If what you can see is the reality, why have tears?


Behind of your heart who cries, i'll be singing



Raios solares adentravam ao quarto do pequeno boneco. E novamente outro dia começara. Mas desta vez era diferente, acordara de bom humor ao lembrar que tem agora uma ótima companinha.


– Bom dia, pequeno príncipe. Vejo que estava muito cansado ontem – A boa senhora ria docemente – dormiu apenas de toalha.


– Bom dia! – Kouyou se espreguiçava com vontade, tentando se acostumar a um grau de luminosidade maior, sentando-se na beirada da cama – Oh meu Deus! Caí no sono e nem me troquei! Estou atrasado?


– Não, está até adiantado. Apenas para lembrar, hoje à tarde você tem uma sessão de fotos para a propaganda da Uniqlo¹.


– Sim senhora – Olhava para seus próprios pés com desgosto, tampando-lhe a face com algumas mechas do cabelo. Lembrar das próprias obrigações tirava qualquer felicidade – Vou me trocar, com licença – Praticamente se arrastava em direção ao banheiro.


Após sua higienização, se olhou no espelho. Não via o mesmo Takashima Kouyou que os anúncios e propagandas alegavam. Via um ser qualquer, pobre de espírito, com suas pupilas vazias; infelizes. Mas não poderia dar qualquer pista às pessoas, tinha que se comportar como um verdadeiro cavalheiro; sempre de cabeça erguida e peito estufado. Qualquer movimento em falso, e seria uma decepção aos fãs.


Lágrimas escorriam, seguindo as delicadas maçãs do rosto e se acumulando em seus lábios carnudos. Dava-lhe mais desgosto ainda lembrar-se das pessoas simples, que tanto o admiram. A decepção que iriam sentir.Mas lembrar de pessoas com almas tão inocentes, com um semblante tão luminoso, lhe trazia um calor no peito, força para, pelo menos, demonstrar felicidade verdadeira.


Começou então a se maquiar, dando ênfase aos seus olhos e seus lábios. Arrumou seu cabelo, deixando-o com um ar mais rebelde, como gostava.Desceu então para tomar seu café da manhã.


– Olha o meu maninho! Todo arrumadinho e cheirosinho! Bom dia bonequinha de porcelana.


– Bom dia – Sentou-se em sua cadeira, preparando seu café


– Tome seu café logo, chegaremos atrasado à escola e em meu trabalho.


Kouyou punha lentamente a xícara de café em sua boca – siga meu pensamento mãe: nenhum de nós tem horário para chegar. Ninguém liga para isso. Todas as vezes que ambos chegaram atrasados, ninguém se quer deu uma bronca – terminava a frase dando outro gole de café, calmamente.


– Eu ligo. Vamos logo.


– Argumento inválido, próximo – Kouyou punha a xícara na pia e se dirigia a porta, pegando seu material na mesa ao lado da porta.


– Molequinho arretado – Dizia a irmã mais velha – Esse dá trabalho demais.


– Comparado a vocês duas, é um santo. Estamos atrasados, beijos.


Mãe e filho se digiram ao carro e adentraram no mesmo. O percurso seguiu silenciosamente, apenas com o zunzum do iPod e a musica clássica que tocava na rádio.


– Você ainda fica surdo.


– O loiro nem parecia ter ouvido, muito menos prestado atenção. Estava apenas com seus olhos presos ao nada, em direção a janela


~


– Bem, chegamos. Boa aula e não se esqueça o que tem que fazer hoje, beijos.


–----º---º----º---


Enquanto o loiro andava em direção a sua classe, foi surpreendido por um esbarrão, levando-o ao chão.


– Ohh, a bonequinha de porcelana ‘ from France’ deve ter rachado. – O moreno de pontas loiras e cabelo arrepiado agachou-se, segurando a face do loiro com certa força – Se eu fosse você, eu tomava mais cuidado com quem esbarrava. – Com seus rostos pertos um do outro, o moreno mordeu seu lábio com certa força, dando por último, um beijo – bai bai baby


Kouyou continuava em credo sentado no chão, quando a voz de Uke cortou seus pensamentos.


– KOU! Está tudo bem? Machucou-se?Quem era aquele moreno?


– Estou bem sim. Era Byou ², faz parte de um grupo de maloqueiros da escola. Tem um gosto muito peculiar para provocar as pessoas. Sempre faz isso, não se preocupe. – Levantou-se com um pouco de dificuldade, recolheu seu material no chão e foram em direção a sua tortura habitual de aulas com a professora de inglês.


Todos entravam e escolhiam suas duplas. As mesmas panelinhas de sempre e os mesmos pedidos ao príncipe da classe. E a resposta para todas era sempre a mesma: “Já tenho dupla, vou com Uke”


Quando esperavam para dar as ‘boas vindas’ ao professor, entrara um homem com um visual um tanto exótico. Carregava um violão nas costas e pôs o mesmo no canto da sala. Tinha um moicano de cores vivas, como um arco Iris, usava roupas que atenuavam sua altura incomum entre os japonesese sua magreza. Com a blusa cavada, mostrava a quantidade imensa de tatuagens pelo corpo, de kanjis à números, frases em inglês e riscos. O destaque era seu UN-DO tatuado em seu peitoral, que levavam os olhos ao rosto do infelizardo, cheios de piercing, em destaque o de seu lábio, atenuandoos lábios bem definidos e avermelhados que possuía.


