carta fora... É muito absurdo isso acontecer agora! Mas... Se o que Jason disse é verdade, eu... NÃO! EU NÃO TENHO QUE ME PREOCUPAR. E ninguém vai mesmo saber disso... NINGUÉM! Só pode ser um trote... Só pode ser coisa do Kuon pra me assustar... Jason disse pra que eu ficasse longe... e eu vou!*

Horas depois, já com o cansaço sendo evidente no casal, eles então foram até um maid café dentro do complexo. E sentados a uma mesa, os dois tomavam milk shakes, enquanto Hakiro dizia:

— Ufa... Tava precisando disso!

— Falou o nerd amante de xadrez.

— E falou a tsundere adoradora de Pump!

— E daí? Pelo menos estou em forma, newba!

— Eu também, esquentadinha!

— Você está se arriscando, hein!

— Hehe... Adoro adrenalina!

— Bobo! Hehe...

— Pit Girl! Hahaha!

A alegria parecia ter voltado. A comunhão com a paz parecia estar aflorando em Etofuru, principalmente se pensarmos que a um pouco mais de um mês e meio a cidade estava sofrendo com a Blood Plague, esta ainda sendo investigada pela polícia. Hakiro e Iamiko parecia ser o maior símbolo do momento de volta as origens: eles namoravam antes do incidente (causado por Kuon e Shizuka) que tirou os movimentos de suas pernas e parte de sua memória. E isso era gratificante, principalmente por Jason.

Porém, naquela noite, tudo mudaria de uma forma drástica e...

Boutique & Souvenires Three Pinnot | 20:30

Faltando meia hora para o fim do evento, a dupla decidiu fazer suas últimas compras no maior estante de vestuário e apetrechos do lugar. Com uma grande de peças de roupas, Iamiko logo disse:

— Cara, tem de tudo que eu preciso aqui! Hakiro, se prepara que hoje você vai ser gado!

— Como é? Eu, levar suas bolsas cheia da roupa de Otome? Haha... Vai nessa!

— Você vai sim, senão...

— Senão o que?

— Não vai mais ganhar beijo!

— Hahaha! Tá... É você quem precisa mais de mim pra isso!

— Ora... Vejam só! Perdeu a noção do perigo?

— Vai nessa... Fica provocando mesmo. Senão...

— Hã?! Senão o que?

— Não vai mais ganhar beijo! Hunf! – Disse, brincando e fazendo beiço.

— Hahahahaha! Eu te adoro! Vai... Vai curtir um pouco. Preciso de alguns minutos com meus “amores suprimidos de uma otome romântica”.

— Tudo bem... Só não exagere.

— Tá ok, daddy! Hahaha!

Logo após se despedirem brevemente, Hakiro seguiu então para a ala de livros do souvenir, onde começou a folhear alguns dos volumes. Leitor assíduo, principalmente durante sua “doença”, o jovem se entreteu por alguns instantes no salão mais afastado da movimenta boutique. Como uma verdadeira biblioteca, haviam poucas pessoas interessadas em livros, o que fez com que Hakiro aproveitasse a calmaria.

Porém, durante sua leitura, alguém se aproximava lentamente, sem sequer fazer ruídos enquanto executava elegantes passos na direção do jovem: era uma mulher, vestindo um uniforme de colegial um pouco curto para seu corpo desenvolvido. Porém seu traje tinha tons coloridos, onde ela continha em suas costas asas de morcego e dois chifres sobre sua cabeça. Ela também usava uma máscara que lhe cobria seu rosto, sendo visível somente seus lindos olhos descoloridos. Ela também possuída charmosas e simétricas orelhas élficas, com seus longos cabelos da cor preta delineando seu rosto com curvas suaves, onde sua pele branca contrastava perfeitamente com seus tons góticos. E ela, aproximando seu rosto até uns das orelhas de Hakiro, começou a falar com uma voz baixa e provocante:

— Eu te olhei a noite toda...

— Hã?! Mas quem... – Disse, tentando se virar.

Mas ela não o deixou que fizesse o movimento. E a misteriosa elfa o abraçou carinhosamente com o jovem ainda de costas, continuando a dizer:

— Já está me sendo um imenso prazer te sentir...

— Mo-moça?! A-acho melhor me...

— Eu não vou te soltar... não agora.

— O que?

— Você está tenso... Está tremendo e exalando um cheiro que me diz exatamente sua emoção... e eu gosto disso... Gosto muito.

— Como é?! Olha... Me solte... – Disse, tentando se afastar.

— Porque? Eu sei que está gostando... e não há mal nenhum nisso.

— Para com isso! Me solte!

E ela, gentilmente, o soltou. Hakiro deu dois passos pra trás, um pouco assustado com a situação, que a própria mulher disse em seguida:

— Assustado? Não fique... Não é hora pra isso.

— Você está louca? Eu deveria chamar os seguranças!

— Haha... E porque não faz isso?

— Estou te dando a chance de se explicar, só isso!

—"Não se deve romantizar nenhum assédio”... Isso é natural de vocês... Eu sei... Eu sinto... Você não tem ideia de como me excita saber de cada coisa de sua patética raça... Hahahaha! Mas sim, assédio é verdadeiramente ruim... um ato abominável.

— Hã? Do que está falando?

— Me diga... Você gostou de sentir o meu abraço?

— Hã?! Mas porque você... Mas... – Tentou dizer, ficando envergonhado.

— Hahahaha! Seus hormônios estão em conflito, sua pressão aumentou e suas capacidades mentais estão lhe atrapalhando em raciocinar pelo estresse.. Ah isso! Continue! Você está mesmo fazendo uma mulher feliz!

A desconfiança de Hakiro só aumentava. A mulher estava mesmo com intenções um pouco atrevidas e, tendo esse entendimento, ele lhe deu as costas, seguindo para o corretor. Porém algo ocorreu: o corpo do jovem travou, como se ele estivesse tendo espasmos musculares. E diante essa situação, ele diz:

— Ah... O que... Câimbras?! Mas o...

— Hm? O que houve? – Disse a cosplayer, mostrando preocupação.

— Eu não consigo me mexer. Estou com câimbras!

— Uh... Isso é ruim... Bem, irei lhe ajudar...

— Me ajudar? Você é estranha...

— O que seria normal para alguns, é anormal para outros... Nessa vida nada é normal, pois tudo muda e se reinventa... Eu irei lhe ajudar...

Surpreendendo Hakiro, a mulher realmente o ajudou, apoiando seu corpo ao dela e o colocando sentado em um dos assentos da biblioteca do estande e, para ainda mais surpresa, alongando sua perna, a fazendo ficar melhor no mesmo instante. Após o ajudar, ela se sentou ao seu lado, ficando calada. O jovem, estranhando ainda mais, diz:

— Quem é você?

— Uma estranha que tem interesse em te conhecer melhor... E eu me orgulho disso.

— Porque tudo isso? Eu nunca te vi, não sou de dar essas liberdades...

— Ahh... Ouvir isso... Você dizer isso me faz tão bem... – Disse, demonstrando em seu olhar contentamento.

— Moça?! Porque está agindo assim?

— Ah... Essa dúvida sua... Esse seu cheiro exalando um perfume doce... Dopamina e noradrenalina... Elas unidas me dizem que você está curioso...

— Como é?! Moça, você é médica ou coisa do tipo? Esse seu papo está mesmo me assustando...

— Koji Hakiro. Eu sei tudo sobre você... E eu quero mais...

— Hã? Como sabe meu nome? E de onde você me conhece?

— Hm... Ahh... Embora essas suas emoções me deixem “muito bem”, acho que precisamos conversar...

— Quem é você? Me diz! – Disse, mostrando irritação.

— Você sabe meu nome, Hakiro. Eu já me apresentei.

— Quando? Eu nunca te vi na minha vida!

— Ahh... Sua adrenalina... Ela está aumentando... – Disse, com a moça recolhendo suas pernas.

— Hã?! VAI LOGO! ME RESPONDE!

— Ahh... A carta... que eu... te enviei.