– Bem garotada do mal, me chamo Ishihara Takamasa, mais conhecido por Miyavi. Substituirei sua sensei de inglês por uns tempos.


– Se você for a uma festa desse jeito, com certeza iriam prendê-lo ³ – Todos riam pelo comentário, até mesmo o próprio professor, menos o príncipe loiro.


– Iih, qual é a sua loirinho? – Miyavi andava em direção de Kouyou


– Ele colocou botox e não consegue rir – A classe inteira dava gargalhada, apenas Uke olhava preocupado.


– Por que não faz um enchimento de cérebro? Acho mais útil do que ouvir comentários imbecis vindos de você, Byou. – Respondia o loiro


– Ohh, a bonequinha ficou bravinha! Devolvam seu chapéu de rendinhas! – A classe continuava rindo


Uke, já irritado, levantou-se da mesa com raiva.


– Não sabe fazer outra piadinha além da bonequinha de porcelana? Deve ter inveja do que ele é; o que você não consegue ser – Uke voltou a sentar na cadeira, com um rubor nos rostos, denunciando sua raiva.


– Ih, já percebi. Chega de brincadeiras por aqui, vamos começar a aula.


A aula de inglês ocorria mais rapidamente, todos se divertindo e participando da aula, é claro, menos os bagunceiros, como imaginado.


Após o sinal de termino das aulas, todos saíram.


– Menos vocês dois, da covinha e bonequinha.


– Sim sensei? – Ambos punham o material em uma mesa vazia mais próxima – O que deseja?


– Aquele Byou é sempre implicante com você, bonequinha?


– Por favor, meu nome é Takashima Kouyou. E sim sensei,não só comigo mas como com todos.


– Takashima Kouyou? Vou-lhe dar um apelido, daí fica mais legal... Bem, depois eu penso em um para você e o da covinha.


– Uke Yutaka


–Tá, senhores Uke e Takashima. Não sei se vocês não foram com a minha cara ou com as minhas tatuagens, mas espero que pelo menos dêem um sorrisinho. São inteligentes demais, isso me irrita – Terminou a frase dando um soco na mesa dos professores – Entendido?!


Ambos riam das caretas aleatórias do professor.


–Agora sim. Estão Liberados. Adiós muchachos!


– Ahm, sensei... aquele violão é seu mesmo?


– Sim. Sei cantar e dançar também, quer ver?

O loiro e o moreno se entreolharam, com uma cara de 'o que esse cara tem?'

Miyavi foi saltitando até o outro da sala para pegar seu violão. Tirou o mesmo da capa e começou a tocar ‘Señor, Señora, Señorita’. Acompanhou com sua voz e uma dancinha feliz pela classe. O moreno e o loiro riam da idiotice em pessoa que era seu professor.


– Haha, okay sensei, entendemos.


– Ah, que chatos vocês dois. Mas e ai, tocam algum instrumento?


– Toco bateria e Kouyou guitarra – dizia o moreno


– Huum, um dia vocês trazem seus instrumentos e tocamos na quadra, só pra encher o saco do velhinho, que tal?


– Hah, ótimo. Bem, precisamos ir. Até – O moreno se despedia dando-lhe um sorriso com suas covas a mostra – Bai bai – completava Kouyou


Ambos saíram pela porta, enquanto o professor olhava curioso...


– Huum, já achei um apelido perfeito aos dois!


~


– Arigatou... pelo o que você fez na aula de inglês, Uke – Dizia o loiro, cuja pele começava a ter um tom avermelhado.


– Hã? Aquilo? Não foi nada, gosto de proteger quem eu amo – Dizia com um sorriso puro


– Bem, eu tenho compromisso a tarde e não posso chegar atraso. Gomen, preciso correr. Bai bai!


“...quem eu amo”.


Kouyou corria apressadamente até o carro da empresa Uniqlo.


–--º----º----


Aquilo sim poderia ser chamado de boneca de porcelana. Cabelos dourados, com ondas uniformes, até a sua cintura. Uma pele muito alva, como os lábios, com olhos pretos e brilhantes, dando ênfase ao seu olhar cativante. Roupas com babados; brancas e pretas.


Jóias completavam seu visual. Era o modelo mais requisitado por muitas empresas. Ele mesmo, Takashima Kouyou.


Após inacabáveis fotos, com fundos, roupas e artistas diferentes, acabava mais um trabalho.


– Mãe, vamos embora? Estou cansado. Ainda tem o jantar, esqueceu?


– Ah, verdade! Não podemos decepcionar aquela gracinha e a sua família. Vamos logo, então.


–---º----º---º---


A mesa estava farta. De variedade de alimentos, enfeites que combinassem com as frutas, posto tanto como aperitivo, como os tipos de comidas exóticas, típicas de países da Europa. Tudo para um jantar inesquecível. Para uma apresentação de famílias importantes do Japão.


Todos estavam devidamente simples, mas com acessórios que deixavam um ar de elegância, típica da vestimenta diária.


E a campainha toca. Todos começam a arrumar pequenos detalhes, se preparando para receber. Mas a campainha, tocada incessantemente, começava a irritar levemente os donos da casa. Começavam a duvidar de quem poderia ser. Kouyou, já muito irritado, tomou a dianteira e abriu a porta.


– Mas... Por que já?



A neon cocktail, the world through the cup


we're a partner in a crime, and we don't need nothing more