— Carta? Que carta?

— Ahh... Hakiro... Meu sabaibaru...

— O que?! *Esse nome... Espera! Aquela carta... AQUELA CARTA!*

O semblante de Hakiro logo mudou, mostrando estar amedrontado com o que estava acontecendo. Logo todas as palavras de Jason sobre o Saibabaru veio a sua mente, com a moça dizendo:

— Eu sou Evanescency, Hakiro. Eva... para os mais íntimos... Ahh... Sim... Íntimos, Hakiro! Íntimos...

O jovem logo teve um excesso de tremedeiras nas pernas, com Eva esboçando um sorriso demonstrado em seu olhar penetrante. Ela parecia estar se divertindo com as reações do rapaz, como ela mesmo disse:

— Você assim, calado... e esse seu olhar de temor... Sua adrenalina me dá muito prazer, Hakiro... Ahh... Está sentindo o prazer de ter descoberto a autora da carta? Vai... Diz! Diz pra mim... Diz! Eu e você em breve... Ahh... Na floresta de Etofuru... Só nós dois...

Hakiro tentou correr, sendo impedido por Eva, que o segurou em sua barriga. Ele ficou imóvel, tremendo ainda mais. E ela, parecendo está estasiada, diz:

— Não fuja... Fique. Essa é sua noite, Hakiro!

— Eu... Eu não quero...

— Hm? O que?

— Não quero nada disso... por favor...

— Não... Não faz isso... Você está implorando?! Ah Hakiro... Seu cortisol... Seu nível de estresse está te fazendo lutar com o que tem... Você está com medo... e isso me "deixa mal"...

— Vo-você é uma Anis...

— Sou sim... Mas Hakiro, tranquiliza esses seus hormônios... Relaxe... Deixe-me te ajudar...

Como num passe de mágica, só em Eva o olhar nos olhos foi o suficiente para que Hakiro voltasse a si, ficando mais tranquilo. Parecendo estar sobre os efeitos de um calmante, ele diz:

— O que está... O que houve?!

— Converse comigo... Por favor. Vê? Eu que estou implorando...

— Porque tudo isso? Jason venceu Kuon e acabou com o Kumate!

— Direto ao ponto... Como eu queria! Sabia que tinha coragem! Sabaibaru, Hakiro... Hora de vocês humanos mostrarem de serem dignos de continuarem vivos e com sua ideologia...

— O que quer dizer com isso?

— Eu estou aqui para saber o que tem como ideologia... em um duelo. Logo nós dois estaremos frente a frente... para que um de nós saia vitorioso... E eu não vejo a hora!

— Isso não faz sentido!

— Wing me disse que todos vocês são fortes... E eu quero você, Hakiro! Quero que me mostre essa sua força... Quero sentir seu dom, seu tempero, seus hormônios todos acionados... E eu tive essa primeira impressão... e você me deixou “muito bem”, humano...

— Wing?! Então o que o Jason disse... Eu não quero nada disso, Eva!

— Ah mas não tem como evitar, my sugar...

— Eva, escute... – Disse, a olhando – Eu não quero lutar, ainda mais contra mulheres!

— Ahh Darling... Um cavaleiro?! Ahh Hakiro... Eu tirei a sorte grande em te escolher! Agora eu quero mais ainda que seja meu sabaibaru!

O diálogo com Eva era cercado de provocações insinuantes por parte da Anis misteriosa. Em nenhum momento ela retirou sua máscara, o que trazia mais aflição a Hakiro. E para piorar, Eva o abraçou, encostando seu corpo ao de Hakiro. E o jovem, sem ação, evitou fazer algo que pudesse a irritar. Em sua mente ele tinha o entendimento que se ela era mesmo uma Anis, então estava em uma situação crítica, onde sua vida estava em jogo. Mas para Eva tudo isso só a fazia se divertir, com ela deixando isso bem claro:

— Me diz... Como se sente?

— Eva... O que está fazendo?!

— Me diz... Vai... Me diiiz! Vaaai!

— Dizer o que?!

— Como se sente estar sendo abraçado pela pessoa que vai te destruir em breve?

— Ugh?! Eva... Me solte!

— Você não me respondeu! Vai... Diz!

— Para com isso! ME SOL... – Hakiro foi interrompido antes de gritar.

O porquê disso? Os olhos de Eva se iluminaram em um tom vermelho, colocando pra fora parte de sua natureza Anis. Naquele instante Hakiro entendeu que estava mesmo diante do perigo iminente de perder a vida. E Eva, mostrando dessa vez seriedade no que dizia, logo lhe jogou a real:

— Eu não gosto de ser contrariada. Tudo que eu disser a partir de agora você fará!

— Gah... – Exclamou, engolindo seco.

— O que você sente? Me diga...

— Eva... Eu... Eu...

— Seus hormônios... Eles estão fritando... Controle-se e me diga...

— Ah... Me-medo...

— Medo de mim... eu sei... E era o que eu queria ouvir...

— Eva, eu não quero problemas...

— Como eu disse em minha carta, iremos duelar na floresta de Etofuru. Quero que me encontre as duas horas da manhã... e vá sozinho... Entendeu, darling?

A pressão contra sua mente era algo preocupante e o incomodava. Hakiro via sua morte sorrindo por aquela máscara que tinha estampada caninos vampiros, deixando transparecer a natureza animalesca de Eva. E numa atitude inesperada, ele decidiu agir:

— Eu... Eu não vou!

— O que?

— Eu não vou, Eva! Acabe com tudo agora!

— Valentia, Hakiro?

— Seja o que for... EU NÃO VOU TE DAR O QUE VOCÊ QUER DE MIM!

— Humano... Meça seus esforços...

— Eu não tenho a obrigação de te obedecer. Eu não vou lutar! Se tudo isso acabar aqui, com você me matando, está ótimo!

— O que quer dizer com isso? Você quer... morrer?

— Estou disposto a morrer do que me rebaixar a você!

Eva, olhando para Hakiro enquanto mantinha o abraço, logo dissipou a luminosidade de seus olhos, passando a dizer:

— Você se importa com ela...

— O que? – Disse, se lembrando de... – Iamiko?! Não... Você não seria capaz...

— Aquela humana... Ela está entre nós dois no momento... E ela me será útil... – Disse, acariciando o canto do rosto do jovem.

— Eva, não se atreva...

— Sou uma manticore... Uma Anis perfeita, formada por espécies distintas... e eu adoro te provocar, sugar... – Disse, descansando seu corpo sobre o de Hakiro.

— Deixe a Iamiko fora disso!

— Hm... Ahh sugar... Darling... Eu estou sentindo novamente... Essa sua testosterona aflorar por todo seu corpo... Ahh Hakiro... Eu sabia que você era mesmo grande... com esse seu desejo de defender sua pretendente... Ahh isso... Ahhh isso! – Se insinuou Eva, com seu rosto corado.

— Eva, pare!

— Diz o que eu quero ouvir, daaarling! Ou sua pretendente vai conhecer uma manticore bem malvada... bem forte... e que não tem vergonha alguma de dar a sua namorada um fim bem desagradável... – Disse, com um olhar malicioso.

— EVA?!

— AHH DARLING! AHHH... Você gritando meu nome... Ahh... Você me faz “sentir bem”... – Disse, ainda mais corada.

Eva estava dominando a situação. Hakiro estava quase perdendo o controle, ficando mesmo preocupado com a segurança de Iamiko. Eva era uma ameaça e seu terror psicológico logo trouxe a tona todo o temor monstruoso que tomou a mente do jovem, que acabou cedendo:

— NÃO ENVOLVA A IAMIKO! NÃO FAÇA ISSO!

— AHHH DARLING... DIZ! DIZ!

— Eu... VOU LUTAR CONTRA VOCÊ!

— AHHHHHHHHHH! HAKIIIROOO!

O grito de Eva foi ouvido por todo o salão, chamando a atenção de todos... inclusive, e principalmente, de Iamiko, que logo olhou para o outro lado e disse:

— O que está acontecendo?!

Continua